domingo, 17 de novembro de 2024

O Bananal do Meu Vizinho

Aconteceu que o vizinho
Decidiu fazer plantação grande,
Limpou a terra,
Pôs nela muitos pés de banana,
Veio o vento e derrubou todas.
Lucro zero.
Então, ele sentou numa pedra,
Levantou-se e continuou,
Plantou tudo de volta,
Usou veneno,
E deixou terra a mostra,
Veio o fruto e não tinha gosto.

Ele sentou de novo na pedra,
Dinheiro nenhum,
Fruto sem gosto ou cheiro,
Só tinha a cara de fruto.
Levantou e plantou de novo.

Muita flor,
Grande expectativa,
Veio o sol e caiu tudo,
Pouco peso.
Pouco lucro.
Sentou na pedra de volta.

Levantou-se e seguiu,
Plantou de novo,
Veio o passarinho e fez ninho,
Riscou de um a um
Os dedinhos,
Pouco lucro,
Produto feio.
Sentiu na pedra desacorçoado.

Levantou e plantou outra vez,
Veio a seca brava,
Secou todos os cachos,
Prejuízo indefinido,
Sentou na pedra outra vez.

Ao longe,
Eu fiquei olhando tudo,
Deus me livre de história da roça,
Enxerguei um vulto
Cair em direção a terra
E levantar poeira,
Tão intensa e assustadora
Que parecia uma pedra
Ao lado de outra pedra,
Então, caiu uma bananeira
E outra bananeira,
E outra,
Eu fugi,
Só Deus sabe o que
Ele fará daquela pedra.

Sinto pena dele,
Perco o sono a noite,
Na roda de conversa
Eu sempre falo dele,
Vou pedir para o vizinho de cá
Que o visite,
Pessoa muito boa
E trabalhadora.

Mas aquela pedra,
Sempre que olho pra’queles lados
Vejo ele por lá.
E pouca bananeira,
Pensando bem,
Poucas mesmo.

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