Em um daqueles dias nublados,
Em que tudo parece dar errado,
Sentia a fúria esmorecer a alma,
E a cólera corroer a calma,
Mas antes de tomar uma atitude precipitada,
Da qual pudesse se arrepender de forma desmedida,
Sentou-se sobre as pedras à beira do rio,
E entregou-se ás lágrimas de um choro desolado,
Dispersando sua mágoa,
A atirar pedras no fundo da água.
Ao perder a força e dispersar a raiva,
Não sei se pelo choro ou devido ao esforço,
Percebeu que a marca deixada pela pedra
Sobre a água se apagava,
Como uma ferida,
Que não importa o quanto seja profunda,
Se cicatriza,
Porém, assim como a pedra continua
Submersa no fundo da água,
E talvez, mesmo com um mergulho,
Seja impossível recolhê-la,
A cicatriz promovida pela palavra,
Ou perpetuada pela ação humana,
Permanece a ferir a alma,
Como uma espécie de lembrete,
A pedir serenidade,
Ou algo que se possa usar como exemplo,
Do quanto à convivência humana
Clama por respeito.
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