terça-feira, 15 de julho de 2025

Casada por Acaso

O término do namoro
Levou Ana ao dezenove
Pote de dez litros de sorvete,
Já conhecia todos os sabores,
Brincava com as cores,
E salgava o final de cada pote
Com suas centenas de lágrimas.
Exatamente, isso.
Roberto a deixou,
Nas vésperas do casamento,
Claro que não havia
Data marcada,
Contudo, ela estava convicta
De que ocorreria,
De que se amavam,
Logo, comprou o vestido
Mais caro,
A sua escolha e perfeição
De detalhes,
Ela até, já fazia suas viagens
Ao redor do país
Com Roberto ao seu lado,
Buscando uma igreja
Na qual ela se adaptasse,
Para realizar a celebração.
Quando chegava
Neste instante da lembrança,
Chorava muito,
Costumava guardar o álbum
De fotos,
E esquecer que acreditou
Que ocorreria na catedral
De Florianópolis.
Decidiu, diante disso,
Fazer outra viajem,
Desta vez,
Levaria o vestido
E jogaria no mar de lá,
Ou faria uma doação
A alguém que cruzasse
Pela linda Praia dos Ingleses.
Talvez, algum casal,
Ou um sorteio,
Juntaria todos os nomes
Dos que desejassem o
Encantador vestido Dior,
E o nome que saísse de
Dentro do chapéu de praia
Ganharia.
No caminho, o pneu furou,
Não podendo parar
Na rodovia,
Seguiu adiante e a roda entortou,
Foi obrigada a parar
Numa loja para adquirir
Uma nova.
Chegando ao local,
Uma moça foi logo
Levando o carro até o lugar
Onde efetuaram a troca.
Trocando algumas palavras,
Soube que ela era mãe,
Adiante na conversa
Duas meninas surgiram
Sentadas na escada de madeira
Com um gatinho cada.
Sabendo da viagem,
As meninas iniciaram a chorar
Para ir junto,
Se abraçaram as pernas mãe
E a fizeram parar o trabalho.
Ela se irritou,
Pegou as crianças pelos ombros
E soltou para o lado,
Próximo a uma corda amarrada
A casa.
O coração de Ana deu um salto
Ante a ideia de ver duas meninas
Amarradas a parede
De uma casa,
Afastou-se de lá,
Com a pretensão de afastar
O pensamento.
As meninas correram até ela
E a abraçaram na altura
Das cochas,
Casa uma pendurada em uma
Delas,
Uma menina de três anos,
Outra de seis.
Choraram com tanto sentimentalismo,
Que chegou a molhar sua calça jeans,
Até escorrer para o chão.
Comovida ela chorou junto,
Abraçou as meninas,
E se agachou até elas.
Neste instante,
Uma senhora gorda
De cabelos brancos saiu
Para fora da loja
Que tinha inúmeras rodas
Penduradas na parede
E disse:
- leve-as,
Você é uma boa garota,
Confio em você.
Ela se voltou para aquela senhora,
Enxugando as lágrimas,
As meninas secaram os olhos
E correram até ela
Com os braços erguidos
Gritando obrigada.
Ana se contentou em sorrir.
A mãe de Claudia e Claudira,
Terminou o trabalho
Ao final da tarde.
- leve as meninas,
Eu pago toda a viagem,
Apenas não posso
Ir com vocês,
Eu trabalho muito.
Ela deixou o pneu concertado
Na roda do carro
E se levantou limpando
Com um pano a sujeira
Das mãos:
- não me afasto de casa,
Eu sou assim.
Lá em Florianópolis mora
O pai delas, chamado Augusto,
Nós nos separamos.
Eu aviso que elas irão para lá
E ele decide ir até vocês
Para vê-las.
Foi tudo tão rápido
Desta forma,
Efetuado o pagamento,
Mãe e filha recusaram o dinheiro,
Ao se encaminhar até a saída,
As meninas correram
Com sua mala de viagem pronta
E dois sorvetes em cada mão,
Para entregar um a ela.
- me desculpa Ana,
Eu não arrumei a mala,
As meninas se organizaram assim.
Interveio a mãe.
- Não tem problema.
Ana respondeu se abaixando
Para pegar o sorvete.
- eu jamais a obrigaria
Desta maneira,
Entendo você querer viajar
Sozinha.
Ana olhou para a mãe
Das meninas,
Uma mulher magra,
De uniforme sujou,
Mãos engraxadas
Que estendeu a mão para ela,
E a segurou com carinho.
- nós vamos juntos Ana,
Por favor.
Claudia pediu,
Com os olhos cheios de lágrimas,
Pegando a mão de Ana
E segurando junto com
As da própria mãe,
Claudira fez igual,
Mesmo com dificuldade de alcançar.
Ana se abaixou
Até às crianças,
Abraçou as duas,
Olhou em seus olhos
E não pode resistir.
- tá bom, lindas.
Respondeu.
Selmira, pegou as filhas
No colo e levou até o carro,
Sua mãe, avó das meninas,
Catiera levou as pequenas malas Dior.
Colocado no porta malas
As malas, Catiera veio até às crianças
E abraçou ambas.
Depois fechou a porta do carro,
Junto com Selmira,
Uma mão sobre a da outra,
Com carinho
E se despediram.
A viagem ocorreu normal,
Um dia de estrada,
E avistaram a ponte de Florianópolis,
Algumas horas de viagem,
E estacionaram na praia.
Roberto se aproximou delas
Com um balde de vinte litros
De sorvete em mãos.
- minhas filhas!
Ele gritou.
As meninas correram para ele.
Ana se aproximou a passos lentos,
Estendeu a mão
E cumprimentou:
- prazer, sou Ana.
Roberto, com Claudira
No colo e Claudia abraçada
A sua perna,
Cumprimentou-a.
Foram até o guarda sol dele,
Ficaram lá comendo espetinho
De carne da Sadia,
E sorvete Nestlé.
O dia correu rápido,
Ele tinha um apartamento
Em frente a praia,
Então, convidou Ana para ficar.
Ana gostou da ideia,
Não queria separar-se
Das meninas,
Por isso, desocupou o lugar
Onde ficaria e optou
Por a frente-mar.
A noite,
Pôs um maiô Dior,
E saiu para ver as ondas,
Chegou perto,
Não resistiu ao choro,
Uma onda estava arrastando-a,
Quando Roberto correu até ela
E a segurou:
- Uai, você não conhece o mar?
Ele te arrasta.
Ele disse,
Pegando em sua cintura.
- me desculpa.
Ana respondeu,
Tentou retornar até a areia,
E tropeçou no pé de Roberto,
Caindo na água
Ao seu lado,
Outra vez,
Ele foi obrigado a ajunta-la,
Desta vez,
A manteve colada ao seu peito.
O peito dele arfava,
Parecia respirar o mesmo sentimento
Que Ana,
O beijo aconteceu ali
Sedento e arredio.
De repente,
Seus carinhos
Se intensificaram
E se tornaram ansiosos,
Então, fizeram sexo sobre a areia.
Logo no primeiro dia,
Todavia nada alterou
A felicidade das crianças
No dia seguinte na praia,
Ambas buscavam conchinhas,
E brincavam de fazer brincos
E colares para Ana,
Que ficou recheada de conchas,
Principalmente no cabelo.
Próximo ao meio dia,
Elas brincaram de fazer
Construção na areia,
Depois disso, Roberto chegou
Com churrasco e salada,
E todos pararam almoçar,
Então, as meninas sentaram
Uma em cada perna esticada
Sobre a areia, dele
E dormiram abraçadas
Ao seu peito.
Ana se sentiu emocionada,
Chegou até Roberto
E sem que pudesse controlar,
Seu coração se acelerou
Tomada por uma emoção
Muito intensa,
Tão intensa que não pode
Controlar ou reconhecer.
Ela abraçou o braço de Roberto,
Ele sorriu,
- eu fui noiva.
Ela mentiu.
- que bom.
Ele respondeu.
- é... Ele não me amou tanto.
Ela mentiu ainda mais,
Na verdade Paulo Carlos,
Nunca a pediu nem ao menos
Em namoro,
Então, tecnicamente,
Eles nunca tiveram nada
Além de sexo
E viagens pagas por ela.
- eu tenho o vestido,
Queria me livrar dele...
Ela continuou chorando
Sobre o ombro de Roberto,
Ele virou-se para ela,
E procurou um beijo,
Então acariciou seus cabelos.
A tarde chegou quente,
As meninas cataram milhares
De conchas e se entreterem
Separando por tamanhos
E outras diferenças
Casa qual.
Roberto abraçou Ana,
Em pé,
Na frente de todos,
Por horas,
Neste dia Ana aguentou
Sem tomar sorvete
E na maioria do tempo
Não chorou.
Agora, suas lágrimas
Escorriam por vergonha
Do que houve entre ela
E Paulo Carlos,
Ela sustentou este homem
Por longos cinco anos,
Sem um anel de compromisso,
Ou mesmo uma palavra.
Ambos fizeram viagens
Para muitos países,
Ela nunca poupou
Em suas bajulações,
E apenas agora percebeu
O quanto ele foi um aproveitador.
No entanto, ao lado de Roberto
Ela se sentia segura,
Ele era masculino,
Seguro e firme de si próprio.
Ele era dono do restaurante
Em frente a praia.
O local estava sempre lotado,
Porém, Ana levou as garotas
Até lá para se sentar
Sob as árvores,
Haviam bancos de madeira
Expostos na areia.
Roberto ficou o tempo todo
Com ela,
Tão próximo,
Está proximidade
Lhe transmitiu a certeza
De que Paulo Carlos
Fugia dela e a evitava.
Ele era um rapaz imaturo,
O contrário de Roberto.
A noite foi escolhida
Para doar o vestido,
Logo, escolheu o local
Do restaurante.
O vestido foi aberto
E teve aprovação imediata,
Feito o sorteio,
Roberto anotou casa nome
E pôs dentro do chapéu,
Balançaram os nomes,
E puxaram um de lá,
A escolhida foi uma moça
Do estado do Amazonas.
Ela adorou.
Chorou e escolheu se casar
Ali mesmo, logo no outro dia,
Há cinco anos ela era casada
Com Marlon,
Casaram em função de gravidez,
E após isso tiveram mais
Dois meninos,
Contudo, ela confidenciou
Que sonhava em celebrar
Usando um vestido apropriado.
Assim ocorreu,
Roberto levou Ana
Andar na praia,
Claudia e Claudira ficaram
Brincando nos brinquedos,
Abraçando suas bonecas.
- Ana, fica morando comigo?
Pediu Roberto.
A meia luz dos postes
Da areia,
Ana sorriu e o abraçou.

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