Medo do ridículo?
Autodepreciação?
Não.
Nada disso.
Assim que toquei seu braço,
Senti seus pelos erriçados
Enrolarem-se aos meus,
Como se a deter-nos.
Caminhos entrecruzados.
Sem controles ou linhas escritas,
A partir daquele instante
Éramos eu e ele,
Apenas.
Apontar erros?
Buscar medos,
Esconder-se?
Não.
Sem culpados.
Apenas o sentimento.
Não precisávamos de mais que isso.
Senti meu coração compadecer-se,
Era como se eu conhecesse se passado,
E sentisse que ele precisava de mim,
Que eu ne-ce-ssi-ta-va estar perto.
Não chore mais,
Não chore agora,
Apenas entrega-se,
Não sofra.
Havia um teor de intolerância,
Urgência,
Havia comprometimento.
O sucesso se devia aquela proximidade,
Sem competitivamente,
Eu precisava ganhar seu beijo,
O abraço,
O toque,
O carinho,
Ele sentia minha urgência,
Eu conseguia entender.
Ganhar seu beijo
Ou desobedecer a ordem mais proeminente,
Ordem vinda do coração,
Não há como impor resistência.
Aproximei-me,
Toquei seu rosto e o trouxe,
Não vi humilhação no gesto,
Nem beirava ao abusivo.
Claro que não,
Havia amor acima do todo.
Até mesmo da multidão.
Entre tantos rostos, finalmente,
Eu estava no favoritismo,
Encontrei o que desejava,
Todo o resto ficava embaçado,
Embasbacados pelo que viam,
Eu estava amando
E não fazia tentativa alguma de negar.
Perfeccionismo?
Imperfeição seria qualquer dia
Em que eu não contasse com seu beijo,
Não tivesse seu olhar em meu caminho,
Ele a minha espera no final de cada dia.
Isso beira ao surreal?
Não pra quem nos via,
Havia um sujeito ideal,
Agora com minhas duas mãos em seu queixo
Eu conseguia entender,
Agora que meus seios arfavam ao seu encontro,
E a blusa estourava em sua boca,
Agora que eu percorria com o dedo
Seu lábio ferido pelo botão,
Que saltou sem aviso ou estalo,
Apenas o feriu...
Agora que eu estava a centímetros,
Sussurrando,
Sugando seu cheiro
Trazendo para mim a doçura
Da pele de sua boca,
Desenhando seus contornos com a língua,
Agora que eu me via sua.
Não tinha ligação com habilidades,
Tratava-se da intensidade do que eu sentia,
Do que eu via nele,
Há um valor acima de tudo para todos?
Então, que valor este senão o amor?
Eu o tomaria,
Eu não conseguiria fugir disso.
Não haveria outro destino,
Pela primeira vez
Eu deixava de lado
Meus medos de correr riscos,
E desenhava todos os riscos em seus contornos,
Do primeiro contorno ao último,
Nunca foi tão perfeito um caminho,
Nunca senti tanta satisfação,
Nem haveria outra perfeição.
Um caminho novo estava ao meu dispor.
Não, eu não tinha como desistir do amor!
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