segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Reconhecimento

Luzes se acendem e outras se apagam,
Não é uma ameaça,
São apenas números,
Uma ironia trágica de destinos perdidos,

Em que as pessoas são separadas conforme seus objetivos,
De um lado o homem de negócios, respeitado e bem sucedido,
Trancado em seus muros de ouro,
Protegido em seus tetos de vidro blindado,

Sedado em seus aposentos refinados,
Perdendo sua vida ao cancerígeno
Expelido por suas próprias fábricas de dinheiro,

De outro lado o povo servidor,
Ora escravizado, ora manipulado,
Seres errantes e até desumanos,
Educados pelo sistema social corrupto,

Condenados a um sistema carcerário falho,
Ambos são considerados monstros,
Por enriquecerem ilicitamente
A custa de seus corpos e valores,

Mas existe ainda,
Aquele que se recusa a ser cúmplice deste sistema,
Que corrompe o ser humano,
Roubando suas vidas,

Ele luta munido por sentimentos como força e honra,
Por acreditar na raça humana,
Mas ao clamar valores contrários ao sistema deturpado,
Ele se sente estranho e por alguns é até excluído,

Pois o povo educado pela imoralidade
Se recusa a libertar-se do comodismo,
Por estar carente de dignidade,

De fato tudo isso não é um pesadelo,
E pessoas realmente vivem somente por atenderem a objetivos,
Estão desconectadas de seus próprios sonhos,
Destituídas de suas próprias vidas,

Eu me encaixo no grupo de pessoas
Que se recusa a submissão humana,
Que luta pelo reconhecimento e valoração das pessoas,
Pelo respeito a nossa humanidade básica.

domingo, 17 de setembro de 2017

Princesa do Gelo

A cidade estava iluminada,
Feito um tapete de estrelas,
Ao longe o uivo de um lobo cortou a noite,
E o vento frio arrepiou a pele,

Como um presságio de algo nocivo,
Seus lábios se tornaram ácidos,
Como se o próprio vento escondesse algo maligno,
Então, fechou suas mãos em punho,

Logo que gritos irritados
Chamaram sua atenção,
Vindos de um confronto
Que ocorria a direita de sua direção,

Desta feita, ela se aproximou mordaz,
Escondida por entre as sombras,
Chegando a tempo de ouvir o desfecho da conversa
Que resultou em uma briga violenta,

Entre dois homens,
Onde o malfeitor queria roubar o outro
E depois estuprar seu corpo,
Frente à recusa, resolveu agredi-lo até a morte,

Vendo o homem ensanguentado,
Com o rosto e punhos feridos,
Ela juntou uma madeira que estava solta na rua,
E gritou para parar a briga,

O bandido aproveitou o descuido
E com um soco derrubou o homem no solo,
Depois se referindo a ela com malícia
Indagou-lhe sorrindo,
- Quem é ela? Não sei se atiro ou me apaixono.

- Sempre confundindo pistola com genitália –
Ela respondeu felina,
Nisso o rapaz se levantou secando o sangue do olho direito,
E investiu com um soco sobre o perverso usando toda sua força,
- Princesa do gelo,
Respondeu ela, desferindo um golpe com a madeira
Em sua cabeça com justeza,

Deixando-o inconsciente naquele solo,
- Obrigado - agradeceu o vitimado,
- Mas como você me encontrou e se arriscou para me ajudar?
- É uma longa história – respondeu ela,

- Poderia arrumar um tempo?
- Estou na lista telefônica – respondeu se apresentando.
- Então, estarei tentando, - disse se identificando com um sorriso,
- Ok, mas talvez me encontre trabalhando - respondeu rindo,

Ambos dialogavam indo em direção à saída da rua,
-Está indo? – ele indagou ao vê-la se aproximar de um táxi,
- Não. Você está – ela respondeu abrindo a porta,
E fechando após lhe ver acomodado.

No Mesmo Lugar

Aconteceu que certa moça,
Saiu de uma festa,
E se dirigia a sua casa,
Mas ao dobrar a esquina,
Em um local mal iluminado,
Se atentou a gritos indistintos,

Seguido por choro e xingamentos,
Então se aproximou mordaz,
Defrontando-se com uma cena de estupro,
De um homem contra uma garota,

- Basta – ela gritou sem receio.
Logo, o homem libertou a garota
Que se encolheu assustada, escondendo o rosto,
Tateando no chão a roupa,

- O quê? Quem você pensa que é?-
Ele indagou ameaçador.
- Não se preocupe é minha primeira vez
A estar de frente com um estuprador –

Ela respondeu com um sorriso maligno.
- Tão felina, quanto louca?
Enquanto a indagava,
Ele se aproximava e empunhava uma faca,

- Louca não, apenas confusa;
Aliás, estou lembrando o dia
Em que não usei calcinha na escola;
O nome do menino que notou era...;

Esqueci, e o problema é que ele esta morto agora;
Mas estar presente nesta cena;
Me fez sentir ainda mais confusa;
Não é de matar? –

- Felina, louca e linda. –
Respondeu com malícia.
- Ocorre que as mesmas mãos que acariciam
Se tornam garras em nossa defesa,

E os mesmos lábios que beijam
Se tornam ácidos sobre sua presa,
Prazer sou a mulher gato,
Ouça o meu rugido! –

Mal encerrou a resposta,
Deu vida a ira que queimava em suas veias,
Atacando-o com violência,
Com um chute derrubou a faca

E desferiu uma série de socos,
Então a outra garota se lançou sobre a arma,
E alcançando-a golpeou o estuprador,

Ferindo-o pelas costas,
Com um golpe fatal
Que encerrou sua vida
Naquele mesmo lugar.

Respeito Pela Vida

Homens condenados às margens da sociedade,
Sobreviventes do submundo,
Sem direito às suas mentes,
Ou de serem donos de seus destinos,

Mero fragmento de ser humano,
Sentenciado a dispensar o coração,
Será verdade ou mito,
A trivialidade que cerca o uso da afeição?

Como um tapete de estrelas,
Ruas se acendem e outras se apagam,
Então é assim que julgam a vida,
Como se as pessoas fossem módicas?

Então, há preço que pague o corpo,
Sabendo que condenará a alma?
Me sinto errado nestes tempos,
Em que as pessoas vendem a honra,

É como se o meu caráter
Fosse algo do homem do futuro,
Que se escuda na dignidade,
Se veste de negro,

Para poder se camuflar nas sombras,
E com pés de chumbo e mãos de aço,
Se municia de esperança,
Por acreditar na vida
E sentir respeito pela raça humana,

Sempre que consulto meus valores
Sinto um campo minado sob meus pés,
Prestes a explodir a um passo
Que julguem em falso,

Aliás, é errado contestar o sistema?
Sou obrigado a aceitar o ar contaminado
Desta usina nuclear?
Seguir regras de pessoas que vendem suas vidas

Para se afundar em seu próprio lixo industrial?
Devo aceitar ser excluído por me recusar a contracenar?
Não, não devo, porque a razão não assiste a esta tirania,
Sou uma pessoa humana e quero que a vida seja respeitada.

sábado, 16 de setembro de 2017

O Passeio

Era metade da tardinha,
Coloquei o cão na guia,
Peguei nossos discos e fomos passear,
Seguimos pela calçada,

Aproveitando a brisa fresca da primavera,
Então entramos na praça,
Brincar com nossos discos na grama,
Entre sorrisos e brincadeiras
A coleira desengatou e ele correu incontrolado,
Desobedecendo meu chamado,

Por sorte um homem surgiu na sua frente,
E o alívio acalmou meu coração,
Logo que ele conseguiu ganhar sua atenção,
Lhe oferecendo seu sorvete,

O qual ele derrubou com lambidas no chão
E degustou com satisfação,
- Me desculpa - eu lhe disse sorrindo,
- Não se preocupe – me respondeu educado,

E me ajudou a recolocar a coleira,
Acariciando sua orelha,
- É um menino lindo- ele disse afagando seu pelo,
Enquanto olhava com um brilho intenso nos olhos,

Um pouco receoso para se aproximar,
Por se tratar de um cão raça rottweiler.
Com um sorriso carinhoso no canto da boca
Ele se agachou para beijar seu nariz,
- Lindo e teimoso – respondi feliz,

Então passamos o restante da tarde conversando,
Como de costume,
Um vendedor passou pelo local oferecendo flores e bombons,
Ele, então, os comprou radiante,

Escreveu seu telefone em um bilhete,
E os entregou para mim de presente,
Apenas quando cheguei em casa,
Rememorando a história 
E apreciando a lembrança,
Foi que lembrei que não perguntei seu nome.

No Aço da Espada

O crepúsculo aproximava-se,
Tingindo o céu em tons avermelhados,
Depois, lentamente, partia no horizonte do poente,
Dissipando-se em um manto escuro,

As estrelas, então, surgiram no mistério noturno,
Seguidas por uma meia lua, que brilhava ao luar,
De algum lugar ouvi o uivo de um lobo,
Acompanhado pelo sussurro do vento frio,
As sombras das árvores balançavam ao meu redor,

Como se estivessem vivas,
Atenta, desembainhei minha espada,
E vi o luar percorrer o aço,
Senti o coração parar no peito,

Ao ouvir gemidos indistintos,
Então, parti com cuidado ao encontro,
O vento soprou com mais força,
Por isso, amarrei os cabelos com um grampo,
Pondo a lâmina na boca,

O sabor do aço frio me confortou,
Sete passos adiante,
Um homem atacava outro ferozmente,
Atordoada, percebi se tratar do meu namorado,

Rolando no solo entre pontapés e socos,
Em um segundo de descuido,
O inimigo lhe feriu o rosto gravemente,
Então, ataquei em seu resguardo selvagemente,
Manejando a espada com ódio incontrolado,
Arranquei a cabeça do maléfico com um golpe de aço,

Com o inimigo caído em uma poça de sangue,
Me agachei abraçando apertado o meu namorado,
E com beijos limpei os ferimentos de sua pele,
Senti-o me abraçar recuperando os sentidos,
Se recostando seguro em meu peito, 
Então lhe jurei amor eterno.

Beijo Desejado

Já passava da meia-noite,
Eu estava acordada olhando o horizonte,
Através da parede de vidro,
Encantada com as luzes coloridas da cidade,
Que refletiam o céu estrelado,

Então ele chegou vestido de negro,
Com botas de chumbo
E punhos de aço,
Eu olhei no fundo dos seus olhos,

E sorri, sentindo orgulho do futuro,
Em pé diante do seu corpo forte,
Admirada com seu intelecto avançado,
O medo se tornou algo distante,

Ao passo que o mundo se aproximou do seguro,
Senti dor devido ao seu passado sofrido,
E alegria pelos sonhos construídos,
Uma lágrima solitária percorreu meu rosto,

E parou na mão do cavalheiro juramentado,
Que me acariciava entre o pescoço, 
o queixo e a nuca,
Com um sorriso cândido, 
ele me puxou para o seu peito,
E me envolveu em seu abraço apertado,

Me transmitindo ainda mais confiança,
Em seus sentimentos de força e honra,
Com os quais me garantia a justiça
De seus atos em prol da raça humana,

Eu estava nua, e não sentia medo,
Por estar diante de um homem íntegro,
E pela primeira vez, me senti mulher,
Por ser digna dos sentimentos de um homem de verdade,
Então ele se abaixou e me beijou,
Nunca um beijo foi tão desejado.

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...