Já que aceitou nossas promessas de amor,
Qual seria o problema em agir a rigor,
Respeitar e entender minhas perspectivas,
Ao invés de desejar discutir por qualquer problema,
Nosso jogo de amor é o resumo de um dilema,
De somar nossas forças e dividi-las para ver quem ganha?
Se for dessa forma adianto que perdi ao som da sua voz,
Ao aroma da sua pele a acariciar meu corpo sequioso,
Ao sabor do beijo que sinto se desenhar sobre meus lábios,
O amor não é um instrumento para ser usado a caráter,
É um sentimento que se sente ao invés de medir em espécie,
Apega-se ao que acredita ao invés de enxergar as evidências,
Por que agir através de crenças e ignorar tudo que sente?
Nos afastamos um pouco, nossos dedos se desenlaçam agora,
Você não nota isso quando andamos um ao lado do outro?
Até quando atravessa a rua você teima em ir apressado,
Quase tropeço quando tento te alcançar, você não vê isso?
Apega-se a todo o seu redor mas esquece que existe um nós,
Ele ficou estático, examinou todo o seu redor, depois me olhou,
Mesmo estando em silêncio percebi que me observava um pouco,
Era detalhista e quase científico na forma como via os
fatos,
Ele estaria calculando nosso amor por meio das palavras e
atos?
Quando o coração fala é mesmo necessário ouvir a voz da
razão,
Depois de tudo que vivemos, deveria estar pesando esta
dúvida,
Que pairava sobre os nossos ombros, deixando o ar sufocado?
Como uma espécie de linha tênue a nos dividir um do outro?
As dúvidas estariam pondo em analise o que sentíamos,
Não bastavam nossas juras, os sonhos que nos uniram?
Agora havia algo entre nós, forte o bastante para sustentar
aquele olhar,
Alguém que havia se entregado com tanta profundidade não o
mereceria,
Ele olhava demais para mim, o que estaria a deduzir agora?
Queria que ele recuperasse o foco, que lembrasse de nós,
Procurei algo em que me assegurar e não soube pelo que
procurava,
As brigas haviam indefinido o que sentíamos e isso vinha ao
nosso encontro,
Era como se todas as promessas que desenharam nossos passos,
Estivessem sendo suprimidas por dúvidas que as deixavam em
falso,
Com um virar de rosto, me esforcei para olhar para trás
ainda a procura,
Com um semblante de espanto vi que cada passo havia sido
redesenhado,
Em cada jura de amor agora existia uma dúvida suprimindo-a,
Já não conseguia distinguir uma coisa da outra, estávamos sumindo,
Nossos sonhos em que tanto acreditamos ficavam para trás,
O ar pesado de agora formava uma espécie de neblina sobre
eles,
Talvez, tivessem o auxílio de algumas lágrimas - aquelas
sofridas as escondidas,
Mas, por mais que me esforçasse, tudo se embaçava e eu não
conseguia ver,
Com esforço saí de lá, corri ao encontro dele, quis me ver
segura,
Mas seus braços permaneceram jogados ao lado do seu corpo
imóveis,
Não me abraçaram como em outros tempos, não me asseguraram
de nada,
Não ouvi sua voz ao meu ouvido, nem as promessas em que
acreditava,
Isso não durou mais que um minuto, mas teve o gosto de
pesadelo,
Acordada e de olhos fechados, não conseguia enxergar quem
mais amava,
Procurava-o entre as incertezas mas ele se escapava para
outro âmbito,
O que haveria de tão intenso ente nós dois, o que estaria a
nos distanciar?
Seria erro meu, erro dele, ou de nós dois? Queria senti-lo
em meus afagos,
Queria ter algo em que me sustentar, me sentia tremula e
indefesa,
Minhas dúvidas ficavam quietas e ferozes dentro da minha
alma,
Queria gritar para que eu abrisse os olhos e o visse em
algum lugar,
Mas embora eu o sentisse entre os meus braços ele parecia
não estar,
Mesmo eu me agarrando com toda a força ele parecia não me
avistar,
Onde estaria o homem que tanto amei um dia? Lá atrás,
Onde nem mesmo eu o havia encontrado, onde tudo parecia se
apagar?
Eu tentava avaliar as suas palavras, o teor dos últimos atos,
Mas, tudo havia se apagado em meu coração, ele pendera ao
silêncio,
Havia uma discussão infundada em meu entorno, eu pedia
trégua,
Mas como poderia ponderar se nem sabia suas expectativas?
Tentei me concentrar no quanto eu o amava e como o
demonstrava,
Abracei-o com ainda mais força, mas mesmo assim, ele não se
movia,
Era tão angustiante quanto acordar em noite escura de
pesadelo,
Era real, eu poderia abrir os olhos e contempla-lo,
Estagnado entre os meus braços, ciente e arredio ao meu
sofrimento,
Sim, meus olhos estavam abertos e eu poderia contemplar seus
olhos,
Mesmo agarrada a ele, o sentia tenso, distante demais de nós
dois,
Ele me feria de frente, enquanto eu tentava salvar o que
pudesse ser salvo,
Os olhos que choraram por mim, agora me olhavam vazios,
Os mesmos que me prometeram amor em tempo não tão antigo,
Não sentiam o bastante para levantar os braços sobre meu
corpo,
Não me amavam o suficiente para me abraçar e produzir
conforto,
Suas mãos estavam abertas era como se estivessem estapeando
meu peito,
E ele pulsava no mesmo teor, sentia por dentro o seu
distanciamento,
O plano de fazê-lo repensar sobre o nosso sentimento
escapara entre os dedos,
Os mesmos dedos que pareciam se apertar em meu peito,
sufocando-o,
Seus olhos estavam sobre mim, mas não viam o que eu sentia,
Estavam abertos em minha direção, mas só viam em reflexos,
Olhos vítreos sobrepunham-se aos nossos sonhos de uma vida,
Como se houvesse uma moldura a distancia-los dos nossos
sonhos,
Estagnados, como se enfraquecido para me abraçar de volta,
Meus olhos o avistavam mas temiam enxerga-lo, o viam:
arredio.
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