domingo, 31 de março de 2024

Perdoa-me

Estou entre as perdidas,
Sem aquele que amo.
O tal para quem dei minha alma.
Silêncio.
Ele já não me procura.
Ama.
Ou quer ouvir minha voz.

Queira Allah, ao menos,
Esteja com outra.
Assim, eu não o encontraria bêbado,
Jogado em qualquer lugar,
Disposto a toda loucura,
Pensando que é diversão,
Ou que seria melhor 
Que estarmos juntos.

Sim.
Fui capaz de fazer-lhe mal.
De desejar isto em meu coração,
E ainda pronunciar em alta voz,
Acho até que planejei sua desgraça.
Ah, antipática.
Estúpida.
Solitária.
Não o mereço.
Tanto o amo, quanto.

Coração que me aconselha.
Hoje fere e maltrata.
Oculta em minha própria nudez,
Não fui capaz de ver além das aparências.
Desnuda de corpo.
A rasgar o véu da alma.
Perdida entre os sussussuros 
De um cômodo solitário
E vazio.
Apago as luzes procuro sossego.

Não há sono ou sonhos,
Apenas mensagens e inconsciência,
Quando poderei ser dona de meus atos,
Sentir por mim mesma,
Te procurar a próprios passos?
Acendo as luzes e não há nada.
Apago e nada muda.
Os céus não me encantam.
As estrelas se foram.
Triste fim desta que foi sua.
E hoje não pertence nem ao menos a si mesma.
Antes, também não me possuia.
Mas soube ser sua.
Fui capaz.
Apta.
Satisfatória?

Aonde está você agora…
Satisfatório.
Meu coração me convenceu,
A buscar te ver.
Estes atos meus tão públicos,
São para você distorcidos
E apagados?
Como é fácil para outra lhe ser melhor?!
Trouxe-lhe algumas folhas do meu paraíso.
Os chás que lhe fiz,
Os plantei e agora colhi.

Vergonha por ter sido chamada por sua boca,
Tido meu nome por você pronunciado,
E não ter sido tão boa quanto,
O demônio se tornou meu inimigo declarado,
Imagino que soube lhe contar,
E também comprovar.
Ele me busca.
Me perdoa,
Ele me busca com frequência.
Me tenta.
Proclama e se derrama.

Te apieda de mim esta perdida.
Te amo com toda vida.
Uso estás simples vestes para esconder
Tamanha vergonha.
Não mereço melhores.
Há nisso um sinal de Allah.
Se lembre!
Eu me esforcei por você.
Por nós.
Eu fui capaz de ama-lo.
Deixar toda a dor.
A vergonha por tantas mazelas.
Doar-me sem feri-lo.
Te-lo e ainda afastar o egoísmo.

Que infâmia o demônio me ordenou.
Que graça sou.
De joelhos e mãos ao alto.
Dedico sinceramente meu apreço.
Juro que não tomei demônios por Deus.
Eu apenas enfraqueci até perder toda força.
Fui tomada pela raiva.
Intolerância.
Desassossego.
Mateei todo dia com medo.

sábado, 30 de março de 2024

Saudade

Tivesse crido.
Temido perde-lo.
Teria valorado…
Seu sorriso, seus lábios, seu rosto.
Ele comigo.
Quando?
Retorno.

Olho para trás e o busco,
Perdoo cada ausência ,
Cada detalhe que me apeguei
Para distancia-lo.
Perdoo-me por perde-lo.
Não ter sido capaz de amor tão forte.
Dor que arde.
Inflama.
Ataca de frente.
Ah, Allah, olhar-me?
Não sou capaz.

Sirvo-me de alimento aos céus.
Me resguardo.
Permaneço as escondidas.
Busco-o.
Acima dele e desta terra que piso?
Nunca haverá nenhum homem.
Me deixo sentar sobre a grama.
A mesma que rego, aparo e cuido.
Ela esconde a terra mas ajuda a mante-la.
Isso parece o mais correto.
De que me adiantaria te-la nua,
E perde-la a cada chuva,
A cada brisa fresca,
A cada lágrima caída?
Melhor acoberta-la.
Protege-la.

Sob meus pés este tapete verde e branco.
Não ele.
Olho adiante.
Busco-o.
Lembro seu cheiro.
Há entre está grama e eu
Nós dois juntos.
Seu sorriso parece brotar dela.
Dar-me forças para me mover.
Segurança para me manter.

Muito do que sinto é cruel.
Me dói.
Me faz intransigente.
Ó coração Mensageiro.
Chama a ele.
Transmite tudo que é revelado.
Estou a desfalecer em saudade.
Sofro de pensamento fraco.
Decaio a cada obstáculo.
Mas o amo.
Não sou capaz de esquecer.

A ordem de declara-lo
Provém do amor que sinto.
Se não disser a ele coração,
Nada poderá nos proteger,
Eu e você.
Estou a morrer.
Feito a grama que alcança um tamanho
E se estagna,
Não é capaz de seguir.
Para.
Estagnada.

O amor é capaz de nos manter.
Ele não guia os descrentes.
Vá até ele coração diga que o amo.
Não posso me apoiar noutra coisa.
Restamos eu e você, coração.
O amor nos foi revelado.
Não posso ignorar.
Não te aflijas tanto.
Vá e conte tudo que sinto.
Ele será capaz de compreender.
Aceitar.
Perdoar.
Retornar.

Só preciso de seu abraço.
Não tenho medo ou me entristeço.
Preciso ser forte o suficiente
De encontra-lo e dizer.
O amo.
Me inclino a vontade de minha alma.
Pertence-lo.
Sou cega e surda a todo resto.
O próprio coração me revelou.
O amo.
Tal é o isolamento
Que já não sei onde posso encontrá-lo.
Lugares onde ir.
Ou mesmo horários.
Parece difícil.

Um dos mais estranhos dias
Foi me ver aqui onde estou agora
E me ver sozinha.
Ah coração que chama,
Este nome por quem tanto reclama,
Ele ainda existe?
Tanto tempo correu de outrora.
Meses passado e imaginei-o com outra.
Foi cruel e sanguinário.

Me vi um cadáver a perambular,
Sem vontade ou atitude.
Naufraga nesta grama uma mulher,
Deita-se neste chão
E já não possui forças para se levantar.
Cola-se a grama
Como se parte dela fosse.
Alimento-me de seu cheiro
E algumas pedras que nos ladeiam.
Até que nada mais exista.
Primeiro eu.
Ao menos agora.
Uma mulher grama.

Dois pesos nenhuma medida.
Paradeiro desconhecido.
São as singulares solidões desta terra.
Tumultuado silêncio.
A grama cresce e cresce.
Eu fico.
Até desaparecer.
Não existir.
Não ter sido.
Não ter feito.
Não ter tido
Tormento o bastante para abandona-lo.

A colina

Sentadas. Lado a lado. Mãe e filha. O sol partia na coluna Em frente aonde Estavam sentadas, Ambas abraçadas. Pensativas....