quarta-feira, 14 de maio de 2025

O Mulato- o navio

Atracou o navio negreiro,
Vinha do estrangeiro
Novos escravos,
Escolhidos a dedo,
Mão de obra barata,
Paga-se em única parcela.
Abriu a porta do navio,
De dentro saíram mulheres
Em uma fileira,
Homens em outra,
Todos jovens,
Mãos amarradas por cordas
De amarrar gado,
Pescoços com uma espécie
De colar de ferro,
Cuja corrente descia até os pés,
Enlaçava a ambos
E seguia a amarrar-se
Ao negro de trás .
Desciam um após o outro,
Naquela porta aberta
Feita em madeira,
Revestida de aço,
Lisa,
Que tocava a costa do mar.
O capataz seguia ao lado
De cada fileira
O chicote chicoteava
O chão,
Vez ou outra,
Tocava alguém da fileira.
Orgulhava-se de seu
Bom trabalho,
Ordenar escravos,
Da ordem dada
Ao tronco,
Sabia desempenhar
Seu trabalho,
Como nenhum outro.
Cada comerciante
Tinha sua oportunidade
De ver de perto os negros,
Os dentes,
Os músculos fortes,
O corpo bem definido...
Manuel, não deixou de estar.
Embora houvesse
Boatos acerca da lei
Do ventre livre,
Em que os filhos dos escravos
Seriam libertos da escravidão,
Ele se abstinha de comentar,
Não se colocava
Como desfavorável,
Nem buscava aptos a nada.
- cadê, Raimundo?
Indagavam aos pares,
O boato de que ele
Reativaria sua fazenda
Se espalhou,
Assim, como, principalmente
A sua inaptidão para o trabalho.
Não seria de espanto,
Compreender-se que alguns
Pareciam aguardar
Que ele estivesse algemado
Entre um dos negros...
Passaram-se horas,
As escolhas eram feitas,
O pagamento ocorria
No mesmo instante,
- cadê Raimundo.
Não apareceu.
Os mercantilistas,
Foram, após horas de espera,
Um após o outro
Com seus escravos,
Recém adquiridos,
Seguiam aos prantos
Atrás deles,
Puxados por uma corda.
O sorriso de cada um
Espreitava de orelha
A orelha,
Com seus chicotes
Pendurados em seus cintos,
Seguiam a cavalos,
Os negros seguiam correndo.
-Cadê Raimundo?
Indagavam.
Não aproveitou os negros
Recém chegados,
Contudo, ainda não se pôs
Entre um deles.
Contudo, o Senhor Feudal
Não abstinha de inovar,
Logo atrás atracou o navio
Europeu,
Trazia imigrantes da Europa,
Itália, Alemanha, principalmente,
Estes vinham iludidos,
Acreditando que iriam adquirir
Grandes propriedades rurais
A preço baixo,
Por ser terra nova,
Não habitada,
Contudo, antes de descer
Do navio 
Tinham seus pertences retidos,
E tornavam-se mão de obra escrava,
A diferença entre estes
E os anteriores,
É que a lei era inexistente 
Para o grupo anterior,
E as escondidas e desconhecidas
Para os recentes.
Na descoberta do Brasil 
Por Pedro Alvares Cabral,
Toda a terra era mato
E pedras preciosas,
Fora a madeira
E os minerais como o ouro,
Nada mais havia de valor.

Nesta terra habitavam
Poucas pessoas,
As quais,
Em razão de sua cor enegrecida
Foram definidos indígenas,
Estes, por sua vez,
Tornaram-se escravos,
Devido ao fato de serem arredios,
E desconhecedores da alfabetização,
Religião, e costumes europeus.

Eles não possuíam roupas,
Moravam em aldeias
Ou oca,
Que compreendia uma construção 
Feita de varas e folhas de coqueiro,
Suas roupas era o couro do animal,
Suas penas e folhas,
Isto ocorreu em 1500.

Poucas tribos indígenas resistiram
A colonização de Portugal,
E ao catolicismo da igreja Católica de Roma,
Os donos das terras brasileiras
Eram os europeus,
A partir daí,
Da missegenacão das raças 
Surgiu a definição brasileiro 
Para aqueles que nascem aqui,
E diz-se filho da terra.

Inicialmente, o país 
Chamou-se Ilha de Santa Cruz,
Depois Vera Cruz,
Por fim, Brasil,
Devido ao fato de haver muita
Madeira Pau Brasil disponível.

Foram-se os séculos 
Porém, a cultura do escravismo 
Perdurou,
Mesmo com a maioria da população 
Vivendo na miséria,
Ainda está enraigada a ideia
De que todo negro é escravo,
E que escravo é aquele 
Que é submetido a tratamento desumano 
Ou degradante,
No entando,
Está cada dia mais difícil 
Conseguir trabalho,
Ou encontrar oferta de emprego,
E também conciliar o salário 
Com os gastos do viver 
Como alimentação, estadia, vestuário,
Educação e etc.

O regime inicial de governo 
Foi o Império,
Instante em que Dom Pedro I
Era o imperador do Brasil,
O rei,
Depois se tornou república 
Momento da ditadura militar,
Ao final,
Na atualidade é o presidencialismo,
Momento em que o governante 
E eleito através de votação,
E possui mandato pré-estabelecido.

A língua é o português,
Contudo, no palavreado local
Diz-se brasileiro,
Por ser um linguajar 
Diferenciado do português europeu.

A religião é predominante a católica.
Um país agro-industrial,
Onde a economia é retirada
Da agricultura 
E de indústrias.
País predominante analfabeto.
O país possui dívidas externas
Proveniente de pedidos de empréstimos
De grandes valores a países específicos,
Como, por exemplo, os Estados Unidos da América.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

O Mulato- encontro com o passado

Apeou do cavalo
Em frente a antiga varanda,
Agora com caibros
Para o alto,
Grade de madeira a apodrecer
Devido a chuva
Que desce pelo telhado
Onde caíram algumas telhas.
Ele amarrou o cavalo,
Manuel também.
Entraram no que restava
Do seu passado,
A casa,
Onde nasceu e viveu
Seus primeiros anos.
Logo de imediato,
Encontrou um tronco
Enegrecido pelo que pareciam
Ser chamas,
No tronco haviam buracos
Onde se colocava os escravos,
Pulsos, pescoço e pernas...
Com fins de suplício.
Raimundo levou a mão
Ao rosto com espanto,
Saiu de lá,
Foi até a capela,
Antes dela cruzou pelo cemitério
Onde estava os restos mortais
De seu pai.
Havia apenas uma pedra negra
Sobre a sepultura,
Os anos correram todo o resto,
Até mesmo o nome,
Talvez os ossos...
Sua imagem,
Tudo escorreu com o tempo.
Na capela,
Em frente a imagens corroídas
De santos,
Estava uma negra,
Cabelos, pele e ossos.
De súbito ela olhou para trás,
Levantou-se,
Trazia nos joelhos
A marca de suas orações
Constantes,
Ela levantou-se louvando a Deus
Num rompante de loucura,
Entoando orações
Como se fosse uma celebração
E correu para o seu alcance.
Raimundo se afastou,
Assustou-se,
Se sobressaltos
E levou a mão de ímpeto
Ao chicote que trazia
Pendurado no cinto.
Manuel correu
E afastou a escrava,
Raimundo chegou a gritar
Algo mexeu com seus nervos
Lhe despertando
Uma espécie de ódio
Que não pode controlar,
Ao ver aquela mulata
Tão magra,
Louvando daquela maneira
Ele sentiu repulsa.
Afastou-se,
De ímpeto,
Puxou o chicote do cinto,
O estendendo aos seus pés,
Afaste-se ou irei usá-lo.
Ameaçou com um grito
Estridente e alto.
Como se não visse ali
Um ser humano,
Quis sobrepor-se,
Afastar-se,
Fugir.
Sentiu medo dos restos
De seu pai,
Isto incluía seus escravos...
A espera-lo
Em maldito atrevimento,
Que sentimentos
Eram estes tão intensos
Que guiavam está negra
A quere-lo tanto?
De um movimento
Enrolou de volta o chicote
Entre os dedos
E permaneceu com ele
Em mãos.

Nosso Bebê

O bebê chora no berço,
Eu tento amamentar,
Ele não sente fome,
Sente saudades do pai,
Papai está trabalhando
Para nos trazer comida
E conforto,
Eu digo a ele.
O bebê sorri,
Parece que vê a imagem dele
Em meus rosto,
A simples menção do pai
O deixa seguro.
O pai chega beija sua testa,
O retira dos meus braços,
Canta uma canção de ninar,
E o bebê dorme tão bem,
Como se fosse a mais feliz
Das criaturas.
Então, o papai vai ao trabalho,
Ele se afasta,
O bebê chora,
Eu sinto medo
De ver a criança chorar tanto,
Eu chamo papai,
Ele não volta,
E então, não me atende,
Oh, que há com o bebê?
Então, papai retorna,
Se demora mas volta,
O meu amigo atende a porta,
Ele faz cara de pouco caso,
Beija a criança,
Canta para ela no berço,
Eu me sinto segura,
O bebê está bem,
Eu digo amigo vai embora,
Meu amigo vai.
Mas, papai se irrita,
Ele me joga contra a janela
O vidro parte-se,
Me fratura o rosto,
Por quê papai eu quero dizer?
Ele olha na direção do bebê,
Grita com ele,
Isto me fere,
Ele pega seu terno
Abre a porta
E retorna ao trabalho,
Eu digo por quê papai,
Ele diz eu pago as contas,
Eu desligo o telefone
Acho que ele não se importa,
É assim quê é,
Mas, eu vejo no sorriso do bebê
Não deveria ser,
Ele me estende suas mãos
Tão pequeninas
O que houve com papai
Parece me dizer...

Caso: Assassinato da Balconista

Aos vinte e cinco anos Não se espera a chuva fria De julho Quando se sai para o trabalho, Na calada da noite, Até altas mad...