sexta-feira, 25 de março de 2022

Recostada em seu Peito



Recostei meu rosto em seu pescoço,

Sorvi o seu cheiro e me acomodei no seu peito,

Fechei os olhos, não queria mais nada,

O último vestígio da saudade se acabara


No mesmo instante em que ele se voltou,

Sorriu e me disse olá, que bom revê-la,

Quando me aconcheguei nele confesso teor de revolta,

Um pingo de insegurança molhou meu olhar,


Não fora o bastante para o definir lágrima,

Mas quase afogou as minhas certezas de outrora,

Tudo que restou do medo de ficar sozinha,

Foi uma dor de cabeça a um passo antes dele,


A um segundo antes de ele me olhar e sorrir,

Assim que o vi no horizonte,

Senti tudo se afastar, mas quando me aproximei,

Não pude ocultar o passo em falso e a timidez,


Aquela espécie de tremor que vem dentro da gente

E que não nos permite pensar tão bem no que se faz,

Mas, então ele me olhou daquela forma perfeita,

E não precisou outra coisa,


Ainda assim ele sorriu para mim e isso feriu de morte

Cada incerteza que eu tive,

As coisas em que me agarrei e disse para mim mesma

Buscando esquecer de nós dois,


Tornou-se letra morta nos escombros da dor da saudade,

Percebi assim que o senti se enlaçar em minha cintura

Que tudo não passaria de cinzas e voaria para distante,

O calor que irradiava de nós dois era intenso o bastante,


Mas eu não disse nada, apenas fiquei ali a sentir o seu cheiro,

Não quis pensar que as cinzas poderiam voltar

E ofuscar a luz do meu olhar como fazem as nuvens,

Mas, me recostei bem nele e desejei não sair,


Como foram tristes os tempos em que ficamos distantes,

Eu não teria meios para descrever o tormento,

Contudo ao senti-lo tão perto,

Imaginei que ele tinha consciência sobre isso,


Nossos corações estavam em saltos,

Creio que se encontraram antes de nós dois,

Muito antes ainda do nosso abraço,

Talvez, bem antes de a saudade chegar sorrateira

E me abraçar em fria madrugada a me fazer prisioneira,


Aconchegada ao seu corpo quente eu suspirei sem perceber,

E só percebi o beijo, quando não sentia mais meus pés no chão,

Quando algo dentro de mim pareceu flutuar,

E a carícia mais esperada tocou meu rosto sem recuar.


quinta-feira, 24 de março de 2022

A Espera do Seu Beijo

 

Em doce amor eu mergulho em sua boca,

Busco de todas as formas me saciar,

Mas que doce possui este amor

Que quanto mais eu o busco mais quero?


Por amor e por te querer em minha vida,

Eu o te beijei por horas e o desejo mais ainda,

Que sua mão direita segure sempre a minha,

Que a outra permaneça a postos por nós dois,


Pois as minhas foram feitas para te amparar,

Não quero outra coisa se para ti eu não for o bastante,

Estes seus dentes brancos bem feitos e afiados

Abriram os meus lábios cerados num beijo sedento,


Encontraram o véu que ocultava a minha alma,

E o rasgaram sem dó ou piedade e me fizeram sua,

Debaixo dos seus pés caem nações inteiras,

Não cairia menos diante de tanta beleza e simpatia,


Este amor que eu sinto, meu bem,

Subsiste para todo o sempre,

Lugar em que encontro o que procuro,

Você sabe, é o seu carinho,


Lugar em que tenho tudo que preciso,

Você entende, é o seu abraço,

Amo o seu afeto e odeio a distância do nosso beijo,

Tenho como beijar seus lábios por uma vida?


Me perdoa, meu amor, mas de você não me sacio,

Existe uma ânsia louca em mim que te busca,

Por isso, estes lábios trêmulos que agora falam,

Escolhem seus braços para abrigo,


Seus dedos por desalinho,

Para que um pouco antes do néctar do seu beijo,

Eu me sinta saciar ou ao menos tente me enganar,

Sentindo-os tracejar a linha da minha boca,


Em doce previsão de tudo que estou para sentir,

Doces apertos sobre a minha pele em convite,

Dizem os seus dedos a minha boca: abra-se e faça-se minha,

Antes mesmo que chegue a tocá-los, meu bem,

Você sabe, já estão trêmulos e a sua espera.

quarta-feira, 23 de março de 2022

Meu Homem

 

És dos homens o mais notável,

Não posso dizer que a lua nascia no horizonte,

Nem que pensei em sonhos de amor,

Mas pedi para beijar sua boca e ele correspondeu,


Derramou-se graça em seus lábios,

Como se suas palavras fossem feitas de afagos,

Adiei o máximo que pude sentir aquilo tudo,

Mas confesso que quando me juntei a sua cintura,


Assim que senti o calor da sua pele sobre a camiseta escura,

Eu percebi que existe hora certa para tudo,

Até para se apaixonar, confesso: fechei os olhos,

Quis adiar de todas as formas, mas não tive como,


Me coloquei na ponta dos pés e senti sua boca,

Sorvi cada beijo mais doce que o afago das suas palavras,

Os planos que eu tinha estavam em outro caminho,

Não parecia certo me apaixonar,


Mas beijei-o e não quis mais nada,

Atrás de mim eu deixava uma pequena cidade,

E nela muitos dos meus sonhos da mocidade,

Mas parado comigo em meus braços estava ele,


E neste instante era tudo que eu precisava,

Sabia que tinha que pensar mais sobre isso,

Deus e algumas pessoas sabem o quanto resisti,

Eu o vi desde o segundo em que pus meus pés ali,


Mas evitei-o, me esquivei do seu olhar, fugi do que dizia,

Se vocês pudessem me ouvir agora, saberiam disso,

Sentiriam a segurança de quem não mente em minha voz,

Mas, aqui neste papel, não posso fazer mais que escrever,

Então, não espero que entendam nem tento dar explicação,

O momento de resistir ao amor havia acabado a horas,

No exato instante em que senti o acelerar do meu coração,


Mas mesma hora em que o vi e não pude mudar o passo,

Um pouco antes do instante da fuga que falei antes,

Eu poderia sonhar o que fosse nada me afastaria dele,

Não mais, acontecesse o que for eu estaria ao seu lado,


Chamo a isso amor, mas facilmente trocaria por necessidade,

Uma espécie de vício onde se encontra tudo que precisa,

Quando os lábios se completam e as ideias também,

A ideia de perde-lo simplesmente me apavora até hoje,


Estou ficando arredia para fugir do que sinto,

Esta coisa de evitar o amor e brigar comigo mesma,

Já não dá resultado, isso apenas era interessante antes dele,

Antes de me enlaçar no seu pescoço e sentir sua pele macia,


Seus braços a percorrer-me como se não houvesse mais nada a fazer,

Cobro dele apenas seus beijos e um abraço apertado,

Nas suas mãos o amor percorre feito o suor sobre a pele,

Cada carinho seu é um convite para ficar mais perto,

Que sua mão direita percorra meu corpo por uma noite inteira,

Que não tenha outro dia se eu quiser ter outra mão ao invés da sua.

terça-feira, 22 de março de 2022

Bem-Vindo Outono

 

Me sentia bem,

Exceto pela saudade,

Sentia o frescor do outono,

Primeiro dia,


O cheiro de frutas preenchia o ar,

Da falta de lágrimas eu não estranhava,

Mas, confesso que aguardei pela chamada,

A ligação fora de hora que neste instante,


Eu já sabia, não iria chegar,

Nem ao menos ele voltaria,

Esperanças jogadas ao vento,

Folhas a preencher o chão amarelado,


E eu, aqui a lhe falar tudo que vivo,

Sobre o amor que sentia certo dia,

Não omito os detalhes,

Mas, assim como algumas folhas se perdem,


Dentro de mim, algo iria junto para outro lugar,

Talvez para distante, talvez não tanto,

Meados do fim de março e eu não esperava outro mês,

Nem ao menos pensava em outro dia,


Apenas vivia o presente,

O outono enchia de cheiros todo o ambiente,

As frutas pareciam competir uma com a outra,

Em mim, a saudade brincava com a distância,


Às vezes, deixava as lembranças distantes

Outrora me ignora e as faz presente,

Sim, ainda me recuso a lembrar,

Depois de meses de distância quem se arriscaria?


Tinha passado a minha última hora

Pensando em nunca mais recordar a sua boca,

Jurando para mim mesma

Que nunca houve nada e nem haveria,


A esperanças, as vezes, confesso brinca com a gente,

Se disfarça de saudade e ousa nos fazer sonhar,

Mas, isso não dá certo comigo, não neste instante,

Quando pássaros voam e borboletas caem,


Quando tudo parece tão longe de ter existido,

Segundo em que o gosto do seu beijo passa despercebido,

Sugo uma laranja e pego outra,

Me recurso de todas as formas recordar sua boca,


Até o fato de você ter insistido tempos depois

Me passa despercebido,

Não busco o motivo de ter insistido,

E muito menos o de ter desistido,


Bem, que o dia está lindo não é impossível de ser aceito,

Mas, quanto ao sol, posso confessar que nunca o vi deste jeito,

Começa a nascer, mas fica esfumaçado,

Chego a pensar que está em passos incertos,


Será que nem mesmo ele possui todas as certezas?

Penso que ele não está ali por simples estar,

Sei que as vezes ele disfarça e olha para a lua,

Mas, hoje vejo um brilho diferente no ar,


Ele não parece estar seguro,

Talvez saiba de algo que não queria calar,

É o que eu digo: as vezes, a gente se cansa,

Quem sabe a lua saiba dar ouvidos,


Ou então, a relva aqui embaixo o responda,

Me agacho por um segundo, estendo as pernas e me sento,

Vou esperar, acho que hoje não é como ontem,

Há algo no ar, eu me definiria, quanto a isso: impaciente.

segunda-feira, 21 de março de 2022

O Lado Obscuro da Lua

 

Mas enquanto eu o observava,

Pude ver muita coisa,

Posso dizer que nem tudo que vi gostei,

Então, antes que eu pudesse concluir,


Ele voltou-se, pôs a rosa em uma das mãos,

Veio com quatro passadas na minha direção,

Seguiu, como se não me visse,

Não sei se estava desatento ou o quê,


Chego a cogitar que estivesse indiferente,

Seguiu rumo a escuridão das sombras de uma árvore,

Ali a lua não brilhava, nem sequer o alcançava,

Imensa escuridão se apossou de quem eu amava,


Fiquei inerte, o que deveria fazer naquela hora?

Talvez, se você estivesse no meu lugar faria diferente,

Talvez, com um pouco de reflexão encontraria a resposta,

Eu não, apenas levantei os olhos para o luar,


Tive sonhos que entreguei a lua e outros que pedi de volta,

O homem que eu amava fora tragado para algum lugar,

Aquele que esteve a instantes em meus braços,

Agora, eu já não sabia aonde estava,


Amor em meus lábios substituído pelo sereno arredio,

Gelava como um cubo a percorrer minha boca,

Derretia ali em algum lugar e poderia ter escorrido,

Não fosse eu passar a língua e sentir seu gosto,


Abençoado o instante em que provei o gosto daquela boca,

Agora, penetrando para algum lugar da minha alma,

O escuro a minha volta crescia,

Percebi desatenta o transcorrer das horas,


O escuro apagava todo o meu redor,

Mas não consumia o medo que eu sentia,

Sentia que ali naquele escuro e incerto eu iria cair,

E para onde eu iria eu poderia não ser encontrada,


Confesso que é difícil o instante em que se apaixona

E após sofre esta espécie de queda,

Em que o rapaz simplesmente não corresponde,

Por um momento cheguei a me sentir ofegante,


Não o bastante para me mover, virar para trás ou correr,

Nem mesmo o suficiente para chamar seu nome,

Acima de mim, a lua estava inerte a tudo que acontecia,

Atrás de mim, perdido em algum lugar, estava aquele que eu amava,


Passavam-se agora os minutos, sim, eu poderia conta-los,

As horas se apressavam e davam importância aos segundos,

Ele poderia vir ao meu encontro quando quisesse,

Que situação difícil a minha de não saber aonde ele estava,


Meu coração estava sendo embebido pelo sereno frio,

Aquele que derreteu escorreu para dentro,

Dilacerava as palavras belas e consumia com elas os momentos,

Poderia dizer que afogava o meu amor,


Mas, aquele que eu amava ainda não, eu sentia,

Este estava a salvo, apenas eu e ninguém mais era o alvo,

Fosse a minha língua como a pena de um escritor,

A de poucas horas atrás que escrevia eu te amo em cada beijo,


Talvez, eu tivesse o que dizer sobre o meu amor,

E a lua não se afastasse de mim tão depressa me fazendo cair no nada,

O sereno agora formava uma fumaça densa e palpável,

Eu a sentia, a via, mas não conseguia tocar nela,


Se quisesse pegá-la ou conter não seria possível,

Assim foi com aquele que entreguei meu beijo a poucas horas.

domingo, 20 de março de 2022

Beijo Bom

A figura com aquela flor na mão

Me parecia distante de mim, um pouco,

Dez passos a distanciar-me do seu coração,

Porém, seus pensamentos divagavam para outro lugar,


Repare, apenas por um instante, como eu,

Ele tocava colhia a rosa vermelha com a mão direita,

Sorvia seu cheiro e com a esquerda parecia afaga-la,

Seu olhar brilhava pensava alguma coisa,


Seu semblante brilhava ao sol de forma diferente,

Se você o conhecesse perceberia desde logo,

Ali não estava o homem que eu beijei a pouco,

Seus olhos embora contemplassem o vermelho da flor


Desviavam dali e por reflexo viam o horizonte,

O vento trouxe uma folha sobre o seu rosto,

Ele não se moveu a deixou ali sobre o casaco bege,

Fosse o que fosse que tomava os seus pensamentos


Deveria ter alguma importância, eu soube disso,

Você saberia assim que contemplasse aqueles olhos,

Olhos fortes e seguros como aqueles não se perdiam,

Ele puxou a flor do nariz para o lábio inferior, beijou-a,


Eu levei minha mão a boca, pedi em nome de Deus,

E todo o amor que sentia, não quisesse ele apagar-me,

Por Deus o beijei com tanta paixão que não sei o que faria,

Meus joelhos bambearam, mas os dele estavam imóveis,


Ele sabia o que queria, como sempre soube,

Era algo importante, eu não duvidei disso um só instante,

Meu vestido balançou ao vento e levou a ele o meu cheiro,

Eu sorri e o esperei se virar para me ver,


Porém, ele não o fez, apenas levantou o rosto,

Um sorriso quis brincar nos seus lábios, mas não o fez,

Ao contrário escondeu-se creio que em seus olhos,

Dali onde eu estava eu não poderia ou não queria ver,


Em vez do vestido que eu usava quando o beijei,

Quis por desígnio de Deus, vestir outro, acho que errei,

Se houvesse problemas, agora, eu teria que resolver,

Pedi a Deus por um sinal e uma nuvem enublou o sol,


Não sei se ficou melhor ou pior,

Mas foi tudo que tive, aceitei isso da melhor forma,

Meu peito arfou forte como a minutos atrás,

Não como no instante do nosso beijo, não mais,


Agora eu estava insegura por outro motivo,

Temia ser esquecida, ou, evitasse Deus: ser deixada,

Pode ser que eu tenha falado algo, não lembro,

Mas pisei em uma madeira e ela e folhas secas fizeram barulho,


Eu estremeci de novo, notei um sorriso no rosto dele,

Se ele ousasse me deixar, eu choraria, temia não ser forte,

Talvez eu corresse para dentro, e abandonaste a veste de lamento,

Olhei para trás, sim, ousei me virar - ele não,


Permaneceu como estava, seguro da mesma forma,

Não sei porque motivo mas eu aprovava a sua reação,

Então, me voltei a ele e me aproximei,

Sabia que poderia ser rejeitada, acho que todos sabem,


Enfrentei o medo e decidi brincar com a sorte,

Abracei-o por trás e o indaguei: querido, o que está a pensar?

Ele sorriu, tocou minhas duas mãos e repousou a flor,

-Querida, pensava no seu beijo e era bom.


Eu estremeci diante disso- resposta inesperada,

- querido, pensar em nós é bom, isso?

Me virei a ele aos poucos e sem soltá-lo,

-Querida, esperei tanto por seu beijo que pareço sonhar,


Me perdoa se ainda não acreditei que estás comigo?

Não sei se ele tinha mais a dizer e foi interrompido,

O que sei é que de um salto eu me pus em seus braços

E jurei a mim mesma: dali não sairia por nada.

sábado, 19 de março de 2022

Um Gole e Um Segundo

 


Minhas mãos não estavam totalmente vazias,

Depois de ter sentido o rosto dele nelas,

Eu soube, naquele instante, nunca mais estariam,

Sempre restaria o seu calor em cada uma delas,


Seu cheiro, chego a arriscar o seu gosto,

Porque quando a gente ama de forma plena,

O amor parece simplesmente não terminar,

Houve uma noite interminável depois do beijo,


Noite insone e solitária ardente em desejo,

Em que o busquei por todo o lugar e você não estava,

Dirigi pela cidade, cheguei a um bar e fiquei a esperar,

Era agosto de inverno e nada,


Uma noite inteira me fez pensar que ficaria louca,

Mas não, foi insuficiente para apagar as marcas,

Cá estou eu, a te buscar, apaixonada da mesma forma,

Com alegria, um pouco de saudade e uma bebida,


Alguns poucos olhares para fora da janela,

Uma música para preencher o ambiente e sua lembrança,

Um suspiro preenche o ar e perambula de um lado ao outro,

Eu não faço nada, não espero que ele se canse,


Nem tento forçar saídas que não darão a nenhum lugar,

Simplesmente lembro e bebo, o que mais faria?

Acho que são cinco horas da manhã,

Eu deveria ter dormido a bastante tempo,


Passou-se um mês depois da noite insone de agosto,

Quem se importa com o tempo quando se está longe?

Meu coração dispara a recordar cada um dos beijos,

Eu já nem sorrio ou choro, apenas bebo,


Poderia chamar agonia o que sinto,

Mas saudade preenche mais o sentimento

De olhar minhas mãos e sentir nelas você, ali, ainda,

Esta sensação dilacera com a ideia de sofrimento,


Mas não ameniza a dor que sinto, não nego,

Apenas acalenta um pouco, e me faz te esperar,

Às vezes, me indago aonde você estaria,

Se estaria sozinho ou com alguém do seu lado,


Não sei até que ponto isso é importante quando se ama,

É claro que neste ponto eu penso: poderia estar comigo,

Meu coração sangra as palavras que o disse naquele dia,

E que de alguma forma o fez ir embora,


Ou pelo menos não foi capaz de te fazer ficar,

Não penso muito nisso, agora já não posso mudar o passado,

Em algum lugar, mais alguém espera outro alguém,

Esta é a lei da vida quando se ama,


Dentro de mim, não pulsava o que eu definiria vida,

Não, de forma alguma poderia alegar estar feliz,

A ausência da lágrima ou da fala arrastada e sofrida

Não esconde ou afasta o fato de sentir dor,


Mas, as minhas mãos acarinhavam uma a outra,

Era como se dessem corda ou vazão para que eu sentisse ainda,

Meus lábios bebiam, sorviam cada gota e outra gota,

Contava o líquido como se contam as horas,


Sentia o gosto da bebida onde eu queria um beijo,

Mas, sobre a saudade que eu sentia?

Nunca obtive uma resposta,

Voltei-me para a bebida, quente e ao fim,


De um gole apenas deixei o copo vazio,

Mas não se faz isso com o coração, não se esvazia o amor,

Ele chega, se instala e continua é assim,

Eu já não tinha um lugar para ir sozinha,


Sem resposta quanto ao que eu sentia,

Preferia evitar sair ferida ou ferir um coração desavisado,

Se fechasse meus olhos acho que teria um pesadelo,

Mas viver sem quem amo, meu Deus, como definiria isso?


Minha voz rouca e petulante sussurrava: querida, liga!

O que mais eu poderia fazer simplesmente esperar?

Pego o telefone mas não tenho resposta,

Nenhuma que eu queira, nem ao menos a do porquê ligar,


Com um suspiro trêmulo encho o copo até a borda,

Volto a contar os goles e as horas de olhos abertos,

As coisas, bebidas e tempo se encaixam umas as outras,

E o que eu sentia também, algum dia se encaixaria,


E se eu não me mexesse muito, não ficaria tonta,

Isso evitaria dormir e acordar sem lembrar de nada,

Bem, sem lembrar da noite e outras coisas,

Porque a verdade é que esquecer eu já não era capaz.

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...