Pela primeira vez um beijo
Toma as capas das revistas
Mais credenciadas em fofocas,
Mas dessa vez, não tratava-se de famosos,
Mas, simplesmente de o beijo ser perfeito,
Algo que exalava a suavidade de algo bom,
Houve quem apostou ser amor,
Claro que não faltaram olhares incrédulos,
Esperando o desfecho da história
Que parecia ter saído de algum conto de mágica,
Não faltaram boatos sobre os olhares que se trocaram
Desde o início do baile, era muito óbvio que resultaria
nisso,
O sorriso encantador e o brilho nos olhos do rapaz,
Estavam distantes demais de serem considerados
Meramente casuais, não pude deixar de escapar
Pelos meus especulativos lábios a palavra desejo,
Não foi mais que um murmúrio,
Mas refletiu em todo o recinto,
Feito o eco do que os demais estavam pensando,
Ao tratar-se da moça de olhos meigos e escuros,
E sendo as intenções do rapaz nobres,
Quem haveria de se opor?
Estariam eles se apaixonando?
Há quem negue que possa haver amor nestes locais,
A maioria prefere acreditar que seja apenas diversão,
Algo que eles gostam de denominar curtição,
Mas, tenho eu cá as minhas dúvidas quanto a isso,
Teve quem apostou também, que o belo rapaz
Passou para a moça um bilhetinho contendo seu telefone,
E um convite para um possível reencontro na próxima sexta a
noite,
Em letras simples e rasuradas, havia ainda algumas palavras
Que ele, desleixadamente tentou apagar riscando por cima,
É certo que a moça estava sozinha a bastante tempo,
E como qualquer outra, sonhava com o verdadeiro amor,
Mas se deixaria encantar pelo desleixo
E se entregaria as lábias do primeiro cavalheiro
Que lhe parecera, momentaneamente, diga-se de passagem,
Interessante? É certo que aquilo que ele parecia ter riscado
Poderia muito bem se tratar de um poema,
Ou algum rabisco que um coração apaixonado
Havia ditado para que ele o descrevesse com poucas palavras,
Convenhamos, quem poderia definir o amor assim mesmo;
Tão depressa e de um jeito atravessado?
Então, ele talvez, até tenha agido de forma correta
Ao rasurar o papel, afinal o papel foi feito para a escrita,
Enquanto as marcas deixadas na alma nunca poderiam ser
apagadas,
Mas, pelo que vi refletido no olhar atento do povo,
Naquele beijo houve muito mais que mero desejo,
Era de conhecimento geral que assim como ela
Sabia defender-se, ele também sabia respeitá-la,
No instante em que eles pararam de se beijar,
Todos os olhares voltaram-se para eles,
Se é que em algum momento haviam desviado,
Aquela pausa apenas ocorreu para que pudessem
Se olharem no fundo dos olhos,
Como se buscando um a alma do outro,
Trocando um sorriso caloroso,
Corpos colados, respiração ofegante,
Imagino que devido ao ritmo da dança,
Eu não apostaria ter havido mais que isso,
O silêncio deles seguido pela troca de carinho
Durou apenas o suficiente para que tomassem folego,
E foi seguido por outro beijo,
Convenhamos que merecedor mesmo
Das páginas das mais renomadas revistas,
Bem, sabe-se que a muito tempo
O amor tem deixado de ditar as regras da vida,
Mas aquele casal ali, nos levou a refletir:
Será mesmo?
Realmente momentos como esses não devem ser desperdiçados,
Era evidente o desejo de ambos de ficarem perto,
Houveram apostas de que se beijaram sorrindo,
Felicidade estampada no rosto que não tem preço,
Havia ali, entre aquele casal algo novo,
Algo digno de ser apreciado...