Ninguém é dono
Das areias do tempo,
Sabe-se que são finas
E correm sem parar,
Mas, ficaria mais simples
Se pudéssemos saber
Quando seria o último:
Último pegar de mãos,
Último abraço,
Último pulsar do coração,
Último beijo,
Último olhar,
Último adeus.
Seria mais simples
Saber quando seria
A última vez
Em que abraçaríamos
Nosso melhor amigo,
E que a partir daquele instante
Ele se tornaria um inimigo,
Ou um estranho,
Ou fosse ali mesmo
O seu último dia.
De repente,
Teríamos mais carinho,
Ou mais cuidado
Ao confidenciarmos algo,
Ou profunda entrega
Daquele que nunca mais
Tornará a ser visto.
Talvez, simplificasse
Saber se o beijo que damos
É de amizade,
Ou é de amor,
E quando este se tornar
O último a ser entregue,
Não nos paire a dúvida,
Muito menos arrependimento.
Seria simples
Se pudéssemos descobrir
Quando seria a última vez
Que nos despediríamos
De alguém,
Depois disso,
Viveríamos pra sempre juntos,
Ou nunca mais tornaríamos
A vê-lo,
O adeus seria diferente,
Porquê o gosto da unicidade
Dá mais intensidade,
E a certeza nos faz bem.
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