segunda-feira, 2 de junho de 2025

Mãe, por trabalho

A noite tardava
A lhe trazer o sono,
A barriga palpitava
Sentia que era o dia,
Sem importa-se a data,
Seu filho viria.
Pegou o celular de sobre
A penteadeira,
Teclou o número da mãe,
Ela não atendeu,
Era tarde,
Talvez fosse madrugada.
Ligou para o esposo,
O telefone caiu na caixa postal:
- Por Allah, o trabalho
Do meu marido
Me cobra a vida,
Eu me vejo esmorecer
Em espera.
Otavia disse.
Cansada de ligar
E não obter resposta
Buscou o número de um taxista,
Ligou e o chamou a porta.
Pegou a bolsa
E mais nada.
Na chegada dos faróis acesos
Correu para o carro,
De ímpeto o coração deu
Dois saltos rápidos
E um atrasado,
Ela recordou de quantas vezes
O marido a buscou
Para saírem juntos se divertir.
Se viu em seu carro
Com um copo de vidro
Cheio de bebida
E o sorriso contagiante
Nos lábios.
Se viu beijando-o demorado,
O viu a abraçando forte,
Até que um vento frio
A retirou destas lembranças
E a fez descer as escadas
Até o táxi,
Então, ela pensou que talvez
Nunca mais o veria.
Olhou para trás,
Viu a porta aberta,
Voltou para tranca-la,
Retornou até onde estava.
Uma mulher saiu
E lhe abriu a porta.
- para onde?
Ela indagou.
-ao hospital.
Respondeu.
- irá sozinha?
A taxista olhou
Para sua barriga grande,
Se admirou de seus cabelos
Loiros e compridos,
Lisos caídos até as pernas.
Os lábios levemente rosados,
Parecia haver nela
Um sopro de vida,
Nada mais que isto,
Talvez, alguns dias.
Olhou-a atentamente,
Talvez, nem isso.
- e depois?
Indagou.
- eu a chamo se precisar,
Mas, talvez me demore.
Respondeu Otavia.
- e teu marido, mulher?
Otavia a olhou séria.
- por quê uma mulher
Que vai para o hospital
Precisaria de esposo?
A indagou.
Depois, pegou na porta,
Abriu-a mais um pouco
E entrou.
- é o que mais querem,
O pai do filho.
Você está grávida, não está?
Indagou Roxane,
Indo para a direção do veículo.
- estou, é uma menina.
Vanora.
Meu marido está longe,
Ele vai demorar para ver a neném.
Ela disse,
Olhando em tom distante
Para a rua que se abria solitária
A sua frente
Com poucas luzes,
E ninguém a frente.
- está certo,
Vamos.
Minha filha tem um ano,
Também é uma menina.
Roxane comentou.
Ligou o carro,
Colocou segunda marcha
E foi rápida.
-ser mãe é mais que um sonho.
Comentou Otavia,
Depois desmaiou.
Roxane olhou pelo retrovisor,
Se assustou
Parou o carro
O mais rápido que pode,
Então, saiu para fora
E correu até Otávia.
-acorde,
O que houve?
Otavia chorava silenciosa.
- acorde,
Acordei!
Qual hospital te levo
A qualquer um?
Qual seu nome?
De repente, Otavia
Abriu os olhos e começou
A gritar sem parar
E chorar sobre o banco.
Depois das contrações
Seu filho nasceu,
Era uma menina, realmente,
Fraca e frágil,
Pequenina sobre os braços de Roxana.
Roxana pegou a neném
No colo,
A menina abriu os braços
Cheios de sangue
Sem resistência ao carinho.
As crianças confiam
Com a mesma facilidade
Com que se assustam,
Sem que se saiba porquê,
Todavia, Vanora reagiu
Com tamanha fragilidade
Que parecia querer
Estar ali para sempre
Como se não tivesse escolha
Ou não quisesse.
As crianças tem esses pressentimentos interiores.
Roxane então procurou Otávia,
Que parou de gemer e gritar.
Parecia desmaiada,
Estava imóvel,
Com o rosto opaco,
Os lábios sem vida.
Vanora começou a chorar,
Tão magra e pequena,
Roxane se apiedou
E lhe deu do seu próprio leite
Para tomar.
A menina sugou o seio
Com Roxane recostada
Na lateral do táxi,
Foi como se um ímpeto
De vida lhe disse soprado,
Ela não tardou a sorrir,
E buscar mais o mama.
Seus pequenos
Olhinhos escuros
Chamavam Roxane de mãe.
Roxane sorriu com ela nos braços.
- fique com ela!
Gritou Otávia
Do lado de fora do carro,
Correndo rua afora,
Como se não tivesse
Recém parido a criança.
Roxane assustou-se
E procurou Otávia
Dentro do carro,
Então percebeu
Que a própria, realmente,
Não estava lá,
Nem sua bolsa.
Isto, a princípio
Lhe soou o mais absurdo
Que já presenciou
Durante seus anos de taxista,
Entretanto, olhou para a criança
Em seus braços,
Assustou-se no início,
Depois, decidiu ama-la.
A colocou ao seu lado
No banco de passageiro
E dirigiu até sua casa,
Tirou o resto da noite
Para folgar,
Ela era mãe solteira,
Mas, isso não lhe interferia
Negativamente.
- Olá, nega.
Mais um bebê para você cuidar
Nas noites em que trabalho!
Ela disse,
Ao entrar para dentro
E beijar a testa da babá das crianças.

Não Dizer Adeus

Hoje recebi a notícia
Que não desejo a ninguém.
Meu ex me trocou
Não foi por alguém
Ele preferiu algo intenso
Que o levará a morte,
Preferiu drogar-se.

Eu reflito se agi errado
Com relação a nós dois
Apenas porquê não deu certo,
Eu não me vejo como responsável
Pelo seu declínio pessoal,
Eu gostaria de isenção
Ao menos a esse respeito.

Eu rezei por ele,
Gostei dele tão antes
De nos conhecermos
Que daria para apostar
Que muitos
Dos que sabiam deste amor
Contribuíram para o fracasso.

Droga,
Ele está usando coisa forte
Agora um alucinógeno
Mexe com seu cérebro
E o corrói por dentro,
Isto me leva a mal.

Eu não gostaria
De encontra-lo morto,
Ou pior,
Nunca mais chegar a vê-lo,
Talvez, nem ter notícias.

Eu torci por nós dois,
Depois de dar fim ao nós,
Eu torci por ele,
A valer,
Eu torci muito.

Eu confesso
As vezes gostaria de estar
Mais perto,
Contudo, sinto medo
Vai que ele esteja drogado...
O que poderá fazer comigo?
Pessoas sob efeitos 
Geram efeitos que não dão conta.

Todavia, estes efeitos são reflexos
Agem mal comigo,
E isto reflete sobre ele de maneira pior.

Efeitos malignos,
Efeitos perversos.

A droga predomina
Sobre a pessoa,
Seus atos e pensamentos
Obedecem a outro comando
Já não é seu coração 
Quem dita as regras,
É apenas o vício,
Doentio e corrosivo.

Pois é,
Não diremos adeus,
Não trocaremos último abraço,
A droga me substituiu,
O ganhou por inteiro.

Talvez, eu nunca mais o veja,
Talvez o vendo não o reconheça,
Meu ex,
Eu o amei,
Isto hoje não o interessa.

Eu penso em ligar,
Puxar conversa
Saber como ele está,
Mas, é tão triste presenciar
Seu declínio,
Me vejo me afastar...

Eu o vi passar mal,
Sua língua estava escurecida,
Penso que sentiu falta de ar,
Eu lhe daria meu ar,
Eu já desejei lhe dar minha vida,
Um sopro em seus lábios,
Um último instante de vida.

Mas, bem,
Me contaram sobre seus amores,
Eu não influenciei nisto,
Está certo, baby,
Mas, de repente eu lhe apontaria
O erro mais errado,
Então, foi ela quem lhe convenceu
Ou você estava lá muito antes?

Não a leve caso o erro seja seu,
Bem, você foi sozinho,
Eu não pertenci a este seu lado
Egoísta com quem te ama
E solitário.

Meu pai sempre disse
Que pessoas boas
São guiadas para atos maus 
Por pessoas más,
E você é o bonzinho da história,
Ao menos desta,
Saia deste caminho ruim.


Não diremos adeus,
Mas, eu tenho uma dúvida
Este é o seu fim, realmente?
A droga ou a putaria?
Putaria com quem te ama,
Que droga de vida você está buscando!

Sinto muito,
Devo dizer adeus por enquanto?
Quanto ao romantismo,
Entenda isso:
Eu não irei te buscar.

Não enfrentarei o mundo
Por um amor que cedeu a droga
De eu não estar mais ao seu lado
Para simplesmente viciar-se...

Por conselho:
Não leve seus amigos.
Para desencargo:
Você não me carregou para
Este abismo.

Para você saber:
Eu o amei de verdade.
Para seus amigos:
Poxa, vocês são vencedores,
Estão com o melhor!

Caramba,
Você escolhendo esta vida
Leva tantos contigo
Que te gostam e admiram,
Você escolheu mesmo isto
Para si próprio
E outros que confiam em você?

Não caia para levar seus amigos,
O chão é para os solitários,
Não dizer adeus
Nunca foi tão difícil.

Sinto muito pelo erro,
Desista deste vício,
Eu estarei contigo,
Abandone este caminho,
Isso não te pertence,
Você é o cara legal
Aquele que sobressai.

Casada por Acaso

O término do namoro Levou Ana ao dezenove Pote de dez litros de sorvete, Já conhecia todos os sabores, Brincava com as cores...