segunda-feira, 28 de julho de 2025

Desejo Secreto

Cristian cansou
De tentar guardar
A carteira no bolso
Da calça
E a própria deslizar
Para o chão.
- peguei para você.
Disse sua cunhada, Raissa.
Com um sorriso estonteante
Naquele rosto bonito
E delicado,
Ela andou cinco passos
Até encontrá-lo
E entregar em suas mãos.
Cristian sorriu satisfeito.
- sorte você tê-la encontrado,
Eu não percebi que a perdi.
Ela lhe alcançou a carteira
E tocou seus dedos nos dele,
Desejosa de seu sorriso.
- eu percebi isto.
Raissa respondeu.
No entanto, Cristian
Levou a carteira até o bolso
E outra vez ela caiu.
Raissa agachou-se junto
Com ele,
Parando de cócoras
E de rosto em encostado
No dele,
Tocando os dedos
Outra vez sobre a mão dele
Que já estava juntando a carteira
Do chão.
- parece que não vai parar.
Ela disse sexy,
Olhando em seus olhos
De maneira atraente
E sedutora
Com seus lábios de batom
Alaranjado e brilho labial
Com cheiro refrescante de laranja.
- é, o bolso é pequeno,
Eu caminho e ela cai.
Ele conclui,
Sorrindo mostrando seus dentes
Brancos e perfeitos.
- eu guardo pra você.
Ela respondeu rápida.
- obrigado.
Ele continuou.
Pegou a carteira,
Levantou-se até ficar ereto
E a entregou.
Raissa estendeu ambas
As mãos,
Suas mãos quentes
Sofreram um arrepio,
Realmente, Cristian era de tirar
O fôlego,
Tão perfeito que era irresistível.
Ambos estavam no supermercado,
Cristian se dirigiu ao café,
E Raissa aproveitou que
O esposo escolhia alguns
Itens para pôr no carinho
De compras
E foi até o banheiro.
No entanto,
Já que estava com a carteira
Do cunhado informou a ele
Se agachando em seu ouvido,
Para dizer:
- estarei no banheiro.
Ele riu irritadiço,
Não fazia parte da ideia
De Cristian ter um encontro
Com Raissa sua cunhada,
Ele a achava atrevida
E não gostava de trair
A confiança que havia
Entre ele e o irmão,
Mesmo que já tivessem dividido
Mulheres anteriormente,
Com Raissa não foi desta forma,
E ele a via de maneira diferente
Das garotas anteriores,
Tanto que ela casou-se
Com Cristiano,
Seu irmão.
Tendo escolhido o café,
Manteve-se olhando
Para frente,
Com a xícara entre os dedos,
Deu uma olhada de esguelha
Para buscar o irmão,
O viu e sorriu para ele.
Porém, precisou pagar
O café,
Já estava tarde,
Ele queria retornar
Para o trabalho
E o irmão não cooperou
Em vir até ele
Para pagar a conta.
Passou uma hora
Contada no relógio
Que Raissa entrou
No banheiro
E não saiu de lá.
Realmente, ele começava
A pensar que ela forjou
Um encontro justo no banheiro.
Sorriu diante da ideia,
Nunca a imaginou nua,
Nem mesmo pensou em toca-la,
Agora, se imaginar
Com ela dentro de um banheiro
De supermercado
Parecia ainda mais inusitado.
Levantou da mesa
Em que estava,
Pediu licença as moças
Que serviram o café
E foi até lá.
Entrou sem bater,
Não havia outro alguém
Além dela,
Ao chegar ela imediatamente
Ergueu o vestido
E passou a carteira
Pelo próprio corpo:
- queria te beijar.
Ela disse.
- nunca me imaginei
Te beijando.
Ele respondeu,
Tomou a carteira,
E a olhou seriamente,
A milímetros de distância
De seu corpo.
Raissa levou a mão
Até sua calça,
Acariciou o corpo dele
Aproximou-se e o beijou:
- não tente imaginar.
Ela falou
Enquanto se aproximava.
- eu o quis de maneira
Muito intensa.
Continuou dizendo
Enquanto o beijava.
Cristian exitoso,
Respondeu com forçado
Descaso,
Abraçou o corpo de Raissa
E apertou suas nádegas
Como se quisesse marca-la
E contar para o irmão
Que a teve.
Está ideia o deixou fascinado,
Então, ele retirou seu vestido
E acariciou ainda mais seu corpo,
Beijou seu rosto,
Desceu até o pescoço.
- te quero Cristian,
Tanto quanto desejo seu
Irmão Cristiano.
Cristian sorriu tentador.
Nunca ouviu isto
De outra garota.
- você não irá me ter.
Ele respondeu.
Deixando-a nua,
Soltou seu vestido
Sobre a pia de lavar as mãos,
E a empurrou para trás
Com um gesto seguro,
Pegando seu queixo
E a conduzindo,
Sem permitir que se desiquilibrasse
Ou caísse.
Levou ela
Na distância de um braço,
Desceu sua mão até seu seio,
O apertou com força,
E a manteve longe dele.
- vou lutar por você.
Ela disse.
Trêmula.
Olhando-o com seus
Grandes olhos castanhos abertos.
- você é minha cunhada.
Ele respondeu,
Se encaminhando
Para sair,
Ela rapidamente se aproximou,
Segurou-o pelo braço e disse:
- mas, o amo como amo ele.
Cristian olhou para trás
E respondeu:
- você não pode.
- posso.
Ela insistiu.
Ele a segurou longe dele
Outra vez,
Controlou o fôlego,
Se restabeleceu
Do desejo que o descontrolou
E saiu para fora,
Tomando o cuidado
De trancar a porta atrás de si.

domingo, 27 de julho de 2025

Herdeiro Perdido

Liandro acenou para o táxi,
Chegou perto e soube
Que havia uma moça
No carro,
Contudo, ela faria o mesmo
Trajeto e seria uma viagem rápida.
Ele não tinha tempo disponível,
Chovia muito,
E iria se molhar:
- dividiremos o táxi.
Informou a garota
Que já estava no banco de trás,
E informou ao motorista
Que estava em pé
O ouvindo e explicando
Sobre levar a garota.
A moça olhou Leandro entrar
E sentar -se no banco
Com rosto espantado,
Porém, ele era encantadoramente lindo,
E isso a deixou emudecida,
Apenas balbuciou então:
- es... tá cer...to.
Ele sorriu,
Seus dentes eram brancos
E perfeitos,
Seu rosto marrom
Ganhou um brilho de encanto.
Genir estava com uma pasta
Em suas mãos,
Leandro não resistiu e indagou:
- onde você irá?
Ela lhe sorriu calorosamente:
- estou procurando trabalho.
Respondeu afetuosa.
- não sei o que é isto.
Ele respondeu,
Leandro era bilionário,
Dono de próprio negócio,
Com ramo reconhecido mundialmente,
Sempre trabalhou no negócio
Da família e não se via distante:
- deve ser difícil.
Continuou olhando
Para a frente,
Depois olhou para ela.
- sim, é realmente difícil.
Genir respondeu.
Liandro olhou para os seus olhos
E gostou de ver a inocência
E simplicidade neles,
Decidiu usar de seu tempo
Para fazer algumas horas
De sexo,
Precisava disso para relaxar
E Genir lhe pareceu
A mais perfeita garota.
- gostaria de me acompanhar
Para tomar um café?
Ele indagou.
- eu preciso procurar trabalho,
Meu pai está doente,
Precisa de dinheiro
Para realizar exames.
Ela intercedeu.
- eu lhe ajudo,
Tenho prazer em ajudar
No que se refere a saúde.
Ele respondeu categórico.
Bateu no banco do passageiro
E falou ao motorista:
- entre neste hotel.
O homem o olhou seguro.
- sim. Senhor.
Mudou a marcha do carro
E se encaminhou até o estacionamento.
Genir levou um tapa
Contra o ombro de Liandro,
E abriu a boca incrédula
Com relação ao que ele fez.
Liandro a olhou,
Puxou seu rosto
Para ele e a beijou.
Genir demorou alguns segundos
Para responder sôfrega e trêmula,
Mas, logo se viu abraçada
A ele,
Buscando sua boca
E seu carinho.
No estacionamento
Liandro pagou o taxista
E conduziu Genir até
O quarto de hotel,
Pediu café e suco fresco,
Passou ao lado dela
Uma tarde tórrida de amor.
Neste transbordar
Soube de suas necessidades
Por dinheiro para pagar a faculdade
E ajudar os pais nas despesas
Com aluguel e com exames,
Eles se aproximavam de idade
Avançada e as doenças
Começavam a se manifestar,
Ambos, urgiam por exames e
Tratamentos.
Ele considerou que seria
Ajudar Genir
Lhe dar o valor de R$ 500.000,00
Ao invés de oferecer trabalho
No seu empreendimento,
Vez que a localização
Era prejudicial para ela
Em razão do local onde
Ela residia.
Totalmente distante,
E ela não tinha meio de transporte algum
Que a auxiliasse para chegar
No local.
Satisfeita, ela deixou
O número do telefone
De sua casa para ele,
Anotado em sua agenda
Ao lado do seu nome
E uma foto pequena
Que tirou da carteira
E fez uma colagem
Para que ele a reconhecesse.
Deste único dia,
Resultou um filho,
Um lindo menino,
Mediante a ausência de Liandro,
Genir doou a criança,
Sem preocupar-se
Em descobrir pra qual família,
Ou se o bebê ficaria bem.
Ela chorou por algum tempo,
Não poderia negar que sofreu,
Mas o dinheiro foi suficiente
Para ajudar os pais,
A mãe agora fazia fisioterapia
Devido a dores na coluna,
E o pai praticava natação
Em razão de um tratamento
Contra dores nas articulações.
Um ano depois do encontro
Liandro tornou a ligar para ela.
Ela suspirou de seu quarto
Com o telefone puxado
Sobre a cama.
- alô.
- oi, é o Liandro,
Vamos tomar um café?
Ele indagou de ímpeto,
Como se nunca tivesse
Existido o tempo,
E nisto,
Ele a tenha enviado flores,
Notícias suas
E consideração por sua pessoa.
- eu engravidei...
Ela respondeu.
- ah, me desculpe,
Eu não quis incomodar...
- não, Liandro,
Quis dizer que o filho
É seu.
Ela respondeu segura.
- o quê? Eu sou o dono
Das empresas Alexius Construções,
Não posso ter tido um filho
E tê-lo abandonado por tanto tempo...
Ele insistiu trêmulo.
- ah, você pode sim,
E eu pude doa-lo.
Ela respondeu irritado.
Então, ele era o dono
De uma empresa milionária?
E agora, ela entregou o filho
A alguém que passou na rua,
Sem fazer ideia
De que o filho era um herdeiro,
E menos ainda de quem
O levou ou para onde...
Neste momento,
Genir odiou Liandro
Por sua crueldade
Em dispor de tanto dinheiro,
Tê-la usado para instantes
De prazer,
Lhe feito um filho
Sem o mínimo de cuidados,
E depois abandona-la.
- você me deixou grávida,
Eu odiei sua atitude,
Enfrentei toda a gravidez sozinha,
Eu o odeio Liandro.
Genir respondeu
E bateu o telefone
Desligando sem delongas.
Logo em seguida
O telefone voltou a tocar,
Ela atendeu,
Consciente de que
Um milionário não insiste
Em uma relação com uma
Garota pobre,
E ela era pobre e ainda desempregada.
A gravidez a impediu
De trabalhar,
O filho lhe tomou tempo,
Ela sentiu ódio
E o doou, simplesmente.
- alô.
Genir atendeu.
- preciso saber onde você mora,
Quero conversar com você,
Ir te visitar.
Ela reconheceu a voz
De Liandro
Porém, não reconheceu sua
Urgência em querer... vê-la?
Se preocupar com ela?
- tarde demais para isso,
Você, em um ano,
Não tentou saber de mim,
Não quis ouvir minha voz,
Ou saber se eu estava viva...
Olha, eu não sei onde
Seu filho está ou com quem!
Disse com ódio,
Levando o telefone
Para desligar.
Outra vez Liandro ligou:
- alô, preciso te ver,
O assunto é sério,
Pare de desligar.
Ela desligou outra vez,
Chutou o telefone com o pé
Até o chão,
Se jogou sobre o travesseiro
E chorou,
Lhe pareceu que seu coração
Sentiu medo de Liandro.
Ela teve mais segurança
Pelo que fez.
E arrependimento por tê-lo conhecido.
Ele era, definitivamente,
Um arrogante.
Deveria ser casado,
Com certeza tinha família,
Apenas a usou.
No chão,
Em frente a cama,
O telefone tocou outra vez,
Insistente,
Ela continuou a chorar desistente.
O telefone silenciou
Por pouco tempo
Para tocar de novo.

Os Esquecidos

Houve há dez mil anos
Intensa gripe naquela aldeia,
Ao final de um curto mês,
Setecentas pessoas
Não sobreviveram.
Foi aberta uma cova
De dois metros de profundidade,
E os enfermeiros e médicos
Do hospital se uniram
Para enterrar tais corpos
Que ficaram na ala
Dos mortos,
Esquecidos.
Nenhum ente veio visitá-los,
Mesmo na dor dos seus últimos
Suspiros,
Muito menos após isso.
Preferiram considera-los
Mortos assim que deram
Entrada ao local de medicação.
Alguns poucos foram trazidos
Até a porta e abandonados
No chão do lado de fora.
Os entes queridos
Deram três batidas na porta,
Não esperaram ser aberta
E correram para longe.
Poucos mostraram seus rostos
Aos enfermeiros
No instante de trazer o doente,
Mesmo assim,
Foram tão sorrateiros
Que foram esquecidos
E assim, nunca encontrados
Para entrega do cadáver
Ao fim que se destina.
Aberta a cova,
Cansados e com calos
Em suas mãos,
Eles decidiram coloca-los
Sobre uma maca
De madeira cada corpo,
E ao lado da cova
Foram removendo sua pele
E tecidos.
De um a um,
Todos os setecentos mortos
Passaram por este processo,
Depois disso,
Foram jogados lá dentro
E cobertos com substância corrosiva
E então, ateado fogo.
Lá dentro da cova rasa
Foram todos queimados
Neste ritual de sacrifício
E carinho,
Prestados por aqueles
Que lhes dedicaram trabalho,
Confiança em suas melhoras
E tempo com remédios
Para cortar efeitos negativos.
O aviso sobre o crematório
Foi informado a aldeia,
Quem quisesse participar
Seria bem-vindo,
Porém, somente os funcionários
Foram e abriram a cova,
E também, limparam os ossos.
Alguns rezaram pelos esquecidos,
O enterro coletivo
Contou com a presença de
Trinta pessoas,
E a ausência de todas as demais
Quatro mil habitantes
Do local,
Destes, também os parentes,
Que ficaram alheios
Aquelas almas vagantes,
Errantes por entre os leitos
Dos doentes.
Foi de concordância geral
Que ter mortos perambulando
Por entre as alas
Fazia mal aos que ainda
Tinham esperança de vida,
Nisto, a afamada sala
De mortos esquecidos
Teria que ser aberta,
Retirados os corpos
E lhes dado o fim merecido,
O enterro.
Não importou
Que nenhum dos presentes
Conhecessem tais rostos,
Ao final descartados
Eram todos iguais:
Ossos unidos em uma vala.
Alguns corpos haviam se decomposto,
Só havia neles pele seca
E fina feito papel que se desfia,
Mas, agarrado ao esqueleto,
Outros, estavam mais preservados,
O que exigia que a carne
Presente neles
Fosse arrancada em tiras
E jogada ao lado para queimar,
Os corpos mais recentes
Exigiram mais trabalho.,
Estavam cheios de larva,
Sendo devorados pouco a pouco,
Escorriam deles líquidos.
Os ossos foram todos limpos,
E então, jogados dentro da vala,
Após todos estarem lá dentro,
Os presentes se reuniram
Ao redor da cova,
Deram as mãos um ao outro,
E rezaram alto,
O médico geral riscou o palito
De fósforo e soltou sobre eles.
Pegou fogo instantaneamente,
Também suas peles
E restos foram queimados,
Um cheiro podre
Ganhou o ar
E foi em direção a aldeia.
Contudo, a partir daquela noite,
Ninguém mais pode dormir
Em paz,
As pessoas da aldeia
Fugiram apavoradas,
Os mortos levantaram da cova,
Recém fechada com terra
E foram em busca
De seus familiares.
Dos setecentos mortos,
Não restou família que não
Fosse parente de algum esquecido,
Invadiram portas e até janelas,
Chegavam até eles
E tentavam tocar neles,
Para então, estrangula-los,
Fingindo um abraço.
Seus ossos caiam
Pelo caminho,
Carne podre era arrancada
De seus corpos e jogado
Contra as pessoas,
Joana dormia
Quando seu marido Jefferson
Chegou, arrancou pedaços
De suas pernas
E enfiou em sua boca.
Ela não chegou a gritar,
Morreu engasgada
Em carne podre.
Maria, estava se servindo
De macarronada,
Quando retirou no prato
Carne de seu filho Gilson.
Ela sofreu um infarto,
Havia em seu prato massa
E pedaços de Gilson.
Seu esposo Paulo correu.
O filho correu atrás dele,
De braços abertos
Para tê-lo.
Alguns mortos esquecidos,
Arrancavam suas partes
E jogavam contra suas próprias casas,
Muitos habitantes fugiram
Apavorados,
Eles não corriam atrás destes,
Apenas caminhavam
Seguros de si mesmos,
Sorrindo,
Expondo seus dentes
E por vezes, ausência de lábios.
Logo o hospital
Foi invadido,
A refeição dos médicos
Foi regada a líquido
De apodrecimento e larvas,
A carne era de mortos.
Cada parte comida,
Sem ser mordida
Ou engolida causava
Morte instantânea,
Talvez, pela visão da pessoa
A sua frente
Rindo de sua cara,
Ou talvez, por estar podre.
Os enfermeiros correram
Até a cova maldita,
Levantaram rodos com pano
Encharcado e fogo na ponta,
E vassouras pegando fogo
E foram até lá.
Chegando, viram o buraco
Que permitiu a passagem
Dos tais,
Os restos mortais
Não totalmente queimados,
Queimaram aquela carne imediatamente.
Neste mesmo instante,
Os mortos da aldeia
Viraram ossos,
Contudo, ossos vivos.
O terror se espalhou
Com ossos sendo arremessados
Contra os vivos.
Abrindo mais o buraco
Que deu passagem
Por via da cova aos mortos,
Viram ossos não queimados
Lá dentro,
E tudo ficou simples,
Jogaram as vassouras
E os rodos em chamas lá.
Pegaram a caixa de fósforo
E deram fim também naquilo.
Tudo que pertenceu
A qualquer morto
Foi queimado,
Inclusive suas roupas.
Instantaneamente,
Os mortos esquecidos
Viraram pó,
Restaram o povo fugindo,
Se acalmando aos poucos,
E os mortos pelos esquecidos
Continuaram mortos.
Até que sabendo do ocorrido,
Os médicos sobreviventes,
Junto com os enfermeiros
Alcançaram também estes,
E lhes deram o mesmo fim,
Em cova próxima.
Ninguém se preocupou
Com nomes ou familiares vivos,
Apenas retiraram carne dos ossos e queimaram tudo:
Carne e ossos.

O Invisível entre Nós

Eu vejo ele partir,
Com os olhos ardentes,
Não é ódio,
São lágrimas
Que deturpam minha visão.
É como se dedos
Invisíveis me tocassem,
Me mantivessem no lugar,
E eu simplesmente,
O deixasse ir.
É como se eles fossem
Tão fortes
Que me impedissem
De qualquer coisa
Que não fosse vê-lo partir.
Estagnada no mesmo lugar,
A esperar,
A deixar ir.
Estes mesmos dedos
Marcam minha pele,
Com dor e medo,
Mas, não faço nada
Apenas permito.
Ele aceita o adeus
E vai para distante,
Diz-se que procura a felicidade,
Eu torço que a encontre,
E eu fico.
Então, estes dedos
Simulam carinhos
Para que eu aceite
Seus toques,
Depois disso,
Sobem para minha garganta,
E me sufocam.
Evitam as palavras,
Cortam o ar
Que eu respiro,
Me enfraquecem
A olhos vistos,
E ele já foi?
Já não sei busca-lo,
Quase esqueço o nome,
Prestes a não lembrar
O rosto,
De repente, retenho o gosto.
Sufoco até congelar,
Até que não possa me movimentar,
Até que não sinta dor,
Nem outra coisa,
Então, abro os olhos
E digo: amor.
Por um momento
Sou mais forte
Que estes dedos invisíveis,
Neste instante,
Eu luto contra eles,
E sou capaz de pensar,
Então, consigo falar,
Me uno de todas as minhas
Próprias forças
E corro,
Corro devagar,
Custo a me movimentar,
Fujo de tudo que vejo,
Corro tão rápido
A ponto de que toda visão
Fique borrada,
Corro mais rápido até
Sentir dor,
Corro mais rápido
Até estar longe,
Longe deste que não quis ficar,
Se muniu de suas desculpas
Para preferir outro lugar,
Já não tenho dedos
Agindo sobre meu corpo,
Já não sinto as dores
De ser privado de falar,
Já não me rendo
A este que nunca quis estar.

sábado, 26 de julho de 2025

Copo Vazio

É plena segunda-feira,
Já não importam os dias,
Eu bebi mais este copo,
Talvez, apenas mais outra garrafa.
É cerveja,
Bebe-se até que caiba,
Depois, enquanto for capaz.
Iniciei com um trago,
Implacável trago,
Fui no bar do Zé,
Pedi um trago de pinga,
Depois disso,
Ele organizou um lugar
Para eu ficar,
E uma ficha
Para eu marcar
Para pagar depois
Minha bebida.
A verdade é que
Eu nunca parei,
Eu preciso de álcool,
Gosto de sentir o gosto
Em meus lábios,
A sensação de euforia,
A forma como tudo simplifica.
As vezes, eu caio sobre a mesa,
Estendi meus braços
E me debruço sobre o copo,
Acordou e retorno a beber,
Contudo, ultimamente
Ando sentindo uma sensação
De estar caindo,
Afundando para um ponto,
E este ponto traga tudo
Com ele,
E não se alcança o fim,
Não importa o quanto
Ele leve com ele.
Eu já encontrei o escuro,
Acordei assustado
E disse: “dormi”,
Olhei pro Zé
E pedi mais cerveja,
Faltava cerveja,
Era isto, apenas.
Este abismo,
Para o qual o trago leva,
Não é profundo,
Na verdade,
Não tem fundo,
Se cai nele e pronto.
Ele é algo
Dentro de um espaço ilimitado,
Que me aprisiona,
Me faz latejar a cabeça,
É sério,
Por vezes, me preocupo.
Um único trago,
Com gosto de outros,
Depois o torpor,
Uma sensação de vertigem
Que retira o chão,
Um rodar de tudo
Que está seguro:
Casamento, filhos, trabalho...
Momentaneamente,
Me sinto sem fôlego,
Porém, é meio da tarde,
Acordo e o trago
Está no copo preso
Em minha mão
Quente e intocável,
Eu digo: é sonho.
Bebo de novo.
O Zé já sabe
Qual a marca que prefiro,
A temperatura do suor
Que percorre o copo,
E até mesmo o copo favorito,
Eu sou um enjoado
No que se refere a bebida
Que bebo,
Quem me vê no bar
Não nota,
Eu me esforço para ser discreto,
Mas, a verdade
É que tenho minhas preferências,
Ah, se tenho!
Mas, quanto a dormir
Sobre a mesa?
Será mesmo?
Imagino que a pilha
Do relógio é que está fraca,
Vazio que traga...
Só se for o vazio do copo,
Trago que engole
E sufoca...
Só se for bebida fraca.

O Que Houve Com o Amor?

São oito horas da noite,
São dez horas,
Então, meia noite,
E agora... Madrugada.
Calculo, no escuro
Que se aproximem das três horas,
“Ela não está aqui”
Digo para mim mesmo
No escuro do quarto.
Jogo meu braço
Para o lado,
Encosto em seu corpo,
Mas, não a sinto,
É como se não estivesse comigo,
Em algum momento
Do percurso do nosso casamento
Nos perdemos.
Tenho planejado
O amanhã,
Como desenvolverei meu trabalho,
Quais resultados desejo,
Com quais me satisfaço,
E diante de quais me replanejo...
“Em quê ela pensa?”
Não tenho vício
Por trabalho,
Ou outro qualquer,
Gostaria de recuperar
O que houve de bom
Entre nós,
Queria buscar um assunto
Com o mesmo empenho
Que me dedico aos afazeres
E os mesmos êxitos.
Sou professor há cinco anos,
Tenho dez anos de casado,
Deveria estar mais apto
Ao assunto sucesso conjugal,
Contudo, não está explícito.
Imagino que não se trate
De traição,
Eu não gostaria
De sair feito um pouco
Atrás dela
Por onde quer que vá
Em busca de pistas,
Ou de um novo rosto.
Lágrimas inundam
Meus olhos,
Pensar que tenha um
Novo homem
Não me satisfaz
Como ser humano,
Ao contrário,
Me amedronta,
“tenho medo de perde-la”.
Gostaria de dizer.
A matéria de aula
É bem desenvolvida,
Eu uso livros, slides,
Filmes e o assunto
Acontece de maneira simples,
Todos entendem,
Mas, falar de amor
Parece diferente,
“ Por qual assunto início?”
Parte de mim
Também não está
Mais aqui,
Nem com outra mulher,
Gostaria de saber,
Se confiasse em orações,
Só pediria esclarecimentos
Sobre o que houve
Com nós?
O que desgastou
Nossos anos juntos
Que nos tornou
Dois estranhos
Um para o outro,
De maneira sórdida
Que não percebemos,
Estamos entardecidos?
O dia se aproxima,
Eu vejo pelo clarão
Da janela
Que reflete sobre
Nossa cama.
Queria saber
Como iniciar está conversa,
Como organizar
Tudo entre nós,
Mas devo discutir
Sobre qual assunto,
Se de fato,
Não brigamos.

Diálogo

O dia acorda nublado,
Eu preciso escolher
Entre dormir até tarde
Ou me forçar a levantar.
Eu já não sei
Se gosto de levantar tão cedo,
Tomar o café
Nas horas certas,
Almoçar pontualmente.
Penso em meu corpo,
Imagino que roupa gostaria
De usar,
Me imagino levantando
Até o roupeiro,
Pegar a roupa e vestir,
E depois disso?
Já não sei o que fazer.
Parece estar tudo determinado,
Metodicamente descrito,
Dia a dia e hora a hora,
Feito um filme prescrito.
Me cansei disso.
Lembro de conversas
Com amigos,
Recordo eles me falarem
Sobre sessão psiquiatra,
Remédios e descansar...
Pois bem,
O descansar me leva
Ao quarto,
Nele já estou,
Já posso economizar
Determinismo com médicos.
Me sento,
Coloco as duas mãos
Em minha cabeça,
Aperto um pouco,
Sinto a vida me ganhar,
Vou até o telefone,
Digito seu nome:
-“ pra quê, se eu tenho você?”
Eu indago,
Imediatamente assim
Que me atendem.
- “sim, vamos conversar.”
Ouço em resposta.

Na limpeza do pátio externo

Quando se tem um sonho A gente o busca, Suporta os obstáculos E persiste até alcançar. Foi assim com nós, Adquirimos nossa...