O céu rugiu acima deles,
As árvores responderam no vigor,
Ela tocou-lhe a face corada de desejo,
Como se ouvisse tudo que ele tinha a dizer,
Através da ponta dos dedos,
No calor da carícia em que o sentia,
Os pássaros voaram em torno deles,
Pareciam testemunhar um amor perfeito,
E isso, lhes tirava o medo- não se escondiam-,
Quem visse juraria: não tinham medo do que vinha,
Nem mesmo eles o tinham,
Entreolhavam-se apaixonados e ternos de carinhos,
As folhas caiam aos seus pés, algumas os tocavam,
As flores se abriam incrédulas ao que viam,
Dois corpos se juntavam ao amor que consumia,
Corroía barreiras até tornar uma coisa apenas,
O ato de estar junto era maior que ser sozinho,
Entregavam-se um ao outro não para aplacar algo,
Como a solidão ou o medo, mas pelo puro desejo,
Ao longe ouvia-se os estrondos que pareciam vir ao encontro,
Mas, isso não diminuiu em nada o abraço que se estreitava,
Amor,
Por que eles amavam-se tanto e de tal forma?
Talvez, se pássaros falassem teriam a resposta,
Se folhas desenhassem horizontes ou flores escrevessem,
Porém, o universo que se transformava não falava,
Ali, não havia nada além dos sussurros e suas promessas,
A palavra amor saltava aos olhos e isso bastava,
Descrever de outro jeito talvez fosse errôneo,
As trovoadas eram intensas e descompassadas,
Mas seus corações não, eles estavam estranhamente calmos,
Pareciam ter discernimento e domínio sobre tudo,
Era quase como arriscar dizer que o universo falava,
Repetia em tom mais alto o que eles diziam,
De uma forma que poucos entenderiam,
Tivessem os vistos não negariam
Que tudo que havia ali era amor em sua forma pura,
Com exceção, quem sabe, do rio que corria ameno,
Tranquilo e incerto ao que havia ao seu redor,
Aquele simplesmente contornava sem dizer nada,
Moldava-se entre uma pedra e outra e seguia seu ritmo,
Tivesse olhos, penso que nem assim olharia,
Simplesmente seguia em busca de algo,
Mas, isso o casal que se amava nem via,
Deve ter sido o amor mais puro do mundo,
Gostaria de tê-lo presenciado,
Quiçá eu vivê-lo,
Bem, mas o amor chega na hora certa,
Olho para o relógio são 9:30 minutos da manhã de outono,
Em instantes verei quem tanto espero,
Quarta-feira de dia certo no calendário,
Suspiro, viver um amor verdadeiro: ah, quem me dera,
Por um momento, penso: e por que não agora?