quarta-feira, 28 de maio de 2025

Ladrões de Galinha

- boa tarde, Karito.
Indaga Pedrito entrando
No bar.
Karito olha bem o casaco
De Pedrito e nota penas
De suas galinhas sobre ele.
As galinhas que ainda de manhã,
Sumiram,
E que foram buscadas
Por toda parte.
- Boa tarde, Pedrito,
Soube das minhas galinhas?
Karito indagou seguro,
Já no segundo litro de catuaba.
Pedrito sem modéstia,
Pega um copo e serve-se
Da catuaba de Karito.
- O que é isso Pedrito?
Não me leve a mal,
Estou bebendo minhas dores,
Não tenho dinheiro,
Prefiro que cada um
Pague sua bebida.
Falou Karito,
Seguro de que suas dívidas 
Tomavam valor
E os produtos do qual sobrevivia
Decaiam o preço.
- que é isso vizinho,
Eu bebo da sua
Depois pago a minha
E bebemos no mesmo litro.
Respondeu Pedrito
Rindo,
Sem importa-se que sua chapa
Da boca estava deslocada.
- amigo, prefiro que não,
Sempre que isso acontece
Você marca na conta
Pra pagar depois
E o Seu Alceu me cobra
Porquê você não paga
E eu tava junto.
Disse Karito.
Pedrito pegou sua cadeira
Puxou para trás com força,
Levantando ela pro alto
E batendo no braço de Karito
Sem importa-se,
Levando junto,
Na outra mão o copo da bebida
Como disfarce.
Karito, estava embriagado,
Mas, não tanto.
Contudo, seu Alceu fez sinal
Que não houvesse briga ali,
Levantando a mão
E baixando em frente a Karito.
Nisto chega Juvêncio,
Um vizinho de ambos.
- e aí, Pedrito,
Mas galinhas boas
Aquelas que comemos
Ontem, heim?
Carne da melhor!
Ele falou,
Cumprimentando Pedrito
Com duas batidas
De mão aberta
Em seu ombro,
Seguro e feliz.
-Ora, Juvêncio,
Quando você quiser tem,
Você sabe que lá em casa
Comida não falta!
Respondeu,
Levantando-se
E abraçando o amigo.
- Olha Pedrito,
Se você diz isso porquê 
Cada vez que some as galinhas 
eu me importo,
Saiba que buscaram estás nos ninhos
Deixando os ovos no relento.
Agora, os pintinhos não irão nascer,
E as crianças gostavam
Dos bichinhos...
Respondeu Karito.
Depois referindo-se a Juvêncio:
- o senhor sabe
A gente que tem os bichinhos
Escolhe os favoritos
Pra manter a qualidade da espécie,
Você tem suas galinhas também.
Pedrito nunca riu mais.
- Juvêncio, tem galinhas?
Ele nunca comprou uma!
Ele odeia esses bichos,
Ele mesmo confidenciou
Que prefere não ter este tipo
De carne a comprar tais animais!
Hahaha.
Pedrito falou alegre,
E voltou a servir-se
Do litro de catuaba de Karito.
- como é que é Pedrito?
Vocês dois tem ido  buscar
Sem pedir minhas galinhas
E ainda levam veneno
Pro meu quintal
Pra matar os cães que cuidam
Os ninhos?
Meus dois cães de guarda
Amanheceram caídos e
Salivando espuma?!
Karito irritou-se.
Levantou-se de sua cadeira
E pegou Pedrito pelo pescoço.
- ladrões,
Ladrões assassinos,
Quem tem coragem
De não comprar
E ir buscar sem pedir
É um assassino,
Minha família é pobre
Precisa dos bichinhos.
Por quê fazer isso?

Todavia, Pedrito
Não se apiedou
Ergueu a mão com ódio
E acertou um soco
Em cheio na cara de Karito,
Que caiu para trás
Batendo a cabeça
Contra a mesa do bar.
Sangue começou a jorrar
De sua cabeça,
Escorrendo pelos cabelos,
Ele, então, juntou uma cadeira,
Um tanto as cegas
E jogou com toda a força
Contra aquele que ria sem parar,
Ele não via direito,
Tinha sangue e suor
Escorrendo por sua testa
E olhos,
Então, acertou Alceu,
O dono do bar.
Alceu caiu sobre as garrafas
De bebida,
Uma garrafa quebrou-se
E cortou sua jugular.
Alceu jorrou metros de sangue
Pra cima,
Morreu tremendo.
Karito, juntou seu casaco
E foi embora.
Pedrito e Juvêncio continuaram
Bebendo até acabar o estoque
De bebidas.
Depois disso,
Karito colocou
Uma placa em frente
As suas terras
Escrito:
“ Vende-se.”

Um Bom Vinho

Depois da segunda taça
De vinho bordô
Tomada em frente a lareira
Do fogão a lenha
Herança da vovó,
Recorda-se até trinta anos passados.
Lá por aquelas idades
A coisa do crime era mais formalizada,
Polícia ainda era polícia
E bandido tinha cara,
Facilmente andava-se
Pelas ruas
E reconhecia-se um.
O problema é a formatação
Da sistematização,
Tudo misturou-se
Já não usa-se farda
Para roubar bancos,
Pode-se ser confundido
Com um policial,
E ser chamado de corrupto
Na cara,
Ainda ter de discutir
Por quê fulano
E ciclano estão por aí as soltas...
A verdade
É que a mentira foi configurada,
Dizia meu tio:
“ Meu irmão,
Deus me livre
Ser estuprado pelo fulano,
Olha,
Prefiro que ele me mate!”
Fulano era tão feio
Que se enojava o ato
De ser submetido
Ao prazer de maldito bandido.
“A morte ou um foragido!”
Grita-se logo na partida
Pra não haver mal uso da bebida.

Bianca IV - Cede ao Luto

-A paixão
Concede-se o perdão!
Rainha Bianca falou
Com voz macia
No leito de medicação de Álvaro.
Ele sorriu,
Deu sinal de vida,
Sem poder abrir os olhos,
Ainda.
Ela lhe devolveu o sorriso,
Ele estremeceu,
Parecia perceber seu carinho,
Mesmo sem vê-la,
O amor tem dessas coisas.
Contudo, ela buscou sua mão,
Deu-lhe o aperto suave
Que lhe deu em cada vez,
Foi a primeira vez que ele devolveu,
Roçou os dedos suaves
Contra os dela.
- você sente?
Ela indagou.
- estás vivo!
Está é a bondade de Allah,
Salvar a quem a medicina desenganou.
Ela disse mais para si mesma.
Os médicos desistiram de medicar,
Porém, Bianca encomendou
Pomadas feitas na própria cozinha
A base de erva cidreira
E folhas de lima,
E insistiu em limpar os ferimentos
E cuidar de Álvaro.
Três meses
Ele permaneceu dormente
Sem sinais vitais intensos,
Em cada dia
Ela o visitou,
Em todos o cuidou.
Dois meses depois de mexer-se,
Saiu da cama,
Passou a dormir com ela.
Um dia, próximo às onze
Uma faxineira bate a porta:
- senhora,
Há uma notícia a lhe ser dada.
Bianca levantou-se,
Com os cabelos em desalinho,
Fazia frio,
Sentada entre as cobertas
Permitiu a entrada da moça.
- abra a porta e entre.
Ela o fez.
- senhora, lhe informo
Que Vanessa sobreviveu
A briga acalorada entre
Vossa Magestade e Álvaro...
Disse a moça.
- eu não soube disso.
Respondeu Bianca,
Álvaro simplesmente
Se acolheu num travesseiro.
- meu Deus, quanto um erro
É capaz de perseguir
Uma pessoa,
Eu não mereço Senhor,
Eu não mereço.
Ele disse.
- prefiro a morte,
Perder minha esposa
Por uma estupidez,
Antes a morte
Sangrenta em dor lancinante!
Ele disse,
Pôs-se a chorar.
Bianca bateu em suas costas,
Sobre o cobertor
Em sinal de simpatia e calma.
- tá bem, fico feliz por Vanessa.
Ela está com a família dela,
Cuidando da horta de casa?
Indagou com olhar choroso.
- na verdade,
Logo depois de melhorar,
Ela descobriu estar grávida,
Nasceu a criança
E é um menino,
Ela pediu se Vossa Magestade
Gostaria de ver a criança?
Indagou Karine.
- um filho,
Do ato tão deplorável emergiu um filho,
De Álvaro?
Perguntou Bianca,
Ficando em pé nua,
E caminhando até a janela
Fechada
Sem notar o frio
Contra seu corpo que tremia.
- senhora,
Não sabe-se de outro relacionamento
De Vanessa,
No entanto,
O filho é de Álvaro caso seja
Sua vontade...
- quem lhe falou que seria
Desta forma Karine?
Indagou Bianca perplexa.
-meu Allah.
Gritou Álvaro.
Depois se levantou
Enrolado no cobertor de lá
De carneiro e correu até Bianca.
- me diz o que lhe sou?
Me fala o que mereço,
O farei!
Ele lhe disse,
Abrigado aos seus seios
Quentes e arfantes.
- preciso que se separe de mim,
E case-se com Vanessa
Assuma seu ato
E seu filho...
Antes de sair do quarto,
Retire a coroa
E a guarde no roupeiro...
Fui tudo muito rápido,
Foi um erro...
Karine, informe ao povo
Meu luto
E viuvez.
Ela disse,
Dando-lhes as costas.
- o quê?
Deseja minha morte?
Indagou Álvaro
Deixando cair o cobertor.
Karine gritou espantada,
Ele virou-se
Sem preocupar-se
Com sua falta de roupa.
Bianca olhou rápido
Para trás para ver
O que motivou o grito.
- Álvaro vista-se,
Karine prontifique dois guardas
Para retira-lo do castelo,
Providencie o casamento,
Doação de donativos,
E envio do casal com seus
Respectivos entes para outro reino...
Então, virando-se para Álvaro
Encerrou:
- não quero mais ver-lhe
Ou ter notícias de ambos.
- guardas, por favor.
Chamou Karine da porta.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Rainha Bianca IV - Álvaro prefere a morte

- indefesa,
Me sinto indefesa.
Bianca falou alto
Em frente a penteadeira
Enquanto penteava seus cabelos
Longos.
- eu a ajudo, Magestade.
Obrigado por me permitir
Ficar ao seu lado.
Lhe disse Álvaro,
Se colocando de joelhos
Enquanto pegava a escova
E penteava os seus cabelos.
- eu tenho me sentido indisposta,
Você tem demonstrado
Seu valor ao me ajudar,
Me sinto tonta.
Ela lhe respondeu.
 - senhora, me perdoe a intromissão.
Mas, com a partida do rei
Sobraram apenas suas amantes
A vagar pelo castelo
E oferecer seus serviços...
Cujo principal era dar prazer a ele...
Ele pigarreou,
Se pôs em pé,
E a olhou de frente.
- eu a amo,
Por favor, entenda.
Não seria conveniente
Trocar os empregados internos
Por novos que você prefira?
Eu lhe digo isso por amor.
Lhe juro.
Ao dizer estás palavras
Álvaro lhe caiu aos pés
Em prantos sentido:
- eu a amo,
Eu a amo,
Eu a amo.
Ele dizia entre o choro.
- você tem razão, Álvaro,
Muitas das pessoas que ficam
Próximas demais de mim,
Eu não sei quem são,
Preciso resolver isso.
Meu pé não melhora,
Tenho medo de perder a perna...
Ela lhe respondeu,
Ele a virou na cadeira
Para dar as costas
Ao espelho,
Depois pegou seu rosto
Entre suas mãos
E beijou seus lábios
Com afeto e amor.
- entenda, senhora,
Que amor não se finge,
O falso não se mantém,
Faz tantos meses
Desde que fizemos amor
E eu a esperei,
Não posso ser de outra,
Não serei.
Ele lhe disse atento,
E em tom desesperador.
- me aceita de volta,
Me perdoe,
Eu sou seu,
 Não sei ser de outra.
Ele pediu chorando.
- providencie que todos
Que moram no castelo,
Na parte interna
Que fiquem na sala
Para eu ter reconhecimento
E decida quem permanece
E quem será enviado
Para o trabalho exterior.
Ela indagou,
Gostou de sentir seus lábios,
Sentiu seu coração pulsar,
Até sentiu melhora na perna,
Todavia, não pode esquecer a cena,
A maldita cena de ser traída,
Rejeitada, posta de lado
Feito um objeto,
Lhe foi repulsivo,
Só em pensar perdia a fome
E sentia nojo.
Então, o olhou no rosto
E resistiu ao desejo
Lhe desferindo um tapa
Contra o rosto.
- vai-te
E só retorne ao resolver
O que pedi.
Ele saiu.
No mesmo dia
Tudo se resolveu,
Realmente, todas as empregadas
Já haviam transado com o rei,
Até mesmo alguns dos homens.
Ela decidiu não manter
Nenhum destes com ela,
Não sabiam quem eram,
E seus meios de ganhar a vida
Era nojentos.
Resolvida a questão,
Novas pessoas adentraram
Para a parte interna.
Logo, todos os serviçais
Sabiam seus trabalhos,
E lugares onde poderiam
E não ir.
- Bianca, você gosta
Que eu lhe dê banho?
Todos os dias eu lhe cuidei,
Lhe faço os chás,
Até mesmo troco suas roupas,
Me perdoe o ato errôneo
Eu só quis seu prazer.
Alvaro lhe pediu,
Sempre chorando.
Ela não sentiu-se capaz.
Dormiam juntos,
Já não sentia tanta dor,
Mas não se dispôs a perdoar,
Lhe parecia castigo,
Ou o fantasma do rei
Que lhe voltava às vistas
Sempre com tantas raparigas.
- vai-te Álvaro.
Já estou melhor,
Não retorna
Ao quarto.
Lhe deu ordens.
Álvaro deu um passo
Para trás,
Ficou branco,
Perdeu a cor do rosto.
- eu a abracei em cada noite,
Lhe protegi do frio,
Não a toquei,
Eu te amo...
Ele lhe dizia.
- o inverno acabou.
Está demasiado calor.
Ela respondeu,
Sentiu na cama
Virou as costas para a janela.
- por favor,
Não me ignore mais,
Me é terrível ser homem
Ter de implorar por sua vontade
A cada instante
E saber que não posso
Despertar você ao desejo,
Você me amou?
Ele lhe pediu,
A pegou pelos ombros
E chacoalhou com carinho.
- me diga,
E diga
Se me amou,
Preciso saber.
Ele pediu em prantos.
- não me fale de amor.
Ela respondeu secamente.
Retirando sua mão
Com carinho
De sobre o ombro.
- por favor,
Me diga que sentiu algo,
Eu não sou capaz de sobreviver...
Ele indagou
Se colocando de joelhos
Ao lado de suas pernas.
- eu te espero mil vidas,
Mil dias, mil noites,
Não me retire de sua vida,
Se eu for colocado
Para fora,
Você logo irá me substituir,
Por favor,
Eu te amo...
Ele continuou.
- eu não sou capaz
De desejar mais você!
Ela mentiu pra ele,
Da forma mais descarada
Que pôde.
- é mentira,
Você me deseja,
Eu noto isso em seu olhar,
Em seu corpo,
Você corresponde as minhas carícias,
Você está tentando se enganar,
É mentira...
É mentira...
É mentira...
Ele respondeu chorando,
Tocando suas pernas,
Que se abriram a espera-lo,
Mas ela mentiu outra vez.
- eu não sinto nada por você,
Vá para outro quarto.
Ela cismou.
- e te espero lá,
Isto, ir para te esperar?
Ele perguntou babando
De tanto chorar.
- não!
Ela falou
E levantou seu rosto
Para o alto.
- eu não vivo sem você,
Eu não vivo sem você...
Ele respondeu trôpego,
Levantou-se de perto dela,
Foi até a penteadeira,
Retirou o cabo da escova de ouro
E enfiou contra seu peito,
Caindo de joelhos no chão
Sangrando.
- Álvaro?
Álvaro, por favor.
O que você fez?
Bianca gritou
E se levantou.
- sem você eu não irei viver.
Ele respondeu,
Caindo para a frente
E se colocando de lado,
Então retirou o cabo
Da escova que estava cravado
Em seu peito,
E levou-o para a frente
Para atentar contra sua vida
Outra vez.
- sem você,
Prefiro a morte!
Gritou.
Ele correu até ele,
Ainda um pouco manca,
Segurou com ambas as mãos
A mão dele.
- não, por favor,
Não faça isso!
Ela falou com os olhos
Lacrimejantes.
- então, me perdoe.
Ele disse.
Recomeçou a chorar,
Se colocou de lado,
Incapaz de olhar pra ela.
- por favor,
Não chore em minha frente,
Eu me odeio por te ver sofrer,
Eu odeio a qualquer um
Que lhe cometa maldade,
Me perdoe,
Eu sou um maldito traidor
Arrependido.
Bianca se agachou.
Lhe passou a mão no rosto,
Olhou o peito dele,
Ainda sangrava.
Eu vou buscar ajuda,
Por favor, fique comigo.
Foi tudo que ela falou,
Então, foi até a porta
E gritou por socorro.

Rainha Bianca IV - se decepciona

De casamento agendado
A rainha Bianca IV
Andava inquieta,
Tendo saído de seu quarto
Para ir ao cômodo de beleza,
Cansou-se de ver suas unhas
Serem embelezadas...
- desculpa, Mariete,
Eu estou cansada.
Ela disse,
Empurrou a garota
Pelos ombros
E puxou a mão,
Sem entender ela sentiu
Mariete estranha,
E cismou com o perfume
Que usava,
Lhe recordou demais Álvaro.
No entanto,
Este perfume foi feito
Para o seu amante real,
Nisto, não havia outro,
E ele não saia sozinho,
Como estaria em suas roupas
Ou próximo?
Contudo,
Ela olhou atentamente
Para o rosto pequeno
Da moça,
O pescoço longilíneo,
E não quis ceder ao ciúmes,
Com certeza se devia
A perda recente do esposo,
Que mesmo tendo sido
Em sua própria cama,
Com outra mulher
Ela não lhe guardou magoa,
Desde o início seu casamento
Se marcou com estes espetáculos,
Ela não se revoltava com o fato.
Aprendeu a tolerar,
E não fez o mesmo
Por não ter querido,
Porém, agora,
Saindo da sala
E se direcionando ao
Próprio quarto,
Lhe pareceria peculiar,
Por que ela nunca desejou outro?
Sempre que se via
Pelos aposentos,
Se deparava com Álvaro,
Ele lhe parecia convidativo,
Educado e muito vívido.
Esconder sua dor de viúva
Em seu peito másculo,
Foi bom,
Foi perfeito,
Mas, agora, quase lhe era suspeito.
Será que ela o amou desde antes
E o querendo nunca foi capaz
De desejar outro?
Talvez, nem mesmo o rei...
Com este pensamento
Chegou ao quarto,
Abriu sua porta
E se deparou com Álvaro
Provando as roupas reais.
Ela levou um susto,
Se voltou para fora,
Fechou a porta com cuidado,
Pôs a mão no peito,
Retomou o fôlego
E após, retornou.
- que fazes aí,
Querido Álvaro?
Ele levou um susto,
Não parecia espera-la.
- estou vendo as vestes reais
Do falecido rei,
Agora que ele se foi
O que você fará com elas?
Ele lhe indagou.
Depois a olhou com calma.
- caso queira,
Eu posso aproveita-las,
São em ouro e outras jóias,
Também, poderíamos doar
A quem não tenha o que vestir,
São tantos os desmazelados...
Ele sentou-se
Sobre a cama.
- de fato,
Tens razão quanto ao valor.
Foram feitas para ele,
E outras vem de herança familiar,
Foram sempre guardadas conosco.
Mesmo a coroa,
Sempre é guardada.
Ela respondeu
Em solavanco,
Sentiu-se retraída.
- mas você vestiu-se
Com a roupa do falecido,
E assim, tão rápido?
Eu quase o posso ver
Em você,
Isto é estranho!
Ela respondeu.
Imediatamente, Álvaro retirou
As roupas.
- a coroa me cai perfeitamente.
Ele arriscou,
Usando a jóia sobre os cabelos.
- claro, a mantenha.
Mas, não sei se gostaria de vê-lo
Usando as roupas de um morto,
Isto é estranho.
- me desculpe.
Ele respondeu.
Chegou até ela,
A beijou ternamente
Depois saiu.
De dentro do quarto
Pode-se ouvir o alvoroço
Lá fora.
Ela não resistiu,
Logo foi atrás dele.
Irritada, tentou descer às pressas
A grande escada,
Resvalou na barra do vestido,
Caiu sobre a perna,
Sentindo dor lancinante,
Percebeu que a quebrou.
- ai, minha perna.
Não consigo me mover!
Gritou, Álvaro não apareceu.
Veio a Vanessa da cozinha
Com as mãos sujas de massa,
E a ergueu,
Levou até o quarto,
A ajudou a tirar a roupa
E levou ela até o banho.
Todavia, Bianca
Não conseguia controlar a dor,
Gemia alto e chorava.
Vanessa encheu a banheira
De água quente,
Com chaleiradas do fogareiro
Ao lado no banheiro,
E isto lhe tomou o tempo.
Passado algumas horas,
Não percebeu-se que Álvaro
Havia retornado
E ele ouvindo os gemidos
De Bianca,
E a vendo nua,
Entendeu errado o que ocorria.
- querida, você já está despida?
Ele falou,
Retirando a roupa,
Ficando apenas de coroa
E vindo abraçar Vanessa,
Bianca ficou pasma,
Quase sofreu um infarto.
A perna parecia gritar de dor,
Pulsava dor em seu sangue
E Álvaro abraça Vanessa
E se coloca aos beijos
Em sua frente?
- ahn.
Ela tentou dizer,
Mas foi em vão.
Não tinha forças
Para falar.
Álvaro, num instante
Deixou Vanessa nua,
E transou com ela,
A beijando
E deitado com ela no chão.
Enquanto transava
Com a outra,
Tentou tocar Bianca.
- vamos querida,
Goze conosco!
Isto lhe foi o ridículo.
Foi a situação mais horrível
Que já passou.
Ela tentou levantar
Da cadeira onde estava
Ao lado da banheira,
A chaleira apitou de fervente
Que estava,
Ela estava nua
E Álvaro transou com a outra?
-ahn.
Ela falou outra vez,
Pegando com as duas mãos
A perna
E tentando levantar ela do chão
Para se mover.
Os dois, estavam aos beijos
E abraços.
Ele estava pelado
Sobre o corpo flácido de Vanessa,
Que situação ridícula,
Contemplar a bunda
De seu próprio marido
Pulando dentro da vagina
De outra pessoa.
Ele não tinha bons modos,
Aliás, parecia um porco.
Ela sentiu-se ultrajada.
- se prepare querida,
Já estou gozando, então é sua vez!
Ele ainda ousou dizer.
Ela muniu-se de todo
O seu orgulho,
Ódio e coragem
Foi até o fogão
Pegou a chaleira de água fervendo
E jogou sobre ambos,
Sem preocupar-se.
Álvaro deu um único
Grito de dor.
Então, a olhou assustado,
Se recompôs e se afastou.
Colocando-se sentado num canto,
Vanessa não resistiu,
Se pôs de joelhos
E engatinhou até ele.
-oh, oh, rei querido,
Me deixe te dar prazer!
Ela disse.
- maldito!
A rainha gritou
E o queimou no rosto.
- vossa baixeza vagabunda!
Gritou Vanessa.
Se pôs em pé,
E veio contra Bianca,
Pegou seus cabelos
E levou seu rosto
Em direção a chapa quente.
- vou te queimar, vagabunda.
Quem você pensa que é?
O rei me quer!
O rei me quer!
Bianca gritava de dor
Na perna quebrada
E de medo.
Não conseguia se equilibrar,
Não tinha forças pra se defender.
Álvaro levantou-se rápido,
E puxou Vanessa pelo pescoço,
A jogando contra a parede,
Depois pegou a espada no chão,
De entre suas roupas
E matou-a.
- me perdoe, Alteza Bianca.
Eu pensei que seria do seu agrado,
Fiz para lhe dar prazer,
Eu não me vejo o suficiente
Para lhe satisfazer,
Meus amigos me confidenciar
Que o rei gostava de muitas
Garotas em única vez,
Eu pensei que era de seu costume...
Me perdoe,
Me perdoe,
Só quis agradar você!
Ele gritou chorando,
Se ajoelhou aos pés dela,
Beijou seus pés
Até os joelhos,
Chorando muito.
 - eu caí,
Quebrei minha perna.
Estou sentindo dor.
Ela gaguejou as palavras.
Ele encheu a chaleira
E pôs a água aquecer,
Também pôs lenha no fogo.
- você irá melhorar,
Mas me perdoe,
Por favor,
Ao menos diga se é capaz?
Ele indagou
Com todas as lágrimas
Do mundo em seus olhos,
Bianca apenas baixou o olhar.
- renova está morta
Do meu banheiro!
Bianca o ordenou.
- senhora,
Se não lhe sirvo para esposo,
Não me iniba de ser seu servo,
Eu a amo,
Farei tudo para lhe proteger,
Acredite no que lhe digo,
Senhora, por favor,
Só quis lhe dar prazer!
Ela continuou de olhos baixos,
O ouviu retirar Vanessa morta,
E fechar a porta atrás de si.

Divagações

Aos quatorze anos
Não reflete-se muito,
O agir é impulsivo,
Beijar torna-se regalia,
Não pensa-se na postura.
É como se o ato
Fosse mais distante,
Não se imagina
Estar transando sem preservativo,
Não,
É apenas um jogar a língua
Na boca do outro,
Enrolar um pouco,
Trocar o gosto,
Provar saliva.
Simples,
Não precisa tirar a roupa,
Nem perguntar o nome,
Embora, pergunte-se.
Não se quer uma promessa,
Nem mesmo aliança.
Não se imagina
Que possa se tornar
Um compromisso
Do qual se arrependa,
É simplesmente preencher
Um número,
Apostar novos gostos,
E dar seguimentos.
Os quatorze passam,
A ideia permanece,
E a coisa toda amadurece,
E os números continuam valorosos,
Mas exigem mais de si próprios,
Aí é que tudo se complica,
Porquê ao querer-se o compromisso,
Já surge a necessidade do contrato,
E tudo iniciou-se com distanciamento,
E encerra-se no confinamento
De si próprio
A vagar por entre números.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Esperança de Vida

O trabalho de um operário
Das empresas agroindustriais
É difícil e competitivo.
Desde cedo
Se imagina que é o trabalho
Mais simples,
O ramo se assemelha
Ao rural,
“Quem não saberia
Cortar um frango?”
Disse-se o boato.
Desde cedo,
Vê-se a vovó
E a mamãe cuidar a galinha
No terreiro,
Depois, certo dia mata-la
Para fazer uma galinhada.
Quem vê o trabalho pronto,
Pensa que é simples,
Quem olha o outro fazendo
Pensa que sabe como fazer.
Nisto, não pratica-se,
Não se ajuda a vovó,
Nem a mamãe na pia.
Recordo meus dez anos,
Eu cheguei cansado
Da roça,
Fui ajudar papai a cortar lenha
Para puxar de carroça
Para fazer fogo
E aquecer-nos no maio frio.
A estação do calendário
Não nos mostra,
Mas o maio faz um frio
De cair geada.
Eu segurava o tronco seco,
Meu pai cortava com a motosserra,
- assim, pai?
Indaguei enquanto puxava
A madeira sobre um tronco caído,
Para lhe auxiliar.
- assim filho.
Agora deixa eu cortar
O caule mais grosso!
Ele falou,
Foi até o meio daquele eucalipto
E cortou tudo em pequenos troncos.
Depois, eu separava
Conforme tamanho,
Então, carregava na carroça.
Pedaços pequenos
Separados das toras maiores.
Os bois estavam ao lado,
Comendo a grama densa.
- traga os bois, filho.
Eu os peguei pela corda,
E os trouxe.
- me alcance a canga!
Eu fui até a canga
E peguei.
Ele encantou
E colocou na carroça.
A madeira estava toda carregada.
- Rahat, você acha
Que o trabalho da roça
Começa cedo?
Meu pai me pediu.
- não, pai.
Meio dia do dia eu tiro
Para ir a escola.
Eu aproveito pouco do tempo.
Eu respondi, olhando para Saul,
Meu pai.
Eu subi na carroça,
Ele também,
Peguei as cordas e guiei.
Estávamos na terra
Onde tinha um pequeno moro.
- você consegue descer aí filho?
Meu pai me pediu.
- sim, pai.
Por cima tem muitas pedras.
Eu respondi,
Encaminhei os bois.
A carroça fez um encalço,
A roda subiu sobre
Uma pedra grande,
Mas nossos bois
Eram fortes,
Ela passou a pedra resvalou
Sobre ela
E seguiu a estrada.
No caminho,
Havia uma cobra.
- veja a cobra?!
Meu pai gritou.
Ele era mais rápido
Que eu não questão
Ver cobras quando se tratasse
De eu estar perto.
O senso de responsabilidade,
Direção e carinho
De um pai se ativam
Junto a nós.
- eu não vi, pai!
Gritei, olhando para trás.
A cobra estava enrolada
Embaixo do limoeiro,
Deu o bote de lá,
E pulou sobre um dos cepos
De madeira.
- meu filho,
Meu Deus?
Meu pai gritou,
Pegou um cepo
E arremessou contra ela.
A matou com três batidas.
- o senhor é um velho
Forte pai,
Que sorte temos!
Eu gritei.
- sorte nada.
Eu estou quase cego
Preciso que você se prepare
Para conseguir trabalho,
A roça perdeu o futuro.
Meu pai disse,
Com uma das mãos
Sobre o rosto
Secando o suor que escorria
Sobre a lenha.
Chegamos a estrada principal,
Eu fiquei assustado,
Parei de cuidar as pedras,
A roda deu num encalço,
Caiu num pequeno buraco
De frente a uma pedra,
Eu bati nos bois,
Eles puxaram,
Aí caiu a roda.
Tombamos,
De carroça cheia de madeira,
Pesada de tanta lenha.
- meu pai?!
Eu gritei,
Quando a roda caiu,
E imediatamente a carroça
Começou a pender.
Quebrou o eixo da frente,
Eu acho.
Ou os bois se assustaram,
Mas, virou tudo.
Eu empurrei meu pai
Para trás,
Meio que o ergui
Com minha pouca força.
Ele se empurrou na beirada
E caiu em pé,
Contudo, bateu a canela
No lado da carroça.
Eu dei um salto
E pulei.
Muito mais ágil e jovem,
Com todo o vigor juvenil.
A madeira caiu no chão,
Rolou para o lado,
Mas os bois não feriram-se,
A canga também não quebrou.
Puxamos tudo nos braços,
Depois de amarrar os bois
No pasto ao lado da estrada.
Nisto, um rapaz que morava
Não muito distante,
Passou e jogou uma garrafa no boi
Contendo líquido:
- este homem sempre passa
E joga seus lixos...
Eu falei,
Com o peito arfante.
- sim, filho.
Infelizmente ele faz isso.
Saul me respondeu.
- tenho medo de que seja veneno.
Respondi.
Ele parou,
Olhou para o céu,
Baixou os olhos pro solo
E foi até o monte
De lenha caída no chão.
- filho, vamos levar nos braços.
Respondeu.
Ele juntou abaixado
O máximo de lenha
Que pode sobre um braço
E seguiu até o galpão.
Eu tentei pegar as toras
Mais grossas e levei-as,
Uma de cada vez,
Abraçado nela.
Deixado no galpão,
Separamos as mais finas,
Coloquei dentro de uma bolsa,
E levamos até nossa casa.
Depois, fomos retirar a carroça
Para o lado da estrada,
Levamos a roda, o eixo quebrado
Com a outra roda,
E os bois para o galpão,
Só então, fomos descansar.
Sentamos em frente ao fogão,
Pés erguidas sobre a caixa de lenha
Para nos aquecer,
Sentados em bancos de madeira.
Mamãe pegou a galinha
No terreiro,
Puxou o pescoço,
Pegou a água quente
E foi depenar.
Os cortes ficaram por conta
Da vovó.
Depois, tudo foi para a panela
Sobre a chapa de fogo ardente.
#
-ai, que dor.
Estou com dor.
Me vi falar,
Aos vinte anos,
Embasbacado,
Olhos vagos,
Como se tivesse
Uma cortina de fumaça
Sobre meu olhar.
Eu estava da direção
De um carro,
Todo dolorido,
Parecia que dormi.
Então, lembrei do rosto
Do meu pai
Naquele dia,
Vi minha avó lhe levando
A cuia de chimarrão,
Sua mão cansada
Pegando a cuia,
Seu sorriso de admiração.
Senti que meu coração
Começou a pulsar.
Olhei mais intenso,
Eu estava com um tronco
De arvore em meio
As minhas pernas,
Uma estava comprimida
Pelo tronco,
E sangrava.
Eu vi minha mãe sorrir
Para meu pai,
Vi minha avó pegar a cuia,
Encher novamente
Com a água de sobre o fogão,
E servir-lhe,
Entre desmaios
Vi seu sorriso afetuoso.
Senti um calor tomar meu corpo,
Levei a mão até embaixo
Do banco,
O empurrei para trás
O máximo que pude.
Com dor saí dali,
Sangrando,
Caminhei pra rodovia,
Eu estava a poucos metros
Fora dela,
Cheguei ao corrimão da rodovia
E sentei ali.
Depois olhei para trás,
Meu carro estava destruído,
Uma falta de fôlego
Me ganhou,
Vi minha avó encher a cuia
E me servir,
- sirva-se vó,
Eu espero.
Vi suas mãos enrugadas
Segurarem forte a cuia,
Vi seus braços fracos,
Vi seu pescoço cheio de rugas,
Vi seus lábios sorrirem.
Um sopro de calor
Me ganhou,
Depois, vi uma aranha
Saindo de dentro
Do meu carro
Pela porta aberta.
- ah, você.
Eu te vi na rodovia.
Eu me vi dizer.
Ela estava no meio do asfalto
Onde passei,
Eu passei sobre ela,
Sem feri-la,
As rodas passaram pelo lado.
Ela subiu no carro,
Naquele momento
Entrou por dentro,
De alguma forma
Pulou através do espaço
Do ar-condicionado...
E me picou,
Eu lembro de ela,
Tão imensa,
Pular contra meu peito.
Lá longe,
Eu vi a fumaça saindo
Da chaminé da empresa agroindustrial:
- meu Deus, será que eu chego até lá?
Eu indaguei,
Vi minha avó tomar
Seu chimarrão,
Vi minha cuia ser servida.
Imaginando-me
Ainda com a cuia em mãos,
Eu segui aquele asfalto,
Com fortes dores,
Sozinho,
Segui em direção a fumaça.
- eu vou conseguir.
Me vi dizer.

sábado, 24 de maio de 2025

Bolinho na Banha

O dia amanhece chovendo,
Feito um sereno
A mergulhar nas folhas,
Percorrer cada pétala de flor,
Só depois cair na terra.
Escorre a chuva
Sobre o pó,
Leva-o consigo
Até onde possa,
Lá ao final,
Faz-se poça.
Fica,
Se aprofunda
Sob o véu da terra.
Da folha,
Percorre o galho,
Galga o tronco,
Beija a raiz.
Mas, o fogão não sabe disso,
Dia chuvoso e frio,
No horário de fazer-se o almoço,
Encerra-se a lenha
Conforme cai o brasido
Em cinzas para o cinzeiro.
Colhida as cinzas
Semeio na horta,
Do pó da árvore,
Planeja-se seu adubo.
A chuva fina
Cede lugar para chuva grossa,
O frio aumenta,
Eu me dirijo ao meu pai
Buscar lenha.
De chegada ele adianta:
“Estou em idade avançada,
Sirva-se de feixes de lenha,
De braçada a braçada
Complete sua caixa,
Encerrei o almoço.”
Isto é coisa que irrita,
Acreditar que se vá percorrer
Mais de duzentos metros
Com braçadas de lenha
Até em casa.
“ se for deste jeito,
Morro ao relento”.
Eu não resisto a ideia
E ataco.
“que você é menos que eu,
Um velho?”.
Ele revida.
A raiva me domina
Naquele porão de lenhas cortadas,
Tento gritar,
Perco mesmo a cabeça,
Tento cuspir na sua cara,
Ganho uma mão
Contra a minha boca.
Ataco a dedos 
Contra suas costelas
Envelhecidas 
E sinto pouca dó.
Neste instante
Eu endoideço,
Ele me chama de doente,
Me fala pra ir ao médico,
Eu já nem me sinto no corpo,
Sou feita de ódio e veneno.
“ dá-me a chave do carro
Pra levar a lenha
Ou endoideço,
Como posso ir carregada
De lenha em plena chuva,
Irão acender madeira molhada?
Certo que não irá,
Muito menos queimará.”
Ele me olha irritado,
É meia manhã,
A chuva não dá trégua,
Nem ele:
“ o carro é meu,
E você não o leva.”
Ah, isto me ressoa feito 
Um abraço pro meu ódio,
Grito e grito como uma louca:
“ mais valor eu tinha
Quando saia seminua
Usando o carro
Em noite de chuva e frio
Para ir até a balada,
Deve ser lá mesmo
O lugar de se usar carro emprestado!”
Me irrito,
Pego as chaves de sua mão,
Abro as portas,
Colocou duas bolsas
Transbordantes de lenha
E retorno,
Com o orgulho ferido,
É certo,
Todavia, muito correta
Por não estar seminua
Rumo ao desconhecido,
Ele que se acalme em seu canto,
Enquanto eu queimo meu brasido.
Mas, de vestido curtinho?
Nem se cogita para o frio de maio,
No verão, talvez,
Se não houver roupa 
Que melhor se encaixe.
E quanto a baladas 
Recheadas de estranhos,
Prefiro meu fogão a lenha,
E uns bolinhos fritos
Na frigideira de banha
Dos porcos que nós 
Mesmos criamos.

Dia 01 de Tutancâmon

Antes do invento
Do primeiro número
Não se contavam os anos,
Nem mesmo os dias,
Menos ainda as horas.
Trabalhoso para construir
Uma linda esfinge,
E deixar num patamar
Mais alto a sua primeira pirâmide,
Tutancâmon contou as areias,
Vendo nisto os números,
Passou a contar os dias.
E isto aconteceu
No dia 01 da humanidade:
Da esfinge,
Tutancâmon fez uma escada
Derrubando uma tamareira
Até a pirâmide,
Isto não lhe soou tão distante.
Chamou a isto metragem,
Após, de cima da pirâmide,
Seu olhar viu tão distante
Que definiu quilometragem...
Contudo, fez frio
Naquelas areias de tamareiras,
Ele não se acomodou,
Pois no contar dos dias
Somam-se a eles as semanas,
Todavia,
Não se junta a isto
A preguiça,
Não pra ele.
Fez-se o correr das horas,
Ele cortou algumas tamareiras,
Usando fios de ouro
Encostados no tronco
E puxando de um lado
Ao outro até derrubar,
Plantou outras.
Usou um diamante de fio
Para despedaçar a tamareira,
Pôs toda a lenha
Em seus braços,
E levou até o alto
Da pirâmide.
Não se fez de rogado,
Lá em cima,
Usou uma pedra turmalina
E alguns diamantes
E criou o fogo.
O alto da pirâmide ardeu
Em amarelo,
A chama cresceu até tocar
Os céus,
Feliz por sua criatividade
Tutancâmon foi até às tamareiras
E trouxe troncos
Cada vez mais grandes e grossos.
O fogo crepitou intenso,
E num brasido imenso
Um tronco de tamareira
Ardendo no fogo,
Já avermelhado,
Quase apenas brasa,
Se soltou daquele alto
E voou pelos céus.
Indo parar tão distante,
Tão distante,
Com fogo intenso
Que nunca apagou-se,
Lá do céu ele fez o calor,
Fez também a luz do dia,
Veio a chamar-se
Este tronco no céu: o sol.
Contudo, religiosos estudiosos
Do mundo celeste
Dizem que o sol é apenas
O brasido,
O tronco em si
Queimou antes de pegar amplitude.

Simples Felicidade

Ainda jovem
Meu pai me disse:
“ Filha a felicidade
Está nas coisas
Mais simples.”
Na época
Eu desconsiderei a ideia,
Pensei que fosse coisa ultrapassada,
Imagine, coisas simples
São coisas fáceis
De serem encontradas?!
No caminho pra maturidade
Eu apostei ainda mais nisso,
Que a felicidade era difícil,
Que precisava buscá-la
Sem parar
E ainda assim,
Ela se dificultaria.
Porém, chegou minha maturidade,
Para alcança-la
Não foram questão de anos vividos,
Se baseou em alcançar
Um homem pra estar
Ao meu lado,
Me amparar e dar carinho.
Encontrei dois,
Dois verdadeiros homens,
Hoje,
Puxamos nosso puf
Para a cozinha,
Um dos meus maridos
Cortou a lenha,
Eu busquei para o fogo,
O outro ascendeu a lavareda.
Fizemos almoço juntos,
Caprichamos na escolha
Do tempero,
Do corte da carne,
Da própria carne
Para pôr na panela.
Abraçada a eles
E aos nossos filhos,
No calor da lenha
Que ardia em fogo,
Eu me vi criança
Com minha família.
Sentada em frente ao fogão,
Escolhendo a lenha
Para manter a lavareda
E o brasido aceso
Para nos aquecer
E cozinhar o almoço.

Cuidando o forninho
Se estava pouca lenha,
Sempre mantendo ele cheio
Para ela se manter sequinha 
E queimar rapidinho,
Cuidando a caixa de lenhas
Para sempre ter o que queimar,
Conversando assustos atoa.

Então , sorri feliz,
Abracei meus esposos,
E vi nosso menino Bruce
Deitadinho bem perto 
Do fogão,
Sentindo o calor,
Cuidando a lenha queimar,
Feito eu criança.

A história repetia 
Uma fase dela 
Em nossas vidas.

Finalmente,
Me vi de volta
Em família,
E nunca fui tão feliz,
Então, sorri olhando
O fogo amarelo e cinza,
A chuva caindo lá fora,
Recordei das palavras
Do meu pai,
E pela primeira vez
Lhe deu razão.
Nisto, olhei para meus esposos,
Nos abraçamos 
E eu disse “a felicidade está
Nas coisas mais simples”.

Feliz Aniversário Filho

Felicidades,
Desejo realizar
Todos os seus sonhos,
Gostaria de estar
Presente em seu destino,
Saber te encaminhar,
Te transmitir conhecimento
Para você sempre estar
Com seu melhor sorriso.
Tenho orgulho
Do que sou,
Meu ápice
Foi sempre você.
Gostaria de lhe transmitir
Os melhores valores,
Espero que saiba
Que do orgulho que senti,
Em te amparar desde bebê,
Eu o tenho aumentado hoje.
Pequenas coisas fazem
Um grande homem,
Em grande o tive
Para me ver
Maior que imaginei
Por ser seu pai,
Seu amigo confidente,
Te fazer presente.
Eu te amo filho,
Feliz aniversário,
Espero que seus dias melhorem,
E que eu supra todas
As suas necessidades,
Sonho que seu dia seguinte
Sempre seja melhor que o hoje.
Trabalho árduo
Para lhe dar o melhor,
Lhe tenho com sentimento de honra,
Sou um sujeito realizado
Por ter alcançado seus carinhos.
Eu te amo,
Sempre irei te amar filho!

Fim do Show

Início de outro show,
As mãos estão suadas
Como se fossem os anos noventa,
Eu olho para o meu guitarrista
E lhe confidencio:
“ Cara, há tanto que saímos
Dos anos noventa,
Mas este coração acelerado
Em meu peito
Parece ignorar.”
Eu aponto para ele
Minha camiseta preta suada,
Aos saltos,
Como se fosse minhas baquetas
Sobre a bateria.
Ele riu
E diz:
“Cara, seu filho
Está para vir,
De repente é ele aí.”
Eu sorrio para caramba,
Meu amigo,
Parceiro de banda
Não poderia estar
Mais ausente do mundo.
Por certo,
Estamos todos os quatro
Com minha esposa,
Ela realmente está
Nos últimos dias de recebermos
Meu garoto no colo.
Subo as escadas,
Corro pra bateria,
Bato forte e intenso,
Chamo a atenção do público,
Faltam uns minutos
Para o horário do show,
E quem se importa
Nós fazemos o som
E não a algazarra...
Eu me sento,
Por vezes,
É como se eu não estivesse ali,
Como se este show,
O primeiro e o único
Fosse encerrar sem ter um fim,
Fosse me brindar alguns minutos,
Tirar um tempo do ingresso
Do público que pula e grita
Por minha banda.
Eu sinto o orgulho
A pulsar nas veias,
Posso ver seus olhares angustiados,
Doidos por nosso som.
Mas, neste dia,
Eu busco,
E não consigo encontrar,
As batidas ressoam
No automático,
E vejo minha esposa,
Sua barriga grande,
E pareço ter nosso menino.
Então, começa o show,
De um a um,
Os três garotos iniciam
Seus ritmos,
Eu perco minha touca preta,
Me levanto assustado,
Sinto no coração um chamado.
Quando subo no palco
A energia é tão intensa
Que sempre que busco algo,
Seja uma esperança,
Um apoio,
Eu encontro na plateia.
Mas desta vez,
Eu abro os olhos
Com força,
As luzes estão intensas,
Meu coração bate
Mais forte que a bateria,
Por mais que eu busque,
Por hoje,
Não está ali.
Minhas pernas tremem,
Eu teria corrido dali,
Eu teria fugido,
Feito qualquer ato de loucura
Tivesse tido forças
Para dominar minhas pernas.
Por sorte,
Os braços pulsavam
Intensos e salteadores,
Saltaram sobre todos
Aqueles pequenos tambores,
Eu já não me continha,
Muito menos era dono de mim,
Havia algo mais forte,
Mais poderoso e estava perto,
Contudo, não estava ali, ainda.
Os amigos,
Notaram meu nervosismo,
De um a um
Vieram tocar em meu braço,
Eu olhei
“ São meus parabéns, isto?”
Mas os caras são focados.
Nenhum deles lembrava
Lá de fora,
Estavam no auge,
Tocando nossas melhores músicas,
Eu não podia conte-los,
Mas lágrimas em meus olhos
Me obrigaram a reprimi-los.
Eu baixei as baquetas
Sobre um dos tambores,
Me virei de lado,
Soltei minha cabeça
Sobre meus joelhos,
Depois, me levantei e saí.
O povo aplaudiu,
Depois vaiou,
Eu fui ao carro,
Depois liguei a ignição
E parti feito um doido
Para o avião.
Foi assim,
Eu deixei todos na mão.
Cheguei em casa
O mais rápido que pude,
Havia uma carta
Pendurada no lado
De fora da porta.
“ Estou na maternidade,
Não quis te importunar avisando.”
Poxa, minha esposa
É doida
Ou algo desta espécie
Eu pensei,
E corri até onde ela estava.
Chegando ao hospital,
Não foi difícil encontra-la,
Ela estava amamentando
O menino,
Eu corri até ambos.
Peguei o garoto no colo,
Sorri,
Liguei o celular,
Os garotos atenderam,
Ainda estavam no palco
Me esperando.
“ Cara, onde você está?”
Vociferaram aos berros.
Então, eu mostrei nós três,
Fomos transmitidos no telão,
Eu, minha esposa e nosso filho.
“ Vejam, nasceu, é um meninão.”
Eu gritei alto.
O povo aplaudiu.
Os rapazes aplaudiram,
Desceram do palco,
Vieram direto para onde
Estávamos.
O show foi remarcado
Para data provável.

Voz do Inferno

Eu pediria perdão
Por ter te ferido,
Ter usado palavras grosseiras,
Ter batido na sua cara.
Mas, Deus, me mostrou
O caminho,
Antes de você se perder
Na minha estrada,
Eu havia andado nela,
Sofrido as sequelas,
E Deus me fez lembrar.
Então, tudo valeu a pena,
Cada correção,
Cada discussão acalorada,
Por sorte,
Você foi mais forte,
Você foi minha lâmpada
Lá em cima da pirâmide,
Iluminando até distante.
Nisto,
Por ter me visto lá de cima,
Através de tais holofotes,
Você me viu dominada,
Mesmo tentando lutar,
Eu me senti fraca,
Eu quase me rendi a opiniões,
Fui palavra solitária,
Você foi trovão a iluminar
Tão distante.
Minhas palavras
Refletidas por sua luminescência,
Ganharam visão de vida,
Poxa, eu não queria te ver
A perder a memória,
Esquecer de si mesmo,
Caindo em percalços
Tão vazios de sentimentos.
Esquecido de si mesmo,
Longe de quem te ama,
Apegado ao dinheiro,
Pensando que saúde vem da grana,
Um vislumbre da loucura,
E um cair nela,
Baby, muitos ficaram por lá,
Você me viu fraquejar,
Eu só te fiz desconfiador.
Você pensa que foi fácil
Confiar e depois me ver na merda?
Você acha que foi questão
De chorar e pedir colo?
Não, foi pior que soco na cara,
Ser a piada do universo,
Um fantoche nas mãos
De quem não se importa
Com seus valores,
Um fantoche de acalorados rumores.
Mas, querido,
Rumores são criados
Da mesma maneira
Que são destituídos,
E o que você fez permanece.
Lembro, de recordar
Minha própria irmã
Me dizer:
"Eu estou a me separar
Da minha filha em cada dia,
É como se eu aceitasse
Ela morrer,
Sei lá,
Quase me adaptei ao nosso fim,
Mas será mais fácil
Pra mim,
Pior pra você que nem mãe foi,
Você é tia-mae.
Estão ameaçando ela,
Usam nós duas
Para lhes fazer mal,
Eu não posso defende-la,
Então, parece que estou aceitando?"
Ela me indagou
Com um papel rasurado
Onde diziam que iriam sequestra-la,
E depois mata-la,
Isto é dor.
Isto é dor imensa.
Eu tive que me afastar,
Com o coração sangrando.
Você estava se submetendo,
Eu não pude aceitar,
Tive que lutar por nós,
Estávamos duas garotas sozinhas.
Meus músculos doem
Feito veneno
Que escore nas veias,
Eu estava fraca pra socos,
Eu aguento pouco,
Mas, me atrevo a seguir.
Não parei o máximo que pude,
Conheço disso o bastante
Para alertar e fazer refletir.
A voz que fala macio
Ao ouvido
E não tem rosto
É a voz do inferno,
Um passo
E você é puxado,
Cuidado.

Bruce Wayne Príncipe da Pérola

O cãozinho do príncipe
O viu sofrer,
Sentado na escada
Com uma mão sobre os joelhos
E o rosto sobre ela.
Ele ficou pasmo,
Sentiu medo pelo seu estimado,
Com sua audição
Que ouve cada vez mais longe,
Ele ouviu o povo falar mal
Do menino príncipe.
Ouviu pessoas cometer crimes
E serem condenadas ao enforcamento
Em plena praça,
Em público.
O menino príncipe sofreu
A dor daquela pessoa,
Mesmo ela sendo uma criminosa,
Ele desejou ter tanto emprego
Que todos pudessem
Ser empregados.
Nisto, cada um recebia salário,
E ninguém viveria de cometer crimes.
Assim, seu pai fez.
Abriu uma mina de ouro
De suas terras
E chamou o máximo
Que pode para trabalhar.
Porém, o povo se entregou
Aos vícios,
Ao invés de trabalhar
Preferiam agredir,
Cuidar tudo que o rei tinha
Para roubar.
Planejaram matar o rei.
O povo usava de álcool
E substâncias psicoativas,
Obsessivos pela vida fácil,
Abandonavam tudo que tinham.
O príncipe pediu ao pai
Uma reunião com seus amiguinhos príncipes
Para encontrar uma solução
Para tanta maldade,
O pai de Rahat
Agendou a reunião.
Chegado ao castelo de seu amigo,
Onde mais quatro príncipes
Se reuniriam,
Bruce Wayne ficou passeando
Pelos aposentados reais do castelo,
Com sua linda coroa de pérolas.
Porém, lá da área interna aberta,
Ele pode ver refletido
Em sua pérola
Algumas pessoas planejando
Sequestrar o príncipe,
E cobrar dinheiro dos seus pais,
E depois mata-lo.
Ele ficou aterrorizado
Com o que viu,
Se não fosse sua audição
Ser tão boa,
Não teria acreditado.
Ficou irritado,
E seu pelo tomou uma cor
Ainda mais perolizada,
Ele todo parecia ter
Virado uma pérola de pêlos,
Então, correu rápido e bravo
Em direção a aquele homem,
Voou em sua canela,
E o mordeu.
O homem riu dele.
- não tenho o príncipe,
Mas tenho seu cãozinho,
Vamos matar Bruce Wayne
Para ver o príncipe sofrer!
E com isto ele deu um chute
No garoto,
Mas o cãozinho
Não era apenas estimado,
Agora era duro feito pérola.
Ao dar o chute,
O homem quebrou sua perna,
Ela caiu inteira,
E no resplendor da pérola
Ele pode ver sua atitude,
Contudo, não compreendeu.
Avançou contra o cãozinho,
A desferir-lhe socos,
Mordidas, buscando ferir
Com tudo que pudesse,
Nisto o homem morreu
E despedaçou-se
Em frente ao garoto.
O cãozinho voltou ao castelo,
Subiu até a área aberta,
Correu até o príncipe
E o abraçou,
O príncipe sabendo de tudo,
Chorou sobre o cãozinho
Suas lágrimas escorriam
Logo após, aos poucos,
O cãozinho voltou ao normal.
Apenas a coroa do menino
Pareceu mais brilhosa,
E refletia muito mais.

O Príncipe do Diamante

Em reino distante,
O pequeno príncipe,
Viu ao longe chamas,
E seu coração pulsou forte
Se aderiu a certeza
De que iriam incendiar
O castelo do seu pequeno amigo,
O príncipe do ouro.
O pequeno príncipe Mohamed,
Retirou sua coroa,
Pôs ela em frente aos seus olhos,
Tentou buscar o brilho da lua,
Para chamar a atenção
Dos inimigos
Para si mesmo.
O príncipe do ouro
Ainda era criança,
Seus pais eram velhos
E frágeis,
Eles iriam sucumbir
E o mundo não merecia isso:
Ter pessoas tão boas mortas
Por pura cobiça pelo ouro.
A coroa que tinha
Um imenso diamante
Em sua frente reluziu,
O diamante proporcionou
Uma visão mais específica
Do que havia.
Uma multidão se aglomeravam
Em torno daquele castelo,
Lá de longe,
Ele buscou iluminar mais forte,
Alguns virão
E foram atraídos pela luz.
Contudo, eram em muitos,
Muitos.
Mohamed recolocou
Sua coroa e desejou
Ser muito mais forte,
Ele era o príncipe do diamante.
Precisava ajudar o amiguinho,
Colocada a coroa,
Ele subiu na janela,
A lua iluminou de maneira
Tão intensa
Que pareceu refletir
Principalmente sobre ele,
E não sobre a joia.
Seu corpo aderiu um brilho intenso,
Ele soltou as mãos
Ao lado do corpo
E se viu mais forte que nunca,
Seus olhos se tornaram
Dois diamantes brutos,
E ele viu além da multidão
Além do pequeno príncipe
Que chorava,
Além do castelo,
Ele pode ver o mundo inteiro,
Caso quisesse.
Então, focou na multidão,
E o povo vendo tanto brilho
Se dividiu e veio em sua direção,
Armados e violentos,
Com desejo por ouro e dinheiro
Imensuráveis.
Ele deu um salto
E caiu em pé no chão,
Com um barulho violento
Que causou um tremor
Na terra,
A multidão caiu,
Uma duna de areia se desviou
E desceu sobre muitos deles.
Porém, eles continuaram a vir,
Mohamed revestido em diamante
Se tornou tão forte
Que deu um soco no solo,
E fez voar areia sobre
Aquele povo,
Que foi soterrado
Enquanto os que sobraram
Correram esconder-se.
Ele continuou sua jornada,
Seguiu em direção da casa
Do príncipe de ouro
Para ajudá-lo,
De lá o príncipe pode ver sua luz
E sentir sua força intensa,
Então, todo o povo optou
Por correr.
Contudo, levaram suas armas.
O príncipe de diamante Mohamed
Pode retornar pra casa,
E percebeu que estavam a salvo.
Sentindo-se mais seguro,
Ele se magnetizou
E foi condutor da notícia 
Da perdição do povo
Por ilícitos e vícios 
A todos os reinos,
E a casa um dos moradores,
Para que pudessem se proteger.
Logo, de imediato,
Ele escreveu um cartaz
Informando a necessidade
Por trabalhadores
E informou o salário.
No entanto,
Não entendeu por quê
Alguns preferiam tanto
Viver de ilicitudes
E vícios.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Pequeno Rei de Ouro

Em épocas
Não tão distantes,
Houve um lindo reino,
Onde o rei e a rainha
Eram extremamente felizes,
Eles tiveram um filho,
O herdeiro do trono.
Desde infância
Educaram o menino
Para a liderança,
Lhe presentearam
Com uma coroa em ouro puro.
Houve uma noite
Em que alguns do povo vizinho,
Conhecedor das boas fortunas
Daquela família
Desejaram matar a todos,
E levarem sua coroa,
Também tudo que tivessem
De valor.
Estes, eram alguns poucos
Indigentes,
Que ao invés de preferir
Um trabalho e obter salário,
Optaram por viver de ilícitos,
Ou seja, viver de
Quaisquer subtração
Que pudessem fazer
Sem lhes pagar valores.
Armaram-se com fantoches,
Archotes e ferramentas
De invasão e morte.
Tão distantes chegaram,
Iniciaram a atear flechas de fogo,
O filho foi a janela,
E pode avistar aquelas flechas
Voando contra sua família.
Ele sentiu -se tão entristecido,
Que chorou,
E passou a usar frio de medo.
Seus pais estavam envelhecidos
E fracos,
Ele ainda era apenas um menino,
Não tinha forças nos braços
Para protegê-los.
Lhes pareceu que seu fim
Caminhava de encontro
A eles,
Iriam, todos morrer.
Nisto, por obra de Deus,
Sua coroa passou a derreter,
E lhe cobrir
Primeiro o rosto,
Depois o corpo,
Então, o cabelo e cabeça.
Ele ficou absoluto estático,
Depois, por seu querer
Passou a mover-se,
Elevou suas mãos em agradecimento
Para Deus.
Lá do alto
Uma estrela brilhou,
Ele desejou crescer
Tão alto
Que pudesse pegar na mão de Deus,
E nisto,
Cresceu.
Cresceu sem precedentes,
Cresceu tão rápido,
Que ficou maior que qualquer adulto,
Seu corpo reluzia,
Brilhava em amarelo.
O povo o viu de longe,
Reagiu em alvoroço
A tanto ouro,
Imaginou que fosse
Uma estátua,
Então, mais pessoas se juntaram,
Formou ali uma multidão
De armados.
Ele se retraiu de medo,
Depois de ódio,
Entrou nele tanta fúria,
Que o ouro derretia entre seus dedos,
Depois secava
Em uma altura e retornava,
Um ouro reluzente e quente
Como jamais existiria.
Um ouro alaranjado,
Que a um desejo seu
Virou líquido e escorreu
Pelas paredes do palácio,
Indo de encontro aquele povo
Que começou a gritar em alvoroço
E comemorar a aquisição gratuita
De tanto valor.
Tão perto chegou,
Seus pais saíram a janela,
Abraçados e assustados,
Então, ele se reintegrou
E cresceu outra vez,
Ficou adulto e olhou para trás
Sorrindo um sorriso tímido.
Depois, ficou gigante,
Em ouro alaranjado de chamas,
Ele ardeu tanto
Que ninguém pode aproximar-se
Pois viravam pó
Tamanho calor que produziu.
Faíscas voavam de si mesmo,
Conforme seus pais
Choravam abraçados,
E estás faíscas onde caíam
Eram tão intensas
Que no espaço de segundos
Tudo se consumia até virar pó.
Nisto, o que sobrou do povo
Afastou-se,
Correu se refugiar,
E ele pode retornar
Para a família.
Pouco a pouco,
Ele voltou a ser menino,
Mas, ainda cuida
A longas distâncias
Da sua janela
Por meio de seus olhos de ouro,
Que luminosos
Aprenderam a ver
Muito mais longe.

Em Busca da Luz

Foi a vez
Em que ter o céu
Para teto
Era acalentador.
Deitou-se o Faraó
Sobre as areias desertas,
Fez do calor do dia
A sua morada.
Ao chegar a noite,
Com o cair do sereno
Ele puxou areia sobre si mesmo,
Nisto aqueceu seu corpo.
Tomado por angústia triste,
Ao ser acordado
Em plena madrugada
Por uma tempestade
Em que seu cobertor
Voou para lugares distantes,
Ele viu uma tamareira,
E decidiu cultiva-la.
Tentou de inúmeras formas,
Até que engolir seu caroço,
Defecar a exemplo dos gatos,
Fazendo um buraco na areia,
E ao término cobri-lo,
Produziu bons resultados.
Veio dali
Boas árvores,
Depois disso,
Bons frutos.
Juntou as árvores da areia,
E dividiu-as em sua proximidade,
Passou a dormir em seu tronco,
Recostado.
Com o cair da primeira folha
Sobre sua cabeça Faraó ancestral,
Irritou-se com aquilo,
Decidiu por si mesmo,
Fazer um buraco na areia
E dormir dentro.
No entanto,
O sereno sobre sua cabeça
Lhe gripou demais
Os pulmões,
Empertigou-se,
Colocou sobre o buraco
Folhas das árvores.
Chegou logo o dia,
O sol quente lhe aquecia
As canelas estendidas
Sobre a areia.
No entanto, ao ir dormir,
As folhas secaram
O deixando no relento.
A somar a humilhação
De o pai da linda moça
Moradora de areias próximas
Que o viu
Estirado daquela maneira,
Ocioso e solitário,
Como há de ser o destino
De todo o preguiçoso.
Viu naquela face
Um semblante de admiração,
Quis conquistar linda esposa,
Juntou água,
Misturou a areia.
Não tardou e aquilo virou pedra,
Ele gostou da ideia,
Fez várias pedras
Encostou uma ao lado
Da outra.
Fez a primeira casa.
Então, felicitou-se,
Pois o pretendido sogro
Passou ali e lhe sorriu,
Isto lhe soou mais que elogio.
Fez mais casas,
Ao término de suas várias moradas,
Admirou a luz do dia
Pois ela lhe proporcionava
Ver a linda moça.
Decidiu capturar a lua,
Fez então,
Um amontoado de pedras,
Deu a ela um primeiro formato,
Chamou a àquilo pirâmide,
E subiu aos céus,
Subiu cada vez mais.
Agora de cima de sua pirâmide
Podia contemplar as curvas
De sua prometida.
Isto lhe rendeu ânimo,
Subiu cada vez mais sua altura.
Quando sua construção
Adquiriu grandes proporções
Passou pela habitação da prometida esposa,
Ela residia colada a um tronco
Com uma folha para teto.
Venha, linda esposa,
Case-se comigo,
Já estou capturando a luz.
Em felicidade completa,
O sogro lhes doou uma pedra,
Linda e brilhante,
Que resplandecia a luz do dia.
Feliz pelo presente,
O faraó doou uma
De suas casas aos parentes,
E trouxe para morar com ele
Toda a família.
Logo no primeiro dia
De casados,
Subiu até o final da pirâmide,
Colocou a pedra lá no cume.
A pedra passou a refletir
Toda luz que lhe tocava,
Houve então iluminação
Na noite de lua,
E um pouco na noite de estrelas.
Os predadores noturnos
Deixaram de eliminar
Famílias inteiras
Conforme anteriormente,
E o Faraó pode finalmente
Ter seus inúmeros filhos
Para felicidade de todos.
O povo do redor
Veio morar próximo a ele,
Em suas terras,
Porquê gostaram da luz,
Passaram a auxiliar
Em seus trabalhos
E logo adiante inventaram
O pagamento.
Assim, iniciaram os tempos.

Rainha Bianca IV - Escolhe o Rei

Há feira no castelo,
Trocando o luto
Por um vestido azul
A rainha Bianca
Decide seguir seu costume
E ir escolher os melhores legumes
E temperos.
Saído do quarto,
Percorrendo o corredor,
O guarda Alvaro
Lhe dirigiu voz:
- vossa senhoria
Retirou o luto
Para o castelo?
Bianca o olhou de soslaio,
Lhe fez uma reverência,
E disse:
- sim. Foi escolhida a hora.
- se vossa Magestade
Me permite,
Faz menos de meses
De sua morte tão triste...
Ele lhe dizia,
Tocando seu braço.
- guarda real,
Faz menos disso
Que você dorme
Em meu quarto,
Por quê eu fingiria
Para meu povo?
Lhe indagou,
Tocando sua mão
Com carinho.
- por sua licença,
Aquela morte suspeita
Precisa ser investigada.
Ele lhe disse,
Beijando sua mão
Sobre o braço dela.
- certo que sim,
E o assassino será punido.
Dito isto,
Ela continuou pelo corredor
Com as pernas bambas
E voz sôfrega.
- há muito que amo Álvaro.
Ela confidenciou
A sua acompanhante.
- ele não teria sido escolhido
Para a guarda
Não fosse minha palavra,
Era um garoto franzino
E fraco,
Contudo, o julguei inteligente.
Ela confidenciou a Nádia.
- com sua licença,
Sei que a senhora
Está acima de toda
A suspeita,
Contudo, este reconhecimento
De sentimento por Álvaro,
Não o coloca em algo?
Indagou Nádia,
Pegando em seu braço
Com carinho,
Enquanto Bianca
Se colocava o primeiro
Passo no degrau da escada
Visando descer para o salão.
- se ele é da minha confiança,
Ele é quem nunca estaria...
Dado o terceiro passo,
Ela parou e se voltou
Para cima,
Encarando Nádia de frente.
- Ora, me desculpa,
Não quis ser invasiva,
Ele é tão jovem,
Não estaria se aproveitando
Do que você sente?
Nádia disse,
Lhe afagando o braço.
- aproveitar-se?
Então, sou proibida
De confiar em alguém?
Bianca disse.
Empurrou o braço de Nádia
E saiu rápido,
Chegou ao salão
E dirigiu-se a direita
Rumo a feira da área comum
Do castelo,
Onde todas as bancas
Estavam organizadas
Com toda a colheita,
E cada qual,
Após ela fazia suas escolhas
E pagamentos.
Ela passou pela banca
De tomates, cebolas,
Alho, pimentão...
Escolheu seus favoritos.
Cruzou para os temperos,
Preferiu os verdes aos secos,
Cebolinha, salsinha,
Manjericão, alecrim e orégano,
Contudo, nada seco.
Nádia e mais duas
De suas empregadas internas
Iam atrás com seus carinhos
Embalando as escolhas
E levando.
O castelo de Bianca
Era mantido com base
No trabalho ofertado,
Eles escolhiam sementes,
E ofertavam a terra
Para plantio por externos.
Parte do plantio nutria
O castelo,
Outra parte era comerciais,
Do lucro
Os externos recebiam
Seus pagamentos.
Depois, ela passou
Para as frutas,
De imediato
Ao chegar na banca
De uvas,
Viu o senhor responsável
Por ela,
Retirar uma caixa
E esconde-la.
Ficou com medo das uvas,
E optou por outras...
Escolheu melão, melancia,
Banana e pêssegos.
Logo, após se iniciava
As bancas de reinos vizinhos,
Também lá,
Ela fez suas escolhas,
Isto lhe custou o dia.
Ao buscar seu quarto,
Verificou que Álvaro
Deixou a parte interna
E permaneceu
O tempo todo ao seu lado,
Contudo distante,
E conversador.
Ele lhe daria um bom rei,
Realmente.
Era próximo do povo,
Ouvia suas necessidades
E sabia lhes passar
Para que fossem resolvidas.
Na entrada de seu quarto,
Ele se antecipou
E lhe a porta.
- entre, senhora.
- obrigada, Álvaro.
Ela lhe disse.
Então, o beijou.
Lhe puxou pelo casaco,
E o trouxe para dentro.
- senhora estive
Conversando com cultivadores
De uvas e fui informado
Que aquela que o rei
Comeu estavam envenenadas.
Ela fez um espasmo
De medo.
Afastou-se dele um pouco,
E o olhou no fundo dos olhos.
- ele era um namorador,
Encontrou moça jovem
E faceira no reino próximo,
A trouxe para o castelo,
E seu pai o matou.
Álvaro disse,
Em tom sério.
- acredito no que você diz.
Precisamos de uma reunião
Com o povo,
Onde será apresentado
O relato.
Ela disse.
Se dirigindo a cama,
E sentando-se.
- eu tenho as uvas confiscadas,
Tenho testemunhas,
E todos o viram morto
E as características ficaram claras.
Ele disse.
- sim,
Não entendi o fato
De ela fugir pela janela,
Foi tão horrível
A atitude.
Ela estava nua.
- sim.
Ela tinha outros amantes
Por todo o reino.
Devo comunicar o reino vizinho?
Ele indagou.
- sim. Os devolva para onde vieram,
Com as cortesias
De contar o crime
E pedir prisão a todos os envolvidos.
Ele anotou tudo
Que ela disse.
Procedeu com a prisão imediata.
Fez, também a carta
De informação ao reino vizinho,
E pediu para agendar data
Para conduzir os assassinos.
Além disso,
Fez uma comunicação escrita,
Deixou a vista de todos,
E informou a cada um dos reinos
O ocorrido e nomes dos responsáveis,
Bem como a atitude de solução.
- me ajude a tirar o vestido.
Ela pediu,
Álvaro se aproximou,
E fizeram amor por toda a noite.
Foi de conhecimento de todos
A relação de ambos
Tão rápida e séria.
Ela não teve medo de represálias externas,
As uvas foram adquiridas
E ficaram expostas para a venda,
Realmente, não era produto
Das pessoas dali.
Cada qual que tivesse dúvidas,
Poderia verificar as frutas.
Ela optou por casarem-se,
Fez a comunicação imediata,
Não importou-se com dizeres.
- Álvaro, case-se comigo?
Para logo,
Para o mais cedo possível?
Ela o indagou.
- sim, caríssima Bianca,
Sonho contigo desde menino,
Você é meu sonho!
Beijaram-se,
Agendaram a data
Para dois meses.
O povo ficou boquiaberto,
No período de quatro meses,
Tudo mudaria,
Inclusive, haveria a troca de rei,
Após a morte do primeiro,
De imediato,
Houve a escolha do segundo.

Ladrões de Galinha

- boa tarde, Karito. Indaga Pedrito entrando No bar. Karito olha bem o casaco De Pedrito e nota penas De suas galinhas sobr...