sexta-feira, 13 de maio de 2022

Saudade

 

Sentiu a necessidade gritar em sua voz,

Desesperada, ardente e sôfrega,

Quis chamar seu nome outra vez, não o fez,

Calou-se tentando controlar o que sentia,


Pegou seu próprio pulso com a mão tremula,

Era amor puro o que fazia seu coração pulsar,

E as vezes, esquecer de chamar por ele,

Era de se estranhar,


Nestas horas achava que não se pertencia,

Acreditava até mesmo em morrer,

Mas, nesta altura da saudade, já tinha uma certeza,

Não se morre por amar,


Mesmo que se coloque toda a alma,

Olhou para dentro de si mesma,

Não havia surpresa, ele estava em cada parte sua,

Era como olhar e se afogar,


Lágrimas perambulavam em tudo que houve,

Chegava a acreditar que queriam apagar,

Lembrar já não parecia mais o bastante,

O tempo gosta de distorcer os beijos apaixonados,


Mas, não teve êxito com relação a este amor,

Está sempre a busca-lo por onde quer que esteja,

Não seria certo duvidar que desistiu de mim por ele,

Houve uma troca naquele amor despendido no beijo,


Nele eu entrei de alguma forma ou ele passou a ser minha parte,

Meu coração está o tempo todo a chamá-lo,

Custasse isso a minha felicidade nem iria importar,

Apenas o quer por perto e permanece quanto ao resto indiferente,


Conspira, procura a minha direita,

Vigia os meus passos e o procura em toda parte,

Registra cada rosto e só vê uma pessoa,

Na esperança de provar de novo a boca apaixonada,


Não se importa que isso me custe a vida,

Deixará ele escapar qualquer chance que tenha?

Nunca, pelo contrário, constrói chances a todo instante,

Busca em tudo uma única brecha,


O quer é o que me diz e não distorce,

Beijei-o e não foi por única vez,

Neste amor, óh Deus, derruba nações,

Que importa para ele as multidões?


Registra, ele mesmo, cada momento único,

Recolhe as minha lágrimas e diz que está fora de hora,

Pede para que eu sofra em silêncio,

Só quer repetir o sentimento outra vez e mais nada,


Acaso anotou o nome dele em meu coração?

Eu não duvidaria, o vejo em cada pulsação,

Os meus beijos retrocedem cada vez que busco outro,

Repetem sempre famosa frase,


Como se fosse ela o seu amuleto:

Aquele que convidaste, certo dia, para a sua mesa,

Se recorda? Pois bem, este não senta, hoje em sua cama...

Penso em dar uma resposta a este amor desmedido,


Mas contenho as palavras,

Com isto sei que meu coração está a meu favor,

Mas isso eu já sabia antes do primeiro gole na bebida,

Mesmo com este amor distante de mim agora,


Não ousaria me ferir como um dia fui capaz,

Por nada no mundo.

E não temerei. Que poderá fazer o homem que busco?

Buscar-me da mesma forma e com mesmo sentimento,


Livrou-me da solidão e não me arrependo,

Cuidou para que meus pés não tropeçassem,

Se tiver ele atitude diferente da que mereço,

Não serei cruel de forma nenhuma:


Apenas direi: sinto muito amor, não é o momento;

Óh, lábios trêmulos, Óh, lábios trêmulos, misericórdia!

Sabem vocês que o amo, e nele minha alma se refugia,

Eu me acolho em lembranças se assim o desejam,


Desta forma me isento, também, até que o perigo cesse...

E uma parte dele, talvez, um único traço de sentimento,

Talvez, a certa hora chame por meu nome,

Tento me dizer que a apenas um dia beijei seus lábios,


Mas o tempo ante a saudade,

Todos sabem: passa abolido.

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