“De útero para útero,
O sangue doente
Se revela,
E a histeria é transmitida”.
O médico sugeriu para Anne,
Que estava deitada na cama
Hospitalar,
Com o nariz quebrado,
E algumas ataduras pelo rosto.
Ela ficou calada,
Ele queria emitir
Um diagnóstico
Que não fosse o costumeiro
De que, outra vez,
Seu esposo descontou nela
Toda a sua fúria, ódio e força.
“Ele feriu-se?”
Anne olhou para seu rosto,
Como se quisesse indagar,
Mas, não conseguiu dizer nada,
Então, permaneceu olhando
Fixo para aquele homem alto
Vestido de branco
Com uma prancheta
E uma caneta branca
Em mãos.
Contudo, ela imaginou
Que não,
Ele não sofreu único arranhão,
Nem quebrou seus dedos
Contra os ossos
Do seu rosto.
Anne tentou se mover,
Mas viu-se impedida,
Estava usando gesso
Em um dia braços,
E custou lembrar o motivo.
Rolinton estava fazendo
Açúcar de cana,
Quando começou a gritar
Para ela pôr lenha no fogo
Caso contrário o fogo
Se apagaria e isto retardaria
O resultado do açúcar,
Ou então, estragaria.
Ela se aprumou
Com um feixe de lenha
Em mãos,
Então, a dois passos
Da fogueira
Tropeçou sobre palha seca,
Gravetos e outras sujeiras
Que estavam ao redor
Do tacho
No redor e dentro
Do galpão aberto
Onde estavam.
Caiu de rosto na sujeira,
Estendida feito uma boba,
A lenha correu dos seus braços,
Chegou ao fogo
E incendiou feito palha seca,
Faiscando contra sua cara,
Crepidando próximo ao seu rosto.
Rolinton irritou-se,
Levantou de seu tronco
De madeira onde estava sentado
Com a pá de mexer o tacho
Nas mãos,
Soltou a pá naquela labareda
E atirou contra ela.
Jogou brasas acesas,
Madeira incandescente,
Fogo vivo em seus braços,
Então, pisou sobre o braço
Próximo a ele.
Sua mão esquerda
Presa entre o chão
E seu pé,
E o fogo a consumir
Sua pele,
Suas unhas,
Seus dedos,
Seu braço,
Chegando ao seu rosto.
Ela uniu toda a sua força,
Puxou o braço,
E conseguiu fugir,
Caindo sentada contra
O pilar do galpão.
Rolinton não se viu sossego,
Lavou a pá no balde de água
Que estava ao seu lado,
Depois, colocou no açúcar
Que fervia a sua frente,
E jogou três pás
Do doce contra Anne,
Depois disso,
Largou a pá dentro do tacho.
Juntou Anne pelos braços,
E desferiu socos
Contra seu rosto
Até fazer saltar sangue.
Ele disse que ela era lerda,
Histérica e vadia.
Ela pegou uma madeira
E revidou contra seu rosto,
Ele defendeu com o braço
O golpe dela,
Lhe tomou a madeira
Com a mesma mão
E soltou a madeira com força
Contra ela,
Ela acordou ali onde estava.
Não sabia o dia,
Ou hora,
Mas, olhava-se no espelho
A sua frente
Preso na parede
Ansiosa para voltar
Para casa.
O médico falava,
Movia-se ao seu redor,
Lhe indicava remédios
Pedia se sentia dor,
“dor?” ela indagou-se,
Então, chorou copiosamente.