- Já lhe disse, meu amor, é bobagem amar tanto...
A moça para na metade do caminho, olha para o lado direito,
pensa um pouco:
“Não amar tanto? Mas é ela quem levanta desligar a luz,
enfrentando o medo do escuro,
Tudo para ver ele melhor acomodado”.
- Não amar tanto? Por quê você diz isso, meu amor?
-Ora, meu bem, são sempre mil promessas de amor, as vezes me
sinto oprimido.
“Oprimido?” Ela levanta a cabeça para o alto, estão vivendo
sob o mesmo tento: “então, isso não é amor? Deixar de tudo que foi um dia, por
ele? Mudar estilo de vida e jeito de viver as coisas... que estranho”.
- Ta bom, não se preocupe, meu amor, amanhã irei no salão e
mais tarde farei outras coisas!
-Obrigado! - Responde ele com um sorriso muito satisfeito
completando a displicência do rosto perfeito.
Agora, ela retardará a volta ao trabalho, fará algumas
coisas no caminho que não faria apenas para dar o tempo que ele precisa.
Ele usará desta situação para ter um motivo para reclamar
sobre ela e poder demonstrar a sua perfeição em tudo que ela deixa de ser e no
mais que estiver ao seu alcance, demonstrará todo o seu prestígio e imporá seu
domínio...
-Mas, amor a secretária? Ela é um tanto não prestativa...
Tenta ela, afirmando já saber do que se trata. Quer dizer
muito mais do que diz, mas se cala com uma frase simples.
-Ah, sim? A secretária? Ela trabalha bem, que bom que gostou
dela!
Então, ela decide se
ausentar do trabalho pela manhã toda, Nunca teria feito isso, mas faz. Ela
realmente o ama! A ponto de manter seu casamento intacto, dando sempre o melhor
de si e dar o melhor de si, neste instante, impõe atrasar-se algumas horas a divagar pelo caminho.
Levanta o braço direito e desliga a luz. Ele guarda o livro
que fingia ler. Ela retorna no escuro o caminho de volta até a cama, deita
mas permanece de olhos abertos. Desliga a luz, no entanto, porque prefere o
escuro. Contém um suspiro, fecha os olhos e adormece assim mesmo.