Havia um rei vestido à prata e ouro,
Que nas pedras preciosas escondia o seu tormento,
Por nunca ter encontrado um coração,
Que desse vida à sua emoção,
Suas horas se arrastavam pesadas feito ferro,
Seu dormir insone refletia o brilho do ouro gelado,
Solitário, afogava o pranto no fundo do peito,
Ao manter os olhos eternamente vendados ao amor,
Névoa que se eleva ao vapor dos suspiros,
Purgado é o beijo dos apaixonados
E aos seus lábios, um sabor desconhecido.
Com a mesma intensidade do seu sofrimento,
Por sete anos a fome perseguiu seu povo,
Fazendo toda a prata se acumular nas mãos do soberano,
Comerciada por alimento,
Em sua falta foi negociado o patrimônio,
E em sua ausência foi vendido o próprio corpo,
Coisificando os seres humanos ao estado de escravo,
Reduzidos à mercadoria nas mãos do monarca.
Porém, certo dia,
Seu olhar cruzou com o de uma moça,
Definitivo como o fio da espada,
E a vida palpitou em seu coração,
Tão genuína quanto a delicadeza da sua expressão,
Um último pedido pendente nas estrelas,
A chama de uma vela que ensina a alma a brilhar,
Mais valiosa que qualquer de suas joias,
Tão linda que o significado da beleza não a alcançava,
Como uma página guardada no caderno do destino,
Seus lábios etéreos e delicados, abertos em um sorriso,
Absorviam seus pecados na pureza dos seus beijos,
Para todo o sempre ele jurou seu amor,
E ao tê-la como esposa,
Conheceu o valor da raça humana,
E por acreditar em sonhos,
E ao conhecer o significado da vida,
Buscou também, respeitar e proteger a família humana.