quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Homem Preparando Seu Próprio Café


Com um menear de cabeça para espantar as ideias,

Já não sabia onde estava ou o que fazer da sua vida,

Queria relaxar um pouco a pressão que o forçava,

Ele tratou de pôr a cabeça para descansar,

Precisava traçar uma nova rota, provar do inseguro,

Apenas para forçar uma segurança em si mesmo,

 

Que parecia ter abandonado a tanto tempo atrás,

Mas que ainda o pegava pelo braço e o conduzia,

Embora possa parecer contradição entre o que sentia

E o que demonstrava, dentro dele algo o incomodava,

Baixou a caneta sobre o papel nem terminou a linha,

Esgotado e sem forças deixou-se cair sobre a cama,

 

Mais difícil que ter uma ideia em que acreditar,

Era coloca-la em pratica, expondo-se a reações adversas,

E ainda ter forças para enfrentar de cabeça erguida,

Afinal, ao homem não é permitido a insegurança,

Para que afrouxar o cinto que prende a roupa,

Quando pode-se simplesmente abrir o zíper da calça?

 

Tudo é tão prático que chega a parecer metódico,

Um dia você pega-se apenas repetindo o passado,

E ainda acredita que está vivendo um sonho lindo,

Pôr a cabeça em ordem garante passos bem-sucedidos,

Ao homem nunca foi permitido o erro, negava-se a isso,

 

Passou as mãos pelos cabelos loiros e bem cuidados,

Sentia-se preso a si mesmo, descompassado quanto a algo,

As paredes frias do quarto o pressionavam, precisava ter cuidado,

Levantou-se, foi a geladeira, colocou o leite gelado em um copo,

E bebeu tudo, ainda pensativo, pegou a frigideira,

Pôs bacon e ovos, juntou uma fatia de pão, esse foi seu jantar,

 

Aquela ideia tosca em que um homem não se garante sozinho,

Já não convencia ninguém mais, para que enganar-se?

Dentro do seu peito o amor ressoava alto, refletia um rosto,

Ele olhou para a cadeira ao lado, para as sobras da comida e chamou um nome,

Depois que se despediu dela, sem saber se aquele seria mesmo o final,

Continuou a fazer tudo da mesma forma, como se a esperasse ainda,

 

Pelo menos desta vez, ele não pôs um prato a mais na mesa,

Era uma sujeira a menos para lavar, mas e quanto a sua alma,

Será que estava reagindo bem a tudo que via e mantinha na memória?

Apegar-se tão forte a alguém que foi embora para nunca mais voltar,

Pode ser de extremo perigo para os sentimentos de quem fica,

Ele decidiu nunca mudar de lugar, será que desejava ter ela de volta?

 

Sentia-se esgotado de todas as suas forças, sua resistência estava partindo,

Amar com toda a alma só deveria ser permitido quando fosse recíproco,

Só se ama uma vez repetiam os tolos, então porque ainda se apegavam a ideia?

Mesmo ele, perambulando por entre os escombros de tudo que existiu um dia,

Será que acreditava que teria forças para reerguer tudo de volta?

Se ela havia partido, se recusando a ficar, por que gastar forças desnecessárias?

 

No destino em que cada um caminha a seu modo era negado o direito de escolha?

Um acidente em seus objetivos seria o bastante para desvia-lo da sua rota?

Então, em que ele acreditava? Apegado demais a uma pessoa esquecia do amor,

Alguns chegam enquanto outros vão, o amor não se resume a uma única boca,

Não que ele fosse adepto a beijar todos que se colocavam diante dele,

Mas ela escolheu abraçar outras ideias, viu outra linha no horizonte,

 

Se agarrou a sua consciência e a abraçou mesmo com as mãos tremulas,

Fez tudo que estava ao seu alcance por ela, mas falhou e agora?

Morreria por uma ideia? Agarrado a imagem de uma pessoa que o feriu,

É tão cruel o amor que aprisiona os sentimentos sem que possa se soltar?

Que amor errôneo, morrer por que quem amou partiu para outro lugar,

Por mais esforço que fizesse, ele não conseguia esquecer das suas últimas palavras,

 

Dia 19 do mês de julho de 2009, que sorte teria se pudesse deletar da memória,

Quisera Deus conceder a oportunidade de que nunca tivesse existido,

De que quem amou com toda a alma apenas o aceitasse da forma que ele era,

Que as atitudes e as palavras jogadas contra ele, nunca o tivessem ferido,

Não tivesse sido rejeitado em pessoa e em suas ideias, tivesse sido amado apenas,

Ela buscava elevar-se sobre suas costas, não via respeito em seus olhos,

 

Se escondeu atrás da bebida e falou demais, tomou a atitude errada,

Como ele poderia ter ficado inerte, sem reação alguma em seu peito,

Foi tão forte a situação ocorrida que desacreditou ter saído ileso,

Foi raiva, magoa, covardia o que enxergou nos olhos de quem mais amou,

Fosse o que fosse que houve naquela hora, não se prenderia a isso,

Era necessário viver a vida, seguir com as ideias em que acreditava,

 

Amar é preciso, mas prender-se até morrer por isso, é covardia,

Contra si mesmo e contra quem pudesse beneficiar com seus atos,

Ele desejou mais que isso, seguiria de cabeça erguida,

O mais ileso que fosse possível, para que fechar-se em sua dor?

Consciente de que, se errou, foi por ter amado sobre medida,

Não desistiria de conservar sua imagem abrigada em seu peito,

 

Mas também, não se entregaria a morte condenando os demais,

Se alguém partiu outro poderia entrar e abrigar-se naquele lugar,

Sempre haveria pessoas a sua volta as quais pudesse amar,

Pessoas que dariam sua vida por ele, que o amavam com todo o carinho,

O ato de desistir de viver é o gesto mais egoísta que existe,

É desabrigar pessoas que sofriam sobremaneira ante o seu sofrimento,

 

Cutucar sua própria ferida para ver-se sangrar e condenar os outros ao sangue,

O desejo de morte nunca curou a dor apenas a transferia de lugar,

A ideia de outras vidas e coisas mais, é fugir da própria realidade, afugentar-se,

Atos desesperados sem medir as consequências para quem fica, pura covardia...

 

Se tudo não passava de um teste sobre a sua coragem ele seguiria adiante,

Do contrário seguiria por amor ao que acreditava e por quem também o amava,

Não estava sozinho, a não ser na sua cabeça, então o que ainda o prendia?

Se quem o amava foi embora, não era o seu desejo liberta-lo para a vida?

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