Pude perceber como as promessas mudam em espaço aberto,
Dentro do quarto sobre lençóis macios, é fácil jurar o
eterno,
A sensação do beijo também se diferenciava, se apagava aos
poucos,
As mãos que se buscavam unidas, se soltam por instinto,
Aos olhos de estranhos o amor cai em vão, esquecido,
Dos sorrisos que prometeram amor, resta o soslaio,
Qualquer coisa que faça distanciar, qualquer motivo que
desprenda,
Acabou o beijo, não precisa mais carícias, para quê
sustentar?
Quando a sensação passar e vier a necessidade de mais,
então: procurar,
Eu podia sentir que o sol desanuviava meus pensamentos,
Sentia ele escapar e não queria, nem iria prendê-lo,
Tudo ao seu redor tinha importância maior que o que vivemos,
Quando caminhei ao seu encontro, sabia o destino certo,
Me direcionava a esmo, iria crepitar em fogo,
O que me incendiaria não seriam chamas, mas afagos,
Depois disso, tal como o fogo se apaga, tudo ficaria ao
passado,
A escravidão de ser sua fornece eloquentes argumentos,
A prisão de sentir suas carícias me descumpre com empenho,
Me vejo duvidar de tudo que havia posto em jogo,
De cada ideia em que me apeguei para tentar esquecê-lo,
Mesmo sem tê-lo preso em meus dedos, me pego a duvidar do
que vejo,
É como se ainda permanecesse comigo, chego a ouvir sua voz,
Entre as lembranças sinto que uma voz feminina se coloca
contra nós,
A sinto vencer, não gosto da concorrência, morte ou distanciamento,
Não me interessam mais os argumentos, entre nós, nenhuma
outra,
O que sinto a unir-nos é tão fraco que apaga-se ao menor
suspiro,
Sabe o tipo de menino da mãe? Então, não faz em nada o meu
tipo,
Colocar uma outra presença entre nós dois, não aceito,
Recordo o nosso último beijo, sua mãe ligara para ele e ele
a atendeu,
Ela quis nos separar, ele cedeu, me colocou para escanteio,
Bola na trave, nenhum orgasmo, nada que me faça querer
repetir,
Lembro do seu medo de me tocar, parecia que eu estava
ferindo-o,
Justo eu, logo soube o motivo, ele já tinha a vagina em que
se apegar,
Não era a minha, outra boca oferecia carinho, e ele aceitara
e mais nada,
Nos despedimos, eu não disse adeus, não gosto dessas coisas,
Mas, aquele momento fora um nunca mais, sem beijo para
sustentar,
Sem o compromisso do amor; as promessas feitas ficaram no
quarto,
Trancadas, jogadas sobre a cama, talvez, os outros que
entrassem lá,
As pudessem sentir, fechei os olhos, senti vergonha de me
submeter,
O homem que busquei não era humano, era um filhinho nada
além,
Parece que ouço a voz dela, feito um veneno, repulsa é o que
sinto,
O que houve entre nós, não há como apagar, nem
repetir-se,
Desejo nunca mais vê-lo, colocar uma voz feminina no meio do
beijo?
Por Deus que ao beijá-lo, eu juro: senti o cheiro da vagina dela,
vergonhoso,
Ele virara o rosto quando procurei seus lábios, assaltara
meu corpo,
Não foi amor o que fizemos, colocara um preço em meus
afagos,
Mas esquecera de pagar por eles, o veneno escorria em minha
boca,
Me embriagava, estou cheia dele, me vejo salivar faminta,
Sabe quando você odeia um alguém? Quando tudo o que você
sente
Se volta contra você? Com o teor que lhe jurei amor,
Muito mais intenso, lhe juro ódio, meus olhos castanhos
sangue,
Se recusam a vê-lo de novo, espero conseguir ficar longe,
Espero poder evita-lo, sou frágil, existem coisas fora do
meu alcance,
Ele usara a força contra mim, me ferira para me expulsar para
fora,
Me expos no meio da rua, foi bom para ele e para ela,
Para mim o adeus, para eles a vitória, me possuíram,
Não bastou, me destruíra, sabe quando o beijo vira nojo?
Aqueles lábios moles demais para me sustentar, caíram,
Acho que ele nunca quis se aproximar, nem eu queria,
Outro corpo, outra alma, outra boca - eu não merecia,
Suficientemente perversa para mim mesma, me entregara,
Tornei-me bestial e ainda sou obrigada a ouvir a fala dela,
Oh, Deus: Dá-me uma arma, um tiro certeiro no meio da sua
cabeça,
Por favor, seria possível? Não um que a mate de forma rápida,
Quero vê-la sangrar, sofrer minha dor, morte sôfrega,
Como a que senti, quando o vi me tratar daquela forma,
Ela me cumprimentara fingindo intimidade, comigo, por quê?
Eu deveria ter desistido antes de me aproximar, eu quis
desistir,
Ele mais que eu, fora um erro, não teria que ter acontecido
nada,
O tempo se encarregaria de apagar tudo, espero não matá-la,
Me senti humilhada, não consigo encontrar forma de
retribuir,
Sabe quando a morte é benevolente? Por quê, eu insisti?
Agora as consequências me ferem, humilhada como mulher,
Rejeitada como pessoa, as mulheres são forçadas a atacar,
Algumas são mais preparadas que outras, restou evidente,
Minha dor é explícita, ele me ferira olhando em meus olhos,
Usada, jogada sobre uma cama, humilhada, sangrei na sua
frente,
Ele ferira meu útero, me rejeitara, me tirara os sonhos,
Agora meu psicológico não consegue reagir, chorando minto,
Sorrindo adoeço, petrificada, morta por dentro,
De forma implícita, tudo está disforme, até mesmo o meu
corpo,
Não sei, mas a minha imagem era mais bonita antes,
Tenho medo de chocar as pessoas com meu depoimento,
Ele não sente nada, invejava o quanto eu sentia - não me
queria,
Queria ela, e a trouxe, jogara sua vagina em minha cara,
No geral, outras mulheres, talvez possam aceitar isso,
A ponto de considerar até mesmo normal e apropriado,
Mas eu, o amei, não concordei com seus modos grosseiros,
Ele era o homem dela, nunca seria meu, por quê aceitei?
Me submeter? Me mandara ficar de quatro, recusara meu rosto,
Meteu sexo em meu corpo, rejeitou me satisfazer, eu não
gozei...