Meu olhar dirigiu-se para fora,
Guiado por doces lembranças,
Denunciando o sentimento que eu sentia,
Apesar de estar onde eu estava,
Se eu pudesse estaria em outro lugar,
Junto a um querido alguém que ele procurava,
Olhei para baixo incapaz de contemplar a chuva,
Fosse uma torrente de água me aliviaria,
Mas serena como estava parecia que o chamava,
Mantive distância do lugar em que caia,
Um passo mais perto e sei que ouviria seu nome,
Não da minha boca, mas sussurrado por ela,
Mesmo não dizendo nada em voz alta,
Só eu sei o quanto ela me entendia,
Eu podia sentir isso em cada vez que ela tocava a flor,
Cada vez que percorria suas folhas
Até encontrar um lugar entre as pétalas onde estar,
Havia algo de apaixonado naquilo tudo,
Não era apenas o meu olhar, era mais que isso,
Seu murmúrio abafado pelo vento confidenciava,
Contava segredos que não ousei perguntar,
Nem ao menos agora tento falar sobre o assunto,
Ela deixava ao longe o riacho distante,
Salpicava a floresta esbranquiçada no horizonte,
Buscava algo que eu, parada onde estava,
Não entendia e nem me esforçava para entender,
Talvez, se eu tivesse tido a coragem de olhar,
De levantar meu olhar para aquilo que a chuva dizia,
Se tivesse dado liberdade para mim mesma,
De ousar sair de onde estava, talvez, tudo fosse de outra
forma,
Que direi eu, se tudo se foi como a noite que dormia?
Perto o bastante para sentir,
Distante demais para acreditar em mim,
Que havia algo lá fora, ninguém duvidaria,
Nem eu ouso duvidar mesmo agora,
Que poderia ter sido bom, talvez sim, poderia...
Nem mesmo sei porque uma lágrima ainda teima em brotar,
Tudo se foi, mesmo a flor que se abria.