terça-feira, 18 de julho de 2017

O Sumiço

Depois de uma noite bem dormida,
Daquelas em que se alcança as estrelas,
Acordou com um sorriso nos lábios,
Mas tão logo abriu os olhos,
Com o corpo ainda sonolento,
Percebeu que algo estava errado,
E ao virar-se para o lado,

A procura de seu amor,
Para comentar acerca do frio indesejado,
Notou com estranheza que já havia levantado,
Presa em suas suspeitas, sentiu a falta de um cobertor,

Fato que explicava o frio, mas não o quarto vazio,
Com os olhos arregalados pelo espanto
E um assalto no coração,
Sentiu a falta da televisão,

Com um salto, abriu o roupeiro,
E as roupas do cônjuge haviam desaparecido,
Aliás, tudo que pertencia a ele, havia detalhadamente sumido,
Foi o que observou ao percorrer o apartamento,

Tudo meticulosamente separado,
Apenas o que concernia a ela havia ficado,
Junto com seus boletos de pagamento,
Desde o sofá da sala, às panelas da cozinha,

Nem mesmo o carro,
Presente que havia ganhado no aniversário,
Escapou do sumiço,
Nem precisou de sexto sentido,

Pois, ou foram alvos de um furto seletivo,
E de um sequestro relâmpago
Em que haviam levado seu marido,
Ou, simplesmente, ele havia lhe abandonado,

Nem precisou de confirmação,
Por ser óbvia a última opção,
E antes de haver chance para arrependimento,
Trocou as chaves do apartamento.

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