A gente quando
Se aproxima dos quarenta
Começa a refletir
Sobre o passado,
Rever os sonhos,
Replanejar os passos.
Olha na parede
Onde está pendurada
As chaves do carro,
Pois as pernas
Já não levam tão longe
Quanto levavam aos quinze anos.
Avistada as chaves,
Suspira-se em alívio,
Já se começa a pensar
Quando se trocará
Por um modelo novo,
Um carro mais bonito,
De ano mais moderado.
Assim nos assemelhamos,
Aos quarenta anos,
Já não somos um carro novo,
Recém adquirido,
Do contrário,
Já se avalia os estragos,
Pensa-se em reparar enganos,
E se adapta ao que estamos.
Com o uso do carro
Vem os raspões, as batidas,
Os reparos.
As vezes, substitui-se a peça inteira,
Outrora é um pneu furado
Ou a gasolina que está
Chegando ao fim.
No entanto, nós também
Sofremos raspões,
Também temos danos
Em nossas peças
Que se evidenciam
Com o transcorrer do tempo,
Porém, não podemos trocar
Nossos membros
Como substituem-se os pneus,
Não trocamos de pele
Como renovamos a tinta
Da lataria,
Com o tempo,
Os cabelos brancos surgem
E nada mais os esconde.
De gasolina usamos a água pura,
Os sucos e chás buscando
Ter energia,
Renovar as esforços,
Alimentamos e nutrimos
Nosso corpo o melhor
Que pudermos,
Mas, aos quarenta se colhe
Todo o alimento ingerido errado,
Todos os descuidos
Que sofremos até então.
As vivências dos quinze
São como os arranhões,
Contudo, aos quarenta
Vê-se o que a maquiagem
Não esconde,
Chegaram as dores,
E não podemos ser trocados
Por novos modelos,
Uma pessoa não é substituível,
Deveríamos pensar
Sobre isto aos quinze,
Talvez, cheguemos aos quarenta
Com menos dores
E danos,
Agora, dos quarenta
Faremos os sessenta,
Vive-se e perde-se
Conforme se queira,
Também pode viver
E ganhar,
Perdeu aquele
Que se abandona
E não se vê
Único como realmente é:
Insubstituível.
Tem quem
Planeje mais seu tempo
Em busca de melhorar o carro
E esquece de melhorar a si mesmo,
Um carro é tão compravel,
Quanto um ser humano
É inalterável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário