Para ela, nunca haveriam olhos mais bonitos que os dele,
De um castanho cobre, cor do sol quando se esconde no
horizonte,
Sempre andara altivo, como se buscasse algo mais a frente,
Parecia indiferente ao que acontecia ao seu redor, mas não a
enganava,
Sempre que ela buscava um esbarrão, ou qualquer forma de
contato,
Mesmo sob o efeito dos sobressaltos do seu coração, ela
ainda ouvia algo,
Algo que ele não ousava pronunciar, mas que estava guardado
em seu olhar,
Era difícil controlar o sentimento que a envolvia, tornar-se
neutra diante dele,
Daria para admitir que ninguém que estivesse sob o seu
efeito, poderia resistir com classe,
E este ninguém a definira por inteira, aquele olhar que
guardava uma dor tão aguda,
A estimulava, a incitava a se aproximar, mesmo que algo
dentro dela sugerisse,
Na verdade, soava mais como uma alerta que repetia
insistente: não se aproxime...
Mas, quem resistiria ao pôr do sol que acontecia sempre na
mesma hora,
E que por sinal, de forma desproposital a colocava diante dele,
sempre no mesmo lugar,
É certo que de instante a instante, seu olhar se desviava a
procura de encontra-lo,
Estivesse ou não este alerta ligado dentro dela, o brilho
daqueles olhos castanhos
Desviariam qualquer atenção, apesar de que ele nunca parecia
estar onde estava,
Era como se fugisse de algo, e ela, ao seu lado, embora parada,
sempre a procura-lo,
Naquele momento não desejara nada além de encontrá-lo,
chegara a acenar,
Ele se aproximara um pouco, respondera com um sorriso
gentil,
Ela sentira esse gesto com um vestígio de empolgação, então
havia um meio enfim,
O provocara com um sorriso e um movimento de cabelos, ele
parecera gostar disso,
Apesar da declaração ser um tanto sutil era verdadeira, só
não saberia expressar
Se fora recíproca, ela estava acima de qualquer orgulho,
O desejava muito para se ater a coisas pequenas e banais
como, joguinhos de conquistas,
Estava quase convencida de que o amava, então para que
tentar fingir que não?
Ele aparentava ser um sujeito honrado, se não houvesse amor
entre os dois,
Poderia existir algo diferente como uma amizade sincera,
E bons amigos sempre são bem-vindos, ela enxergava isso em
seus cativantes olhos,
Aquela dor profunda que havia neles despertava uma vontade
querer protege-lo?
Nunca entendia porque nos romances as mulheres nunca
protegiam quem amavam,
Por que deveriam sempre serem elas as protegidas? Ela queria
soar diferente para ele,
Ser algo que ele sentisse orgulho de lembrar, ser aquele
talvez que ele parecia buscar ao longe,
Apesar de ele estar ali sozinho, de alguma forma sempre
fizera parecer que não,
Isso a intrigava, se ele havia deixado alguém por que motivo
havia feito isso?
Havia uma singela marca de aliança no dedo que sugeria
casamento e percebia-se paixão
Enraizada dentro dele, fosse ele, viúvo, mesmo jovem, não
teria removido o anel, teria?
Ele não aparentava ter uma idade muito superior à dela, ou
mesmo ser um homem fraco
Do tipo que foge das implicações que atitudes como um
casamento em idade precoce
Acarretariam no âmbito social; em um ímpeto de coragem,
tentando afastar o medo
Do que uma aproximação repentina poderia ocasionar, ela
limpara a garganta,
Buscava em si as palavras certas, mas não encontrara
nenhuma, ele baixou a cabeça e saiu,
Ela, continuara parada, vendo a noite se aproximar... seus
cabelos estavam despenteados
Em um ato de rebeldia, como se gritassem a ele seus
conflitos internos,
Aos quais ele parecera indiferente, mas nem mesmo isso
retirara a suavidade
Daquele rosto, cujo sorriso parecia uma flor a se abrir na
brisa do amanhecer,
Sempre guardava aquele quê de esperança, ao qual ela se
agarrava com toda a alma,
Seria muita imprudência da sua parte aproximar-se, mesmo sem
haver convite?
Talvez, ele sentisse os mesmos conflitos que ela, e, ainda
guardava aquele algo além,
Ela ficara lá com seu ar pensativo, na busca de encontrar
uma saída que os unisse,
Veio a noite, como se a tomasse pela mão e a conduzisse de
volta para a sua casa,
Ela simplesmente partira, quando caíra em si mesma se
encontrava deitada em seu sofá,
Ainda a pensar sobre o quanto ele era bonito, com aquele sorriso
convidativo,
Proposta demasiada irresistível para ela ousar questionar
tudo aquilo que sentia,
Ela queria cuidar dele, mesmo sem um propósito definido,
amava-o,
Mas estava disposta a deixar tudo que sentia de lado,
Somente para ajuda-lo no que concerne ao que o afligia,
De repente, os medos dele também a assombravam,
Havia algo que os unia, era inegável, com o tempo ele
perceberia isso,
Talvez ele tivesse notado seu desconforto,
Quem sabe também procurasse uma forma de se aproximar,
Do contrário já teria encontrado uma forma de evita-la,
Ela não se sentia tão segura de si mesma,
Seu rosto já estava marcado pelo tempo,
E aquela marca no dedo dele, não lhe transmitira nenhum
conforto,
Apesar de, seus sentimentos serem sinceros, poderiam não ser
bem recebidos,
E se ele quisesse simplesmente distanciar-se de tudo e de
todos?
Esse pensamento borrava o sorriso dela em um tom apático,
quase oculto,
Será que ela conseguiria se manter afastada de tudo que
sentia?
Receava que não, acreditava que não poderia se manter inerte
ao amor,
Havia um muro feito de gelo entre os dois, que o ocaso
estava a derreter,
Ela poderia sentir isso a cada vez que se viam, através dos
gestos esparsos,
Ganhara um sorriso, algo havia mudado, ela acreditava nisso,
Sem querer adormecera onde estava, sem tomar banho ou trocar
a roupa,
- Eu tinha 16 anos na época – ouviu-o ressoar em um tom
baixo,
Que possuía uma doçura que parecia acaricia-la, como se
entrasse nela,
Uma espécie de carícia aos seus ouvidos, ela não se ouviu
dizer nada,
Então, acordara assustada, como se fosse extraída de algo
estranho,
Mas não conseguia sentir-se, era como se ainda estivesse
dormindo...
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