sexta-feira, 22 de agosto de 2025

A Unicidade

A gente quando
Se aproxima dos quarenta
Começa a refletir
Sobre o passado,
Rever os sonhos,
Replanejar os passos.
Olha na parede
Onde está pendurada
As chaves do carro,
Pois as pernas
Já não levam tão longe
Quanto levavam aos quinze anos.
Avistada as chaves,
Suspira-se em alívio,
Já se começa a pensar
Quando se trocará
Por um modelo novo,
Um carro mais bonito,
De ano mais moderado.
Assim nos assemelhamos,
Aos quarenta anos,
Já não somos um carro novo,
Recém adquirido,
Do contrário,
Já se avalia os estragos,
Pensa-se em reparar enganos,
E se adapta ao que estamos.
Com o uso do carro
Vem os raspões, as batidas,
Os reparos.
As vezes, substitui-se a peça inteira,
Outrora é um pneu furado
Ou a gasolina que está
Chegando ao fim.
No entanto, nós também
Sofremos raspões,
Também temos danos
Em nossas peças
Que se evidenciam
Com o transcorrer do tempo,
Porém, não podemos trocar
Nossos membros
Como substituem-se os pneus,
Não trocamos de pele
Como renovamos a tinta
Da lataria,
Com o tempo,
Os cabelos brancos surgem
E nada mais os esconde.
De gasolina usamos a água pura,
Os sucos e chás buscando
Ter energia,
Renovar as esforços,
Alimentamos e nutrimos
Nosso corpo o melhor
Que pudermos,
Mas, aos quarenta se colhe
Todo o alimento ingerido errado,
Todos os descuidos
Que sofremos até então.
As vivências dos quinze
São como os arranhões,
Contudo, aos quarenta
Vê-se o que a maquiagem
Não esconde,
Chegaram as dores,
E não podemos ser trocados
Por novos modelos,
Uma pessoa não é substituível,
Deveríamos pensar
Sobre isto aos quinze,
Talvez, cheguemos aos quarenta
Com menos dores
E danos,
Agora, dos quarenta
Faremos os sessenta,
Vive-se e perde-se
Conforme se queira,
Também pode viver
E ganhar,
Perdeu aquele
Que se abandona
E não se vê
Único como realmente é:
Insubstituível.
Tem quem 
Planeje mais seu tempo
Em busca de melhorar o carro
E esquece de melhorar a si mesmo,
Um carro é tão compravel,
Quanto um ser humano 
É inalterável.

Assombro Antigo

O campanário de cores desbotadas
Das casinhas que de longe vejo
Me inspiram medo,
Para não dizer pavor.
Um aglomerado de pequenas
Construções numa civilização
Do medo.
Quando voltei para a minha cidade natal
A avistei aquelas construções,
De longe me pareceu ver
Aquele povo se espalhando
Pelos casebres a espalhar fofocas
E fazer intrigas.
Meu caso não é certamente
O único,
Ainda sinto aquela velha náusea
Só em pensar de passar perto
De pessoas que nada fazem
Ou buscam de suas vidas
Exceto se engrandecer as custas
Dos outros.
Muitos que partiram a pretextos
Nunca mais voltaram a seus lares
Não importando que circunstâncias estivessem,
Preferiram entregar-se ao esquecimento
E tracejar suas vidas da maneira
Como foi possível,
Sendo que em nenhuma hipótese
A ideia de retornar
A este vilarejo lhes fosse acolhida.
Alguns partiram em busca
De educação,
Outros crescimento profissional,
A verdade é que este vilarejo
Nunca proporcionou nada
De positivo a ninguém,
Eu mesmo me indago:
Como alguns sobrevivem?
Meu auge do medo
Foi numa manhã bem cedo
Quando levantei para tomar
Meu banho
E na minha janela já havia
Um grupo de fofoqueiros
Postos para buscar boatos,
E espalhar mentiras por entre
Os preguiçosos
Que nada desejam a não ser isto:
Falar mal da vida alheia.
Meus pensamentos
Com relação a eles
São curtos e rudes:
Vão se embora,
Afastem-se deste que sou.
Mas, para sobreviver aqui
Eu preciso me enturmar,
Fazer parte destes grupos,
Interagir com os vizinhos,
Penso se devo frequentar
Alguns igreja,
Mas, a distância já ouço
Os discursos acalorados
Em busca de dinheiro,
E espalhando os boatos
Sobre os residentes,
É eles falam alto,
Usam microfones,
A igreja é local disto:
“Falar o que eles gostam de ouvir”.
A distância se vê a cruz da igreja
Se distinguir por entre os casebres,
Uma onipotência de oração,
Onde tudo se apregoa,
Menos o que defino por religião:
Fazer bem ao próximo,
Ajudar o vizinho...
Tudo permanece sempre igual,
Não importa quanto tempo passe,
Menos as construções de orações,
Estas crescem e se aperfeiçoam,
Se distinguem das pequenas casinhas
Do seu redor que a tinta escorre,
E pequenas lascas de madeira
Ou cimento caem.
Até mesmo os frequentadores
Da igreja se distinguem,
Nas vestimentas,
Nas palavras,
Parece que só entram os escolhidos,
Não sei se se deve aos discursos,
Ou se é mesmo uma operação financeira 
E pronto.

... Vez que a Rainha foi ao Supermercado

Aconteceu de a rainha
Ir ao supermercado
Para fazer suas compras domésticas.
Neste dia,
Um indivíduo aparentemente inofensivo
Prestou atenção nela,
Vendo que ela tinha dinheiro,
Quis aproveitar-se de sua idade avançada
Para lhe tirar proveitos
Dentre eles dinheiro.
Ocorre, que o rei foi junto,
E ao ver a rainha Luana
Agachada procurando seu vinho,
Percebeu do estacionamento
Onde ele estava,
Sentado ao volante do seu carro
Esportivo modelo rosa escarlate,
Com pontas de diamantes coloridos
Que este indivíduo abaixou
O cabelo estilo chanel
Sobre o rosto
E tomou o carinho de compras
Da rainha
O levando para distante dela.
Quando ela virou-se
Com o vinho em mãos
O carrinho de compras havia sumido,
Nisto o indivíduo retornou
Rindo do desgosto dela.
A rainha Luana envergonhou-se,
Pensou que tivesse perdido
O carrinho por entre os corredores,
Acanhada soltou o vinho no chão,
E pôs-se a buscar o carrinho.
Ao encontrá-lo haviam papel higiênico
Sobre ele,
Muitos pacotes
E isto não fazia parte de suas compras,
Com isto, ela ficou triste,
Escondeu o rosto por entre
Os cabelos grisalhos.
Depois foi até o estacionamento
E reiniciou as compras,
Ao retornar até o vinho,
Ele havia se partido no casco,
Ela não entendeu que não
O soltou com força no chão,
Porém, o rei Luan notou
Que o indivíduo passou ali
Outra vez,
Desta vez,
Com o cabelo penteado
Rente a cabeça,
Como se fosse curto,
E bateu com o próprio pé
Para quebrar o vidro.
A rainha levou a mão
Macia e enrugada aos lábios
Entristecida,
“Como foi que ela soltou o vidro
Tão forte no chão?”
Mesmo assim, levou o vinho,
Também pegou outros dois.
No caminho, o indivíduo notou
Que ela iria dobrar o corredor
Para comprar cosméticos,
Neste ínterim de tempo,
Ele esbarrou contra o carrinho
De compras dela
E derrubou muitas coisas no chão,
Ela ficou amedrontada,
Deu um passo para trás.
O rei saiu do carro
E caminhou até lá,
Empertigado e sério,
Então, o indivíduo o pegou
Pelos braços,
Passou os braços dele
Por trás das costas,
E o prendeu com uma mão,
Na outra ele pegou uma faca
Que estava a venda
No próprio mercado
E colocou contra as costelas do rei
Ameaçando sua vida.
O príncipe Pitelmante notou
Que os pais estavam sendo
Reféns daquele estranho perigoso,
No entanto, ele não sabia
Como reagir
Se chegasse perto
Poderia ser feito de refém também,
Se ficasse distante
Corria o perigo de que aquele
Estranho malfeitor
Fizesse mal a seus pais,
Ambos velhinhos
De cabelos grisalhos,
Rugas de expressões e lábios sérios, e olhos assustados.
Pitelmante lembrou que ele
Tinha um poder especial,
O poder de amar os pais intensamente,
Então, ele se dividiria em dois
Ou quantos fossem necessários
Para salvar aqueles que tanto ama.
Por isso, Pitelmante usou sua sombra,
A projetou onde o bandido estava,
Fingiu que estava lá
E foi fazendo gestos,
Para chamar a atenção do malfeitor,
Enquanto entretia malfeitor
Ele aproximou-se
Pois viu que os pais estavam seguros.
Pitelmante projetou sua sombra
Diversas vezes
Até que o bandido moveu-se
Ainda prendendo seu pai,
O bandido andou cinco passos,
E o corredor até ele
Ficou aberto para ser percorrido
Sem ser visto,
Então, Pitelmante chegou por trás
Do assassino e empenhou uma faca
Contra a barriga dele.
No susto ele soltou o rei,
Imediatamente, Pitelmante
Prendeu o bandido
Cruzando seus braços
Para trás,
E jogando seu corpo
Contra o chão,
Prendendo ele com um joelho
Sobre sua coluna e cabeça.
A rainha foi salva,
O bandido ferido foi preso,
As pessoas do mercado
Aplaudiram Pitelmante,
Pois todos tinham medo
Daquele homem desprezível,
Mas não sabiam como conte-lo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Palavra de Deus

Jonas decidiu sair
Mais cedo do trabalho,
Ao chegar em casa
Procurou pela esposa
E ao não encontra-la,
Decidiu dar uma volta
De carro em sua busca.
Ele estava inseguro
Com relação ao casamento,
Pediu a esposa
Para ter um filho
E ela se recusou.
Ele definiu o casamento
Como frio,
A esposa estava cada vez
Mais distante,
E em uma briga alegou repulsa.
A casa estava sendo
Deixada para segundo plano,
A comida no fogão
Tomou o costume de queimar,
E a roupa foi esquecida
De ser limpa,
De ser guardada,
De ser passada,
Também os abraços
Se tornaram escassos.
Jonas decidiu que amava
A esposa,
E optou por protegê-la,
Concluiu que não importava
O que estivesse ocorrendo
A culpa não era propriamente dela,
Ele iria descobrir
E ajudá-la.
Amava-a.
No entanto, temia
Descobrir uma traição,
A mentira lhe era motivo
De raiva,
Contudo, não desejava
O fim do casamento
De oito anos.
Três quadras após
Sua casa,
Encontrou-a sentada
Num bar acompanhada.
Ela estava bebendo bebida
Alcoólica,
E beijava um sujeito.
Jonas estacionou o carro
Próximo ao local,
Chorou recostado no volante,
Depois tomou coragem,
Retirou o terço que tinha
Guardado sobre o espelho
Retrovisor do carro,
Enrolou na própria mão
Buscando fé em seu amor,
E calma em nome da religião,
E foi até o bar.
Chegando próximo aos dois
Não gritou ou aumentou
O tom de voz,
Apenas retirou do bolso
Uma bíblia e leu alto um trecho:
“Aqueles que andam retamente entrarão na paz;
acharão descanso na morte. (Isaías 57:2)”.”
O homem que acompanhava Ruti
Sua esposa levantou assustado,
Ao levantar da cadeira
Bateu na garrafa de cerveja
E derrubou sobre a mesa,
 Então, se voltou de frente para Jonas.
Que continuou a ler,
Olhou seriamente para a esposa,
E não fez mais.
Amedrontado, Jerson sorriu,
Retirou a arma de dentro
Do bolso que possuía
E não acreditou na boa fé
De Jonas:
- você nos pegou em flagrante,
Hein Jonas?
Jerson falou alto,
Com a arma empunhada
Contra Jonas.
- calma Jerson,
Ele não fez nada.
Disse Ruti.
Jonas estalou os olhos,
Arregalou-os até ficar vermelho,
Seu rosto tornou-se ameaçador,
Então, ele fechou a bíblia
Com um estalo,
Se aproximou da mesa
Onde ambos estavam sentados
E atirou a bíblia de canto
Contra a cabeça de Jerson,
Que caiu no chão desfalecido.

Pela Igreja

Na parte da zona rural
Do município de Joaçaba,
Um agricultor levantou
Logo cedo para ir tirar leite.
Ao abrir a porta
Se deparou com uma raposa,
O bicho estava comendo
Um braço do que aparentava
Ser de uma pessoa.
O agricultor ficou assustado,
Fechou a porta
E saiu para fora,
Depois disso, seguiu o rastro
Do animal com uma foice
Em mãos.
Logo adiante,
Próximo ao rio
Encontrou o que parecia
Ser uma pessoa,
Ela estava imóvel
Deitada no chão,
Muito magro e parecia
Ser um homem.
O agricultor assustou-se,
Chegou perto sorrateiro
E notou que havia sinais
De fogo no local,
Mais perto do homem
Notou duas mulheres,
Todos os três apresentavam sinais
De terem sido consumidos
Por um animal,
Faltava alguns membros
Como braços, mãos,
Lados do rosto, partes da barriga.
Eles estavam soltos na terra
Sobre folhas secas queimadas,
Atrás de suas cabeças
Havia uma pedra que tinha
Algo escrito com sangue,
Lá estava escrito:
“E Deus limpará de seus olhos toda lágrima;
e não haverá mais morte,
Nem pranto, nem clamor,
Nem dor;
Porquê já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21:4
As três vítimas estavam deitadas
Com as mãos unidas
Como se rezassem,
Os pés estavam juntos,
Tudo se encaixava
Em um misto de culto e velório,
Como se fosse uma oferenda,
Um culto a algo subliminar.
Os rostos foram mutilados
Por objeto cortante
Onde desenharam uma cruz
Do início ao fim de cada rosto,
Seus lábios estavam colados.
O agricultor assustou-se,
Não mexeu em nada do que havia ali,
E correu até sua casa
Para chamar a polícia.
Animais se aproximavam
Dos corpos
Para comer sua carne,
Era difícil dizer
Há quanto tempo estavam mortos,
Os olhos de cada um
Foram arrancados
E no lugar foi desenhado
Uma cruz com seu sangue.
Havia pouca roupa,
Pouca pele sobre os corpos
Que foram queimados.
Ambos estavam próximos
Ao leito da água,
Recostados por entre o arvoredo.

Em Nome da Fé

Três corpos foram encontrados
Na praça central do município,
A polícia de homicídios
Foi comunicada
Pelo homem que os encontrou,
O homem tremia e gaguejava
Ao falar sobre os mortos.
A neve da praça derretia
E escorria até seus pés
Levando a calçada
Vestígios de sangue
Nos pequenos flocos brancos
Da neve que há meses
Se acumulava.
-Eu não sei quem são.
Ele respondeu,
Cansou de falar
E desligou o telefone da cabine
Onde estava.
Logo que ele saiu da cabine
Telefônica e se pôs a olhar
Os corpos trêmulo,
A polícia retornou
A ligação para o mesmo lugar,
Aterrorizado ele custou
A voltar até lá dentro para atender.
- disse tudo que sei.
Vim até aqui fumar
E me deparei com três mortos
Soterrados na neve...
Depois disso,
Ele desligou e saiu de onde estava,
Acendeu um cigarro,
Entre a fumaça,
Do outro lado da rua,
Ele olhava aqueles rostos,
Como se houvesse um véu
A encobri-los,
Mais que uma rua a distancia-lo
De lá.
A passos lentos,
Ele tomou distância do lugar,
Não disse seu nome,
Nem nada que o identificasse
Ou o aproximasse do que houve ali,
Irritado,
Jurou a si mesmo
Nunca falar no assunto,
Com isso, a polícia
Jamais descobriria que esteve ali,
Não precisaria testemunhar.
Na delegacia de ameaça
Contra a mulher,
Três horas da madrugada,
Houve um registro de ocorrência:
Uma mulher casada há dez anos
Estava trancada no banheiro
E sangrava,
Segundo ela o marido
Se embriagou outra vez,
Ficou irritado porquê
A comida esfriou rápido demais,
E investiu contra ela
Com um machado.
Irritado ele errou a primeira machadada dela
Acertou no sofá
E o quebrou ao meio,
Então, ela correu até o quarto,
Trancou a porta gritando
E chorando.
Ele abriu a porta a machadadas,
Bateu com o machado no chão,
Arrancando fiapos de madeira,
Depois investiu na direção dela,
Ela se afastou para trás,
Ele acertou o roupeiro,
Ela se jogou sobre a cama,
Ele acertou a colcha do casal,
Rasgou ela,
Ela ficou encurralada contra
A parede,
E ele a acertou no braço,
Depois disso ela se esvaiu
Até o chão,
Ele tornou a investir machadadas
Contra ela,
E acertou na cama.
- vadia.
Você não serve para ser oradora
Na igreja.
Maldita.
Ele gritava,
Dando machadadas contra
A parede,
Uma destas pegou em seu rosto,
Rachou-o de maneira profunda,
O braço sangrou,
O sangue escorreu até
Os pés de Alfredo.
- Você é pastor,
É homem de Deus,
Por Jesus pare!
Ela gritou.
Nisto o cabo do machado
Quebrou,
Ele irritou-se e jogou o cabo
E o machado contra a janela
De vidro.
O vidro se estilhaçou,
Pedaços voaram contra sua
Própria cara e feriram seu rosto.
Edna ficou cega antes disso.
Bem antes.
No instante em que o machado
Atingiu seu rosto
E arrancou um pedaço de carne,
Com alguns dentes,
Neste momento ela não viu
Mais nada.
Apenas jogou o braço esquerdo,
Quase amputado contra
O rosto,
Escondeu a cara abaixando
O máximo que pode
E chorou.
Nunca rezou como está vez,
Nunca implorou por sua vida,
Neste instante fez tudo
Ao mesmo tempo.
- chore calada,
Mundana.
Alfredo gritou.
A pegou pelos ombros
E chacoalhou,
Puxou seu braço esquerdo
Sem piedade,
Arrancou,
Talvez, sem querer,
Talvez sem poder conter
Todo o seu ímpeto de fúria.
Depois ele foi até a sala,
Pegou sua garrafa de whisky
Voltou ao quarto e chacoalhou
Ela,
Como se fosse borbulhar,
Irritado jogou contra o braço
De Edna.
Na verdade jogou no sangue
E na ausência do braço dela,
Pois seu braço estava caído
Sobre a cama,
Jogou contra o rosto dela,
A ferida jorrou sangue.
-Piedade em Deus,
Piedade em Jesus,
Pastor você é homem bom.
Alfredo riu alto,
Saiu do quarto,
Enquanto Edna se rendeu a dor,
Se empurrou com força
Os pés entraram embaixo da cama,
Seus pés e pernas se arranharam no box do casal,
As feridas arderam,
Ela puxou as pernas,
Se colocou fora do quarto,
Num vislumbre o viu
Sentado no que sobrou
Do sofá,
Assistindo a televisão,
Bebendo outro whisky.
Edna pegou o telefone
Da cozinha,
Correu para o banheiro
E acionou a polícia.
Implorou ajuda.
Próximo a ali,
Na praça central,
Três corpos foram encontrados,
Uma hora antes desta ocorrência,
Estavam em posição de oração,
Os rostos foram mutilados
Por um objeto profundo
E cortante que lhes desenhou
Uma Cruz sobre cada rosto.
Profunda até quebrar os ossos,
Sobre eles haviam páginas
De Bíblias,
Através deste papel,
Estes corpos foram queimados,
Um chamuscar de sua pele,
As mãos estavam unidas
Como se fizessem uma oração,
Os lábios foram arrancados,
Haviam dois homens
E uma mulher.
Devido aos ferimentos
A identificação das vítimas
Se tornou difícil,
Seus documentos foram queimados,
Não havia nada que identificasse
O objeto que foi usado
Para cometer o crime
Ou quem teria feito aquilo.
A polícia jogou um pano negro
Sobre os corpos,
Depois os jogou no carro
Da homicídios,
Um carro negro,
De traseira fechada de metal,
Também negro.
Todos foram jogados no chão
E conduzidos até o local
De trabalho deles,
Para buscar evidências.
Do outro lado da rua,
No instante em que a homicídios
Levava os corpos,
A delegacia especial chegava
De carro escuro,
Sirene ligada,
Luzes acesas para defender Edna.
Alfredo viu da janela o carro,
Ouviu as sirenes
E isto lhe chamou a atenção,
Então, ele pegou a garrafa
E invadiu o banheiro,
Dando um chute que empurrou
A porta para trás e a abriu.
Alfredo pegou Edna pela garganta,
A obrigou a beber.
Depois juntou seu laudo médico
Que informava que ela
Era depressiva e fazia uso
De medicamentos fortes,
Colocou em sua mão
O laudo,
Pôs a garrafa ao seu lado
E falou:
- você bebeu,
Misturou bebidas
Com seu remédio,
E depois disso,
Se jogou contra a parede
Em fúria,
Se irritou porquê
Eu não estava,
E eu não retornei.
Edna sentiu o maxilar tremer,
Pegou o laudo de sobre a perna,
Com a mão buscou a garrafa
Então bebeu para acalmar a dor,
Bebeu para baixar o medo,
Bebeu para evitar
A própria morte.
Alfredo pulou a janela
Do lado de casa,
No mesmo instante a polícia
Gritou do lado de fora
De casa,
Ninguém respondeu,
A polícia ligou no telefone
De casa,
Edna não atendeu.
Irritada pela ocorrência
Que ouviram através do rádio
De polícia sobre os corpos
Encontrados a polícia
Perdeu a calma.
Edna não tinha forças
Para falar,
Faltava-lhe carne,
Faltava-lhe parte do rosto
E principalmente faltava coragem.
Passado algum tempo,
Três policiais investiram
Contra a porta a coices,
E a abriram.
Edna se jogou para a frente
Caindo na cozinha de casa
Com a metade do corpo,
Sua mão ficou a botina
Do policial.
Ele gritou assustado,
Tomou dela a garrafa,
Pegou o papel e o leu
Para todos ouvirem.
Ela foi levada para o hospital
Em busca de socorro médico,
Os policiais ficaram no corredor
Esperando sua melhora
Para prestar depoimento.
Edna nada disse,
Seus pais foram buscá-la
No hospital,
Ela continuou emudecida,
Alfredo foi encontrado na igreja,
Estava rezando com pastores.
Informou que foi agendado
Um encontro na pastoral,
Os membros mais importantes
Da igreja compareceram,
Ele ficou lá desde o início
Que ocorreu na parte da tarde.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Amor Platônico

Ah o amor,
Quando nos cativa,
Encanta a alma
De tal forma
Que Amaro basta,
Porém, quando se conta,
Se deseja
O beijo na boca,
O carinho que esquenta,
O abraço que sustenta.
Triste é o amor
Que não é acolhido,
Aquele qual
Não importa o que se faça
O outro que é gostado
Nada sente
Não importa o quanto
Seja amado,
Nada deseja,
Nem carinhos
Ou carícias,
Só quer o fim,
O desenlace do que se procura.
Sonhar a janela,
Sonhar no quarto fechado,
Sonhar na rua,
Nada basta
A este que não quer
Ser amado,
Não desejando corresponder,
Foge e esconde-se,
Não quer o afeto,
Nem mesmo o beijo
Descompromissado,
Quer distância,
Só isso.
Quase beira o ódio,
Querer maldito
E profano,
Que não aceita juras,
Não rende-se por nada,
Pois, simplesmente
Não desejar doce sentimento.
Choram todas as lágrimas,
Juntam-se todas as preces,
Acumulam-se todas as juras,
Mas nada o enternece,
Ele não ama,
Não importa que o grite,
Soluce ou declame,
 Não quer nada desta
Que o fala,
Mesmo que em amor
Se derrame,
Em ódio se depure,
Ou solidão se afugente,
Não quer.
Não a quer.
Nada sente.
Não lhe supre.

Por trás da Prisão

O policial fez blitz, Assegurou alguns figurantes, Me fez sinal de pare, Estacionei e liguei o alerta. Ele aproximou-se, Bateu d...