quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Cesta de Gatinhos

A moça carrega uma cesta de gatos,
Todos pequenos,
Ganhos a pouco tempo,
Passa por uma praça
Onde brincam crianças.

Ela senta-se
A acariciar os gatinhos
No banco embaixo de uma árvore,
E sorri com eles no colo.

Logo as crianças vêem,
E desistem de escorrer
No escorregador,
Correr umas atrás das outras,
Param e contemplam a moça.

Seus olhos outrora felizes,
Ficam estagnados e gigantescos,
Como se todas as lágrimas
Do mundo pudessem caber em um lugar,
Então, se aproximam indagam sobre os bichanos,
Pedem para pegar,
Acariciam-nos.

Horas percorrem o tempo
E abandonam aquele lugar,
Todas desistem de seus afazeres,
Importa apenas os gatinhos
E tantos sonhos em seus olhares.

A moça despede-se
E não parte sem deixar seus gatinhos,
Os companheiros de viagem
Agora entram em outras vidas,
Outro destino.

Assim são feitos os sonhos,
De doar-se em busca deles,
E de transmiti-los a outros,
Neste instante,
Eles seriam bem-vindos
Em outros braços,
E a vida traria a garota
Outros gatos
E outros sorrisos.

Deixou o banco,
A cesta de gatinhos risonhos,
E a praça,
Foi-se embora a garota,
Ficaram atrás dela
Palmas e algazarras.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Saudade

Uma suave e doce melodia
Ressoa por entre os cômodos,
Na mais doce música,
Um nome é buscado
E uma lembrança o traz,
Uma pessoa a anos deixada lá atrás.

Está pessoa não parece conhecer seus efeitos,
A música tão linda
Faz recordar,
E traz a memória vívida,
Os olhos que fecham-se,
Parecem cortinas,
Enquanto fecham as janelas,
Permanecem fixos por entre os cômodos,
E nos cômodos as lembranças.

Olhos fecham-se e ouvem,
Lábios estremecem,
Pele arrepia-se,
O que houve a tanto tempo,
Vence os anos e retorna,
O relógio deixa de surtir efeito,
A distância deixa de existir.

Há um alguém para não ser esquecido,
Não enquanto a música toca,
A música que ganha o ambiente,
Envolve a quem ouve,
E chama seu nome,
E mesmo os lábios mais silenciosos,
Os que juraram esquecer,
Mesmo estes,
Parecem querer chamar.

Ele permaneceu intacto no tempo,
Todo o amor,
Todo o sentimento,
De repente se aviva,
Com efeito devastador,
É como se ele estivesse presente,
Se nem os segundos tivessem passado,
Como se a ampulheta do tempo,
Tivesse caído da cômoda,
E ao invés de espalhar -se pelo chão,
Tivesse voado pelo vento,
E percorrido toda distância,
Apagado o tempo,
Trazido todas as lembranças,
Areia contra o rosto que chora,
E os lábios finalmente abrem-se
E chamam: Rarat.

As areias que voam vão distantes,
O tempo percorre todos os lugares,
E areias desenham,
Escrevem,
Buscam e falam:
Rarat.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Campainha

Ela repassa a folha do jornal,
De repente,
Se depara com a
Notícia de contracapa:
Sobre um jovem
Desfalecido através de faca.

Levou um único ferimento
Profundo e lancinante,
Sem motivação aparente.

A faca foi encontrada dentro dele,
Cravada em seu peito,
Sobre a camisa azul rasgada.

Sangue escorreu pela rua
E a deixou escorregadia,
Adiante,
Um motoqueiro derrapou
E sofreu acidente em virtude.

Ele foi encaminhado ao hospital
E o morto para a delegacia de homicídios.

Ela estremeceu,
Tremeu tanto que rasgou
A página,
Mantendo ela entre os dedos
De maneira tão apertada
Que suas mãos foram
E quando deu-se conta
Era tarde da noite
Ou então, amanhecia do dia seguinte.

Ela perdeu as horas
E talvez,
Os sentidos.

Reconheceu o rapaz.
Se tratava do moço
Que poucas noites anteriores
Ao acontecimento
Teria sentado com ela
Num bar,
Bebido cervejas
E trocado confidências.

Ela considerou quase um encontro,
Por pouco não o beijou
E ainda não sabia porquê motivo
Ela mesma não o levou até
Em casa,
Vez que ela estava de carro.

O bar ficava no andar debaixo
De seu apartamento,
Ela tinha o costume de frequentar
O local.

Ainda em estado de pânico,
De certa forma, medo.

Ela foi bruscamente retirada
Deste estado emocional
Quando a campainha tocou
E um estranho
Estava convidando-a para beber.

Confessandamente,
Que um convite não beirava
Ao absurdo,
Mas ali na porta
Estava um estranho,
De casaco comprido,
Botas e calças jeans,
Sua apareceu lhe causava arrepios,
E um estranho medo
A impediu de falar
E mais ainda,
De aceitar o convite.

Ela sentiu-se como
Se não fosse mais uma pessoa
Bonita e legal para uma noite de bebidas,
Era como se tivesse se tornado
Um arquivo,
Com identificação e motivação:
“aquela noite nunca poderia ter acontecido “.

Mas houve,
E agora
Ela era procurada por isso.

O beijo não foi dado,
Nem ao menos prazer oferecido,
Foram cervejas e conversas,
E agora a faca...

Ela sentiu como se ele
Crivasse a porta com sua faca,
Como se tentasse abri-la,
Forçando a fechadura,
Rasgando-a,
Entortando até que cedesse
E ele pudesse passar,
E então, finalizar o que começou.

Ela sentiu um medo de terrível
De ficar próxima a porta,
E de ficar distante da porta,
Se ficasse perto
Poderia ser encravada nela,
Se se distancia-se e ela
Fosse aperta,
Ela não estaria próxima
Para impedir a entrada,
Ou ao menos tentar.

A campainha tocava e tocava,
Parecia falar,
Gritar urgência,
O dia parecia se aproximar,
A luz falhou,
As lâmpadas da calçada se apagaram,
E a rua ficou as escuras,
A lua parecia distante,
E ele batia os pés insistente,
Tocava e tocava a campainha outra vez.

Suas mãos eram grandes e fortes,
Estranguladoras de se olhar,
Ele inspirava morte.

Seu cheiro produzia medo.
Ela achou que poderia sentir
O fio da faca penetrar seu corpo
E desfalece-la de imediato,
Em dor, agonia e desespero.

Fechou a janela,
Certificou-se de casa entrada,
Janelas, saídas e etc.

Jogou-se na cama,
Se enrolou no cobertor e ficou.
Chorou, soluçou.
Juntou uma faca na cozinha
E a guardou.

Teve medo de olhar.
De falar.

Apenas seu coração palpitou
Tão forte e intenso
Que parecia jorrar vida para fora,
Para cima dele,
Até afoga-lo
Ou despertar sua irá.

Ela não soube,
Apenas ouviu o próprio coração bater

Mamões de Corda

Chegou o verão na chácara,
O sol acordou por entre as nuvens,
Não tardou,
Abriu seus raios
Como se fossem braços
E afastou-as.

Chegou até a terra claro,
Mais claro que dias árabes,
Muito mais claro que o sol das cidades,
Ameno e quase sereno,
Clareou em toda parte.

Clareou as roseiras,
Abriu suas pétalas,
Clareou as buganvilles,
Deixou o verão colorido,
Os pássaros brincaram
E alimentaram-se do néctar
Das mais variadas flores.

As borboletas preferiram
As zínias coloridas,
Milhões de borboletas
Coloriram o ar,
As abelhas foram se alimentar
Só néctar dos chás,
Gostaram muito do manjericão.

Pitelmario juntou os pintinhos,
Que estavam grandinhos,
Mas não sabem voar.

Ele os colocou em suas costas,
E voou até o mamão de corda,
Lá os meninos e as meninas
Pularam nos mamões
E bicaram de um ao outro
Numa brincadeira de alimentar-se
No ar,
Por entre flores.

Pitelmario conseguiu
Se estabelecer no mamoeiro
E ficou ali
Entre voos
E bicadas cuidando
Dos pintinhos.

O gramado passou de florido
Para criar bilhões de sementes,
E os pássaros desceram do céu
Para alimentar-se delas,
Eles levam elas para seus filhotes
Nos ninhos altos,
E as replantam onde ainda não tem.

Obrigada passarinhos
E pintinhos,
E também a Pitelmario
Fala o sol lá do alto
Sorrindo e se divertindo
Fugindo das nuvens no céu azul profundo.

domingo, 12 de janeiro de 2025

Areias do Tempo

Em épocas passadas,
O povo foi bondoso,
O rei esplendoroso,
Os corpos eram tratados
Como um templo,
E as almas,
Eram desejadas por perto,
Por isso,
Esperou-se suas volta.

A veste do corpo que desfaleceu
Era escolhida a dedos,
A mais especial
Para o rei esplendoroso,
Por medo de que se deteriorasse
Até sua volta,
A veste possuía adornos
E entornos.

Guardou-se
Ao invés de se despedir,
Fez-se escolta de estátuas,
Pois ao rei bondoso,
Queria-se mostrar o caminho
Do retorno,
E os súditos que souberam
Esperar.

Estátuas em volta do sarcófago,
Joias bonitas e vestes de espera,
Doou-se o melhor
Para esperar aquele que viria,
Uma espécie de estagnar do tempo,
Parar as areias do relógio,
Para exaltar o bondoso.

Hoje, correu os tempos,
Mas lá permanece a lembrança,
Anterior a fotografia,
Originária de primeiros desenhos,
Quis-se eternizar
Aquele que foi benigno.

A quem queira permite-se o contemplar
Do rei que foi a distantes séculos,
Mas sua imagem ficou intacta,
Com o único intuito
De mantê-lo,
Um não querer separar-se,
Um meio de valoriza-lo,
E o próximo que veio
Não foi menos exaltado
Nem hoje menos poderoso.

Amado e esperado.
O lindo rei esplendoroso.
Diferente desta,
Que desfalecendo
Sorte terá se for para a terra,
Jogada a sorte em águas
Ou tenha uma fotografia
Mantida em lembranças.

É quase um desfaleceu:
Que fim dar a está que parte?
Olhos que choram não sofrem,
O querido que guarda
Não tarda a esquecer,
A fotografia é mantida
Até o apagar-se junto as outras,
E confundir-se no álbum rasgado
E envelhecido pelas traças.

A fotografia modificada por computador
Já não condiz com a lembrança,
A lembrança se esvai,
E a que esteve entre nós,
Foi parar em algum canto
E sua fotografia, também.

Mas, num povo não muito distante,
Espera-se o rei,
Confia-se no que se creu a muito tempo,
Sua imagem rompe séculos,
Suas estátuas o protegem,
Seus entes são como os de antes
Bondosos, corajosos e progressivos,
E suas belezas ainda são as almejadas.

Lindo e esplendoroso menino,
Já nasce um grande garoto,
Com uma história antiga de povos
E o governo nato em suas cabeças,
Coroas são para reis e rainhas.
E pessoas que vão casar-se.

Coroas identificam
Natureza de ideias,
Maturidade de atitudes.
Comunhão de sonhos,
Liberdades para unir-se.

É um símbolo do presente
Como forma de garantir um futuro,
Pois olhos que choram
E almas que sofrem saudades
Não sentem por falsidades,
E mentiras vão-se.

sábado, 11 de janeiro de 2025

Foto da TimeLife

Postar fotos na rede social
Não deveria ser sinônimo
De ciúmes,
Deveria despertar admiração,
Carinho,
E os mais lindos elogios
Ditos no silêncio do olhar,
Ou entre os cantos da casa.

Mas não é assim,
Ele posa no status,
Eu corro para a câmera,
E não importa o quanto de roupa
Ele tenha,
Eu gosto de sempre
Ter um pouco menos.

Eu sei,
Me vejo no espelho
Do celular
E penso estou louca,
Comercializando corpo
Por sentimentos,
Quê importa se ele está bonito,
Pôs fotos dele sozinho,
Eu corro logo tirar a roupa,
E disfarçar por entre meados.

Que droga de mulher
De baixa imunidade
Eu me tornei,
Só me falta correr
Por todo lugar onde ele estiver,
Segui-lo a distância
Feito idiota
E imaginar que ele
Desmereça todos os elogios
Que eu mesma o faço.

Que insegurança tão triste
Está que sinto,
Se o elogio vem dos meus lábios
São poucos e escassos,
Ele merece mais,
Muito mais que os que coloco,
Mas quando vêm de outrem
Por quê me sinto tão desguarnecida?

Frágil criatura,
Baseada em opiniões alheias,
Eu me tornei dependente do açoite
De lábios estranhos a nós dois,
Ele é autossuficiente,
Cada pose vale uma torre em chamas,
Um castelo engolido pelo mar,
Uma árvore cheia de frutas
Solta ao vento,
Eu lhe daria minha vida
Por quê acharia que alguém
Lhe daria menos?

Mas isto me importa?
Me rói as unhas,
Fere a pele,
Mexe com meu cardíaco,
Corro e posto a foto,
Se a torre pegar chamas,
Eu a sugiro um castelo,
Se tudo inundar,
Eu digo que árvore molhada
É aquela que produz mais...

E dane-se o blá blá blá,
Nem chamou no chat
Pra não confundir mais.

Fujo das fotos,
Odeio suas poses
Suficientemente vestidas
Para me converter a tirar a roupa,
Odeio todos os seus botões,
E minha mania por verão exaustivo,
E aquelas suas calças
A ver de todos os olhos
Incompatível.

Ufa,
Desabafo
E te amo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Prece

Muhamed profetiza:
“Daí boas novas ao paciente”.
Ele fala do povo que sofre e pede,
Allah confessa ao profeta
Que o povo que sente,
Merece,
E o povo que pede
É o mesmo que é ouvido,
Pois Allah é benigno.

Contudo o profeta diz
Seja paciente,
Pois ao pedires
Também precisa buscar.
Allah deu a todos força,
E está força precisa ser usada
Para buscar sonhos,
Construir-se em cima de valores,
E ter por alicerce a família.

Allah não dá aquele
Que pede
Pelo ato de pedir,
Não é o cair de joelhos
E unir de mãos
Que faz do povo merecedor.

As mãos que unem-se,
Se unem para fazer prece,
As mãos que unem-se
Unem-se para estender-se
Ao próximo,
As mãos que unem-se,
Unem-se para lavar o rosto...

Vê-se, por tanto,
Que há sempre duas mãos
Para seu favor
E uma para cumprimentar o outro,
Para acenar ao próximo,
E as vezes para dar.

Mãos unidas em sentimento
De oração,
Unem-se desde o peito,
Seguem unidas até o receber
E Allah vê,
Allah concede,
Seja bondoso ao semelhante,
E Allah verá,
Também.

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...