É plena segunda-feira,
Já não importam os dias,
Eu bebi mais este copo,
Talvez, apenas mais outra garrafa.
É cerveja,
Bebe-se até que caiba,
Depois, enquanto for capaz.
Iniciei com um trago,
Implacável trago,
Fui no bar do Zé,
Pedi um trago de pinga,
Depois disso,
Ele organizou um lugar
Para eu ficar,
E uma ficha
Para eu marcar
Para pagar depois
Minha bebida.
A verdade é que
Eu nunca parei,
Eu preciso de álcool,
Gosto de sentir o gosto
Em meus lábios,
A sensação de euforia,
A forma como tudo simplifica.
As vezes, eu caio sobre a mesa,
Estendi meus braços
E me debruço sobre o copo,
Acordou e retorno a beber,
Contudo, ultimamente
Ando sentindo uma sensação
De estar caindo,
Afundando para um ponto,
E este ponto traga tudo
Com ele,
E não se alcança o fim,
Não importa o quanto
Ele leve com ele.
Eu já encontrei o escuro,
Acordei assustado
E disse: “dormi”,
Olhei pro Zé
E pedi mais cerveja,
Faltava cerveja,
Era isto, apenas.
Este abismo,
Para o qual o trago leva,
Não é profundo,
Na verdade,
Não tem fundo,
Se cai nele e pronto.
Ele é algo
Dentro de um espaço ilimitado,
Que me aprisiona,
Me faz latejar a cabeça,
É sério,
Por vezes, me preocupo.
Um único trago,
Com gosto de outros,
Depois o torpor,
Uma sensação de vertigem
Que retira o chão,
Um rodar de tudo
Que está seguro:
Casamento, filhos, trabalho...
Momentaneamente,
Me sinto sem fôlego,
Porém, é meio da tarde,
Acordo e o trago
Está no copo preso
Em minha mão
Quente e intocável,
Eu digo: é sonho.
Bebo de novo.
O Zé já sabe
Qual a marca que prefiro,
A temperatura do suor
Que percorre o copo,
E até mesmo o copo favorito,
Eu sou um enjoado
No que se refere a bebida
Que bebo,
Quem me vê no bar
Não nota,
Eu me esforço para ser discreto,
Mas, a verdade
É que tenho minhas preferências,
Ah, se tenho!
Mas, quanto a dormir
Sobre a mesa?
Será mesmo?
Imagino que a pilha
Do relógio é que está fraca,
Vazio que traga...
Só se for o vazio do copo,
Trago que engole
E sufoca...
Só se for bebida fraca.
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