sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Primeiro Encontro

Ela o conhecera certo dia, pegou seu número de telefone,

Adicionou-o em sua rede social e conversavam constantemente,

Passaram-se os dias, depois semanas e então seguiram os meses,

As mensagens eram mais esperadas que o próprio alvorecer,

Instante em que ela saia para correr na praça, apenas para poder

Vê-lo passar em direção ao trabalho, em seu carro esporte,

 

Ele sempre acenava e ela o brindava com seu melhor sorriso,

Isso ocorria lá pelas 09:00 horas, em meia hora ela lhe mandava um café,

Aquele que imaginava que ele gostava, pois nunca havia recusado,

Mas neste dia, desejou ser diferente, enviou também um cravo,

Vermelho, cor dos seus lábios e macio, como deveriam ser seus beijos,

Teria enviado um pedido para saírem juntos, mas ele era tão reservado,

 

Ela não entendia ao certo o porquê, sua casa era pouco movimentada,

Parecia que ninguém mais o visitava além da família, ela percebia isso,

Não era imaginação sua, o fato de ele não lhe dar tanta atenção,

Não significava nada além de distração, mero deslize de homem,

Afinal ele tampouco a havia dispensado, sempre passavam horas conversando,

Uma amiga havia sugerido que ligasse para ele, para testá-lo,

 

Mas ela acreditava que isso não era conveniente, pois para que o persuadir,

Ou, tentar força-lo a ter algo com ela, o amor não se obriga, se conquista,

Também lhe sugeriram enviar uma moça bonita, bem vestida, sua amiga

De preferência, para fingir conquista-lo para ver até onde ele iria,

Mas isso não seria interferir em sua vida particular, aliás, se ela gostava dele

Deveria procurar entende-lo e estreitar a relação de forma que pudesse

 

Conhece-lo e com isso, verificar até onde poderiam ir com aquilo,

Era certo que ela o amava como nunca havia amado outra pessoa,

Tão certo como sabia, mesmo sem querer, que jamais iria esquece-lo,

Mas isso não significava que deveria força-lo a ama-la,

Enquanto pensava nisso, se convencia que, tão provável quanto o sol

Que a tocava iria em algumas horas adormecer aquele lugar

 

Para iluminar outro ponto do planeta, era o fato de que, talvez,

Nunca tivesse a oportunidade de ficar sozinha com ele,

Nem ao menos para uma conversa, pois as coisas realmente

Estavam lentas entre eles, era o que suas amigas a diziam,

Mas a realidade de suas conversas era outra, sempre haviam

Mil mensagens em seus celulares, encontro entre seus olhares,

 

Um áudio de bom dia no início do dia, outro de boa noite

Antes de dormir, era a maneira que tinham de ficarem perto

Conversavam o bastante para sentirem suas vozes adormecerem,

Então, pouco antes de fecharem os olhos, ressoavam um ao outro o boa noite,

Quando ela sentia medo de dormir sozinha por algum motivo bobo,

Ela segurava o celular em seu peito e sentia que ele estava junto,

 

Mas ela ansiava por seu toque, nunca confessara a ninguém, mas chorava,

Às vezes, recusava atende-lo, fingindo que estava no banheiro,

Mas logo depois se arrependia, por mais que houvesse essa espécie de distância

Ainda assim ela o amava, e ele também, não é? Caso contrário porque desperdiçaria

Tanto tempo com ela, sempre comentando sobre a rotina do dia-a-dia,

O sol acordava depois dormia dia após dia, até que certo dia,

 

Logo depois do cravo, o convidou para irem a um pub, curtir uma banda

Nova na cidade, que tocava um rock muito bom, eles tinham esse gosto em comum,

Ele aceitou no mesmo instante, ela nem acreditara, finalmente: proximidade,

Combinaram o horário, 11:00 horas da noite, queriam tomar uma bebida antes,

Ela contava os segundos, depois os minutos, mas abandonava as horas,

Pareciam engessadas, como se tivessem desistido dela, imagine então os dias,

 

Por Deus que havia algo errado com o tempo, sem falar na escolha da roupa,

Nada parecia se encaixar direito, nada parecia adequado, isso a deixava insegura,

É sabido que sua insegurança não tinha nem uma relação com o fato

De que as mensagens diminuíram o ritmo, até o boa noite da noite anterior ele esquecera,

Ela, por consequência, acordara mais tarde naquela manhã,

Ao tomar seu café, desacostumada com o horário tardio, um tanto desatenta,

 

Batera com o dedo na mesa e quebrara a unha, não soube o motivo,

Mas chorou, ela havia cuidado tão bem de suas mãos, e agora o que faria?

Marcaria hora no salão? Mas ela preferia algo mais singelo, não seria exagero?

Ela sempre se orgulhara de ser uma moça simples, agora tudo havia mudado,

De um instante para o outro o improvável estava tão palpável, menos as mensagens,

Ela pensou em tirar uma foto e enviar para ele, mas talvez ele risse dela,

 

Fosse como fosse, ela ainda o amava e sempre o amaria, ele não iria magoa-la,

Iria? Será que ele criaria uma situação que pudesse constrange-la?

Ser rejeitada em público não parecia uma ideia convidativa, mas tampouco

Ter o primeiro encontro de forma privada parecia mais atrativo,

Ela sabia sobre sua conduta, conhecia seu trabalho, acompanhava a sua vida,

Mas e se ela se recusasse a beijá-lo, se por qualquer motivo se desentendessem,

 

Claro que ele não ficaria agressivo, jamais viu o brilho do ódio no castanho dos seus olhos,

E tinha certeza, de forma muito convicta, jamais veria em momento algum,

E a banda de rock era uma atração interessante, o ambiente era convidativo,

Lá com certeza estariam alguns dos seus amigos, eles dois poderiam sentarem-se

Arredios em alguma mesa, e mesmo que seus amigos se juntassem,

Ela poderia analisar melhor a forma como ele fosse reagir,

 

Pois eles também eram importantes, roeu o restante da unha, o que ela importaria

Diante da luz da noite? Se ele, gostasse dela o mínimo que fosse, isso não significaria,

Caso não gostasse, melhor ainda, talvez, ele fizesse disso um motivo para despistá-la,

E ela o entenderia, finalmente chegara o grande dia, roupa escolhida, mini saia curta,

Blusa coladinha, cabelo arrumado, brincos e etc., tudo conforme mandava o itinerário,

Não queria ser a mais bonita, - seguiria as regras das amigas, não haveria erro, -

Não seria adequado para um primeiro encontro, ou será que seria? Bem, o certo é que

 

Também, não queria ser a mais feia, para que isso? Gostava de ser valorizada por seu caráter,

Pelo seu sorriso, pela sua inteligência, o corpo nunca foi o seu primeiro alvo,

Mas nem menos importante; oito horas da noite, e ela estava pronta, e ele nada, nem notícias,

Haviam se comunicado menos, e de forma quase evasiva, nove horas alguém bate à porta,

Ela dá um pulo, corre para atende-la, flores chegaram endereçadas a ela, sem remetente,

Ela sorriu, jogou-se no sofá, é claro que eram dele, isso era inesperado, mas demasiado gentil,

 

Nada mais educado que retribuir os gestos que ela tanto o fez durante o tempo em que...

Bem... estavam se conhecendo, achava que poderia definir desta forma o que houve até

Aquele instante, de repente a certeza de que agora tudo mudaria entre eles,

Fez com ela sem querer, quebrasse mais uma unha, será que sua noite estava fadada

Ao fracasso? Será que uma unha poderia conter tanto significado? Não, não era isso,

Lágrimas brotaram em seus olhos, mas não borraram a maquiagem,

 

Ainda bem, pensara ela. Daquele momento para a frente,

Ela checara a porta de instante a instante, será que ele havia esquecido do seu encontro?

Será que ela deveria mandar mensagem? Ao menos um boa noite ou coisa assim?

Não queria parecer insistente, nem fazer o tipo de mulher fácil que grudava no pé,

Fosse como fosse, ela preferira esperar, aguardar, mas sempre havia uma batida na porta,

Ela decidira deixa-la aberta, sentou-se, olhou-a, achou-a inadequada daquela forma,

 

Levantou-se e fechou-a, tomando o cuidado de tranca-la... 9:30, e ouviu um barulho,

Eram palmas, só poderiam ser masculinas, era ele, não havia esquecido,

Quem seria tão desalmado a ponto de deixar uma mulher como ela a esperar?

Esperou um instante, respirou várias vezes, não queria deixar transparecer o nervosismo

Que ela sentia consumi-la por dentro, mas jamais admitiria, não seria adequado,

Ao abrir a porta, ele estava a espera-la, com um sorriso de dar inveja a qualquer um,

 

Ele valia a pena cada segundo, valeria anos, se a consequência fosse uma vida juntos,

Ele estava parado na calçada, ela no último degrau dos três que haviam,

Desta forma estavam da mesma altura, ela estendeu a mão para um abraço,

Ele a envolveu e o beijo aconteceu ali mesmo, a causa provável de tudo isso,

Aos olhos dela: casamento, a prova circunstancial eram seus olhos,

Seus sorrisos, a forma como ambos pareciam orgulhosos um do outro...

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