Tanto contempla o olhar que vê a alma,
Tanto contempla os lábios que vê o amor neles,
Há algo maior que amanhecer num dia quente:
Poder roçar os dedos no rosto daquele que é amado,
Mergulhar no espaço do seu abraço,
E ressoar de leve os lábios sobre a sua boca,
Provar o gosto doce e sedutor que há nela,
Imaginar um futuro bom ao lado de quem ama,
Sonha, sente-se grande;
Olha para aquele rosto entre suas mãos,
E imagina que há neles algo do infinito celeste,
Como se o inimaginável estivesse ao alcance,
Fecha os olhos apenas para suspirar um pouco,
Sorver o gosto dos seus sonhos num beijo sedento,
Torna-se terna aquela que parecia de pedra,
Não faz promessa mas imagina o desenrolar de sua vida,
Faz planos no aconchego daquele abraço que não quer soltar,
Ouve o pulsar descompassado do coração dele,
Imagina um caminho ao som de rock ao luar,
Da solidão da pessoa que desacredita de tudo,
Passa ao amor daquele que vê estrelas em dia nublado,
Admirável sentimento brota daquela pele macia e sedosa,
Dos seus cabelos brota o aconchego de ter onde ficar,
Roçar o rosto até sentir-se mais próxima,
Quem sabe inteira por não pertencer-se a si mesma,
Esquece de si e se apieda dos que choram e sofrem,
Quer dividir tudo que sente,
Como se tivesse em seus lábios a chave,
A chave que encontrou naquele abraço suave e quente,
Além disso, sente-se feliz e realizada;
Sim, o amor em um coração que sofre
É tão encantador do que aquele que ainda adormece,
O primeiro beijo que aparece é aquele que desperta,
Por mais simples que o seja,
Um beijo causa inveja aos mais sábios,
O amor que ressoa livre; o abraço que absorve;
Dos céus Deus pronunciou um juízo,
Na terra, em seus braços ela ouviu e tremeu,
Emudeceu aquela que sempre teve a resposta,
Decidiu ficar aquela que contava as horas,
Tentava não fechar os olhos,
A inquieta que sentiu medo sem saber o motivo,
Incerta a ponto de não saber o que falar,
Segura o bastante para escolher ficar,
Cá, eu fico a pensar nos dias que foram,
Em cada um dos dias que pertencem ao passado,
O meu coração por muito tempo medida,
A pergunta que não tento mais silenciar:
Ao desaparecer aquele que se define amor,
Parte com ele, também, as promessas?
A solidão é capaz de refrear a paixão,
Mesmo aquela que vi naquele casal em sofreguidão...
Penso comigo que não,
Digo para mim: não pense mais nisso, não,
Algumas palavras fazem luz ao infinito,
Alguns momentos lançam tudo em registros,
Algo como um cego que não vendo: enxergou,
O fora do alcance que de repente, se recusou.