De fato, existem pessoas frívolas e fúteis capazes de tudo,
Com a explicita intensão de chamar a atenção,
Sem medir as consequências dos seus atos,
Tudo por um segundo de fama, uma gota a mais de emoção,
Mesmo que com isso, denigram imagens, ultrajem sentimentos,
Invadam a privacidade ou o que for preciso, por um segundo
de holofotes,
Conheço bem está espécie, elas agridem tanto a si quanto aos
outros,
Sustentando-se em verdades inventadas dentro de suas mentes,
Dizer isso é tão desnecessário que beira ao gauche,
Porém, até quando será possível negar-se a esta verdade?
Eles acreditam enganar, apenas porque conseguem êxito aparente,
Segundos de luzes sobre si mesmos e as sombras ressurgem,
Aquelas nas quais eles se abrigam, acreditando estarem
seguros,
Um caminho construído em ladrilhos falsos queda ao fracasso,
Cedo ou tarde, ele se parte, até não restar nada além do
esquecimento,
Joelhos machucados se concertam, diferente da honra quando
dilacerada,
Uma queda ao chão estilhaçado e não lhes sobra nada,
Por ser mero reflexo, não tem base em que se reerguer,
Sendo sujeito detentor de vida, nada mais adequado que agir
com a audácia
De quem busca algo em que acreditar e por que lutar, lutar
para quê?
Talvez, para não constituir mero chão em que outros possam
pisar,
Para ser mais que simples coadjuvante da sua própria
história,
Eis um ponto chave que precisa ser levado em consideração,
Ele calou-se por um instante, levando a mão para sentir o
coração,
Lágrimas brilharam em seus olhos, ocultando por um momento,
A luz do sol que brilhava no horizonte, teria ficado cego
por alguns segundos,
Não tivesse controlado suas emoções, e buscando dentro de
si, um pouco de razão,
É de se concordar, sobre o quanto é difícil ocultar a voz
insistente da própria paixão,
Quando tudo ao redor grita de diferentes formas em busca de
comoção,
Fazendo barulho ao seu entorno por estarem morrendo no vazio
de um coração,
Ruas cheias de pessoas, que vazias, afundam-se dentro de si
mesmas,
Andando rápidas de um lado para o outro, por não terem
destino certo,
Deixando uma espécie de névoa de poeira atrás de si
próprias,
Buscando ocultar seus rastros, perdidas e errantes em seus
caminhos em falso,
Ele parou um pouco pensativo, estava a contar os passos pela
calçada ladeada ao mar,
Apesar de tudo, a natureza ainda alcançava um efeito extraordinário
em sua alma,
Fazendo com que ele se permitisse sonhar em algum dia,
alcançar o amor,
Se sentia velho, fraco em sua busca fracassada, mas não
desistiria dos seus sonhos,
Cedo ou tarde alguém chegaria, com capacidade e sentimentos
suficientes
Para fazer com que ele mudasse sua vida, e se entregasse a
este amor ardente,
Não se entregaria ao que os outros definiam exasperados:
desespero,
Se fosse possível ao amor tomar forma ele o encontraria em
seu destino,
Sem precisar se exasperar com nada, muito menos com si
mesmo,
A exemplo de outros tantos, que afundavam-se em bebidas
alcoólicas,
Como meio de facilitar as coisas, eles diziam entre sorrisos
forçados,
Entregando-se a amores que se alcançavam o nascer do dia,
Não se podia definir que desta hora passavam, sexo casual
com hora certa,
Isso nunca preencheria a vida de ninguém, disso ele tinha
certeza,
Era inegável o quanto haviam mulheres bonitas que se
aproximavam dele,
Mas com pouco tempo de conversa, algumas perguntas simples,
E a maquiagem saía sem precisar ficar borrada, e delas não
restava absolutamente nada;
Isso era insuficiente para que ele desejasse-as em sua vida,
basta ele dizia,
Afastava-se, apesar de não se considerar o mais bonito ou
mais esperto,
Dava muito valor a si mesmo e isso sempre vinha à tona em
seus olhos,
Então, porque criar jogos com conversas frívolas se isso não
convencia a ninguém?
Nem sustentava casamento, namoro ou o que fosse que eles
desejassem chamar,
Mesmo quando elas criavam aquelas conversinhas fiadas sobre
o amor,
Ele se recusava até mesmo a beijá-las, negava-se a tudo de
forma veemente,
Porque usar o artifício da mentira? Simplesmente porque eram
vazias...
Uma evasiva sua, outro rapaz abria a carteira e elas partiam
com seus amores de uma noite,
Enquanto ele não encontrasse um lampejo de amor em seus
olhos nebulosos,
Permaneceria tateando no escuro, deveria haver uma luz que
pudesse guia-lo,
Algo que não brilhasse somente para obter segundos de pura
luxúria,
Alguém que soubesse ouvir, compreender e dar vida ao que ele
acreditava,
Alguém que merecesse traçar um caminho seguro com ele, sem o
inconveniente,
De dormir entre beijos e abraços apaixonados e acordar
sozinho sem reconhecer aonde,
Desceu os degraus da escada que levava a praia e percorreu a
areia,
Meio alheio ao seu redor, encantado com a brisa, as ondas,
os pássaros a voar,
Não estava preparado para receber tal abordagem, de uma moça
que diga-se de passagem,
O verde cristalizado dos seus olhos era de longe a qualidade
mais proeminente,
Foi como se uma bala perdida, naquele instante encontrasse
seu alvo,
Seu sorriso o pegara de surpresa era honesto, aberto e
acolhedor,
Não soube precisar se o que fez seu coração bater tão
descompassado
Pudesse se chamar amor, mas estava convicto de si mesmo,
descobriria,
Ela possuía um ar inocente, de moça independente que sabe o
que quer,
Um corpo bonito, uma alma encantadora, perfeita ele a quis
descrever,
Ele sentiu os sonhos de antigamente tomando forma no
horizonte,
Já não sentia o coração encoberto por sombras, como se fosse
inerte,
Estava, de repente desperto, cheio de uma segurança
inconfundível,
Ela era solteira, percebia-se pelos delicados dedos despidos
de anel,
Ele se aproximou, com um pouco de cautela, escolheria as
palavras,
Seria o primeiro a falar, usaria de sua perspicácia para
encontrar a ideia certa.