sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Primeira Vez Que Nos Vimos

 

Em meu favor posso argumentar que não estava a procura de um amor,

Em desfavor, há aquele jeito dela tão perfeito e encantador,

Quem resistiria? Mesmo absorto em meus planos comuns de viver a vida,

Ela se pôs em meu caminho de uma maneira que me fez incapaz de afugentá-la,

Jamais admitiria que fui eu quem a procurou e desejou-a com toda a alma,

Nem ela, se este fosse o caso, entregamos este fato as mãos do destino,

Ele é quem teria se engajado deste feito e providenciaria o que mais fosse preciso...

 

Quando a vi naquela primeira vez, inerte de tudo ao seu redor,

Percorrendo as ruas da cidade, avessa aos planos daquele mundo profano,

Eu quis resistir com toda a força a atração que parecia conduzir-me a ela,

Não havia qualquer possibilidade para romance, eu via isso nela,

Preso dentro de mim mesmo, em muros construídos para me abrigar,

Sem que eu precisasse me expor ao risco de me ferir, me machucar,

Seria um esforço grande abandonar-me para encontrá-la,

Quis acreditar nisso, ela, porém, parecia estar absorta de tudo,

 

Não porque pensei desta forma ao vê-la, mas porque tudo em que eu acreditava ficou cinza,

Como o sol que se escondeu fazendo pairar uma neblina sobre nossas cabeças,

Nem isso ela via, parecia gostar de como tudo se dirigia, avessa, presa em... fantasias?

Como uma boneca de porcelana a vagar pelas ruas, poderia cair, ferir-se,

Quem iria protege-la, eu precisava reagir, desejei cuida-la, tive essa necessidade,

Tantas vezes ferido, até abrigar-me dentro de mim, agora precisaria me expor,

Teria dificuldades em confiar, mas ela merecia, mais que ninguém, disso,

 

Ela parecia ser a fragilidade em pessoa,

Assim como continha em si a força de qual eu precisava,

Eu via isso em seu olhar, na forma como sorria, na maneira como se portava,

Mesmo ante aquela sua indiferença forjada, eu desejei empreitar em fuga,

 

Sair daquela redoma tortuosa que me prendia e feria por dentro,

De uma forma que ninguém parecia ver, a não ser ela, eu podia perceber isso,

Por fora de mim sempre busquei ser o melhor que pudesse,

Até aparecer ela em minha vida e estremecer cada uma das minhas bases,

Por em jogo tudo em que eu acreditava e me fazer parecer incerto comigo mesmo,

Como se ao me prender em meu peito, eu apenas estivesse a ferir eu próprio,

 

Na verdade, tive certeza disso assim que coloquei meus olhos em seu rosto,

Mas preferi ficar à espreita, mesmo estando em seu encalço,

Fosse como fosse, eu arriscaria tudo que fosse preciso,

Munido pelo único desígnio: protege-la e com isso, quem sabe, encontrar-me,

 

Não sei bem o motivo, mas me via aconchegado em seu abraço,

Seguro em seu jeito de ser e de amar, me via em seu destino, e desejei isso,

Desejei, talvez, como nunca havia desejado outra coisa em minha alma,

Mas ela, parecia estar desatenta quanto ao fato, imprecisa...

 

Cheguei a conversar com ela, duas vezes, ganhei seus sorrisos,

Fui o alvo certo do seu jeito encantador, caído em seu caminho,

Mas não me deixei abater por causa disso,

Apesar das circunstancias parecerem negativas,

Eu a retiraria daquele mundo de aparências e apresentaria a ela algo maior,

A oportunidade de viver um amor único e verdadeiro,

Eu soube que, quanto a isso, ela acreditava, então lutaria, nada me pararia,

 

Abri mão do meu orgulho, de tudo que me colocava distante,

E me joguei as ideias que fossem necessárias para aproximar-me,

Sem obriga-la a nada, sem confundir sua cabeça, apenas me coloquei ao seu dispor,

Feito uma espécie de anjo a protege-la, desejei isso, pedi a deus: seu abraço,

Entreguei-me ao luxo de soltar as rédeas do meu coração,

Ao menos, afrouxá-las, guiar-me com cautela e razão,

 

Naquela tarde iniciar-se-ia uma nova fase em minha vida,

Amando uma mulher com toda a força da minha alma,

Da forma que ela merecia, do jeito que eu seria capaz de fazer,

Entregar minha vida a ela, como ela demonstrou merecer,

 

Embora meus movimentos desesperados foram seguidos de erros,

Eu tentaria corrigi-los, com uma dose de esforço obteria sucesso,

Nenhum desejo é imperfeito quando o que nos move é o amor,

Mesmo ante a tentativas frustradas não desistiria disso,

 

Estaria colado aos seus passos para ajudar em tudo que fosse preciso,

Mesmo sem respaldo para romances eu seria o seu amigo,

Mesmo que não houvesse flerte entre nós dois,

Eu havia rompido as grades que me prendiam em mim mesmo,

 

Meu alvo já não estava absorto em meu mundinho,

Estaria ao seu lado, mesmo que longe do seu abraço,

Amar não consiste apenas em aproximação, tentei me convencer disso,

Mas meu apaixonado coração, recusava-se a distância, penoso,

 

Apesar da confiança que nos unia, havia algo a nos distanciar,

Às vezes, eu ousava admitir para mim mesmo, que ambos ainda estávamos presos,

Em nossos erros do passado e estranhos vislumbres de um futuro... inventado?

Como se houvesse outro algo planejado, algo indiferente ao que sentíamos,

Mas isso me feria por dentro, desejei me libertar a qualquer custo,

Estávamos presos em celas separadas e isso nos feria muito,

Preferia que estivemos abrigados um no outro, mas isso parecia incerto,

 

Eu tentei dizer isso a ela, e ela pareceu se importar com a ideia,

Eu estava disposto a ser seu protetor, precisava que ela aceitasse a oferta,

Como poderia vagar errôneo por sua vida? Me sentia em dívida com ela,

Ela havia me salvado daquela redoma em que me coloquei outrora,

 

Como, agora, eu poderia abandona-la como se não tivesse significado nada?

Liberto de mim, me via preso a uma atração difícil de explicar,

Será que ela entenderia? Ela parecia tão esperta que me colocava em dúvida,

Eu tinha inseguranças quanto a alcança-la, eu amava tanto, seria ela quem se colocaria contra?

Embora homem feito, eu era ingênuo na arte do amor, será que isto era notável,

E se o fosse o que ela estaria a pensar com relação ao assunto?

Então, eu tomaria cuidado para que minha insegurança não nos distanciasse,

 

Não bastava os erros e algo ao nosso redor, ainda teria esta questão...

Havia um conflito crescente em mim entre minha razão e o coração,

O coração não queria nada além de estar perto, mas a razão gritava: cuidado,

Alguém poderia sair ferido e eu tinha medo que fosse ela,

Não havia registros sobre como conquistar quem se ama,

 

Uma ordem de prisão havia sido emitida a anos atrás,

E embora eu tenha cumprido a pena, sentia medo de sofrer recaída,

Se a cela que me detivesse me mantivesse em distância dela,

Eu não estaria em boas mãos, não depois de provar do seu olhar,

Eu a havia abraçado em meus pensamentos, e beijei-a em seu rosto;

 

Abracei-a em cumprimento, esta foi a primeira vez que nos tocamos,

Quando a abracei, não fechei os olhos, ao contrário,

Levantei o olhar ao infinito e roguei a Deus que não fosse a última,

Eu temia não conseguir resistir a esta ideia de distância ferina.

Um Homem Apaixonado

 

Será possível conquistar o amor quando esta pessoa é perfeita,

Quando a vemos acima de tudo, de nós mesmos ou de suspeitas?

Bem, com certeza aquela tarde do dia 22 de dezembro de 2021,

Merece o prêmio de ficar guardada para sempre na memória de um... perdedor?

Conheci o amor da minha vida naquela doce tarde de um verão gelado,

Naquele dia enquanto a neblina cobria a cidade, eu só desejei desvendá-la,

Descobrir seus hábitos, seu jeito de ser, ter a honra de ser o seu segredo,

 

Uma moça tão encantadora daquela maneira, merecia ser guardada,

Resguardada até de mim mesmo, não entendo bem o por que, mas não me achei digno,

Eu me nominava um sujeito estranho, ela uma moça perfeita,

Mas algo naquela neblina que embaçava seu rosto me fez aproximar,

Ela parecia ser mais que uma boneca a vagar pelas ruas errônea,

E eu desejei ser seu soldado, aquele que marchava para protege-la,

 

Antes dela, nunca fui mais que um boneco programado,

Mas quando a conheci, naquele dia, algo despertou em meu peito

Este algo, diga-se de passagem, nunca mais pode ficar adormecido,

Algo mudou em mim, e eu que sempre soube o que fazer, perdi as respostas,

Tudo que havia aprendido estremeceu como minhas pernas,

Meu interesse era evidente, quanto ao dela, eu não soube precisar,

 

Fiquei boquiaberto com seu encanto e o jeito nato em agradar,

Antes mesmo de descobrir a mim próprio eu desejei empreitar em fuga,

Abandonar tudo que um dia fui, sair de dentro de mim e encontra-la,

Melhor dizendo, encontrar eu mesmo, e assim, conquista-la,

Quando se está há muito tempo em inercia, não se percebe o quanto a gente se fecha,

Acreditando estar fazendo o melhor para si e talvez, realmente esteja...

 

Mas diante do olhar daquela moça, minhas razões e necessidades ficaram bambas,

Foi aí que eu desejei com uma urgência inconstante conhecer ela de perto,

Algo nela me fez incapaz de permanecer fechado, resguardado do mundo,

Mesmo que tudo caísse em ruínas eu partiria ao seu encontro,

 

Porém, com seu desdém e algo que eu poderia denominar, distanciamento,

Parecia preferir que eu nem tivesse despertado dos meus devaneios,

Mas não havia como voltar atrás, estava fora de mim, perdi os sentidos,

Não havia possibilidade alguma de voltar atrás, lutaria por ela,

 

Ela mexeu comigo de uma forma sem igual, não havia como fugir disso,

Talvez, algum dia eu possa escrever um livro sobre isso, porém, agora,

Só me resta procurar um meio de tê-la, me aproximar,

É pedir demais poder abrigar quem se ama em seu abraço?

A princípio parecia que não haveria problema algum com relação a esse desejo,

Mas, quanto mais me esforçava mais parecia afugentá-la,

 

Não tinha respostas seguras quanto as minhas investidas,

Isso me deixava nervoso, tenso, eu a amava e agora que estava liberto,

Algo me prendia de forma mais intensa e... libertadora? Amar outra pessoa;

Recorria a qualquer plano tolo, queria que ela soubesse o quanto era amada,

Ela merecia ser tratada como uma mulher e não como uma boneca de pano,

Eu me esforçaria para ser o melhor para ela, com o tempo, mesmo sem saber como,

 

Me esforçaria, muito mais que outros que se aproximaram apenas para machucar,

Eu também fui machucado, talvez ela entendesse meu sentimento,

Mas sem deixar entrada para que eu me aproximasse de que forma reagiríamos?

Embora a amasse com toda a alma, não sabia se era mesmo o rapaz certo,

Ela era tão perfeita e eu um cara tão normal, sujeito simples em seu caminho,

Tão distante de tudo que ela parecia sonhar, mas, mesmo assim, naquele momento,

 

Eu seria o que ela precisava, o homem que se colocaria no seu destino,

Mesmo que condenado a ficar às margens para protege-la,

Submetido ao risco de que no fim, ela preferisse outro,

Estaria ao seu lado, faria tudo que fosse capaz e necessário por ela,

Me faria seu porto seguro, ao menos por um pouco,

Pois via em seus olhos a necessidade de que meu pedido fosse aceito,

Mas minhas investidas de aproximação falhavam, e tudo ficava incerto,

Tão difícil é o amor quando chega tão forte e não se sabe reagir a ele,

 

Tão perigoso é este jogo quando quem mais se ama está em cheque,

Eu estava de mãos atadas agarrado a desculpa de ser seu amigo apenas,

Precisava protege-la em primeiro plano em seguida pensaria em mim,

Já não me pertencia mesmo, seria dela se ela aceitasse, eu a amava...

Me aproximei por cartas, telefonemas e certo dia, a tive em meus braços,

Ela chorava descompassada por suas dores, mas estava me vendo,

 

Eu não consegui impedi-la de sofrer o tanto quanto desejei, mas fiz tudo que pude,

Minhas perguntas estavam alcançando as respostas e eram positivas,

Ela poderia ser minha, se fosse da sua vontade, ela seria,

Os momentos mais felizes em minha vida, tinham ela como protagonista,

Convicto do que sentia, sempre marquei presença,

Nem sempre cumpri com suas expectativas, mas permaneci em sua vida,

 

Nunca pairou uma mentira sequer entre os nossos atos,

Erámos amigos, mais que isso: cumplices de um sonho de amor,

Se permaneci abrigado a este sentimento mesmo sem acreditar haver reciprocidade,

Foi porque acreditei que merecesse, lutei pela chance de ama-la,

Mesmo sem vislumbrar qualquer possibilidade de romance,

Deus ajude quem ama de forma assim tão pura, eles merecem... e ela também.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Homem Preparando Seu Próprio Café


Com um menear de cabeça para espantar as ideias,

Já não sabia onde estava ou o que fazer da sua vida,

Queria relaxar um pouco a pressão que o forçava,

Ele tratou de pôr a cabeça para descansar,

Precisava traçar uma nova rota, provar do inseguro,

Apenas para forçar uma segurança em si mesmo,

 

Que parecia ter abandonado a tanto tempo atrás,

Mas que ainda o pegava pelo braço e o conduzia,

Embora possa parecer contradição entre o que sentia

E o que demonstrava, dentro dele algo o incomodava,

Baixou a caneta sobre o papel nem terminou a linha,

Esgotado e sem forças deixou-se cair sobre a cama,

 

Mais difícil que ter uma ideia em que acreditar,

Era coloca-la em pratica, expondo-se a reações adversas,

E ainda ter forças para enfrentar de cabeça erguida,

Afinal, ao homem não é permitido a insegurança,

Para que afrouxar o cinto que prende a roupa,

Quando pode-se simplesmente abrir o zíper da calça?

 

Tudo é tão prático que chega a parecer metódico,

Um dia você pega-se apenas repetindo o passado,

E ainda acredita que está vivendo um sonho lindo,

Pôr a cabeça em ordem garante passos bem-sucedidos,

Ao homem nunca foi permitido o erro, negava-se a isso,

 

Passou as mãos pelos cabelos loiros e bem cuidados,

Sentia-se preso a si mesmo, descompassado quanto a algo,

As paredes frias do quarto o pressionavam, precisava ter cuidado,

Levantou-se, foi a geladeira, colocou o leite gelado em um copo,

E bebeu tudo, ainda pensativo, pegou a frigideira,

Pôs bacon e ovos, juntou uma fatia de pão, esse foi seu jantar,

 

Aquela ideia tosca em que um homem não se garante sozinho,

Já não convencia ninguém mais, para que enganar-se?

Dentro do seu peito o amor ressoava alto, refletia um rosto,

Ele olhou para a cadeira ao lado, para as sobras da comida e chamou um nome,

Depois que se despediu dela, sem saber se aquele seria mesmo o final,

Continuou a fazer tudo da mesma forma, como se a esperasse ainda,

 

Pelo menos desta vez, ele não pôs um prato a mais na mesa,

Era uma sujeira a menos para lavar, mas e quanto a sua alma,

Será que estava reagindo bem a tudo que via e mantinha na memória?

Apegar-se tão forte a alguém que foi embora para nunca mais voltar,

Pode ser de extremo perigo para os sentimentos de quem fica,

Ele decidiu nunca mudar de lugar, será que desejava ter ela de volta?

 

Sentia-se esgotado de todas as suas forças, sua resistência estava partindo,

Amar com toda a alma só deveria ser permitido quando fosse recíproco,

Só se ama uma vez repetiam os tolos, então porque ainda se apegavam a ideia?

Mesmo ele, perambulando por entre os escombros de tudo que existiu um dia,

Será que acreditava que teria forças para reerguer tudo de volta?

Se ela havia partido, se recusando a ficar, por que gastar forças desnecessárias?

 

No destino em que cada um caminha a seu modo era negado o direito de escolha?

Um acidente em seus objetivos seria o bastante para desvia-lo da sua rota?

Então, em que ele acreditava? Apegado demais a uma pessoa esquecia do amor,

Alguns chegam enquanto outros vão, o amor não se resume a uma única boca,

Não que ele fosse adepto a beijar todos que se colocavam diante dele,

Mas ela escolheu abraçar outras ideias, viu outra linha no horizonte,

 

Se agarrou a sua consciência e a abraçou mesmo com as mãos tremulas,

Fez tudo que estava ao seu alcance por ela, mas falhou e agora?

Morreria por uma ideia? Agarrado a imagem de uma pessoa que o feriu,

É tão cruel o amor que aprisiona os sentimentos sem que possa se soltar?

Que amor errôneo, morrer por que quem amou partiu para outro lugar,

Por mais esforço que fizesse, ele não conseguia esquecer das suas últimas palavras,

 

Dia 19 do mês de julho de 2009, que sorte teria se pudesse deletar da memória,

Quisera Deus conceder a oportunidade de que nunca tivesse existido,

De que quem amou com toda a alma apenas o aceitasse da forma que ele era,

Que as atitudes e as palavras jogadas contra ele, nunca o tivessem ferido,

Não tivesse sido rejeitado em pessoa e em suas ideias, tivesse sido amado apenas,

Ela buscava elevar-se sobre suas costas, não via respeito em seus olhos,

 

Se escondeu atrás da bebida e falou demais, tomou a atitude errada,

Como ele poderia ter ficado inerte, sem reação alguma em seu peito,

Foi tão forte a situação ocorrida que desacreditou ter saído ileso,

Foi raiva, magoa, covardia o que enxergou nos olhos de quem mais amou,

Fosse o que fosse que houve naquela hora, não se prenderia a isso,

Era necessário viver a vida, seguir com as ideias em que acreditava,

 

Amar é preciso, mas prender-se até morrer por isso, é covardia,

Contra si mesmo e contra quem pudesse beneficiar com seus atos,

Ele desejou mais que isso, seguiria de cabeça erguida,

O mais ileso que fosse possível, para que fechar-se em sua dor?

Consciente de que, se errou, foi por ter amado sobre medida,

Não desistiria de conservar sua imagem abrigada em seu peito,

 

Mas também, não se entregaria a morte condenando os demais,

Se alguém partiu outro poderia entrar e abrigar-se naquele lugar,

Sempre haveria pessoas a sua volta as quais pudesse amar,

Pessoas que dariam sua vida por ele, que o amavam com todo o carinho,

O ato de desistir de viver é o gesto mais egoísta que existe,

É desabrigar pessoas que sofriam sobremaneira ante o seu sofrimento,

 

Cutucar sua própria ferida para ver-se sangrar e condenar os outros ao sangue,

O desejo de morte nunca curou a dor apenas a transferia de lugar,

A ideia de outras vidas e coisas mais, é fugir da própria realidade, afugentar-se,

Atos desesperados sem medir as consequências para quem fica, pura covardia...

 

Se tudo não passava de um teste sobre a sua coragem ele seguiria adiante,

Do contrário seguiria por amor ao que acreditava e por quem também o amava,

Não estava sozinho, a não ser na sua cabeça, então o que ainda o prendia?

Se quem o amava foi embora, não era o seu desejo liberta-lo para a vida?

Anotações Espontâneas

 

Que acha da situação agora que alcançou o que esperava,

Sente-se decepcionado, consegue admitir que estava errado,

O que te espera lá fora, solidão e lágrimas estampadas em sua cara,

Disse tudo o que precisava dizer, fez tudo que fosse necessário,

Mas dentro de você, ainda falta algo, sua voz ressoa dentro de si mesmo,

Como se houvesse um vazio crescente em seu peito,

 

Então, talvez você precise pensar um pouco mais em si próprio,

Valorizar mais cada um dos seus sentimentos,

Sente-se amedrontado e tenta acreditar que não tem motivos,

Até para fazer o necessário corre-se certo risco,

Há necessidade de precisar os objetivos, e segui-los,

Não há como desistir no meio do caminho, falsear os passos,

 

Se você calculou cada um dos riscos aos quais estaria exposto,

Então, você percebeu bem antes que este desconforto seria sentido,

Dói avistar o rotundo gerente diretamente nos olhos,

Mas uma fagulha toma seu corpo despertando-o para o incêndio?

Desejou fazer o que com seus erros apagar?

E as palavras que você escreveu outrora, quer esquecê-las?

 

Condenar cada ideia em que você se apegou e joga-la ao nada,

Esta fagulha que queima em sua alma, não está reagindo de alguma forma?

Com mil ideias expressas porta fora, você queria receber o quê? Inercia?

Talvez, ainda não seja a hora para os aplausos, mas não estão descartados,

É da condição humana ser um tanto afastado, negar-se aos fatos,

Porém, ações não são levadas pelo vento, sorte sua ter em que acreditar,

Imagine se não houvessem atos em que se agarrar o que restaria?

 

É preciso ir um pouco além da precisão para agir com cautela,

Reduzir o impacto que chega em cheio e pode voltar-se contra si próprio,

Quando você colocou o amor em suas frases você conseguiu alguma coisa?

Como foi ver sua fala cuspida contra o próprio rosto? Então se recusaram a ouvi-lo?

Mas acreditaram em você, isso você pode constatar agora,

Que resposta você obteve? Medo? Então, você não achou que sentiriam isso,

Quando você ousou definir o amor que muitos poucos sentiram naquelas suas frases,

Tão bem escritas, muitas vezes mal interpretadas, que agora voltam-se,

 

Achou que não o ouviriam e traçariam seus destinos em busca de algo,

O mesmo algo que talvez nem ao menos você havia provado o gosto,

Mas ao menos acreditou, isso foi o bastante para que hoje o ouçam,

Jurou amor e o procurou, e agora está sendo posto à prova,

Se desistir não estava nos seus planos porque estaria agora,

Só por que suas ideias estão mais fortes, mais seguras de si mesmas,

Como é ver suas ideias independentes e tomando outras formas?

 

Ainda lhe dói como antes, ou agora já estão sendo retribuídas,

Se desmanchar em lágrimas já não tem mais o teor de outrora,

Seus passos agora possuem as cores da esperança, da aliança,

Quanta diferença você fez e agora você põe em dúvida as suas ideias?

Será que agora o seu sim e o seu não possuem voz própria,

Podem ser ouvidos e respeitados pela rua afora,

 

Sua voz já foi pequena, nervosa, mas sempre teve consistência,

Atraído para fora de si mesmo, teve algo em que se agarrar,

Mas ao sair, viu as pessoas feridas vagando pelas ruas,

Então, esqueceu que antes estavam da mesma forma,

O tapa dado pelas costas agora ganhou uma tradução espontânea,

As palavras cuspidas na sua cara ganharam uma versão famosa,

 

Tomaram as esquinas, ganharam as ruas, estão a percorre-las,

Ninguém pode se esconder, e antes você acreditou que poderia?

O que te fez abrir sua alma e escancarar sua vida na rua,

A urgência por fazer a diferença, o amor por quem se recusava?

Você disse cuidado ao atravessar a rua, atenção ao dobrar a esquina,

Mas esqueceu que alguns motoristas vinham na contramão,

Mas os transeuntes não, estes estavam sempre tomados de razão,

 

Uma gota de tudo que você distribuiu, não haveria distorção?

Mesmo assim você continuou a percorrer seu caminho,

Talvez eles não o estivessem ouvindo, então você traduziu um coração,

As tentativas de outrora alguma vez lhe soaram nulas?

Mesmo quando tudo parecia girar ao contrário,

Mesmo quando todos se negavam a acreditar em qualquer coisa?

 

Você nunca se assustou ao olhar para fora da janela,

Você nunca se fechou dentro de si mesmo por medo da própria alma,

Agora seus erros e acertos estão jogados pela rua afora,

Será que houve distorção, ou desproporcionalidade em sua fala?

A interpretação de cada pessoa é sempre a mesma em cada cabeça,

A condenação prévia nunca foi prevista, então, por que você chora?

Uma Mulher Irada

Enfim passava dos trinta, sem nada para acreditar,

Achava que algum dia encontraria alguma coisa,

Mas não havia nada ao seu alcance agora,

Na sua cabeça vozes insolentes, no passado fúria e magoa,

Elas imploravam seu perdão agora, achavam que mereciam,

Mas ela achava que não, por que teria que perdoar?

 

Deixaram-na perdida, as margens dos braços de quem jurou amar,

Mãos que ferem agora queriam acaricia-la, chances nulas,

Nunca iria perdoar, pudesse ter feito sua última manobra,

Não estaria aqui agora, mas negaram suas cobiças,

Negaram cada sonho dela, queriam impor palavras em sua fala,

Como se ela fosse incapaz de escrever por si própria,

 

Inventavam histórias sobre ela, inventavam imagens,

Depois a jogavam fora, mera coadjuvante,

O tempo passava e eles voltavam, o que mudava em suas mentes?

Qual foi o erro em seus planos, qual foi o incidente?

 

Voltam com seus choros e apelos, por que ela acreditaria,

Não a magoaram o suficiente, ela não era a indiferente,

Não se julgavam melhores, os senhores detentores da sabedoria,

Não lhe deram outra identidade quando a definiram ninguém?

 

Só que agora ela era uma outra pessoa, mais madura,

De tanto sofrer aprendeu a nunca perdoar,

Condenados a indiferença, achavam que podiam propor aliança?

Queriam apagar os erros do passado e pedirem perdão,

Haveria chances de apagar toda a dor colocada em seu coração?

 

Queriam jogar pensamentos dentro da sua boca,

Afogando-a com suas palavras e crenças nulas,

Acreditavam estar acima dela, e eram o que agora? Nada,

Ar descondensado, sonhos inacabados, beijos roubados,

Nada além de falsidade empregada em cada ato,

Rejeitos expostos a esconderem-se por trás dela,

 

Nem seus próprios caminhos eram capazes de seguir sozinhos,

Estavam aos seus pés, esmagados, achavam que podiam explicar,

Que poderia fazer o que bem entendessem e serem, o que, perdoados?

Sinto muito, mas ela recusava-se a este seu beijo falsário,

Uma promessa de amor embutida em condena ao calvário?

Achavam que iriam iludi-la, feri-la depois de tudo que fizeram?

 

Em que ideias vocês se abrigaram quando tiraram o teto dela,

Quais eram seus pensamentos quando a condenaram ao abandono,

Em que amor vocês se acolheram quando a imaginaram um nada,

Que a recriariam do zero como se ela fosse uma máquina de olhos cegos?

 

Acharam mesmo que ela perderia o cérebro e se resumiria a uma bunda,

A exemplo do que vocês fizeram de si mesmos,

Senhores sabichões, os espertos, dominadores de cada ideia, e agora?

Acham ainda que qualquer palavra colocada será aceita?

 

Sem cabimento, então, estar sem margem apara o erro?

Desejam cair no vão da morte? Acham que ela seria tão indiferente?

Sim, ela não esqueceu nenhum incidente,

Sim, de tudo que disse e fez não escapou nenhum detalhe,

 

Engraçado como o sim agora passou a ter importância,

E o não dela, vocês são capazes de ouvir e interpretar?

Por que acreditariam que algum dia ela os perdoaria?

Por que não se atentavam ao que ela dizia e demonstrava?

Bu-rra, ela lembrava de ter saído dos seus lábios,

Os mesmos que estavam podres agora, prostrados ao solo,

 

Ofensas proferidas de todas as formas, com todos os atos,

Agora desejavam ganharem a projeção do esquecimento,

Nunca, isso nunca, não importava o quanto rastejassem,

Cada ofensa que chegaram aos ouvidos dela nunca seriam esquecidas,

Mesmo que disso dependesse a própria vida, nunca esqueceria,

 

Achavam que poderiam bater na cara dela e depois acaricia-la?

Ela desejava mais é que suas mãos fossem decepadas,

Até ver todo o sangue escorrer e não restar absolutamente nada,

Seu choro ou suas lágrimas, não importava como fossem definidos,

Não seriam ouvidos, não seriam aceitos, descartados agora,

Me digam, como vocês se sentem? Há um vazio em seu peito?

 

Mergulhem neste vazio até não restar mais nada,

Isso foi tudo que vocês conseguiram fazer de suas vidas,

Sintam o vazio de si mesmos consumindo-os de dentro para fora,

Ainda desejam o perdão dela? Quanta ironia em suas almas,

 

Podem dizer agora, como é sair pela porta, sair para fora,

E ver suas caras expostas para que todos a vejam,

Haveria o que mostrar em suas almas? Há em que se agarrar,

Um motivo ao menos em que possam se apegar,

Para que, em uma fração de instantes, possam se orgulhar?

 

Podem responder como poderão estacar o vazio

Que vocês mesmos construíram em si mesmos?

Pobres errantes, de olhos cegos, tivessem se abrigado a algo,

Algo que preenchesse seus tormentos, poderiam sorrir um pouco,

 

E agora que seus medos estão saindo para fora,

Em que vocês irão se apegar, suas mãos estão cansadas?

Parece que as lágrimas outrora rejeitadas passaram a ter valia,

Quem diria, será que agora seriam ouvidas?

Não reconhecem suas imagens refletidas no espelho,

Apeguem-se as suas ações expostas aos olhos de todos,

 

Um mísero discurso de ódio ele a definiu,

Ele queria ou teria seu perdão, não!

Que bom que ele entendeu o recado,

Morte lenta e pesarosa até cada gota sua cair no chão,

Quanto a ela, o recado foi dado, nunca queiram o seu perdão,

 

Momento de agora, se apegar ao erro dos outros

E sair porta afora apontando,

Salve-se quem puder, ninguém é dono de ninguém,

Entre quatro paredes, favor fazerem silêncio,

Eu não conheço você, nem você me reconhece.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Separados Dentro de Casa


Ela o amava com toda a alma, mas algo não estava certo,

Algo dentro dela se recusava a aquela situação tensa,

O silêncio parecia tão sólido e tangível como o beijo esquecido,

Tentava conversar, se esforçar, entender o que se passava,

Mas os carinhos haviam escapado pelos vãos dos dedos,

O beijo havia perdido o gosto há muito tempo atrás,

 

Era como se o amor que um dia sentiram um pelo outro

Houvesse se acabado da mesma forma que começou,

Do nada, caindo no vazio que os separava um do outro,

Se perdendo nas lacunas da ausência do diálogo,

Os sonhos estavam mortos, o coração pulsava ao contrário,

O relógio pesava com seus ponteiros, parado no tempo,

 

Por mais que procurasse algo para falar não havia assunto,

Se em algum tempo tiveram, hoje não tinham mais nada em comum,

Nem um ponto em que pudessem se complementar,

Mesmo a cumplicidade de outrora, se um dia houve, estava extinta,

A dor de ver tudo que esforçou-se para dar certo se acabar,

Era dolorida, dilacerava sua alma, ela caía em lágrimas,

 

Mas, mesmo que estivesse ao seu lado, ele não a ouvia,

Mesmo que ela fizesse todo o esforço possível para falar,

Ele não a interpretava, nunca havia conseguido entende-la,

Seus instintos sempre falavam mais alto, mesmo à custa do sentimento,

Mesmo que para isso precisasse passar por cima de tudo,

Sujeito imaturo ela o definia, mas o convívio forçado feria,

Ela teria que juntar suas forças, tomar coragem e ir embora,

 

“Sobre terem se amado algum dia, acho que mudamos”,

Ela fez esforço para falar, não obteve êxito, ele não deu ouvidos,

“Como podemos ter caído neste percalço odioso?

Ver tudo que fomos e sonhamos olhar-nos através do espelho,

A contemplar-nos, como se nos visse do avesso,

Como se estivesse a rir dos nossos rostos sombrios?

 

Como se daquele tempo tivesse restado apenas o reflexo,

Isso me leva a pensar um pouco, um instante ao menos,

Será que um dia realmente chegamos a acreditar naquilo,

Nas juras, nas promessas, não sei quanto a você, mas a meu ver,

Tudo foi em falso, uma espécie de jogada do destino,

Em que acreditamos nos sair bem e hoje, cá estamos...”

 

Ele estava absorto na cerveja em seu copo,

Não objetou em nada, se ouviu algo não demonstrou,

Ela levou a mão impaciente ao rosto, esfregou-a no cabelo,

Depois soltou-a em um gesto de impaciência sobre o sofá,

 

Com um menear de cabeça percebeu que não tinha pelo que lutar,

Estava tudo acabado entre eles, e da forma como se encaminhava,

Nunca havia chegado a começar, quando uma relação não passa de uma ideia,

Não é posta em prática ela é tão nula quanto uma declaração nunca confessada,

 

Eles nunca estiveram em sintonia, nunca estabeleceram parceria,

Pareciam estranhos vagando por entre os cantos da casa fria,

Não havia confiança, entre as paredes, as mentiras ganhavam forma,

Nunca chegaram a serem confessadas diretamente por suas bocas,

E se o foram, ninguém fez questão de assimilar, não fazia mais sentido,

Fingirem comprometimento um com o outro estando separados,

 

A união entre duas pessoas nunca foi questão de formalidade,

Poderia ser resumido simplesmente como acordo de vontades,

Mas nesta relação, tudo teve alta voz, menos a vontade,

Escolheram traçar um caminho e embarcaram no primeiro trem,

Destino incerto, não tinha como ter outro ponto final,

Isso, de certa forma, reproduzia um alívio dentro dela,

 

Tornaria sua partida um pouco mais fácil, sem aquele gosto da derrota,

Já era difícil o bastante encarar os rostos bisbilhoteiros da vizinhança,

Mas uma pergunta ainda gritava em sua cabeça, insegura,

Se ele não sentia mais nada, por que a prendia daquela forma?

Por que ficava estagnado, como se desejasse controla-la?

Qual era o efeito daquele amor bandido, que não fazia nada além de ferir?

Seria o medo, seria assim tão difícil o temível fim?

 

Pensando bem, uma pergunta levava a outra, e todas, sem respostas,

Mas de algum modo teria que terminar, alguém teria que tomar a atitude,

Dizem que aquele que diz a frase final é quem carrega a culpa,

E ela sentia-se disposta a correr este risco e pagar a consequência,

Certa ou errada, não insistiria mais no sentimento que acabou a tempos,

E apenas prolongava uma ausência costumeira, o hábito do ostentar,

 

Para que quando perguntassem sobre o casamento pudessem falar,

“Está tudo bem conosco, quanto aos filhos está dentro dos planos”,

Não havia ligação alguma entre eles, tudo era forçado e doentio,

Nem um contato, a comida posta sobre a mesa não preenchia o vazio

Experimentando no vão da cama, abrigados em cobertas separadas,

Separados em suas cabeças, mas agarrados a quê? Uma ideia?

 

A ideia de que o que Deus uniu o homem não separa?

Que união é essa apregoada? A ideia de que o amor é o menor ingrediente,

De que o que dois jovens fazem na adolescência deve durar para sempre,

E a maturidade, a vivencia em suas mentes não conta para nada,

Quando foi que a conveniência se tornou fator principal para manter um casal?

Homem Caído


Como um homem que deseja acordar, desesperado,

Por descobrir que não estava dentro de um sonho,

Mas sim, encontrava-se preso em um pesadelo,

Sentia os dentes cerrados e o suor escorrendo pelo rosto,

Desejou se secar, mas suas mãos estavam inertes,

Seus punhos estavam fechados como se estivesse preso,

 

Por mais que desejasse soltar seus dedos, eles se negavam,

Algo muito forte se sobrepunha a ele, sem que pudesse resistir,

Desejou apenas recuperar o controle, queria interferir,

Dentro dele, agarrada a aquela espécie de irrealismo,

Escorria algo pegajoso com o efeito de raiva e desgosto,

Sentia-se fracassado, caído em solo frio e escorregadio,

Uma dor causticante sufocava-o em si mesmo,

 

Sentia-se cair em um vazio prestes a consumi-lo,

Em algum ponto do caminho em que havia traçado,

Ele perdeu não apenas a altitude, mas também sua força,

Seu coração batia na garganta, sufocando sua fala,

Nada parecia responder as suas necessidades,

Preso em si mesmo, caindo sem piedade, o que seria dele?

 

Ele negava-se a assimilar os últimos minutos,

Recusava-se a cair em si mesmo, esmagado,

Traído pelas costas por um erro de segundos,

Ousou confiar em quem não merecia,

Ou talvez, induzido a acreditar que o erro era dele,

O que importava a culpa quando se está com a cara suja,

Ferido por palavras cuspidas que agora escorriam nele,

 

Como se livraria da sensação ou apagaria o desgosto?

Com a garganta cheia de ódio e o coração frio de sentimento,

Achava que jamais esqueceria este dia, este fato atípico,

Sentia-se descer sem ter onde se segurar, prostrado de joelhos,

Um dedo indicador estava grudado em seus lábios,

Desejava calá-lo, silenciar sua voz sem justificar o motivo?

Ele ainda podia sentir o gosto, posicionado feito um tolo,

 

Não se sentia mais o homem de poucos momentos atrás,

Os ponteiros do relógio estavam presos a aquele tempo,

Cada segundo era tragado para dentro do vazio de sua alma,

Inundando-o, escorrendo por entre os seus dedos feridos,

Saliva e alguma outra coisa queria gritar sua ofensa,

Mas como faria se estava com a boca cheia de angústia?

 

Teria que tomar cuidado com as palavras proferidas,

Elas poderiam não serem tão bem interpretadas,

Agora a vergonha estava estampada em sua cara,

Escorria feito suor por entre suas entranhas,

Queria nunca ter estado naquele lugar, nunca mesmo,

Queria voltar para o calor do abraço da sua mãe,

Queria poder soltar suas mãos, ao menos um pouco,

Mas uma força esmagadora o colocou de cara no piso frio,

 

O pânico e o choque em sua mente sugeriam silêncio,

Do lado de fora, ele podia ouvir que uma mulher gritava,

Mas ele não tentou, não fez nenhum esboço,

Dentro dele, ele sabia que berrava para ser ouvido,

Mas, apenas o sussurro de um gemido pairava ao seu ouvido,

Prisioneiro da sua dor, cooperava com o gosto amargo do silêncio,

 

Ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo,

Sonhou em amar um dia, agora estava estilhaçado,

Fosse ao menos de vidro poderia defender-se,

Mas ele sentia, infelizmente sentia tudo,

Via-se cair no espaço do inseguro, tentou ficar rígido, ereto, mas fracassou,

Não pertencia mais a si mesmo, estava em frangalhos tudo que um dia foi,

Sonhos pelo avesso, passos em falso, objetivos perdidos,

Aonde? Em algum lugar no atalho em que pegou no seu caminho,

 

A culpa ele fez questão de tomar para si mesmo,

A quem mais pertenceria? Ferido de dentro para fora,

De fora para dentro, a este movimento ele nunca foi adepto,

Apunhalar pelas costas, calar a voz em sua garganta?

Sentia como se um ferro quente o atingisse em cheio,

Penetrando sua mente, rasgando-o ao meio,

 

Fez um esforço máximo para recuperar o controle,

Jamais cairia no choro, era um grande homem,

Mas neste instante, estava imóvel, jogado contra a parede,

Com investidas irônicas a cercearem sua liberdade,

 

De tudo que foi um dia, nada restou, nem a sombra,

Sentia o pânico dominando suas alternativas,

Fechando-o naquele tormento pesaroso e sem hora para acabar,

Nem um ruído como resposta, por trás de si, um gemido,

 

Já não era mais nada estava destruído, suas pernas abriram-se tremulas,

Ele não conseguiu conter o peso, caiu de quatro ferindo o rosto,

Um sopro saiu dos seus lábios inseguro, sentia falta de ar,

Estava tudo acabado, a força que o mantinha se afastou um pouco,

Ele continuou ali no chão, incapaz de levantar a cara do solo,

A força que o prendia, afrouxou-se, estava livre, poderia sair daquele estado,

Apenas mais um pouco, disse para si mesmo, logo caiu em silêncio.

Eu Sou Uma Danada

Sem o troféu “A melhor” Nem a miss mundo, Ou a garota modinha, Simplesmente, Datada “a perfeita” Intitulada “A grande g...