domingo, 17 de janeiro de 2021

Homem na Areia da Praia

 

De fato, existem pessoas frívolas e fúteis capazes de tudo,

Com a explicita intensão de chamar a atenção,

Sem medir as consequências dos seus atos,

Tudo por um segundo de fama, uma gota a mais de emoção,

Mesmo que com isso, denigram imagens, ultrajem sentimentos,

Invadam a privacidade ou o que for preciso, por um segundo de holofotes,

Conheço bem está espécie, elas agridem tanto a si quanto aos outros,

Sustentando-se em verdades inventadas dentro de suas mentes,

 

Dizer isso é tão desnecessário que beira ao gauche,

Porém, até quando será possível negar-se a esta verdade?

Eles acreditam enganar, apenas porque conseguem êxito aparente,

Segundos de luzes sobre si mesmos e as sombras ressurgem,

Aquelas nas quais eles se abrigam, acreditando estarem seguros,

Um caminho construído em ladrilhos falsos queda ao fracasso,

Cedo ou tarde, ele se parte, até não restar nada além do esquecimento,

Joelhos machucados se concertam, diferente da honra quando dilacerada,

 

Uma queda ao chão estilhaçado e não lhes sobra nada,

Por ser mero reflexo, não tem base em que se reerguer,

Sendo sujeito detentor de vida, nada mais adequado que agir com a audácia

De quem busca algo em que acreditar e por que lutar, lutar para quê?

Talvez, para não constituir mero chão em que outros possam pisar,

Para ser mais que simples coadjuvante da sua própria história,

Eis um ponto chave que precisa ser levado em consideração,

Ele calou-se por um instante, levando a mão para sentir o coração,

 

Lágrimas brilharam em seus olhos, ocultando por um momento,

A luz do sol que brilhava no horizonte, teria ficado cego por alguns segundos,

Não tivesse controlado suas emoções, e buscando dentro de si, um pouco de razão,

É de se concordar, sobre o quanto é difícil ocultar a voz insistente da própria paixão,

Quando tudo ao redor grita de diferentes formas em busca de comoção,

Fazendo barulho ao seu entorno por estarem morrendo no vazio de um coração,

Ruas cheias de pessoas, que vazias, afundam-se dentro de si mesmas,

Andando rápidas de um lado para o outro, por não terem destino certo,

Deixando uma espécie de névoa de poeira atrás de si próprias,

Buscando ocultar seus rastros, perdidas e errantes em seus caminhos em falso,

 

Ele parou um pouco pensativo, estava a contar os passos pela calçada ladeada ao mar,

Apesar de tudo, a natureza ainda alcançava um efeito extraordinário em sua alma,

Fazendo com que ele se permitisse sonhar em algum dia, alcançar o amor,

Se sentia velho, fraco em sua busca fracassada, mas não desistiria dos seus sonhos,

Cedo ou tarde alguém chegaria, com capacidade e sentimentos suficientes

Para fazer com que ele mudasse sua vida, e se entregasse a este amor ardente,

Não se entregaria ao que os outros definiam exasperados: desespero,

Se fosse possível ao amor tomar forma ele o encontraria em seu destino,

 

Sem precisar se exasperar com nada, muito menos com si mesmo,

A exemplo de outros tantos, que afundavam-se em bebidas alcoólicas,

Como meio de facilitar as coisas, eles diziam entre sorrisos forçados,

Entregando-se a amores que se alcançavam o nascer do dia,

Não se podia definir que desta hora passavam, sexo casual com hora certa,

Isso nunca preencheria a vida de ninguém, disso ele tinha certeza,

Era inegável o quanto haviam mulheres bonitas que se aproximavam dele,

Mas com pouco tempo de conversa, algumas perguntas simples,

E a maquiagem saía sem precisar ficar borrada, e delas não restava absolutamente nada;

Isso era insuficiente para que ele desejasse-as em sua vida, basta ele dizia,

 

Afastava-se, apesar de não se considerar o mais bonito ou mais esperto,

Dava muito valor a si mesmo e isso sempre vinha à tona em seus olhos,

Então, porque criar jogos com conversas frívolas se isso não convencia a ninguém?

Nem sustentava casamento, namoro ou o que fosse que eles desejassem chamar,

Mesmo quando elas criavam aquelas conversinhas fiadas sobre o amor,

Ele se recusava até mesmo a beijá-las, negava-se a tudo de forma veemente,

Porque usar o artifício da mentira? Simplesmente porque eram vazias...

Uma evasiva sua, outro rapaz abria a carteira e elas partiam com seus amores de uma noite,

 

Enquanto ele não encontrasse um lampejo de amor em seus olhos nebulosos,

Permaneceria tateando no escuro, deveria haver uma luz que pudesse guia-lo,

Algo que não brilhasse somente para obter segundos de pura luxúria,

Alguém que soubesse ouvir, compreender e dar vida ao que ele acreditava,

Alguém que merecesse traçar um caminho seguro com ele, sem o inconveniente,

De dormir entre beijos e abraços apaixonados e acordar sozinho sem reconhecer aonde,

 

Desceu os degraus da escada que levava a praia e percorreu a areia,

Meio alheio ao seu redor, encantado com a brisa, as ondas, os pássaros a voar,

Não estava preparado para receber tal abordagem, de uma moça que diga-se de passagem,

O verde cristalizado dos seus olhos era de longe a qualidade mais proeminente,

Foi como se uma bala perdida, naquele instante encontrasse seu alvo,

Seu sorriso o pegara de surpresa era honesto, aberto e acolhedor,

Não soube precisar se o que fez seu coração bater tão descompassado

Pudesse se chamar amor, mas estava convicto de si mesmo, descobriria,

 

Ela possuía um ar inocente, de moça independente que sabe o que quer,

Um corpo bonito, uma alma encantadora, perfeita ele a quis descrever,

Ele sentiu os sonhos de antigamente tomando forma no horizonte,

Já não sentia o coração encoberto por sombras, como se fosse inerte,

Estava, de repente desperto, cheio de uma segurança inconfundível,

Ela era solteira, percebia-se pelos delicados dedos despidos de anel,

Ele se aproximou, com um pouco de cautela, escolheria as palavras,

Seria o primeiro a falar, usaria de sua perspicácia para encontrar a ideia certa.

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