- cuidado.
Ele gritou
Atirando-se no gramado,
Caindo de lado,
Um revólver vinte e dois
Entre os dedos,
Um tiro foi disparado,
No instante em que se jogou,
Depois outro,
E outro,
Então, alcançou a altura do
Muro verde e parou.
- ahn.
Um grito ensurdecido de dor.
Sua esposa estava atrás de si,
Só desejou que o maldito
Não a tivesse atingido,
Ao vê-lo parado
Com aquele sorriso gelado,
E aqueles olhos azuis do inferno,
Seu coração gritou socorro
E seu buquê de rosas vermelhas
Lhe soaram sangue.
- Rosas?
Ele gritou nos seus
1 metro e 80 de altura
Na sua voz feminina.
A esposa Gerinda sorriu,
Ela ama flores,
Eu só lembrei de pôr
O pé na escada,
Levar a mal ao bolso
Para pegar a carteira,
Então, o vi.
Corri...
A escada fica de frente para a rua,
Dez metros antes da casa
Se completar,
E dobrar para a outra parede.
Minha esposa molhava o jardim,
Extremamente, nesta parte.
Dez metros,
Mais dez até eu me pôr
Na frente
E retirá-la daquela mira.
- meu Deus,
Vinte metros é pouco.
Minha mulher.
Minha mulher!
Danilo gritou sangrando.
O tiro veio.
Pareceu-lhe que era um
Único disparo.
Cortou e sangrou,
Mas acreditou que a bala
Se alojou.
- Corra Gerinda!
Se jogue no chão,
Se arraste até atrás de mim...
Ele gritou.
- Amorrrr.
Gerinda gritou.
-ahn.
Ele tentou sufocar o grito
De felicidade,
Estava viva.
Ele levou a mão pra frente,
Juntou a grama,
Tentou se segurar nela
Para se levantar,
Arrancou o gramado e terra molhada.
Chorou silenciosamente.
A mão direita com o revólver,
- eu vou mata-lo.
Que eu o tenha matado!
Gritou e gemeu feito um touro,
Ao ver pasto verde
Atrás do muro,
Preso em potreiro de grama seca.
#
- querido,
Nossa cachorra Fareka morreu...
Gerinda disse,
Entrando para dentro
Com a cachorra imóvel
No colo.
Danilo parou de teclar no notebook,
Fechou a tampa,
E olhou atordoado para ela.
- o quê?
Nossa filha?
Nossa menina.
Ele disse,
Levantou-se,
Pegou o bichinho
Sem vida.
Trouxe ela para seu peito,
Acariciou seus pelos
E chorou feito criança.
- como aconteceu isto?
Ele indagou perplexo.
- olha, eu encontrei semana
Passada bolinhos
Ao lado do muro,
Imaginei que alguma criança
Tenha jogado,
Será que ela comeu demais?
O peito de Danilo arfou,
Ele chorou ainda mais.
-Minha esposa,
Amada mulher,
Deram a ela veneno!?!
Ele disse,
Incapaz de controlar
A dor e o sufoco.
- mas, não vi ninguém
Querido,
Quem faria isso?
É só uma cachorrinha.
Ela respondeu em prantos,
Colocou uma mão em seu ombro,
Depois abraçou ambos.
- não vi ninguém,
Juro.
Ela falou.
- querida Gerinda,
Vamos tomar cuidado,
Eu fui designado
Para uma operação policial
Perigosa.
Ele disse.
Virou-se para ela e a abraçou.
- há uma quadrilha de policiais,
Eles estão agindo contra a lei,
Usam sistemas policiais,
Todos os disponíveis,
Armas e treinamentos próprios,
E fazem tudo isto em função
De lucro financeiro...
Ela agarrou-se a ele,
Tremendo de medo.
- querida Gerinda,
Você sabe o quanto
O salário no geral
É baixo.
Estas pessoas entraram
No sistema policial
Apenas pelo lucro...
Ele pegou o rosto dela
Com uma mão
E apertou até vermelhar.
-querida, eles tem treinamento,
Armas, os sistemas...
- meu Deus Danilo.
Eu não o quero morto,
Querido, não nos quero em risco.
Ela respondeu.
Olhando séria
Em seus olhos azuis marejados
Feito uma piscina
Que transborda.
- eu vou te proteger até a morte,
Eu enfrento o risco.
Eles são fortes.
Ontem eu os peguei
Matando o dono de um banco
E sacando todo o dinheiro
Que havia lá,
E nisto foi um rombo
De bilhões
Em único ato...
As pernas dela fraquejaram,
Ela caiu.
Ele soltou seu rosto
E a manteve erguida
Pelo ombro.
- meu amor,
Hoje mesmo as provas
Foram apagadas...
Apagaram todas as imagens,
E as poucas testemunhas
Estão sendo eliminadas,
É muito dinheiro,
Muito.
Eu acho que já pertenço
As testemunhas.
Ele falou sério.
- seu chefe,
De qual lado ele está?
Ele precisa ajudar.
Ela disse.
- me sinto desesperada.
Ele massageou seu ombro.
Depois beijou seus lábios
Com calma,
Sentindo o sabor
De suas lágrimas.
- querida,
O esquema é tão sofisticado
Que eu não posso dizer...
Então, a puxou
Para seu peito,
Apertou esposa
E cachorra para
Reter um pouco de força.
Porquê, um homem
Também fraqueja,
Sentiu o cheiro de seus cabelos,
Por um momento
Esqueceu a morte da cachorra,
A filha do casal,
Absorveu o calor dela,
Ficou tanto tempo assim,
Que seu braço gelou
Onde estava o animal.
- faça o que puder por nós,
Querido, eu o amo,
Não quero te perder Danilo.
Ela disse ofegante.
- querida, Gerinda,
Eu sou totalmente a favor da lei,
Jamais iria pôr sua vida,
De nossa família,
Ou nossos pais em risco.
Estas pessoas,
São fortes e em grande número,
Eles não se importam
Com quem irão matar
Ou qual o custo
Para obter o que desejam,
Nós somos empecilhos a anos...
Ele disse,
Olhando o alto.
- querido,
Não querer dinheiro
Por custo de crime
É sério empecilho?
Meu Deus,
Como sobreviver?
Ele a beijou
Em seu ombro.
E ficou parado ali
Por um tempo.
Depois a empurrou
Com carinho para trás.
- vamos enterrar o bichinho.
Nisto, saiu para fora.
Foi para o lado oposto da casa,
Nos fundos do quintal,
Parte direita,
Cavou um pequeno buraco,
E a pôs lá
Com sua almofada de dormir.
Este foi quatorze horas
Depois da descoberta
Do crime
Sabendo que foi designado
Para descobrir
Qual a motivação
De o videomonitoramento
Da cidade comandado
Pela polícia
Estar sendo misteriosamente
Estragado.
Simplesmente, imagens sumiam,
Câmeras eram quebradas,
Postes derrubados logo
Após serem colocados,
Neste intuito,
Ele designou alguns policiais
Para fazer uma pesquisa criminal
Apresentando números
De registros de delitos
E tipos de delitos
E o local onde eram coloridos
Com vistas a implantar
Monitoramento por câmeras
Nestes locais específicos
E assim poder inibir a ação criminosa,
Bem como, prender estes
Criminosos.
Neste aspecto,
Ele fez o levantamento de dados,
Escolheu os postes,
Os tipos de câmeras necessárias,
E designou pessoas para
Instala-las,
Estava, então, escolhendo
Quais policiais propriamente ditos,
Atuarial nestas áreas,
Conforme grau criminoso
Do lugar
Para fazer um rodízio
De pessoas
E buscar o melhor desempenho
De serviço.
Porém, as viaturas passaram a
Apresentar problemas,
Os policiais alegaram perdas de armas,
E, mal as câmeras chegavam
Já eram danificadas...
Foi então,
Que uma viatura se destacou,
Dois policiais pareceram
Suspeitos,
Ele conseguiu implantar
Câmeras em suas roupas,
E os viu em ação criminosa
No banco dm específico,
Checou imediatamente
As câmeras públicas,
E as internas,
Ao apresentar o relatório
Para o seu supervisor,
As imagens sumiram...
Passado o dia do enterro,
No dia seguinte acordou cedo,
Depois do café,
Se direcionou a sala
De videomonitoramento da polícia.
Bateu duas vezes
Antes de entrar,
Haviam lá seis pessoas sentadas
Em suas cadeiras,
Uniformizados e armados.
- preciso das imagens
Da rua Ercílio,
Bairro centro.
Todas elas.
Ele disse.
- negativo.
Não foram instaladas
Câmeras neste ponto, ainda.
Respondeu uma soldado.
- como?
Ontem eu as estava vendo
Através da minha sala!
Ele contradisse.
- houve um erro, senhor!
As câmeras de lá,
Estão para ser instaladas...
Ela olhou num documento
Que estava sobre a sua mesa,
Depois respondeu:
- está aqui,
Nesta linha,
Dia 20 deste mês,
A partir das dez horas.
Ele se aproximou dela,
Que levantou o braço
Com uma pilha de folhas
Mostrando a ele.
Especificamente,
Estava escrito da forma
Como ela disse.
Ele soltou o material
E saiu.
Expediu em sua sala
Um mandato de busca
E apreensão
Para fazer vistoria no banco
E trazer as imagens
E quaisquer outras coisas
Que tivesse disponível
Do roubo do dia treze.
Três viaturas foram designadas,
Chegado lá,
Ele, que auxiliou e participou,
Soube que não noite anterior,
Colocaram explosivos
No banco e explodiram
Suas salas
Sem deixar imagens intactas,
Já que a sala de controle interno
Foi explodida, também.
O filho que herdou o patrimônio,
Decidiu vender o imóvel,
Um policial estava comprando.
- Olá, colega!
Ele disse,
Chegando por trás
De Danilo e dando três
Tapinhas em seu ombro.
- bom dia, Coronel Mirel.
Ele cumprimentou
Virando-se de frente.
O homem apenas sorriu.
Exausto, Danilo retornou
Para o lar.
Tomou banho,
Trocou a roupa,
Vestiu calças de frio,
E jaqueta jeans
Sobre o coldre
Que continha duas armas,
E uma camiseta azul
Por baixo.
Na saída de dentro de casa,
Foi a procura da esposa
Que molhava o jardim,
Quando viu aquele homem estranho
Olhando para ela...
Por instinto correu até ela,
Retirando a jaqueta jeans,
Rapidamente, e a jogando
Para a frente.
O homem olhou para ela
E ficou sério de repente,
Então, olhou para aquelas flores,
E os ouvidos aguçados
De Danilo pareceram ouvir
Um estalido,
Algo como um tilintar
Num metal,
Então, veio o cheiro de óleo...
E Danilo correu mais,
Correu o mais rápido que pôde,
Neste intelecto,
Puxou ambas as armas do coldre,
E apontou.
E atirou.
Enquanto caia,
Se pondo em frente a esposa,
Disparou três vezes seguidas,
Com ambas as armas,
Só pode ver a esposa
Levar a mão sobre os lábios
Num espasmo de medo,
E se declinar para o muro verde,
Então, ele sentiu nele um disparo,
Viu o homem gorducho cair,
Perdeu a arma esquerda
A um metro pra frente
Sobre o gramado.
Levantou-se gritando,
Atordoado.
Se ergueu sangrando
Sobre a camiseta azul,
Se aproximou do muro,
E enquanto andava
Os cinco passos faltantes
Até a beira do muro,
Juntou a pistola do cinto
Do lado esquerdo,
Avistou o loiro no chão,
E disparou mais três vezes,
Com ambas as mãos.
O homem virou-se,
Soltou os braços no asfalto,
Ficou de olhos abertos
A sangrar.
Morto.
Então Gerinda
Se aproximou de Danilo,
A um metro atrás dele,
Ele voltou-se para ela,
A abraçou,
Juntou suas coisas
Sem falar muito,
Pegou o uniforme,
E a arma que ganhou da corporação.
Dirigiu até o batalhão,
Entrou por sua porta
Como se não fosse
Nenhuma novidade,
Chegou ao coronel
E soltou o bandido morto
Em sua sala.
- o quê houve?
O coronel indagou.
- trouxe este!
Danilo disse,
Com uniforme em mãos,
O coronel não respondeu,
Danilo deixou o morto lá,
E voltou para casa.
Com a esposa ao seu lado,
Passou pela rua do banco,
Olhou os estilhaços de vidro
Quebrados pelo asfalto,
Ainda as dezoito horas
Alguns pintores pintavam
As estruturas do local,
Dentro do estabelecimento,
Outros trocavam paredes...
Engatou a marcha,
Passou na loja de armas,
Marcou treino de tiro
Para a esposa,
Adquiriu uma arma para ela,
E retornou para casa.
Levou ainda
Uma câmera de vigilância.
A instalou em sua porta de entrada.
Abraçou a esposa
No final da escada,
Lhe deu um beijo
Na têmpora
E entraram de mãos dadas.