sábado, 26 de julho de 2025

Pensando o Inferno

A mente é território amplo,
Nela podemos cultivar
O que for,
Cabe tudo lá dentro,
Desde os mais lindos anjos,
Até o mais consagrado demônio.
Escolhemos alimentar
O que quisermos,
No território fértil
Do pensamento,
Contudo, alimentado
O demônio ganha asas
E voa,
Percorre o sono,
Percorre territórios desconhecidos,
E a depender de como
Alimentar seu próprio anjo,
Ele pode não ser tão forte
O bastante
Para recuperar
O que o demônio
Tenha espalhado.
A mente é aberta,
Nela tudo entra,
Se não houver um crivo,
Haverá também o pensamento
Destrutivo,
Que se enraíza lá dentro,
E destrói por fora.
Há pensamentos
Dos quais não se possa fugir,
Eles estão instalados,
Contudo, há atitudes
Que se possa evitar,
Elas dependem
De serem postas em concretude.

Demonizando

A solidão me abraça,
Eu estremeço em dor,
Há um inferno
Que queima,
Ele soluça para fora
As minhas lágrimas,
E elas escorrem
Por meu rosto,
E está dor me fere.
Sinto que se eu permitir
Pensamentos ruim
Irão se apossar de mim,
E estas lágrimas
Precisam escorrer,
Me percorrer
E chegar a algum lugar.
Um fosso,
Não quero ser um abismo
Para a dor,
Onde tudo de ruim
Ganha espaço,
E toda ira ganha forma.
Este fosso
De ideias erradas
Escaldante por dentro
E saltam pra fora,
Me vejo a gritar,
Formar frases terríveis,
Estou insensível
E desejo ferir.
Minhas palavras
Saem deste fosso
De dor e desespero
Feito lava,
Cada palavra queima,
Cada frase chega
E corrói,
Cada ato destrói.
Não quero me banir,
Viver num casulo
Onde só eu própria exista
E me veja como a mais importante,
Há um céu fora da dor,
Preciso me puxar deste desespero,
Abandonar o fosso,
Abrir a dor,
Expor estes medos,
Deixar o que for
Que me faça mal.
Vagar sozinho
Por uma estrada deserta,
Nem sempre é possível,
Há um mundo
No meu redor,
Preciso estar atenta a isso,
Receber o que vier de bom,
Guardar em mim
Só o que seja positivo,
Me vejo a ruir,
Fazer de mim um inferno,
Preciso sair disto.
Em troca,
Entender a minha individualidade,
Me permitir vagar,
Encontrar um lugar,
Ser auto suficiente,
Todo o mundo lhe pertence,
Contanto que o que você queira
Não tenha dono anterior,
Neste caso,
Pode estar a venda ou não,
Há um limite
Em mim mesma
Que esbarra no limite
Do outro,
O cair em abismo
Só serve,
Quando se trata
Para dentro de si próprio,
Os outros abismos
Também já pertencem
A alguém.
E não se faz morada
No que não lhe pertence.

Mortos Vivos

Olho o horizonte
E vejo o pássaro a voar,
A borboleta a brincar
Na flor que oscila
Ao vento,
A árvore que perde o fruto,
O sol que deixa tudo visível.
Há nisto,
Neste momento pessoas
Que estão partindo,
Para estas o pássaro
Irá cessar o vôo,
A borboleta se cansará,
E o fruto irá perecer
Sobre a grama fresca,
Também o sol,
Este nunca mais mostrará nada,
Nem nascerá.
Para estas pessoas
Que partem,
Nada mais existirá,
Apenas o escuro
Do fechar os olhos
Numa noite fria,
E não abrir mais.
Chega o fim,
A morte,
Resultado inesperado,
Mas, que sabe-se
Um dia chegará,
E cada passo para o futuro,
É um mais próximo.
Nisto, tudo parece
Tão breve,
Tão leve e frágil,
Tão... Quase inútil.
E assim que acaba:
Viver e depois disso,
Morrer.
Nesta perspectiva
Tudo parece resultar em nada,
Neste aspecto,
Como seria dormir
Um sono eterno?
Crescer e chegar
Em certa idade
Então, deitar na cama
E apenas dormir,
Sereno e tranquilo,
Dormir.
Ter comida pronta
Sempre que quiser,
Banheiro no quarto
Para satisfazer as necessidades,
E neste lapso de tempo
Dormir e mais nada.
Há nisto algo de invejar
Os mortos,
Eles estão além da vida,
São só a morte.
Não buscar,
Não conquistar,
Não se preocupar
Nem sonhar,
Apenas permitir
O tempo passar
E dormir.
Os mortos fizeram
As pazes com a morte,
Eles não se preocupam
Com este destino,
Não pensam neste fim,
Não caracterizam como seria,
Não premeditam nada.
Eles não possuem medo
De sentir dor,
Não tem medo dos erros,
Só que onde estão
Estas coisas não possuem
Importância
Porquê lá eles não fazem
Mais nada.
Só há o escuro,
E por mais que se queira,
Não há como abrir os olhos,
Abandonar o quarto escuro,
Ver o sol nascer,
E buscar as conquistas
Sem temer o erro,
Ou sentir dor.
Porquê mortos estão mortos.

Meu Amor Me Amou Por Um Ano

Meu amor
Me amou por um ano,
Um ano inteiro
Do mais puro amor,
Depois disso,
Meu amor
Me amou mais que isso.
Ele fez coisas
Que foram necessárias
Por nós dois,
Então, nós nos multiplicamos
E tivemos nossos filhos,
Ele protegeu nossos sentimentos,
Por isso,
Nos dividimos
E cuidamos de nossas famílias.
Meu amor
Me amou por um ano,
E depois me amou
Por outros tantos
Que não posso contar quantos,
Contudo, sempre foi muito amor,
E eu retribuo,
Porquê o amor por tudo isso,
E amo por mais um pouco.
Os anos somam-se,
Se repetem e sempre
Meu amor me ama
Muito mais que antes,
E se olhamos o passado,
Falamos dos anos
E percebemos juntos
Que um ano sempre
Superou o outro,
Nosso amor
Sempre tão intenso,
Sempre tão forte,
Nos mantém unidos
Em progresso.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Areias do Tempo

Ninguém é dono
Das areias do tempo,
Sabe-se que são finas
E correm sem parar,
Mas, ficaria mais simples
Se pudéssemos saber
Quando seria o último:
Último pegar de mãos,
Último abraço,
Último pulsar do coração,
Último beijo,
Último olhar,
Último adeus.
Seria mais simples
Saber quando seria
A última vez
Em que abraçaríamos
Nosso melhor amigo,
E que a partir daquele instante
Ele se tornaria um inimigo,
Ou um estranho,
Ou fosse ali mesmo
O seu último dia.
De repente,
Teríamos mais carinho,
Ou mais cuidado
Ao confidenciarmos algo,
Ou profunda entrega
Daquele que nunca mais
Tornará a ser visto.
Talvez, simplificasse
Saber se o beijo que damos
É de amizade,
Ou é de amor,
E quando este se tornar
O último a ser entregue,
Não nos paire a dúvida,
Muito menos arrependimento.
Seria simples
Se pudéssemos descobrir
Quando seria a última vez
Que nos despediríamos
De alguém,
Depois disso,
Viveríamos pra sempre juntos,
Ou nunca mais tornaríamos
A vê-lo,
O adeus seria diferente,
Porquê o gosto da unicidade
Dá mais intensidade,
E a certeza nos faz bem.

Saudades

Espero.
Espero até nossa mãe
Fazer o jantar,
Espero,
Espero até poder
Me alimentar,
Espero,
Espero até ver
Nossos pais se alimentarem,
Espero.
Decido mudar
O rumo das coisas,
Talvez, fosse pra esses lados
Que meus bois
Estivessem levando a carroça,
E eu simplesmente,
Deixei seguir o rumo,
Talvez, fosse pelo lado oposto,
E eu tenha puxado a corda
Na hora certa,
E eles tenham se encaminhado
Comigo a guia-los.
Mas, deixo ela lavar a louça,
Falo pra ele levar a louça
Até a pia,
Ambos retiram a toalha,
Limpam a mesa,
E eu espero.
Espero até passar
Outro capítulo da novela,
Outra notícia
No telejornal,
Outra conversa paralela,
Outro assunto sobre a família,
Espero.
Então, me dirijo ao seu quarto,
Abro a cortina
Com um susto:
Você não está lá.
Sinto seu cheiro
Invadir minhas narinas,
Está tudo tão vivo,
E tão no lugar,
Parece inalterado.
Espero até sua imagem
Se personificar,
Busco seu sorriso,
Seu jeito,
Sua voz,
Quase não respiro,
Quase não resisto ao choro,
Quase não resisto ao torpor
Que talvez me faça
Não sentir as lágrimas.
Depois disso, dou outro passo,
Estou dentro,
Próximo ao seu cantinho,
O lugar onde você dormia,
Dou dois passos
E estou na sua cama,
Com seus cobertores estendidos,
Seu travesseiro organizado
E limpo.
Espero até me ver respirar,
Busco suas histórias,
Sua rotina,
Busco onde você está?
Sinto saudades suas,
Deito em seu lugar,
Sinto vontade de morrer
Um pouco,
Não muito,
Só o bastante para ir
Até onde você esteja,
Não me contento
Com a lápide com seu nome
Sobre um chão de cemitério,
Não,
Você não está lá,
E eu desejo vê-lo,
Desejo buscá-lo,
Gostaria de abraça -lo,
Na casa,
Nossos pais sentem dor,
Eu noto na voz arrastada
E dolorida de cada palavra,
Nas ausências,
Nas conversas que o buscam,
Eu sinto vontade de morrer,
Apenas até te achar,
Nossos pais sofrem,
Onde você poderá estar?

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Amar é Compreender

O amor é carinho
E felicidades,
Amar alguém é cuidar
E dar liberdade,
Permitir que o outro
Possa ter sonhos,
E se nestes sonhos
Você estiver incluído,
Aí sim,
É amor.
Amor é ser forte,
Mas isto não requer
Ser sozinho,
Amar é confiar,
Entregar seus medos,
Compartilhar os sonhos
E ter no outro
Um abraço para os dias bons,
Um ombro para qualquer dia
Onde você tenha consolo,
Tenha repouso,
Tenha um amigo.
O amor é bondoso,
As vezes, ele se exalta
Diz coisas sem pensar,
Pois amar também é isto,
Pedir compreensão
Pelas raivas que se passa,
Não ser julgado
E não ser obrigado a chorar
Sozinho.
Amar é ceder,
Dar afeto e estima,
Compartilhar as coisas boas,
Abandonar o espírito competitivo,
Amar é estar completo
Ao lado do outro,
Não precisar buscar refúgio
Em outros abrigos,
Nem ser falso ou raivoso,
Ferir não é cuidar,
Contudo, gritar, as vezes,
É preciso, seja calmo com isso,
Porque amar é compreender.

Oi Zé

Eu não sabia Que a sua boca mente, Eu só sabia que a solidão Que só me fez chamar tu, Que só me fez ligar tu, E o seu amor...