Sentada na varanda da casa de madeira branca,
Algo profundo palpitava em seu coração
A cada momento em que parava
Para permitir-se ver o rio correr para o mar,
Naquele dia em especial,
Fazia um calor acolhedor lá fora,
O orvalho não havia secado ainda,
Uma leve brisa brincava com as folhas
Que caiam, pousando sobre a grama,
Pássaros revoavam e cantarolavam,
Mas, os pensamentos dela estavam longe dali,
Em um lugar incerto, dentro da saudade
Que parecia soprar aos seus ouvidos: sinto sua falta,
E apenas um rosto tomava sua alma,
Por inteiro, nada além lhe despertava,
Afinal, tudo parecia estar no seu lugar,
Mas ela estava incompleta, sozinha,
Precisava senti-lo, toca-lo, beijá-lo...
Doce rosto que não lhe saia da cabeça,
Loiro, forte, alto, ombros largos, perfeito demais para
Passar despercebido, olhar doce de menino,
Atitude de quem sabe o que quer,
Uma única certeza lhe trazia levemente para a sua boca,
Um gosto, doce, molhado e gostoso demais para ser detalhado,
Um beijo, exigente, daqueles que tocam os lábios
Enquanto abraçam suavemente a alma,
Daqueles, que deixam as pernas bambas,
Incapaz de resistir as suas investidas,
Fechou os olhos, se pegou a sonhar,
Sonhos que estavam longe de serem apropriados a escrita,
Sim, acreditava ter razões para derreter a cada carícia sua,
Afinal, como resistiria?
Ela tentou evitar, tinha certeza disso,
Porem quando mais fugia, mais se aproximava,
Acreditava até que o procurava...
O que, de fato, era tudo que sonhava,
Queria pertencer a ele para sempre,
Caso contrário, não poderia dividir com ele a mesma cidade,
Estado, país ou universo, estivesse ele onde estivesse,
Ela sabia, o desejaria e muito mais: o procuraria,
Sentia dentro de si mesma: não poderia evitar
O sentimento tão intenso que a consumia,
De maneira que deixava uma mensagem curta:
Precisava dele, sentia uma urgência desmedida,
Como se dentro de si mesma
Houvesse um gatilho que apenas ele sabia despertar,
E mais, ela sentia que ele a entendia,
E parecia até mesmo adivinhar sua urgência,
Fechou os olhos, deixando-se embalar na rede,
Suas lembranças foram tão fortes,
Que pode sentir sua presença,
Aquele corpo tão familiar a tocava,
Perfeito, com habilidade em cada carícia,
Instintivamente, ela abriu a boca
Para receber o beijo, como se ele não soubesse
Como guia-la... aonde toca-la, sentiu-se tonta
E permitiu-se ser guiada por sua fala macia,
Suave, rouca, melódica, aveludada...
Carícia para sua alma apaixonada,
Apenas um desejo a tomava:
Ser sua, irremediavelmente sua,
Sentia que sem ele não poderia respirar,
Nem existir, apenas ele a conhecia tão bem,
Como se em seus lábios contivesse o néctar da vida,
Ela bebeu-os, sugou-os, desejava cada traço dele,
Desejava-o, dentro dela para sempre,
Seria possível absorver alguém
Tragando-o para si de forma que não se distinguisse
Quem era quem?
Sentia-se vazia e ele a preenchia,
Parecia completa-la como a uma só forma,
Sentia que seu coração batia dentro do dele,
Não, ela não poderia se imaginar sem ele,
Adorava admirá-lo,
Era como se dividissem os mesmos pensamentos,
Sentia-se vívida, acolhida, era capaz de ver-se refletida em
seu olhar,
Presságio do destino: caminho certo a se traçar,
Era dentro dele que ela queria morar,
Caminhar ao seu lado ou ficar parada,
Qualquer coisa desde que junto a ele,
Sentir sob os dedos frágeis a sua pele,
Poder provar seus lábios sempre que quisesse,
Ser acordada por sua voz a cada alvorecer,
Ela ansiava que isso pudesse acontecer,
Enquanto isso, mantê-lo presente em sua saudade,
Era o bastante, ali ele estava guardado,
Protegido, abrigado ao seu amor,
Ali permaneceria para sempre em seus braços,
Derretendo-a em cada beijo apaixonado,
De forma que respirassem o mesmo ar,
Tivessem as mesmas ideias,
É claro que amando-o como amava
Ela sabia que não poderia demonstrar nunca
Tudo que sentia, pois ia além das palavras,
Tivesse ela o dom de escrever, lhe escreveria
De mil maneiras possíveis,
Apenas para que ele percebesse
Que sempre o amou e amaria para todo o sempre.