Tracejou com o dedo indicador os seus lábios,
Estavam fechados e macios e ternos,
Desceu um pouco o lábio inferior,
Aproximou seu rosto da boca do seu desejo,
Mas, antes de chegar perto se estagnou,
Ficou presa a respiração quente que a tocava,
O aroma que vinha de dentro dele,
Tinha cheiro de amor e alguma outra coisa,
Um arrepio na espinha a fez voltar-se,
Uma lágrima quis inundar seus olhos,
Há instantes em que o que se vê,
Vai além de tudo que se acredita,
Não moveu o dedo do lugar,
Sentia que nunca poderia se desvencilhar,
O amor realmente tem algo de supremo,
Convoca tudo que há de melhor dentro de nós,
E quando nos damos ainda parece ser insuficiente,
Mas, vendo-o adormecido e seguro naquele quarto,
Sob a meia luz que refletia em sua pele,
Sentiu que naquele instante,
Pela primeira vez tinha feito tudo certo,
E que agora sim, dera tudo de si e fora o bastante,
Esperou tanto por aquele momento,
Contou os segundos do nascente ao poente,
Parecia que ele sentia o que ela pensava,
Neste segundo, o lábio dele estremeceu,
Pareceu lhe pedir um beijo sereno e apaixonado,
Ela lhe sorriu em contrapartida,
Desde o cabelo bem cortado, sedoso, macio e cheiroso,
Até a forma peculiar do seu queixo,
Sentia que o amor resplandecia,
Era como se sua beleza lhe gritasse ao longe,
Estivesse onde estivesse: oh, querida, se apaixone!
E para ela não ouve recusa,
Ela o ouviu ou pelo menos o sentiu,
Isso basta por uma noite e agora o queria,
Para muito mais que isso, o desejava por uma vida,
O amor vem, ela soube disso,
Assim que ele seguiu a passos firmes ao seu encontro,
O coração é tão apressado que nem tenta ficar calado,
Grita e pulsa forte tudo que sente,
Não se contenta com a distância,
Anseia aproximação e a busca indisplicente,
Nas carícias da sua mão ela sentiu um fogo devorador,
E agora, com o dedo sobre o seu lábio,
Sentiu algo que parecia maior,
No calor do corpo nu que tocava tudo mudava ao seu redor,
Era como se fosse tomada por violenta tempestade,
Cuja chuva não possuía nada de frio ou arredio,
Ao contrário, vinha para ela cheia de vida,
Fechou os olhos ao aproximar-se de sua boca,
Convocou aos altos que esta noite não tivesse um outro dia,
Pois que fosse apenas continuação do que agora existia,
Sem novidades que pudessem modificar o momento,
Ou pior das catástrofes tentar impedir o que havia,
Se fosse acordá-lo do sono tranquilo que estava,
Não importava, o desejava de forma intensa,
Beijou-o de forma serena,
Que este beijo servisse de julgamento aos sonhos dele,
Que lá, onde ele estivesse a sonhar agora,
Pudesse senti-lo e talvez, assim a quisesse como ela,
Ajuntou-se mais ao seu corpo,
Pediu a Deus que fosse dela para sempre como agora,
E os sonhos dele proclamaram esta justiça,
Mesmo absorto e de olhos fechados,
Ele a buscou com seu abraço e a segurou para si,
A queria,
O calor que irradiava dele era o juiz,
E quanto ao amor dela, o utilizaria por testemunha,
- Ouça, meu amor, e lhe falarei... – tornou ela,
Agora sua voz era um pouco mais que um gemido,
- Deixe meu amor testemunhar tudo que sinto,
Se eu te amasse mais, como eu poderia dizer?
Pois existe um mundo lá fora e ele é perfeito,
Porém, mais perfeito e importante é você.
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