quinta-feira, 1 de abril de 2021

Meteu Sexo Em Meu Corpo

 



Pude perceber como as promessas mudam em espaço aberto,

Dentro do quarto sobre lençóis macios, é fácil jurar o eterno,

A sensação do beijo também se diferenciava, se apagava aos poucos,

As mãos que se buscavam unidas, se soltam por instinto,

Aos olhos de estranhos o amor cai em vão, esquecido,

Dos sorrisos que prometeram amor, resta o soslaio,

 

Qualquer coisa que faça distanciar, qualquer motivo que desprenda,

Acabou o beijo, não precisa mais carícias, para quê sustentar?

Quando a sensação passar e vier a necessidade de mais, então: procurar,

Eu podia sentir que o sol desanuviava meus pensamentos,

Sentia ele escapar e não queria, nem iria prendê-lo,

Tudo ao seu redor tinha importância maior que o que vivemos,

 

Quando caminhei ao seu encontro, sabia o destino certo,

Me direcionava a esmo, iria crepitar em fogo,

O que me incendiaria não seriam chamas, mas afagos,

Depois disso, tal como o fogo se apaga, tudo ficaria ao passado,

A escravidão de ser sua fornece eloquentes argumentos,

A prisão de sentir suas carícias me descumpre com empenho,

 

Me vejo duvidar de tudo que havia posto em jogo,

De cada ideia em que me apeguei para tentar esquecê-lo,

Mesmo sem tê-lo preso em meus dedos, me pego a duvidar do que vejo,

É como se ainda permanecesse comigo, chego a ouvir sua voz,

Entre as lembranças sinto que uma voz feminina se coloca contra nós,

A sinto vencer, não gosto da concorrência, morte ou distanciamento,

 

Não me interessam mais os argumentos, entre nós, nenhuma outra,

O que sinto a unir-nos é tão fraco que apaga-se ao menor suspiro,

Sabe o tipo de menino da mãe? Então, não faz em nada o meu tipo,

Colocar uma outra presença entre nós dois, não aceito,

Recordo o nosso último beijo, sua mãe ligara para ele e ele a atendeu,

Ela quis nos separar, ele cedeu, me colocou para escanteio,

 

Bola na trave, nenhum orgasmo, nada que me faça querer repetir,

Lembro do seu medo de me tocar, parecia que eu estava ferindo-o,

Justo eu, logo soube o motivo, ele já tinha a vagina em que se apegar,

Não era a minha, outra boca oferecia carinho, e ele aceitara e mais nada,

Nos despedimos, eu não disse adeus, não gosto dessas coisas,

Mas, aquele momento fora um nunca mais, sem beijo para sustentar,

 

Sem o compromisso do amor; as promessas feitas ficaram no quarto,

Trancadas, jogadas sobre a cama, talvez, os outros que entrassem lá,

As pudessem sentir, fechei os olhos, senti vergonha de me submeter,

O homem que busquei não era humano, era um filhinho nada além,

Parece que ouço a voz dela, feito um veneno, repulsa é o que sinto,

O que houve entre nós, não há como apagar, nem repetir-se,

 

Desejo nunca mais vê-lo, colocar uma voz feminina no meio do beijo?

Por Deus que ao beijá-lo, eu juro: senti o cheiro da vagina dela, vergonhoso,

Ele virara o rosto quando procurei seus lábios, assaltara meu corpo,

Não foi amor o que fizemos, colocara um preço em meus afagos,

Mas esquecera de pagar por eles, o veneno escorria em minha boca,

Me embriagava, estou cheia dele, me vejo salivar faminta,

 

Sabe quando você odeia um alguém? Quando tudo o que você sente

Se volta contra você? Com o teor que lhe jurei amor,

Muito mais intenso, lhe juro ódio, meus olhos castanhos sangue,

Se recusam a vê-lo de novo, espero conseguir ficar longe,

Espero poder evita-lo, sou frágil, existem coisas fora do meu alcance,

Ele usara a força contra mim, me ferira para me expulsar para fora,

 

Me expos no meio da rua, foi bom para ele e para ela,

Para mim o adeus, para eles a vitória, me possuíram,

Não bastou, me destruíra, sabe quando o beijo vira nojo?

Aqueles lábios moles demais para me sustentar, caíram,

Acho que ele nunca quis se aproximar, nem eu queria,

Outro corpo, outra alma, outra boca - eu não merecia,

 

Suficientemente perversa para mim mesma, me entregara,

Tornei-me bestial e ainda sou obrigada a ouvir a fala dela,

Oh, Deus: Dá-me uma arma, um tiro certeiro no meio da sua cabeça,

Por favor, seria possível? Não um que a mate de forma rápida,

Quero vê-la sangrar, sofrer minha dor, morte sôfrega,

Como a que senti, quando o vi me tratar daquela forma,

 

Ela me cumprimentara fingindo intimidade, comigo, por quê?

Eu deveria ter desistido antes de me aproximar, eu quis desistir,

Ele mais que eu, fora um erro, não teria que ter acontecido nada,

O tempo se encarregaria de apagar tudo, espero não matá-la,

Me senti humilhada, não consigo encontrar forma de retribuir,

Sabe quando a morte é benevolente? Por quê, eu insisti?

 

Agora as consequências me ferem, humilhada como mulher,

Rejeitada como pessoa, as mulheres são forçadas a atacar,

Algumas são mais preparadas que outras, restou evidente,

Minha dor é explícita, ele me ferira olhando em meus olhos,

Usada, jogada sobre uma cama, humilhada, sangrei na sua frente,

Ele ferira meu útero, me rejeitara, me tirara os sonhos,

 

Agora meu psicológico não consegue reagir, chorando minto,

Sorrindo adoeço, petrificada, morta por dentro,

De forma implícita, tudo está disforme, até mesmo o meu corpo,

Não sei, mas a minha imagem era mais bonita antes,

Tenho medo de chocar as pessoas com meu depoimento,

Ele não sente nada, invejava o quanto eu sentia - não me queria,

Queria ela, e a trouxe, jogara sua vagina em minha cara,

 

No geral, outras mulheres, talvez possam aceitar isso,

A ponto de considerar até mesmo normal e apropriado,

Mas eu, o amei, não concordei com seus modos grosseiros,

Ele era o homem dela, nunca seria meu, por quê aceitei?

Me submeter? Me mandara ficar de quatro, recusara meu rosto,

Meteu sexo em meu corpo, rejeitou me satisfazer, eu não gozei...


quarta-feira, 31 de março de 2021

Um Encontro, Fora Dos Planos

 



Pensamento seletivo, um encontro programado,

Alguns beijos, outros afagos, nada além disso,

O amor, embora belo e sonhador para meninas,

Havia sido deixado há muito tempo lá trás,

Não por ter me magoado, não por ter sofrido,

Sentimentos reprimidos, um beijo a mais, só isso,

 

A minha atenção com relação a esses incidentes,

Estes que sofri quando acreditei em amor perene,

Fora desviada para outras coisas, outros afazeres,

Para que me apaixonar quando é possível colher noites?

Vagar por entre lábios com juras sôfregas ao luar,

Apenas para contemplar o brilhar das estrelas,

 

Me permitir sonhar e mais nada, nem um abraço para afagar,

Muito menos mãos que me prendam em qualquer coisa,

Pensamentos adstritos em aproveitar o momento,

Tendenciosa a sentir de forma profunda sem forçar nada,

Se houver novo encontro, que bom, mais um beijo,

Se no outro dia trocar de rua para não avistar, beleza,

 

Retórica apropriada, mesmo que para alguns severa,

Escolher beijar uma boca sem definir o final da noite,

Embora pareça frio aos ouvidos de quem ouve a frase,

É perfeito para quem escolher viver sem cobrar nada,

Se ficar até o sol acordar, fora por desejo de estar perto,

Se for embora antes que a lua adormeça, não estará errado,

 

Se ao acordar escolher ficar mais um pouco, ou não,

Sem expectativas que definam o futuro com alguma obrigação,

Seja de ordem moral, ideológica ou o que for,

Apenas um beijo, alguns afagos, se continuar que seja amor,

O entusiasmo de viver sem conter ou inventar sentimentos,

Desde o início de conversa é bem estabelecido,

 

Se quiser dessa forma: que seja, de outra maneira não o obrigo,

A escolha de permanecer em minha vida é do outrem, também,

Que coloque a culpa em mim se ao amanhecer vier o arrependimento,

Não crie expectativas que eu não tenha estabelecido,

Coloque as cartas na mesa e eu escolho se entro ou não no jogo,

De forma limpa, para que não haja infortúnios posteriores,

 

Me aproximei dele, lhe estendi a mão em cumprimento,

Ele respondeu cortês, havia calor entre nós dois,

Todavia, tudo ocorreria conforme havia sido planejado,

Nenhum passo em falso, nem nada de tão surpreendedor,

Seus olhos tinham um brilho de mistério, ao me desviar,

Por algum motivo estranho, fiquei a lembra-los,

 

Uma pequena parte de mim, olhara para trás pelo espelho,

Ela parecia sentir algo que não queria me relatar,

Mas tive certeza que este tipo de ideia era algo inventado,

Alguma projeção estranha da qual queria me afastar,

Ele me encarara por um segundo, parecia ler meu pensamento,

Aumentara a velocidade o bastante para não me dar temor,

 

Insuficiente para me impedir de pensar sobre aquilo,

Havia algo diferente entre nós, e eu não sabia se queria prova-lo,

Mesmo que tudo parecesse estar de acordo com o combinado,

Mesmo que houvesse a lua no céu, por um segundo fechei os olhos,

Agora me sentia duas vezes mais insegura que antes,

A pessoa que entrara naquele carro, sairia dali diferente,

 

Algo havia se arraigado em meu peito, pétreo e adstrito,

Eu senti como se a carícia dele fosse capaz de remover isso,

E isto iria de encontro com tudo que havia imaginado para mim,

Esta coisa de sonhos havia sido abandonada ao passado,

Eu tinha certeza quanto a isso, até aquele instante, ali não tive mais,

Paixão era coisa de adolescente, pensamentos equivocados,

 

Nada além disso, beijar uma boca, abraçar um alguém,

Olhar em seus olhos e imaginar que seria para sempre,

Nunca fora assim e nunca seria, eu sabia disso,

Não tinha como acreditar nisso tudo, de novo,

Me machucara o bastante no passado, fora o suficiente,

Ligações perdidas, outras não atendidas e até bloqueios,

 

Quando o sentimento muda a ponto de ferir, deve ser reprimido,

O problema é quando ele é demasiado intenso,

Quando até o reprimir machuca, houvesse uma forma de ler pensamentos,

Talvez sofresse menos, quem sabe, não tivesse acreditado tanto,

Dói em demasia querer ouvir uma voz e não ter quem te atenda,

Fere de morte, amar tanto e saber que não é retribuída,

 

Acordar ao início do dia com o coração cheio de esperanças,

E assim como as nuvens encabulam o sol, não ser retribuída,

Não ter quem lhe faça uma surpresa, ou diga que a ama,

Foram tantas as investidas em busca de ser compreendida,

Aceita, amada, que perdi as forças em algum lugar lá atrás,

E agora, um estranho surgia pondo tudo na balança,

 

E ainda, me fazendo duvidar sobre se algum dia eu amara,

Perto dele, tudo se enevoava e parecia pequeno,

Mesmo o sofrimento caía em vão, desejei ver a luz do dia,

Arrisquei olhar para ele, então, desejei que estivesse ao meu lado,

Olhei para o meu celular e almejei receber uma chamada,

Mãos trêmulas procurei meu número, desejei confidenciá-lo...


terça-feira, 30 de março de 2021

À Espera



Eu hesitei enquanto abria a porta serena,

Passei a língua sobre os dentes para senti-los,

Era tudo tão perfeito que parecia que eu não existia,

Depois de tanta espera, marcamos nosso encontro,

Senti cada dente, quase feri a língua, mas constatei,

Estava acordada, mesmo que parecesse sonho,

 

Olhei para o lado direito, com mãos tremulas,

Vi a luz brilhar no teto, a esta hora havia lua,

E com ela, o homem que tanto esperei encontrar,

A sala estava organizada com orquídeas coloridas,

De forma discreta para fomentar nosso clima,

Que a julgar pelo teor das nossas conversas,

 

Estava no ponto de explodir em clímax,

Agora sentia ainda mais certeza que antes,

Era uma espécie de alívio poder encontrar alguém,

Poder falar sobre o amor e ter quem compreenda,

Poder sonhar acordada e de olhos bem abertos,

A sonhar com o sabor do beijo sobre a boca sedenta,

 

Abri meu melhor sorriso sentia a impaciência em meus lábios,

Não me importava mais em proteger meu segredo,

O amava e queria demonstrar isso a ele, com alegria,

Com a ansiedade da menina que conhece seu primeiro amor,

Pois, era assim que eu me sentia, e ele deveria tomar conhecimento,

Essa questão sobre ser amor a unir-nos um ao outro,

 

Já havia sido discutida, ainda no início da conversa,

Então, não haveriam empecilhos, nenhum desassossego,

Em conversas mais recentes o enfoque fora nossas almas,

Sobre o quanto combinávamos um com outro,

Nos gostos musicais, nossos autores favoritos, os gêneros literários,

Haviam muitos assuntos, juntos nunca faltara diálogo,

 

Havia tanto para conhecer que falávamos sobre tudo,

Já nos conhecíamos o suficiente para saber agradar,

Saber o que dizer e o que fazer para produzir conforto,

O que me angustiava, me deixava apenas um pouco insegura,

Mexia com minha imaginação, seria o primeiro beijo,

A forma como eu faria o primeiro afago, como agradá-lo,

 

Deveria ser restrita a outras coisas essas dúvidas corriqueiras,

Quando se ama em demasia, a gente se preocupa com isso,

Embora, não quisesse admitir, essas questões me tiraram o sono,

Eu aproveitava o tempo para ficarmos conversando até mais tarde,

Tentava identificar nas entrelinhas de que maneira cativá-lo,

Cada pessoa é única, não há um pergaminho a identificar,

 

Deve ser coisa de pele mesmo, algo que se aprende com o afagar,

Com o tempo juntos, com o buscar da alma em cada olhar,

Bem, não quero retomar as dúvidas e me angustiar com elas,

Ele estava a porta, a minha espera, logo tudo se dissiparia,

Iria focar nos resultados, entre sorrisos, pipoca e um bom filme,

Um beijo roubado e um sonho a ser construído com ele,

 

Eu parecia ouvir o ruído dos passos ali fora, sobre a escada,

Ele também deveria estar ansioso para me encontrar,

Havia uma brisa fria que soprava, a noite de inverno estava sôfrega,

Ao longe, eu havia avistado uma neblina, será que sofria?

Fosse a neblina chuva do inverno, as estrelas estariam a chorar,

Esperava que ao final da noite, não fosse eu a sofrer com elas,

 

Faltava meia hora para o instante em que ele chegaria,

Ele havia se adiantado e eu gostava dessa forma,

Ele me conhecia o bastante para saber e considerar isso,

Respeito e consideração colocam um pilar sobre as dúvidas,

Eu contava os segundos para vê-lo, e ele também,

O cheiro do meu perfume se intensificava com o suor,

 

Estava sendo incapaz de controlar a ansiedade de vê-lo,

Tinha boas razões para o fato, gostava dele, esperava-o,

Talvez, a mais tempo do que queria admitir e aceitar,

Negar este fato, seria uma tentativa de negar a mim mesma,

Abandonar o coração como se pudesse viver sem ele,

Como se não precisasse dele para ouvi-lo sussurrar seu nome,

 

Fugir do amor é um teorema ao qual não queria me apegar,

Uma falha que feria de forma vista a olhos nus,

Mas, sua presença ou ausência ao nosso encontro

Formaria um comprometimento decisivo,

Sem que pairasse qualquer sombra de dúvidas sobre nós,

As juras já haviam sido feitas, faltava agora, o comparecimento,

 

Nenhumas das nossas conversas pairaram em obscuridade,

Me nego ao fato de que possa não dar certo,

Se havia amor entre nós dois não haveriam contrafeitos,

Embora, nunca tenha entendido o porquê de apenas eu ceder,

Às vezes, em que ele se esquivava, se colocava distante de nós,

Sabia com tanta propriedade sobre minha irmã,

 

Não conhecia tanto de mim, me julgava pelas atitudes dela,

Parecia que se aproximava de mim com objetivo nela,

Buscava nela utilidades e em mim, via o que exatamente?

A perda da chance única pela ausência de oportunidades?

Então, ele nunca soube me ver, eu sou eu e ela é ela,

Confunde uma a outra, a protege de uma forma estranha,

 

Ouvi uma nova batida na porta, agora incerta,

Meu coração pulsava tirânico em meu peito,

Ressoava como um açoite sobre a minha alma,

Fiz um esforço, permitiria sua entrada e pronto,

Ao abrir a porta de olhos baixos, olhei para cima,

Uma estrela brilhava no céu, no chão: um estranho.

segunda-feira, 29 de março de 2021

Você Sabe...



Mais ainda que amada, eu me sentia em paz em sua boca,

Mais que deliciada, um sentimento de completude me tomava,

Com aqueles grandes e atenciosos alhos azuis celeste,

Eu me sentia segura, era como se meu futuro fosse evidente,

Ao sentir seu corpo sobre o meu, não havia nada a separar-nos,

Havia uma entrega profunda de sentimentos a unir-nos,

 

Jamais acreditei que fosse sentir algo tão forte dessa forma,

E pela forma como ele me tocava acreditei que ele também,

Nada estava mais bem encaminhado quanto nossas carícias,

Ele sussurrou que me amava entre seus beijos, acreditei nele,

O clima entre nós esquentou muito nos últimos afagos,

Havia uma exigência por amor que parecia não ter finitude,

 

Nossas posições se invertiam, hora eu jurava amor, hora ele,

Até que em um breve instante, nossos olhares se encontraram,

E a jura soou de ambas as bocas, com o mesmo interesse,

Permanecer juntos, conquistar, confessar tudo que sentíamos,

Quanto a isso, dispensa-se qualquer espécie de ressalva,

Não houveram discordâncias, amor por toda vida, prometemo-nos,

 

Quem quer que pudesse ter conhecimento sobre nós dois,

Não teria propriedade o bastante para discordar quanto a isso,

No espírito atual em que nos encontramos, não mudamos em nada,

Estamos avessos a esta cultura separatista, em que nada dá certo,

Um conjunto de sentimentos foram trocados entre as carícias,

De todos, o amor permanecera com maior força propulsora,

 

A fé que nos unira, confiara em cada umas das nossas palavras,

As mãos invisíveis do destino que se colocaram sobre nós dois,

Continuam a produzir força motriz para direcionar nossas vidas,

Tornara a solidão uma heresia no que se refere aos nossos passos,

Lembro que estávamos incertos quanto ao sentimento que nos unia,

Recordo de ter estendido o meu abraço a ele de forma encorajadora,

 

Ele aceitara, imóvel, como se não soubesse reagir ao que sentia,

Eu aproveitara e o beijara, no braço, no pescoço e no canto da boca,

Embora não fosse uma promessa de eu te amo, esta não tardara,

Levantei o rosto devagar, olhei para ele, e vi algo em seu olhar,

Mesmo sem ouvi-lo, eu parecia compreender a dor em sua voz masculina,

Havia algo dentro dele, e este algo sofria, eu desejei protege-lo, só isso,

 

Ele era alto, loiro, a rigor daqueles anjos descritos em manuscritos,

Mas, ao contrário disso, ele sentia dor, era humano em demasia,

Haviam algumas marcas em sua pele, e elas pareciam recentes,

Outras em sua alma pareciam se apagar ao calor da minha pele,

Não entendi ao certo o porquê, mas eu parecia lhe fazer bem,

Algo dentro de mim despertava, e eu desejei me entregar a ele,

 

A dor naquele olhar, decerto precisava ser investigada a rigor,

E a meu ver, ele não a merecia, eu teria que ajudá-lo a rejeitá-la,

É certo que por vezes, fantasmas do passado tendem a ressuscitar,

Se apegar a eles é bobagem, porém, essa ideia me intrigava,

A cada instante em que eu olhava para as suas marcas, eu os sentia,

Ele parecia sofrer e isso me feria mais do que eu poderia imaginar,

 

Todavia, eu nunca havia perdido a cabeça por nada, mas naquela hora,

Algo muito intenso ressoara, não tive como evitar o desenlace,

Abracei-o com força e pedi que me fizesse companhia, que ficasse,

Ela parecia ser o tipo de homem que se esquiva de tudo ao seu redor,

Eu também era dessa forma, mas mudei, assim que vi a dor em seus olhos,

Sua postura sugeria a dor incontida em um leão furioso, quanto a minha,

 

A de uma pessoa que, fazia como sua cada uma das suas batalhas,

Não o permitiria estar sozinho, não enquanto tivesse essa alternativa,

Não enquanto em fosse possível estar ao seu lado para cuidá-lo,

Desatinos, talvez, sugerissem a junção entre o desatar de nós,

E o distender sobre o destino, embora irrisória a forma de interpretar,

Possibilita um recriar com base em acertos em visão holística,

 

É um sentar na varanda apenas para contemplar a natureza,

Um permitir-se tomar uma cerveja em dia chuvoso,

Plantar uma flor, regar uma planta, um divagar sem exigência,

Fazer um churrasco com os amigos em domingo de outono,

Libertar-se de amarras que aprisionam e ferem a alma,

De certo, toda dor precisa ser cuidada e investigada, mas a dele,

 

Ressoava alto demais, sôfrega em demasia para que eu ficasse inerte,

Não caberia imunidade mesmo que eu fosse forjada no metal,

Mesmo que meu coração não pulsasse, apenas ressoasse em tine,

Ideia de beijá-lo e fugir da sua vida sem olhar para trás – rejeitada,

De imediato -, antes mesmo de provar sua boca, mais ainda depois disso,

Creio que depois de estar nos seus braços fugir de ama-lo

 

Quedava em impossibilidade, eu nem tentaria chegar a tanto,

Reafirmo, o amei muito antes disso, muito mais após este momento,

Embora, tenha-se que estudar a fundo e decidir qual o sentido,

Eu me apeguei a aquele amor, sem refletir, apenas senti e pronto,

Era como se pudesse me vislumbrar em seus atos,

Como se nossos destinos tivessem sido entrelaçados em um passado,

 

O mesmo passado que agora tencionava feri-lo, - havia me escondido,

Lá atrás, fazendo com que eu o reconhecesse em meu caminho,

Me guiando a ele, de forma avessa, como se tivesse medo de ser pego,

Receio de confessar o que havia feito, por ter distorcido tanto,

Em falso arranjo de propósitos, aquele tal de livre-arbítrio definido pelos anjos,

Eu gostava disso, fosse o que fosse, o amaria com todo o meu amor -,

 

- Ao menos, me permita cuidá-lo, abraça-lo por algum tempo,

Seja bondoso comigo, eu o amo desde sempre, você sabe disso,

Ele olhara dentro dos meus olhos com um brilho intenso,

Eu sorri e disse: você sabe, amor, nós não dispomos de muito tempo.


 

domingo, 28 de março de 2021

Suas Marcas Em Mim

 


É bem possível que isso indique um teor de esquecimento,

A marca que ele deixou em meu pescoço desaparecera,

Da mesma maneira, o sabor do seu beijo em meus lábios,

O sentimento que percorria a minha pele e me trazia lembranças,

Guardavam memorias vagas demais para indicar amor,

O fato de as horas tremularem sempre a busca-lo, não dizia nada,

 

Não sei se beijo vicia, mas aquele me soara compulsório,

Do tipo que se deseja provar um e não consegue mais parar,

De modo imprevisível, chega de repente, conquista e pronto,

Também, pode querer refletir uma conquista à primeira vista,

Daquelas que você se sente absorta e livre de sentimento,

E quando percebe está no outro dia procurando reencontrar,

 

Induzida ou não, por lábios carnudos e apaixonados,

Se foi amor o que aconteceu, eu deixei de ser notificada,

Não houve uma única promessa em todo o encontro,

Todavia, repensando, acho que não deixei de me apegar,

O sabor do seu beijo ainda permanecia em meus lábios,

Mesmo com o passar do tempo, não se apagara da boca,

 

Quis desejar que não chegassem a alma, me peguei em sobressalto,

Senti como se nada mais pudesse apagar aquelas horas,

Nada mais poderia ser da mesma forma, nem mesmo um reencontro,

Tudo ocorrera absolutamente perfeito, meticuloso em cada afagar,

Não haveria chances de me refugiar, desejava provar seu abraço,

Ser novamente sua, mas agora sem pressa para acabar,

 

Critiquei-me por me posicionar tanto em sua eficiência nos carinhos,

Mas, não houve, em tudo que vivemos, um segundo para reclamar,

Um nada que não tivesse o tom perfeito, nem um reclame a ser feito,

Recordo de ter feito tudo que pude para demonstrar o que sentia,

Lembro de tê-lo beijado como se nunca mais o veria de novo,

Daquela forma do tudo ou nada, de se entregar por inteira,

 

Entre beijos e carinhos, paramos um pouco para ganhar fôlego,

Deixamos que o silêncio adentrasse e permanecesse no ar,

Havíamos acabado, mas ainda queríamos mais um do outro,

Deitei sobre o seu peito, acariciei sua pele, não desejei parar,

Mesmo sem forças para continuar quis permanecer em seu corpo,

 

Naquele instante não pensei que me apaixonaria,

Mas, agora, algo em mim reclama por vê-lo de novo,

Falta uma parte em mim, que mesmo sem saber que a tinha,

Me importa, a reconheci abrigada no espaço entre os seus braços,

Recordo a minha estranheza ao me direcionar para o que eu sentia,

Lembro de ter pedido outro beijo em tom confuso,

 

Confesso que acreditei que nunca amaria,

Nunca havia me apegado tanto assim a outro beijo,

Não queria deixar o tempo passar, me sentia assustada,

Confesso, também, que o seu silêncio não acrescentava muito,

Muito embora, desejasse estar de volta as suas carícias,

Um juízo do que acontecera, poderia definir amor,

 

Mas, colocando-me diante do espelho rejeitava as marcas,

Não sei ao certo se queria escondê-las ou esquecer o que vivemos,

Apesar de ser crucial se apaixonar alguma vez na vida,

Não houveram promessas que identificassem meus passos,

Não foram feitas juras, apenas beijos, alguns afagos e mais nada,

O suficiente para me conquistar, o bastante para deseja-lo,

 

Inconstante demais para acreditar no teor de cada hora,

Interessante a ponto de não conseguir tirar do pensamento,

Toda lembrança é bem-vinda, até as que não se pode evitar,

O vermelho da minha boca ficava fraco sobre os meus lábios,

Temi que se apagassem as lembranças, o queria de volta,

 

Seu riso ressoava aos meus ouvidos, perdi os sentidos,

Sua fala ainda estava em minha cabeça como um afagar,

Em uma abordagem orientada com destino ao amor,

Cada segundo vivido não pode ser deixado para trás,

Não pairava segredo algum que pudesse separar-nos,

Houve um tempo, não muito remoto, que eu rejeitaria a ideia,

 

Sentia urgência em estar perto, necessidade do seu abraço,

Era como se apenas ele pudesse tranquilizar minha alma,

Agora as evidencias diziam que fomos feitos um para o outro,

Era como se tudo que eu precisasse se encontrasse nele agora,

Embora meu coração estivesse limitado a afastar o pensamento,

Algo em mim havia se expandido e se recusado a rotina,

 

Mesmo que o coração buscasse erros para fazer de encalço,

Algo muito mais forte o chamava crendo que ele me fazia falta,

Minha alma fazia uma lista de tudo que fora bom,

Como se tivesse existido algo que eu me recusasse a aceitar,

A rejeição proposta era afastada antes de surtir efeito,

Agora, tudo estava diferente não apenas referente as marcas,

 

As quais, nunca permiti que fossem feitas sobre o meu corpo,

E agora, estranhamente, não queria que se apagassem por nada,

Feito uma tatuagem que ganha a alma de um jeito devastador,

Seus beijos estavam em mim, e falavam de forma cautelosa,

Lembrar não bastava mais, mais ainda, queria revive-los,

Abandonei o orgulho ao inseguro, liguei e o chamei de volta.

Em Divergência

 



Por entre as lágrimas do meu rosto,

A chorar a triste dor do abandono,

Nem mesmo notara o meu apalpar de dedos,

E a exclusão do seu número, não queria apagar o passado,

Mas, desejava com muito custo refazer o meu destino,

 

A custa de todos os sonhos sonhados ao seu lado,

A custa de todo o amor que derramei em meus beijos,

Ao sabor das lágrimas que sentiam por meu pranto,

A distanciar-me do doce som da sua voz ao meu ouvido,

Tentativa inusitada de esquecer que partira para longe de nós,

Busca desenfreada de reabastecer a força dos meus passos,

 

Despencara do alto do seu abraço para lençóis macios,

Em queda livre não o tinha para me assegurar em algo,

Deveria ter tentado resistir, correr para algum lugar,

Me refugiar do meu próprio sentir, sofrer sem ter quem culpar,

Mas, ao invés disso, do conforto do meu travesseiro molhado,

O vejo sair por aquela porta dizendo adeus com olhos certos,

 

Eu tentei com muito esforço, busquei justificar o meu querer,

Com desejo ainda mais intenso, quis entender o seu por quê,

Mas, por mais esforço que fizesse não compreendia a realidade,

Você disse que me amava para depois se colocar distante?

Minha responsabilidade pelo amor que sinto é maior que isso,

Não consigo dizer que amo e depois virar as costas e pronto,

 

Existem muitas causas que me fazem me entregar a alguém,

Em nenhuma delas me apego para dizer adeus sem um por quê,

Apenas queria que acabasse toda essa dor de uma vez,

Não, por favor, não quero que retorne, mas me faça esquecer,

Em meu corpo, ainda pesa a sua influência sobre a minha pele,

Ela te procura e o traz de volta a memória em cada instante,

 

Embora não desejo lutar contra o que sinto, me vejo sucumbir,

A saudade me soa em demasia tremula, parece até que ri,

Me parece claro que, mesmo que exclua em mim, os seus efeitos,

Sem entender ao certo, ainda o teria aqui, dentro do meu peito,

Mesmo que distante dos meus dedos que agora desejam apaga-lo,

Mesmo que distante do meu abraço que insiste em busca-lo,

 

Bem, meu coração tende a superar qualquer desconforto,

Com base em índices numéricos, um beijo de despedida,

Um afago em outro corpo, um sorver de vinho sobre os lábios,

Mas você se colocou de soslaio, nem me beijara para ir embora,

Agora já não tenho mais a rotina de outrora a minha disposição,

Na alma que ainda sente a sua falta lhe resta o tremular de mãos,

 

Milhões de sentimentos transbordam e se colocam distantes,

Mas em nenhum deles poderia considera-lo faltante,

Você se empenhara tanto para me conquistar apenas para ir embora?

Fez promessas de amor, provara minha boca e depois disso mais nada?

A razão tenta ferir meu coração, busca elevá-lo desta dor sentida,

Minha emoção se recusa em precaução, promete que retornará,

 

Me mantenho aqui caída, mas em posição alerta,

Na dor que assola a minha alma não vejo outra saída,

Embora esteja preparada para perde-lo, ou acreditava nisso,

Minha expressão mudara ao acordar sozinha neste quarto,

Minha expectativa quanto a resistir sozinha está mais baixa,

Isso se deve a lembrança dos seus afagos sobre o meu corpo,

 

Apenas sexo, nada além disso, por que teria que ser maior que isso?

É certo que estar amparada em seu abraço me contradiz um pouco,

Mas veja bem, daquele amparo restaram apenas as lembranças,

E delas você ia embora, sem olhar para trás, sem ao menos me beijar,

Lembro de você me olhar de uma forma que não entendi direito,

Seu rosto era algo que eu parecia conhecer muito e ama-lo ainda mais,

 

Arrependimento, desejo, o que avistei naqueles olhos queridos?

De todos os pensamentos nenhum acreditava no final do nosso amor,

Uma forma de tentar lidar com a questão é desistir de lutar por nós,

Mas para que isso tenha êxito teria que despir o coração dos seus beijos,

Bem, veja, você estava certo quanto a não me beijar ao sair do quarto,

Mas estava errado quanto a acreditar que eu esqueceria, não consigo,

 

Eu ainda posso ouvir sua voz calma, segura e bondosa feito uma carícia,

Querido, a ausência dos seus beijos não surtira o efeito desejado,

Ainda o amo com a mesma intensidade e com todo o vigor da alma,

Encontrei tanta honestidade em seus olhos que me nego a isso,

Sim, querido, estou tentando esquecê-lo conforme me pedira,

Mesmo que a custo de mim mesma, mesmo que derrame a alma,

 

Nessas lágrimas que molham o travesseiro, nessas mãos tremulas,

Que acreditam que podem mudar tudo que vivemos e apagar,

Apagar algo dentro do meu peito, mas jamais o que vivemos,

Esta pequena desvantagem com relação aos seus planos de se distanciar,

Possui importância relativa a minha emoção, fosse outra a sua vontade,

Eu não o esqueceria da mesma forma, como poderia se o amo como antes?

 

Querido, pelo contrário, aquela sua saída evasiva embora me contrariasse,

Só tendeu a aumentar tudo que sentia e serviu para afastar as dúvidas,

Sim, eu o amo, todavia não soube me declarar com a merecida propriedade,

Mas amor, agora você sabe, o amo com toda a alma e mais ainda,

Calcular os fatores predominantes sobre o meu sentimento é invasivo,

Tudo bem, você não me beijara, mas querido, esqueça isso,

 

Não vejo isso como desvantagem no que tange a tudo que sinto, ao contrário,

Dada as minhas expectativas de outrora e a lembrança de cada afago,

Me vejo transportar para outro lugar como se estivesse ao seu lado,

A questão da ausência do seu beijo sobre a minha boca não é consistente,

Ela se esquiva da memória em cada vez que o imagina na minha frente,

Diante disso, qualquer dúvida morre, parte para longe, divergente,

 

Cai na tangente, em meus lábios sinto todos os efeitos danosos sobre isso,

Mas em minha alma, ainda grita o sentimento que me afasta disso,

Evidências consideráveis se derramam sobre o meu corpo - sedentas,

Em termos de desejo, você sabe, não preciso dizer mais nada,

Bem, querido, estou aqui coberta por estes lençóis sobre a nossa cama,

Posso estar usando a camisola que me presenteara, gostaria de vê-la?

 

Como eu poderia confiar em qualquer coisa que me dissera,

Quando seus sussurros ainda me percorrem por inteira, em carícias,

Quando as marcas da nossa intensidade ainda estão em meu corpo,

Reacendendo as lembranças, buscando-o em cada espaço,

Eu o ouvi em cada momento, mas entendi também, o silêncio,

Seus olhos, querido, aqueles que conheço bem, me disseram muito.

sábado, 27 de março de 2021

Um Telefonema Que Não Veio

 


Quanto se foca no gosto do beijo, se desfruta as vantagens a ele associadas,

Não se esquece facilmente as juras prometidas em noite enluarada,

Quando contar estrelas deixa de ter primazia diante de provar sua boca,

Quando falar de sonhos se torna desnecessário diante de tudo que se ganha,

No outro dia, a espera pela ligação que parece se demorar em demasia,

É desalentadora, ah, mas o sabor do beijo a acariciar a boca, acalenta,

 

O dedo que se sobrepõe a boca sem que se note o gesto saudoso,

Traz um pouco de conforto as horas incertas que transcorrem no relógio,

Quando se volta a atenção as lembranças da noite vivenciada com ardor,

Percebe-se o quanto valera a pena cada segundo entre beijos e abraços,

O quadro de igualdade fica díspar, se dentro dela tudo recorda,

Por que motivo ele estaria a aguardar, sem ligar, mandar flores nem nada?

 

Apenas uma notícia sua ela esperava com a ansiedade de quem recorda,

Não uma promessa de eu te amo, um pedido de novo encontro,

Apenas um gesto que a faça ver o quanto cada hora fora saborosa,

Depois de se passar muito tempo recordando querer rever é comum,

É preciso mais atenção ao fato de se desejar uma pessoa com certo interesse,

Quando se volta a atenção as lembranças revividas em cada instante,

 

A vontade de provar novamente os seus lábios vem à tona com vontade,

É difícil resistir ao desejo de se ter quem se acredita gostar de verdade,

Poderia existir os dois lados do beijo, aquele que quer repetir outra vez,

E aquele que gostara enquanto durara mas para o qual não há mais interesse?

Era essa a causídica ou ele havia esquecido de anotar o seu número,

Por outro lado, haviam tantos meios de se procurar alguém que se queira,

 

Ela recordara de ter lhe falado o seu endereço, ele verificara a placa do carro,

Poderia procura-la caso quisesse vê-la de novo, índices de desinteresse eram refutados,

Atitudes de indiferença eram refutadas com toda a entonação necessária,

Tinham o costume de lançar em descredito o potencial da pessoa,

Ela não era infantil a ponto de tolerar uma reprimenda dessas,

Se para ele valera a pena da mesma forma que para ela, ele teria que esforçar-se,

 

Do contrário, não ligar era mesmo a melhor atitude, não haveriam lembranças ilesas,

Diante de sua distância o esqueceria, não haviam motivos para prendê-la,

O sabor dos seus lábios era visto como privação de suas necessidades básicas,

Sua boca tremulava, desejava novo encontro, recordava de cada afagar sobre ela,

Um contraste interessante diante de tudo que procurava acreditar,

Para colocar-se distante de tudo que havia vivido e do telefone que não tocava,

 

Começava a recuar atordoada, não tão depressa a ponto de ficar insegura,

Mas o suficiente para camuflar as memórias, tentar apagar a noite vivida,

Apenas por que procurava por ele, e ele não estava, esperava e ele não ligava,

O que mais faria? Chegou a temida conclusão mais fácil do que pensava,

Porque provavelmente já havia se deparado com a verdade a horas atrás,

Um golpe forte a atingira no peito fazendo voltar-se para a noite de outrora,

 

A jogara contra o sofá, fazendo-a abraçar a si mesma em lágrimas,

Agora uma lembrança se colocava contra ela, mas, também, a confortava,

Não, não conseguia acreditar, se vira balbuciar entre lágrimas sôfregas,

O que queria dizer era, por favor, lembre-se de nós depressa e sem cautela,

A lembrança hesitara, intrigada com um fato ignorado na noite passada,

Ela não reagira, embora seus instintos gritassem que estava certa,

 

Queria arranhar seu descuido, refazer cada passo a partir do encontro casual,

A parte mais equilibrada dentro dela, sabia que não adiantaria em nada,

Não tinha a menor chance, estava tudo terminado para ela,

O amor profundo e singelo de uma noite não resistira a luz do dia,

Cabe notar que a questão continha um problema comum, ainda,

Considerando ter perdido o contato com quem se apaixonara,

 

Persistia com sua mania descuidada de seguir com atitudes evasivas,

Uma característica sua que requeria atenção imediata,

Todavia, tendo sido alvo de atenção não fora a bastante apropriada,

Esse era um aspecto crucial com relação a ausência do telefonema,

Embora com insistência se manifeste através de outras problemáticas,

Porém, através da angustia vivenciada pela dor de ser “ignorada”,

 

Talvez, ela aprendesse com a questão e passasse a evita-la,

Sua atitude “mesquinha” refletia uma proteção desmedida,

Mas, com a qual ela havia se acostumado sem se identificar,

Já era atitude costumeira de sua parte o que acontecera com ela,

Mas, nunca a magoara desta forma, nunca havia mexido com ela,

Depois de uma noite de beijos tórridos, não se quer pensar no amanhã,

 

Quem pensaria quando tudo que se quer é beijar e mais nada?

Ela sentia-se completa em seus braços, sentia-se desejada,

Via-se segura em cada um dos seus afagos, não pensara em nada,

Desejar superar a desatenção masculina era normal em sua rotina,

Não se permitir ser rebaixada a objeto era sua pretensão máxima,

Nunca pensara se apaixonar em uma noite qualquer, nem mesmo lembrar

 

No outro dia ou qualquer outro, lembranças iriam e vinham, por que ficariam?

Ela acreditava em sua resistência quanto a se apaixonar,

Dado o tratamento simétrico ela sobrevivera sagaz a cada boca,

Mas, àquela fora diferente das outras, não entendia o porquê, mas fora,

Com efeito, os beijos da noite fatídica ficaram presos a ela,

Como se a quisessem busca-la de volta, recusando-se a soltá-la,

 

Esse tipo de beijo que fica impregnado na alma tem taxa de sobrevivência elevada,

Embora ela não tivesse conhecimento quanto a existência dele, agora o reconhecia,

Existem também outras causas que a levavam a recordar, com certeza,

Mas quanto ao gosto de permanecia na boca, parecia dizer alguma coisa,

Restava ainda alguma influência de seu sabor sobre a sua boca,

Nada que ela não pudesse resistir, tentava acreditar nisso com força,

 

Mas parecia claro que, mesmo que excluísse todas as lembranças,

Mesmo que partisse para outra noite em busca de novas bocas,

Não conseguiria superar este beijo com facilidade, algo mudara,

Os números antes sem sentido, tinham menos ainda agora,

Porém, o fato de ela usar nome falso, mentir sobre quem era,

Não a ajudava em nada a encontrar aquela boca a qual perdera,

 

Tempo perdido o tempo em que esperara pelo telefonema,

O beijo estava perdido, talvez lhe restassem outras bocas,

Todavia, tinha certeza, nenhuma outra seria como aquela,

Sua vontade de busca-lo era grande, mas por onde começaria?

Se via nas estrelas com as lembranças intensas e saborosas,

Agora estava jogada ao chão, perdia sua chance sem poder fazer nada.

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...