sexta-feira, 7 de março de 2025

A Hora

Anunciaram os djins,
- aproxima-se a Hora.
O povo daquelas areias
Sobre o mar azul e limpo
Estremeceu.

Aguardaram uns de Al-Qhuran,
Outros com seus ídolos.
Mas, a trombeta não foi tocada,
E Allah não desceu.

Contudo, Tagut usou de sua magia
Para enlouquecer aquele povo,
E Jibti o seduziu com promessas,
E nisto, marcou horário
De adoração.

Sempre em devido horário,
O povo se reunia em oração
E confessava seus pecados,
Tagut e Jibti se tornaram
Conhecedores de suas dores
E aflições e necessidades.

Porém, Allah sabe o que
Se passa em seus corações
Sem que falem
E sabe lhes suprir.

Mas, o povo ficou enlouquecido,
Decidiu falar e adorar,
A qualquer preço,
Nisto os djins atacaram
E eles são muitos.

Allah não sentiu medo,
Não enviou seus anjos,
Apenas enviou um mensageiro.
Este os lembrou que Allah
Conhece seus corações,
E os ouve sem que falem,
E não pede adoração.

Mas, o povo adorou ídolos,
Do barro, do fogo, de carne...
Os djins espalharam 
Toda maldade possível 
Usando a voz do povo,
Obrigando-os a perder a razão 
E a cometer toda espécie de pecado.

A sedução e a magia,
Reunidas na maldade
Foram razão de toda
Espécie de atrocidade,
Então, Allah lhes enviou um raio,
No raio estava o Al-Qhuran.

Os demônios se afugentaram,
Os djins os abandonaram,
E todo o povo tentou tocar o livro.
Um após o outro,
E muitos queimaram vivos.
Somente quem adorou Allah
E foi bondoso e humilde
Pode tocar no livro e lê-lo.

Água

Um vento soprou intenso,
E virou o livro sagrado,
Dentro daquele buraco,
Cada vez que o vento soprava,
Uma página virava,
E corria,
Como se alguém estivesse
Ali dentro
E estivesse lendo.

Mas o povo não sentiu medo.
Ao invés disso,
Plantou tamareiras
E gramado ali e fez ao livro
Um altar.

Eventualmente,
As páginas mudam.
Ninguém se apavora.
Certo dia,
O povo acordou,
Saiu de suas casas
E o livro estava no alto.

Sob o livro havia água,
Água em abundância,
E água pura e límpida.
Restou o livro no alto,
Sem apagar-se
Ou se decompor.

As tamareiras e o gramado
Ao redor,
Verdejantes e muito mais vivo.
E o livro boiando
Sobre água pura.

Fogo

Dentro da área do castelo,
Certo dentre o povo,
Residente em suas dependências,
Decidiu cavar um túnel,
Passou dias e meses a escavar,
Após isso,
Passou a jogar lá seus lixos.

Não tardou
E tudo virou chamas lá dentro,
Ele insistiu,
Convidou adeptos para a tarefa,
Alguns se peregrinaram a ajudar.

No fim,
Passaram a curvarem-se
Para o túnel,
E queimar bezerros na chama,
Sem alimentar-se deles,
Apenas reverenciando
Alguém através da atitude,
Em oferenda.

Todavia, ouviram uma voz
Que vinha lá de dentro,
E está pediu coisas para eles,
Uma delas era que lhes jogasse
Apenas bens de valores,
Nisto eles correram,
Jogaram seu ouro,
Jogaram seus bezerros e animais.

Neste instante,
O fogo crepitou,
Acendeu uma chama mais
Alta que o castelo,
E pedia oferendas
Com maior esmero,
Também ganhou mais adeptos.

No então,
Houve os que recusaram
A servir este Deus desconhecido,
Alegaram que deveria ser magia,
Uma enganação do demônio.

- Foi-me proibido adorar
O que adorais em vez de Deus.
Disse um deles,
E não foi.
-me recuso as suas paixões.
Falou a esposa de um deles.

Ela olhou chorando,
Quase implorando que não fosse.
Ele foi.
O rei se apiedou deles.
Pediu que não seguissem
Está religião,
Pediu a Allah intercessão.

E quando,
Cultuando tanto este demônio
Do fogo,
Um deles queimou-se até a morte
O rei se comoveu
E enviou guardas para recolher
Seu corpo,
E rezou a Allah por sua alma.

E quando alguns deles
Jogaram no fogo
Tudo que tiveram.
O rei se apiedou,
Deu-lhes trabalho,
E iniciou pagamento de salário.

Família alguma
Dentro das dependências passava
Fome ou necessidade.
Mas, eles não souberam agradecer,
Continuaram a alimentar
A labareda tão enorme
Que parecia ter vida própria.

Dia e noite ela não se apagou.
O demônio pediu crianças,
E eles enviaram até os velhos.
Jogaram do menor ao maior.
Num culto obstinado
Encantados por enxergar
A terra adquirir vida.

A liberada de tornou enorme,
E afugentou o mar.
Consumiu os céus,
Afugentou os pássaros.
O rei saiu até a sacada
E ajoelhou-se convidando-os
A cultuarem Allah.

Ter conhecimento do Al-Qhuran.
Mas, temeroso de Allah,
O rei preferiu não impor
Sua vontade.
Deu a todos consciência.

Um silvo soou de dentro
Do fogo,
O povo saiu de suas casas,
Pensou se tratar da trombeta
Dos mensageiros de Allah,
Mas se tratava do fogo
Que naquele instante
Ferveu toda a água,
E deixou em brasa toda a bebida.

Pareceu impossível pisar
Naquele chão,
Então, o povo de Allah
Pôs se a adora-lo
Em voz alta,
E sua casa não queimou,
A sua água fervida normalizou,
E a comida ressurgiu das brasas.

A fé deste povo foi tão intensa,
Que tudo que tocavam
Ressurgia,
No entanto,
O povo do demônio
Não deixou de adora-lo.

Tanto o fogo não apagava
Quanto eles não deixavam
De adorar.
Diferente das outras noites,
As estrelas brilharam
No céu reluzente
Por entre a fumaça,
Contudo uma cresceu bastante.

E pareceu despencar,
Depois caiu naquele chão,
Tão grande
Que o alimentaria para sempre.
Morreram alguns adeptos
Do demônio,
Mas o culto de intensificou.

As chamas pareciam chamar,
E eles iam até ela.
O povo de Allah temeu,
Se juntou e rezou alto,
Todos reunidos,
Cada um deles tocou
No Al-Qhuran e o beijou,
Depositando neste ato
Toda sua fé.

O rei,
Foi o último,
Ao pega-lo,
Se encaminhou até o fogo,
Uniu no livro sagrado
A fé de casa um,
E chegou perto,
Bem perto.

Depois pediu misericórdia,
Beijou o livro e jogou.
O livro caiu aberto,
Fazendo vento,
Crepitando enquanto caia,
Fazendo as labaredas
Se afastar abrindo
O caminho para ele cair,
E ao cair apagou o fogo,
Próximo a ele e foi apagando.

Nada restou
Além do livro caído aberto
Naquele solo.
Como se fosse um balde de gelo
Com água,
O solo esfriou com um chiado.

O povo olhou com olhar apavorado,
E os adeptos do demônio
Correram para fora enlouquecidos,
Surgiu uma fumaça
Do chão que os deixou loucos,
 Então, partiram para fora
Do palácio.

Houve sono e paz lá dentro,
A noite se fez,
Todos dormiram
E não tiveram notícias
Dos que fugiram apavorados.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Demônios

Certa esposa desejou
Um homem que lhe
Amasse
E lhe quisesse o bem.

Ela não gostava de trabalhar,
Não limpava bem a casa,
Ou sabia cozinhar,
Por não achar isto importante.
Nada obstante,
Rezou a Tagut,
O sedutor,
Fez-lhe oferendas,
Dedicou-se a ele.

Contudo,
Ele não foi benigno,
Vendo a necessidade dela
Por carinho,
E por um alguém ao seu lado,
Lhe pediu submissão,
E oferendas.

Ela lhe ofereceu jantares
Servidos a luzes de velas,
Ofereceu sua melhor bebida,
Entregou a ele o melhor
Dos seus sentimentos.

Porém, certo dia
Ele prometeu visitar-lhe,
Rindo dela,
A pediu que esperasse
Em seu quarto nua,
E de luzes apagadas,
Assim ela fez.

A noite ela foi atacada
Por um ser que não imaginou
O que fosse,
Ciente de sua entrega,
Jurou amor,
Fez carinhos e o mais que pode.

Todavia,
A visita se tratava de uma centopeia,
Está abraçou-se a ela
Com seus tentáculos,
Depois grudou seus dentes,
E ao mesmo tempo
Todos os seus braços,
Cortando-a em duzentos
Pedaços,
Até dilacerar toda carne.

Jibti gostou da oferenda
E fez dela alimento para
Seus demônios da Geena.
Nem Tagut ou Gibti
São misericordiosos.
Eles não pouparam sua solidão,
Ou adoraram sua fé neles.

Quarenta Anos de Castigo

Ocorreu que este povo
Que vivia no oásis,
Tinha pouca higiene.
Passou a cada vez
Tomar menos banho.

Nisto suas peles
Pareceu de uma espécie de secura,
Coisa muito estranha,
A areia passou a grudar
Em seus corpos
E dar a eles efeito de tijolos.

Cada soco que eles davam
Era uma vida a menos,
Seus corpos pesavam,
E tinham dificuldade
Para moverem-se.

Uma mãe abraçou seu filho,
E virou pedra,
Não pode mais soltar-se,
Veio um corvo
Perfurou seu crânio
E arrancou seus cabelos,
Mas ela não se moveu.

Depois ele comeu seus olhos.
Um dia,
Um rapazinho
Ficou muito irritado
Durante a briga,
Levou a mão até seu ânus,
Arrancou o couro
Que estava duro e cortante,
E o meteu no pescoço
Do outrem.

Ele sangrou até a morte.
Os corvos foram ficando
Cada vez
Mais famintos,
Eles rasgavam as vestes
Em suas unhas,
Arrancavam as tendas,
Suas unhas eram feito lâminas
Grossas e afiadas.

Uniam-se em bandos,
Jogavam areia até cega-los,
E arranhavam suas peles
Do início ao fim.

Bicavam até encontrar a carne.
Quarenta anos de preguiça,
Dor e medo,
Isto foi o castigo que sofreu este povo.

Comida de Corvos

Havia uma família que vivia
No deserto,
Eles moravam em barracas,
Um oásis,
Com rio cristalino,
Estrelas no céu,
E alguns peixes.

Próximo a eles havia um reino,
Este reino residia num castelo,
O castelo era quadrangular,
E tinha um grande espaço,
Onde as pessoas andavam,
E depois havia uma casa interna.

Muitas famílias residiam ali,
Morava o rei, a rainha,
Os filhos sultões e os súditos.
Os súditos residiam
Na parte do castelo
Que também era o muro,
Ou seja o quadrangular.
Ali dentro havia comércio.

Tudo que tinha valor
Era vendido nesta área,
Também havia plantação
De alimentos e bebidas,
Verduras e hortaliças.

Podia dizer que era uma
Grande cidade,
Contudo,
Do castelo maior
Para o menor,
Tudo, pertencia ao rei.

Os tartanitas,
Residentes nas areias
Não gostavam disto,
Por não terem um teto seguro,
Eles viviam a mercê da natureza,
Ora tinham comida,
Ora não.

Para se fortalecer
Decidiram casar-se entre família,
E ter o máximo possível de filhos,
Se lhes fosse possível
Passar no castelo
E roubar uma das crianças eles
O faziam.

Não tendo bens, dinheiro
Ou comida,
Volta e meia eles invadiam
O castelo,
Roubavam, matavam, estupravam...

E a guerra era sangrenta,
O castelo tinha fins pacíficos,
Mas, os tártaros não.
Tudo que encontravam
Se tornava arma.

Por quarenta anos,
Eles rodearam o castelo
De almas errantes,
Buscando matar todos
E deixar o castelo em ruínas.
Suas orações eram dirigidas
Para que tudo se tornasse areia.

Nisto, eles criaram grupos
Para ataca-los enquanto dormiam.
Um dia jogaram madeiras com fogo,
Pedras e paus por todos os lados.
A gritaria foi terrível,
As famílias acordavam
Com uma madeira cravada
Próxima a elas,
Telhados quebrando-se
Em suas cabeças,
E sangue por boa parte.

Enquanto uns atacavam,
Outros entravam saquear,
Roubar crianças e outros valores.
Mas, muitos dos tártaros saiam
Feridos,
Logo que saiam das dependências do castelo
Caiam na areia e morriam.

Os demais não se importavam
Com o morto,
Colhiam o que ele trouxe,
E o largavam a céu aberto.
Aos poucos os corpos
Se tornaram comidas de corvos,
Que de tão famintos
E tão acostumados a comer
Carne humana,
Passaram a atacar os vivos
E esconder no fundo da areia.

No fim dos quarenta anos,
O povo tártaro foi redimido
A comida de corvo,
E a areia ficou tão podre
E suturada de coisa imprestável,
Que o deserto pegou fogo,
E as labaredas passaram

A ser sustentadas pela areia
Que desbarrancava
E caia dentro
Incendiando a chama,
O rio secou,
Virou pó,
O fogo tomou proporções catastróficas,
Até hoje queimam aquelas areias,
Mas o povo do castelo vive bem.

Aconteceu que desde o primeiro corpo,
Devido ao seu estado de podridão,
Já iniciou o aquecimento da areia,
Houve cede maior,
O povo do oásis
Teve que buscar cada vez mais
Distante a água,
Que passou a conter areia,
E a cede aumentou,
Nesta medida cresceu o ódio entre eles.

Eles possuíam horror
Ao trabalho,
Preferiam tomar água de côco
E banho de sol.
Era fácil roubar tâmaras,
Bastava pular no teto do castelo,
Que já alcançava alguns pés.

Então, detestaram o trabalho.
Os corvos entretinham eles
Chamando-os aos poucos,
Ferindo seus braços, pernas
E arrancando os olhos.
Até que eles desistiam da vida
Para se tornar comida
E podridão.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Cara a Cara com Jibti

Um jovem casal
Iniciou suas vidas,
Comprou terra,
Dela juntou as pedras
E fez um castelo.

Depois de tirar as pedras,
Arou a terra a bois,
Limpou a inchada,
Achou mais pedras,
Juntou-as em certo lugar,
Rastejou tudo
Até restar terra limpa.

Com as outras pedras
Fez uma calçada,
E uma estrada para a terra.
Sobrou pedras.
Então, juntos plantaram feijão.

Foram até o comércio próximo,
Trocaram pedras por sementes.
Semearam, limparam.
A primeira colheita foi perfeita.

Usaram do feijão colhido
Para alimento,
E venderam no comércio
Para comprar mistura
E móveis para a casa.

Os móveis anteriores
Eram feitos de pedras
E madeiras encontradas.
Trocaram alguns apenas.

Um vizinho soube deles,
Este vizinho era solteiro,
Mas conquistou para companheira
Jibti, um demônio.
Encaminhado por Jibti,
Carlos invejou a colheita.

Invadiu a casa do casal,
Roubou deles duas sacas
De feijão novo,
Plantou uma inteira.
Sessenta quilos.
Nada lhes custou.

Mas, não limpou.
Perdeu tudo para a sujeira.
Houve novo plantio do casal,
Nova colheita farta.
Eles guardaram ensacados
Muitas sacas
Destinadas a alimentar
O mercado da cidade.

Porém, Carlos se enciumou
E furtou tudo outra vez.
Foi de carroça,
Não deixou única saca.
Era tarde da noite
Quando ele chegou
E arrombou a porta.

O casal acordou
Quis tirar satisfação,
Ele apontou a arma
Contra a mulher,
Atirou em seu ventre
E a deixou sangrando.

Com isso,
Obrigou Dóminos,
O esposo,
A carregar as sacas
E coloca-las todas na carroça.
Dóminos o fez,
O homem atirou contra ele,
Uma fumaça levantou
Do chão e Carlos errou o tiro.

Acertou na pedra da casa,
Ricocheteou o tiro
E acertou a perna do cavalo.
Ele não viu,
O demônio havia embaçado sua visão.
Dómino correu e abraçou a esposa.

Carlos seguiu com os cavalos
E a carroça com toda a colheita.
No caminho,
Jibti exigiu sua parte,
Encaminhou Carlos através
De uma estrada de um vale
De árvores densas
Sem flores ou frutos,
Com aspecto de mortas,
Porém, com folhas verdes.

Lá o demônio pediu
A Carlos que jogassem metade
Do que auferiu no precipício,
Pois Jibti queria
Alimentar as labaredas do seu fogo.
Carlos seguidor cego
E fanático,
Jogou as sacas.

Porém, a perna quebrada
Do cavalo falhou,
A carroça resvalou
E ele caiu no precipício
De fogo
Com cavalo, carroça e feijão.

As faíscas voaram tão alto
Que atingiram sua casa,
Iniciaram queimando o feijão
De dentro da casa,
A última saca que lhe restou
Do outro furto,
E queimou tudo,
Sem restar vestígio.

Sentindo o calor intenso,
Dóminos abraçou Dominaren,
E abriram o Alcorão,
Ajoelhados e abraçados,
Iniciaram a leitura,
Depois disso,
Dómimos chorou
Vendo sua esposa sangrar,
E não aparentar melhorar.

Por isso,
Ele encostou o Alcorão
Aberto em seu ventre,
Entregou seu filho
Que ela carregava a Allah,
E rezou.

O clarão da labareda de Jibti
Foi visto da janela de sua casa,
As faíscas foram avistadas,
Mas nada queimou,
Então, sua esposa adormeceu.
Entregando seu amor a Allah,
Dóminos se levantou,
Pegou ela no colo
E a levou para o quarto,
Lá removeu o Alcorão de seu ventre.

Allah, misericordioso e sábio,
Houve tudo e sabe tudo,
Se apiedou do casal,
Curou o ventre dela,
E fez ela sustentar o filho,
Do tiro restou apenas a cicatriz.
E da casa de Carlos nem um triz.

Jibti regozijou
Em suas labaredas,
Voou alto,
Mas nada pode fazer,
Allah foi protetor daquela família .
A casa onde Allah entra
É proibido a todos os demônios,
E Jibti não foi convidado.

Mas, mora próximo
Atenta-se a todos os movimentos
E não poupa magia.
Por isso, o Alcorão fica
Sempre aberto
E todo ano é lido.

Bolo

Aconteceu daquela mulher,
Esposa e honrada,
Amamentar filho
Que não de seu ventre,
Tratava-se de seu sobrinho.
Este, por sua vez,
Passou a ser tratado por filho
Como se de seu seios viesse.

Ocorre, que certo homem
Conhecedor desta história,
Desgostou de tal atitude,
Ele a desejava em segredo.

Aproveitou-se da fé de seu esposo,
Para construir amizade,
Adentrou na residência deste,
Buscou espalhar mentiras
Para desunir a família.

Chegando no ouvido da esposa
Gertrincas espalhou que este
Buscava relacionamento
Com sua ex madrasta,
Que haviam criado raízes
No relacionamento de dentro de casa,
E agora,
Com ela distante de seu pai,
Ele poderia desposa-la
E a ter para mulher.

Gertrincas era consciente
De que está mulher
Se tratava de mulher honesta,
Mas, este homem
Conquistava cada vez mais liberdade
Dentro de casa.

Pareceu-lhe por suas atitudes,
Totalmente, despropositadas
De suas palavras
Que iria desposar sua sobrinha.
Ela sofreu,
Ajoelhou-se diante de sua cama,
Abriu o Alcorão em cada noite,
Leu-o em voz alta toda vez,
Tomou por hábito
Falar sobre ele durante as refeições
Da família.

Assim sendo,
Ciente de que Allah
É conhecedor e bondoso,
Decidiu oportunizar a este homem
Sua amizade.

Abandonar os julgamentos,
Porquê Allah é maior que tudo,
Oportunizou-se a aceitar
Admitir seu erro.

Munida do escudo da fé
Ela desceu as escadas do seu quarto,
Ao chegar na sala
Soube que ela pediu sua sobrinha
Em namoro.

Ela teria desmaiado,
Vertido-se em prantos,
No entanto, sorriu.
Abraçou o esposo
E o felicitou por sua notícia.

Parte do que imaginou
Estaria correto,
Ele tinha interesses profundos
Em seu ventre familiar.

Deu-se a oportunidade de estar errada,
E corrigir-se.
Pediu ao marido
Que lhes presenteasse
Com um jantar,
Onde lhes seria servido bolo.

Ela soube que ambos aceitaram,
A família de seu cunhado viria,
Também sua filha,
Contudo este homem Marcelo,
Não traria companhia,
Nem pais ou irmãos,
Somente ele.

Ao fazer o bolo
Ela abriu o Alcorão na sua frente,
Cada ingrediente que ela pegou,
Ela fez uma leitura do livro
Na frente de sua medida,
Acrescentou ao bolo,
E ao assa-lo,
Leu o livro,
Ao corta-lo leu o livro.

Serviu o primeiro pedaço
Ao esposo,
Estava incrível,
Chegado o restante da família,
Fez o mesmo,
Contudo,
Servido o primeiro pedaço
A Marcelo,
Suas mãos passaram
A queimar em brasa.

Sua resposta foi negativa,
Nada lhes queimava,
Colocou na boca o pedaço
E seus lábios pegaram fogo,
Porém, nada lhe queimava,
Engolido o pedaço
Sua garganta ficou em chamas,
Todavia nada lhe queimava.

Enfim, Marcelo pegou fogo
Por inteiro,
Não lhes restou as roupas,
Somente ossos
E nada de carne.

Na cadeira onde sentou-se
Nada houve,
Na casa,
Também não houve nada.
A família toda ficou inteira,
Comeram mais do bolo
E nada lhes fez.

Até que houve a possibilidade
De dizer única palavra
Toda palavra de Marcelo
Foi falsa,
Saíram para fora
E seu camelo pegou fogo,
Também do camelo
Que nada comeu
Restou só os ossos.

terça-feira, 4 de março de 2025

Primeira Moradia

Ele apaixonou-se sem medo,
De coração ao alto,
Usou de seus instrumentos
E partiu em partes várias pedras,
Juntou-as uma ao lado da outra.

Fez delas paredes,
E subiu até o alto,
Fez nelas janelas,
E o teto?
Cobriu de pedras, também.

Ergueu aí em Beca
A primeira casa.
Colocou ali sua esposa,
Mulher honesta e pura.

Porém, no dia em que ela
Se deparou com novos rostos,
Duvidou da retidão de seu esposo.

Deu ouvidos,
A estes rostos
Recém conhecidos,
Carrancudos e renegados.
Nisto, ela deixou a janela,
E os seguiu ao longe,
Encontrou um caminho
Próximo a sua casa,
E sem comunicar ao esposo,
Ela foi através dele.

Sentiu medo
Em seu coração,
Sentiu uma espécie de alívio,
Um algo diferente a guia-la,
Os rostos vistos de longe,
Sentiram-se mundanos
Ao vê-la pela frente da janela,
Fugiram de sua vista,
Eram eles os depravados.

Porém, neste caminho
Fez um frio assustador
E o vento glacial empurrou-a,
Assustada viu-se frente a frente
Com um abismo de fogo,
Estava próxima a cair,
Não haveria retorno,
O abismo sem fim
Iria lhe consumir.

No entanto, Allah conhecedor
Do silêncio e sabedor
Até mesmo do que não é dito,
Foi compreensivo com a mulher,
Enviou seu marido até ela,
Cavalgando num camelo
De vestes vermelhas.

Assustada e levada
Pelo vento,
Ela não pode gritar,
Não encontrou formas
Para se proteger,
Agarrou-se com força
Em uma árvore,
E rezou para Allah.

Cegada por seu pranto,
Seu esposo a salvou,
No entanto,
Fez a ela nova moradia,
E de sua primeira casa,
Em respeito pela esposa
Que possuía e amava,
Ele fez um templo
Dedicado inteiramente a Allah,
Hoje ela entra lá todos os dias,
Limpa-o do início ao fim,
E entrega suas melhores
Palavras ao culto.

O mar de fogo,
Cresceu e se transformou,
Porém, nunca pode ser visto
De Beca,
Lá toda vista é sagrada
E elevada a Allah,
Pois Allah é misericordioso,
Não chega até lá
O calor do fogo,
Suas cinzas ou o que for.

A mulher cobriu seu rosto,
Impossibilitando aos outros
De ser vista,
Allah em sua sabedoria
É capaz de reconhece-la,
E ao esposo ela se resguarda.

Laranjeira

Ele reconheceu
Nos olhos da moça
Mulher pura,
Fez de sua casa um templo.

Ao visita-la lhe levou uma flor,
Ela a multiplicou
Fez em frente ao templo
Um jardim florido.

Não outra vez,
Ele lhes levou uma cesta
De frutas,
Ela colheu suas sementes
E as multiplicou
Fez do quintal um pomar.

Houve abundância
Naquele lugar.
Certo dia,
Chegando sem avisar
A encontrou sentada
No gramado do jardim.

Chovia fraco,
Empossou a água
Ao seu lado.

Ela juntou o barro
E nele desenhou
Pássaros, borboletas
E vagalumes,
No vagalume ela colocou
Um girassol.

Depois disso,
Ela enfileirou todos
Na sua frente
E soprou-os de um a um.

Inacreditavelmente,
Eles criaram vida,
E voaram pelo céu chuviscado.

O homem sentiu-se beatificado
Por sua fé,
Indagou a Allah
Se ele era digno do amor dela,
Então, Allah que conhece o coração,
Sabe o que está oculto,
Fez a ela desabrochar
Uma flor na laranjeira,
E fez passar o tempo dela
Mais rápido,

Então, a flor fez o fruto
E caiu no chão molhado,
O fruto amadureceu
Ela levantou-se e o colheu
O deu de presente ao seu amado.

Andando na chuva
Com a laranja nas mãos,
Ela não desviava o olhar,
Delicadamente,
Ao olhar para frente o viu,
Sorriu.

E a depositou para que comesse.
Ele a descascou
Repartiu ela ao meio,
E lhe entregou metade,
Comeram juntos
Um olhando nos olhos do outro.

Ele sorriu,
Sentiu fome,
Ela olhou para trás
Com um jogar de cabelos
Espessos e escuros,

O vento de seus cabelos
Fez desabrochar muitas
Outras flores
Com a mesma rapidez
E delas pro vieram tantos
Frutos possíveis.
Ela riu,
Pegou sua mão
E o levou até lá.

Tagut

Aconteceu de,
Naquela noite,
O homem decidir sair,
Abriu a porta,
Abraçou sua mulher
Para se despedir.

- vai e não retorna.
Ele a olha
Com olhos cheios de dor,
Não entende o que há,
Mas confia no que sente.
- vou, mas a amo.

Ele lhe diz,
Vira as costas para sair.
- não acredito neste amor.
Ele levanta as mãos
Para o alto,
Sente-se acorrentado,
Preso a uma ilusão,
Tanto esforço,
Tantas horas de joelhos,
Estaria Allah a duvidar-lhe,
Não.

Lhe parecia que não.
Colocou a mão na roça,
Nunca a sentiu tão pesada,
Como se houvessem pedras
Contra sua cabeça,
Um calor infernal,
Que desejava arrebata-lo.

Olhou para o sol
Por temer que as areias do chão
Se abrissem para devora-lo.
Nada houve.
Foi, então.

- a amo.
Repetiu quase inaudível.
Ocorre, que surgiu daquele solo
Fogo ardente e crescente,
Que a tudo consumiu,
Até mesmo o filho
Que houve naquele ventre.

A mulher descreu,
 Não pediu misericórdia,
Não entregou seu amor.
No entanto,
Este homem não tão distante
De alguma forma inacreditável
Nada pode ver,
Fumaça, calor ou gritos,
Pareceu ser um fogo mágico.

E cada vez que tentava retornar,
Encontrava algo a lhe deter,
Uma carroça que a mulher lhe pediu,
Disto precisou trabalhar,
Ele tinha pouco dinheiro.

Encontrou o ouro que tanto
Ela queria,
Precisou trabalhar,
Custava caro suas regalias,
Vestes das mais encantadoras,
Sonhou com ela vestida,
Quis lhe dar o melhor da vida,
Trabalhou sem cessar.

Retornou a sua casa,
Com carroça pintada a ouro,
Ouro e joias variadas,
As vestes mais lindas
Para encanta-la,
E um camelo a puxar a carroça.

Estagnou-se e emudeceu,
No lugar onde habitava
Restou uma pedra,
E sobre as pedras ossos,
Porém, no seu redor
Tinha toda a comida
Em fartura.

Ele ajoelhou-se,
De um pulo da carroça,
Tirou o turbante,
Deixou de sentir vergonha
De suas roupas
Das quais tanto ela reclamava.

Já não estava ali
A mulher que amava,
Restavam dela ossos e mais nada.
No entanto,
Havia tanta comida,
Tanta comida variada
Que sentiu fome,
E aí entendeu a partir disto,
Que ele merecia este alimento.

Tâmaras, peras e outras frutas,
Um lago de água pura.
Mas apiedou-se e chorou.
- que houve aqui, Allah.

Que houve?
Transcorreu de sua partida
Até o retorno cem anos,
Veja da mulher que não o amou,
Ou apiedou de seu esforço
Restou os ossos,
Nestes ossos,
Outros ossos de um feto,
Ela não os concedeu misericórdia.

Contudo, veja o seu alimento
Que com tanto esforço
Buscou para todos,
Estão aí intacto e puros.

Tagut surgiu do solo
Que ela não guardava afeto
E respondeu suas preces,
Consumiu-a,
Mas eu lhes mantive as provas.

Dos ossos é possível reconstituir a carne,
Desta, contudo,
Tagut não deixou vestígio,
Foi seu próprio fogo
Que os consumiu,
Mesmo que você os reparta
Por entre quatro montes,
E clame mil anos por seu nome,
Está não retornará.

Entregou-se a ele em pacto para sempre.
Resta-lhe reconstruir
Do que foi teu,
Erguer seus alicerces
Mesmo, Allah, O poderoso
Precisa respeitar as vontades.

Passos Fundos

A moça lhe jurou amor,
Ele respondeu que lhe cria.
Convidou-a, então,
Para fazer parte de sua vida,
Isto lhes incluía uma viagem.

- querida, passaremos
Pela ribeirinha,
Passai por lá comigo
Mas não ousai de beber desta água.
Ela lhe deu a mão,
Foram pela beira do rio,
Escondidos por entre árvores,
Lá encontraram um barco,
Por ali iriam atravessar.

Ele soltou sua mão
Por único momento,
Ela agachou-se
Estendeu a mão em concha,
Serviu-se da água e bebeu.
A água estava com aspecto limpo.

Seu namorado,
Não virou-se para trás,
Ela concluiu.
“que bom,
Posso esconder isto dele,
Assim não se achará enganado”.

E nada disse.
Olhou em seus olhos,
Pegou sua mão,
Sentou-se ao seu lado,
Nada disse.

Chegando ao outro lado,
Encontrou pessoas diferentes,
Passadas firmes limpavam o chão
De pequenos matos,
Ela seguiu o caminho,
Chegou ao fim,
Encontrou lugar para banhar-se,
Retornou e nada disse.

Foi para lá outra vez,
Do lado da grande árvore
Que margeava o rio
Ela agachou-se
Juntou água em sua mão
E serviu-se.

Foi adiante,
Encontrou homens nus
A banhar-se,
Retornou de lá e nada disse.

Contudo, a noite chegou
E lhe trouxe febre,
O namorado saiu em busca
De chás fresco,
Ela bebeu do chá de sua mão.

Ao amanhecer seguiu
O caminho cujas passadas
Na terra ficavam mais profundas,
Encontrou um único homem lá
E ele fazia comida,
Num fogo ardente
Que energia do chão de terra.

Depois dele, vieram outros.
- coma da minha comida.
Ela recusou.
Mas foi até a água
E banhou sua mão,
Depois retornou de lá.
Chegou em seu namorado
E nada disse.

A febre se intensificou.
Ela olhou-o com ódio e
O culpou.
- sua mão possui poeira,
Este chá está contaminado.
Devolveu a ele a xícara
Sem esforço.

O homem virou-se
E tropeçou,
Teria caído no fogo
De sua tenda,
Mas ela foi rápida,
Levantou-se e o sustentou.

Ela travou um combate
Dentro de si mesma,
Admitir que amava alguém,
A aflição do medo de sofrer
Lhe consumia.

Ela foi seguir as pegadas
Que agora mais fundas
A prenderam no chão.
Ela poderia chamar seu namorado,
Pedir auxílio,
Ou tentar se mover.

Preferiu esforçar-se,
Aprendeu desde cedo
A ser forte
E isto parecia significar
Ter liberdade.
E ser sozinha.

Mas, pela primeira vez,
A ideia de solidão
Lhe causou medo,
Olhou para trás
Não encontrou seu namorado
E sentiu pavor.

Allah ouviu seus medos,
Mesmo aqueles guardados
No silêncio do seu coração,
Allah entendeu seu amor.
O coração dela estava em engano,
Ele soube entender,
Porquê Allah é sábio.

Ela não jurou não tocar
Mais em seu namorado,
Mas seu coração enganado,
Desejou distanciar-se dele,
Isto ocorreu em uma noite,
E agora ali presa e distante,
Isso poderia perpetuar-se.

Mesmo em pé
Ela elevou-se em prece,
E chamou alto pelo seu nome,
Não seria de outro alguém
Nem de si própria
Se seu engano
Significasse perde-lo.

Allah já havia ouvido.
Fez dela moça forte
E resistente,
Ela saiu dali por si mesma.

Convidou seu namorado
E foram para outro lugar,
Os homens que ouviam tudo
Abandonaram suas cismas,
Sentiram vergonha
Por estarem na terra
Que não lhes pertencia.

Mas Allah devolveu a mulher
Sua fé recompensada,
Fez do fogo o mais abrasador,
Este se tornou tão intenso
Que atacou os estranhos,
Feridos não puderam
Jogar-se na água,
Entraram eles também no engano
E atacaram uns aos outros.
Até não restar um único.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Prova de Fogo

Em certa etapa da estrada,
Uma mulher lhe jura amor.
Ele descrê,
Não vê nela a verdade,
Com isto,
Se afasta.

Prefere distanciar-se
Da mentira.
Todavia,
A estrada é movimentada,
Não tarda,
E ali retorna,
Quem encontra?

A dita mulher ajoelhada,
Que a ele se presta,
Após verte-se a Allah,
Jurando amor a ele de toda forma.

Ele descrê,
Outra vez,
No entanto, passa ali
Outras vezes,
E a mulher se torna pedra,
Tal como morta
Em sua prece
De jurar a Allah amor por ele.

Ele quase acredita,
Mas, se vê ferido,
Feito um cego,
Que vendo se recusa,
Ouvindo não se atenta,
Mas se cala
E passa.

Ela implora a Allah por misericórdia,
Quer ser acreditada por quem ama,
Desejou que ele soubesse,
Ele soube,
Agora apenas pedia sua fé,
Por misericórdia de Allah,
Que este que lhe era amado
Se percebesse de tal forma.

Ele viu o suplício dela,
Não rejeitou sua dor,
Decidiu refletir sobre o amor,
Mas, seguiu pela estrada
Não parou ou disse nada.

De tanto passar,
A estrada fez-lhe marcas,
Suas passadas estavam registradas,
E a mulher ali prostrada.

Certa vez,
De tanto cruzar indagou-se,
Tal caminho que ardia feito fogo,
Iniciou a queimar seus pés,
Teriam, desta forma,
Sido feito por demônios?

Ousou olhar na direção da mulher,
Ela estava segura em sua fé,
Ainda lhe jurava o mesmo amor,
Entretanto, seus passos
Pareciam afundar em terra árida,
E fogo subia por suas pernas,
E a mulher lá segura:
O amava!

Nisto, ouve dor em sua cabeça
E tontura intensa,
E o fogo subiu para seu corpo,
Mas não queimava,
Lá estava a mulher ajoelhada,
Veio daí
Um aspecto de levante,
De perto se pareceu com um raio,
E decidiu carrega-la,
E conforme ela ia,
O fogo nele ardia.

Seu coração acelerou,
Sua mente foi esclarecida,
Viu nela,
Já a distância,
O amor,
Correu para ela com toda alma,
Clamou a Allah por piedade,
E vendo de perto o fulgoroso raio
Não teve medo,

Lá era conduzida
A mulher que o amava,
Aquela que lhe atribuía a vida,
Pulou no raio,
Sem medo do fogo
Ou clarão de luz intensa
E assustadora,
Achou alicerce neste raio,

A passadas longas
Chegou até a mulher,
Chamou já naquela hora:
“ se vira para eu,
Minha esposa”.
Creu no amor que ela jurou,
E o que queimaria
Por nenhum instante queimou.

Allah protege os que N’ele
Acreditam.
Voltaram do raio,
Ela em seu colo,
Ele num pulo,
Juntos.

Protetor

Houve temor
No coração daquele apaixonado,
Demônios o tocaram,
E lhes disseram:
“Haverá escuridão para sempre”.

Escuridão?
Ele pensou,
Porém, aos demônios nada falou.
Com seus olhos cegos,
Como poderia encontrar sua amada?

A procuraria em veredas,
Campos verdes,
Ou folhas secas,
No entanto, estando escuro
Nada se vê.

Preferiu descrer,
E lá ao longe,
Avistou nuvens densas
Nunca imaginadas,
Feito magia maligna,
O escuro caiu delas,
E mesmo de longe,
Nada se via.

Ele ergueu as vistas para o céu,
Ali onde estava
O céu era azul e límpido,
Não pode compreender,
De tão pouca distância,
Como demônios
Bastavam-se para separa-los:
Amada e amado.

Não temeu em seu coração,
Houve amor nisto,
Até mesmo na escuridão,
Manteve seu olhar em Allah.

E de lá despencou a luz,
Porquê a Allah pertence
Todo o poente,
Veio uma estrela do azul celeste,
Ela tinha cinco pontas,
Um base e era feita de pura luz,
Chegou até ele,
Isso lhe soou um convite.

Contudo os demônios
Lhe disseram,
“Isto é magia.
Não peque com sua verdade
No que é falso.”

Mas, ele manteve seu coração
Ao alto,
Não desviou seu olhar de Allah,
Com sua intuição
Ergueu a perna direita
E levou-a para frente
Na forma de um passo...

Ele quis chorar,
Desejou que não houvesse prova,
Quis estar lá,
Acima de tudo
Com amada.

Ao soltar o peso do passo,
O pé se afirmou,
Ele deu, então, o segundo passo,
E este também ficou firme.

Desejou ajoelhar-se,
Mas manteve-se:
Olhar para o alto,
Pensamento em Allah,
Nisto sentiu um arrepio
Em seu cabelo e pele,
Mais nada.

Só isso mesmo.
De repente,
Tudo passou.
Ele baixou o olhar,
Precisava protege-la,
Estar com ela,
Olhou para baixo
E quem vê?

Ela,
Sua terna amada,
Ajoelhada,
Mãos unidas em oração,
Pensamento nele.

Ele estendeu a mão
E alcançou seu ombro,
Desceu da estrela,
Abraçou-a:
“Não se preocupe meu amor,
Tudo passou”.

Foi quando deu-se conta
Que não havia mais escuro,
A Allah pertence o nascente,
E a estrela subiu para o céu,
Mas seu coração não temeu,
E o escuro que ali estava,
Ali não pode ficar.

Do nada,
Enviado por demônios,
Levado por Allah
De alguma forma
Que aqueles que crêem entendem.

Sim

Eu lhe juro amor.
Ela o disse,
De forma simples,
Enquanto ele passava.

- não acredito.
Ele respondeu e foi.
Ela sentiu-se deprimida,
Triste e vazia.
Seu verdadeiro amor,
Seu único sentimento,
Lhe desacreditou de seu afeto.

Prostrou-se de joelhos,
Tal como pedra,
Não comeu ou bebeu
Do que não lhe viesse.

Choveu,
Correu água
Ela bebeu,
Cresceu gramado
No seu redor,
Ela comeu.
O tempo passou,
Ela ficou.

De joelhos e coração elevado.
Allah, consciente de suas verdades,
Mandou até ela um raio.
Ela negou-se a mover-se,
Jurou afeto a um único amor.

Allah se apiedou,
Juntou-a em seu raio do chão.

Ao homem Allah indagou:
- Duvida ainda do amor
Da mulher que o espera?
O homem muito cético confirmou.

Allah lhe enviou um raio
Tão intenso e poderoso,
Que a quilômetros clareou,
Abriu seus ouvidos,
Descortinou seus olhos.
O homem sentiu medo,
Seu corpo tremeu violento.

- apiede-se de mim, Allah.
Ele clamou.
Do fim do raio
A mulher surgiu
De joelhos jurando afeto,
Sem mover músculo
Ou sentir deslumbramento.

O homem perdeu o medo,
Correu até o raio,
Subiu nele com seus pés,
E a retirou.
- acredita em mim?

Ela indagou.
O homem não precisou
Ver a face de Allah,
A um erguer de cabeça,
Firmar de olhos
Ele o veria.
Mas, tinha em suas mãos
Obra única,
A mulher que o amava.

- Sim.
Simplesmente disse.
Lhe ofereceu a mão
E a conduziu de volta.
Ela deu seus passos certos,
Contudo, lhe doía as pernas,
Tornou-se está mulher
Por muito tempo pedra,
O esperou.

Ele entrou no seu castelo,
Deu a ela de beber
A melhor água,
Deu a ela de comer
Seu melhor alimento.

Foi perdoado,
Antes mesmo que o rancor
Tomasse os sentimentos dela,
De costas para o local do raio,
Assim ficaram
Sentados os dois a mesa.

Um clarão esplendoroso
Surgiu de suas costas,
Eles não olharam para trás,
Mas, souberam através de Allah,
O raio queimou-se em fogo,
Nem fagulha sobrou
Ou mesmo cinzas,
E onde eles estavam
Nada os tocou.

Abraçaram um ao outro,
Nem o fulgor do raio,
Sua esplendorosa chama,
Seu tamanho que multiplicou-se,
Ou seu intenso barulho
Os separou,
Ou deixou resquício.

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...