domingo, 29 de novembro de 2020

Sol da Manhã

 

Se existisse como se acostumar a viver só,

Ele teria se acostumado,

Sentia isso dentro de si, quase sempre,

Mais uma vez, o relogio badalava meia noite,

 

Sem sono, sem energia, sentia-se tonto,

Ele olhou para o arranjo de flores

Desajeitadamente, colocado ao seu lado,

Parecia vê-la, naquele copo de leite,

 

Ele sempre sentiu -se seguro de si mesmo,

Porem, no que referia-se a ela,

Ele nem sempre entendia seu jeito

Queria ama-la, protegê-la, te-la guardada em seu peito,

 

Mas não sabia como alcança-la,

Por mais que se esforçasse não parecia ser suficiente,

Mandou flores, mensagens, presentes,

Mas sentia dentro de si que nao era o bastante,

 

Buscou no bolso da calça,

Encontrou o bilhete de cinema em que foram juntos,

Lembrou de te-la abraçado, e na surdina

Aproveitado para repousar um beijo molhado em sua Buchecha,

 

Ela lhe brindou com um sorriso

E um mordiscado no labio inferior,

Sentia dentro de si mesma que também o amava,

Mas algo dentro dela ainda a deixava insegura,

 

Ela nao tomaria a iniciativa de entregar seu coração,

Mas em um jesto instintivo, ousou tocar sua mão,

Com uma carícia terna e desisteressada,

Foi quando percebeu que ali caberia um coraçãO

 

E, quem sabe até, ela inteira,

Desejou repousar nos braços fortes e convidativos

Que ele, caprichosamente, lhe oferecia,

De maneira, caprichosa, deitou em seu ombro,

 

Acomodando sua cabeça entre o seu pescoço,

Sorriu ao sentir seu cheiro,

Ele aproveitou para retribuir o carinho

Com uma carícia em seu rosto,

 

-Cuidado, você vai dormir e perder o filme,

Ele lhe falou, tocando-a com um jesto firme,

-Nao vou não, ta bom de ficar assim contigo,

Instantes depois, seu celular caiu no carpete,

 

Ela dormiu feito uma menina,

Ele sorriu com uma lágrima feliz em seu olhar,

Amava-a com toda a alma,

De repente, uma luz estranha entrou por sua janela,

Pegando-o de surpresa, instintivamente, levou a mao a boca,

Ainda sorria com o sonho ou... lembrança?

 

O sol penetrava a sua janela de vidro,

Não teve como oferecer resistência,

Não restou alternativa a não ser sentir seu calor,

No mesmo lugar em que repousava o seu sorriso,

 

Pensou consigo mesmo,

Se o sol é tao forte a ponto de buscá-lo,

Invadindo o que fosse preciso,

Porque ele nao seria capaz de romper as barreiras

Que o impediam de conquista-la,

Se o amava com toda a alma para uma vida inteira?

sábado, 28 de novembro de 2020

Noite A Praia

 

Fazia frio ali naquele lugar,

Xícara de chocolate quente em mãos,

Mas o pensamento estava distante demais,

As ondas iam e voltavam na praia,


Era noite, o mar havia se perdido em algum lugar,

Somente as estrelas brilhavam ali na praia,

E o cheiro do mar noturno vinha para buscá-la,

Ela se pôs em pé, e pegou-se a percorrer a areia,


Caminhou até sentir-se cansada e desejou ir um pouco além,

A noite a pegava pela mão e a conduzia,

Até algum lugar que ela não sabia onde era,

Mas desejava profundamente chegar,


A brisa soprava suavemente sussurrando aos seus ouvidos,

Carícias que tocavam sua pele e brincavam com seus cabelos,

Algo bom de se ouvir, de sentir, e a água beijava a areia de maneira apaixonada,

Nem uma estrela ousou piscar naquela hora,


Encantadas com toda a beleza que sentiam,

Ela imaginou que se fosse qualquer outra pessoa,

Iria se lamentar e sentir-se sozinha,

Afinal ela parecia ser a única vida humana naquele lugar,


Mera ilusão de um coração saudoso,

Mas ela não era assim, ela ainda era Carina,

Aquela que beijou um rapaz aos 15 anos

E nunca mais fora capaz de esquecê-lo,


Aquela que fechava os olhos apenas para trazê-lo para perto,

Aquela que abraçava a si mesma na esperança

De que lá, onde quer que ele estivesse, ele ainda pudesse,

Ao menos, por um único instante que fosse,


Lembrar-se dela, como a menina que fora antes,

Aquela que até hoje ainda o amava e o amaria para todo o sempre,

Sorveu um gole do chocolate quente,

Sentiu-se aquecer por dentro,


Não era nada parecido com o abraço de Jon,

Mas mantinha seu amor intacto para ele,

Sentou-se ali em um canto escuro,

Seus pés penetravam a areia e brincavam com ela,


Diferente da areia que escapava por entre os vãos,

Mesmo a distância ou o passar dos anos,

Nunca foram capazes de tirarem-no do seu coração,

Ela o manteria presente na noite escurecida diante dos seus olhos,


Só para que ela contemplasse o firmamento e pudesse vê-lo,

Em cada estrela que brilhava, em cada momento que viveram,

Imaginando seu olhar com aquele brilho único a contemplá-la,

Ou lindamente fechados, em um sono tranquilo,


Em que dormiam aconchegados um ao outro,

Doces estrelas que cintilavam a cada acorde seu,

Brisa fresca que estremecia sua pele somente para lembrá-la

Do quanto seu toque era quente e aconchegante,


Com um suspiro que vinha do fundo da alma,

Desejou tirá-lo da sua memória e fazê-lo presente,

Saboreou mais um gole do chocolate

E agora, sentiu nele um sabor diferente,


Revivendo em sua boca o gosto do seu beijo,

Era doce, com um toque aveludado,

Ela sabia que em outras bocas ele pareceria gelado,

Mas na sua, ele derreteria qualquer barreira,


Ele parecia amar penetrar em sua alma,

Descer líquido por sua garganta, para revivê-la a cada instante,

Ela virou o rosto para o lado esquerdo,

Desejou encontrar o peito dele,


Onde poderia recostar-se um pouco,

Até que aquela sensação de amor a invadisse por inteira,

Não o encontrou, sentiu-se tola,

Lágrimas vieram aos seus olhos cor terra,


Olhou para trás de olhos fechados

Fechou os dedos em figa e desejou do fundo da alma: vê-lo,

Em um suspiro disparou ela: eu amo, por que não admito?

Ela desejava tocar sua mão, até poder demonstrar tudo que sentia,


Mas a última vez que o viu, tudo que foi capaz de fazer,

Foi dar-lhe um sorriso de longe, e olhá-lo com imenso carinho,

É claro que os seus olhos a entregaram naquela hora,

Dizendo a ele o quanto o amava, desejou que pudesse ouvi-la,


De vez em quando sua lembrança criava passos ao seu redor,

Querendo convencê-la de que ele estava perto,

E ela nunca havia cansado de esperá-lo,

Desejosa, abraçou seus joelhos rasurados de quando ela caíra na escada,


Ao percorrer aquele caminho escuro e desconhecido,

Seu pensamento a abandonava e ela sabia que agora,

Estaria a guiá-lo, abraçando-o e talvez, algum dia

Conseguisse convencê-lo de trazê-lo para ela,


Para que ela pudesse sentir-se inteira, segura, amada,

Então, deitou-se ali e ficou imóvel a contemplar a noite escura,

O sentia de maneira tão forte que a solidão se retirou do seu entorno

E se perdeu em algum lugar onde ela não poderia encontrá-la,


Outra lágrima lhe veio a face, apenas desejou que sua solidão

Não tivesse ido atormentá-lo com tantos sonhos de amor

Que agora pareciam perder-se no imenso espaço entre o tempo

E a suave, rouca e aveludada sinfonia da lembrança,


Prometeu a si mesma, que não iria dormir naquela noite,

Permitiria a si mesma, reviver aquelas lembranças

Em pequenas doses, como se elas fossem aquele chocolate,

Que de alguma forma, ainda estava quente, a esperá-la,


Sabia que ele possuía a chave da sua casa,

Não ousou trocá-la, se ele desejasse procurá-la;

A encontraria, no mesmo lugar onde a deixou,

Sorvendo o mesmo chocolate que ele, tantas vezes, havia


Feito para ela, somente para vê-la feliz e aquecida,

Cuidando das mesmas flores que ele a havia presenteado,

Ouvindo suas músicas preferidas,

E tentando rasurar palavras que permaneceriam ali escritas,


Para serem proferidas somente para ele,

Palavras que só ousava contar para as estrelas,

Véu que tantas vezes cobriram e testemunharam

Seus momentos e juras de amor eterno,


Momentos que ela guardava com ela,

Juras que criavam vida e escreviam histórias,

Somente para que um dia, em um acaso qualquer,

Pudessem chegar até ele e trazê-lo, ou ao menos recordá-lo

De tudo que viveram.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Feliz

 

Aquela sensação ruim se estendeu

Durante muitos dias seguidos,

Ligou o rádio em uma música romântica,

Ferveu a água, sentou-se na varanda


E tomou seu chimarrão,

A música era muito boa,

Porém, algo dentro dela não estava bem,

Nem mesmo as palavras ousavam


Passar por sua mente,

Parecia que haviam se escondido

Em algum lugar, escuro, frio... vazio,

Ousou olhar para o céu azul e límpido,


Ele sempre a enchia de energia,

Aquilo era mágico, parecia um sonho,

No entanto, bela contradição, estava negro

Escurecido, digo até a-me-a-ça-dor,


Por instinto, ela olhou para o seu peito,

E o viu refletido em tudo aquilo,

Percebeu que algo estranho viria a seguir,

Sentou-se e ficou ali,


Sabia que não havia nada a temer,

Também, não se sentia sozinha,

Ao longe viu que um vento forte se aproximava,

Ele mexia e retorcia todas as árvores ao seu redor,


Houve, inclusive, aquelas que não aguentaram,

Quebraram... sem problemas: virariam lenha,

Aqueceriam sua lareira,

Muitas folhas voaram ao longe,


Feito um tapete verde cobrindo o firmamento,

Nem mesmo as flores ousaram contrariar,

Sorte tiveram as que foram flexíveis e souberam

Se curvar, afinal, quem ousaria contrariar uma tempestade?


Quando os céus entram em ira, algum lugar tem que ceder,

É certo que os atos dos céus são apenas consequências

De ações humanas... humanas...

Por que tão poucas pessoas são humanas?


Existem tantos discursos vazios,

Mas sempre que os ouvia sentia que faltava algo,

Ela continuou seu chimarrão contemplando tudo ao seu redor,

Raios e trovões rompiam o ar,


A chuva tão esperada naquela terra árida e sedenta,

Trouxe consigo uma bela tormenta,

Ela sabia que somente o que possuía

Raízes profundas sobreviveria a tudo aquilo,


Levantou-se, olhou para os céus e uma

Lágrima quente percorreu seu rosto,

Foram doze minutos de ventos fortes,

Que pareciam não querer ceder,


Porém, quando sua lágrima correu,

Molhando seus lábios e descendo

Até alcançar o seu coração e secar ali,

Pareceu-lhe que ela penetrou sua pele


E alcançou seu sangue, a partir dali

Faria parte dela, afinal havia saído dela...

Mas naquele mesmo segundo,

Uma chuva calma desceu dos céus


Contendo o vento, os raios e tudo o mais,

Tudo se acalmou, as nuvens empalideceram,

E a chuva descia a terra como uma dança ao vento calmo,

Aceitou considerar a possibilidade


De que talvez, sua lágrima tivesse

Flutuado e alcançado o céu,

Pedindo para acalmar tudo ao seu redor

E voltou a terra para trazer vida...


Sempre acreditou que apenas

O amor seria capaz de transformar,

A chuva durou por horas seguidas,

Agora ela se sentia calma,


Era como se sua mágoa fosse dividida

Com outra pessoa, uma mágoa estranha,

Ela, finalmente, se sentia segura,

Amada, admirada, feliz,


Precisava de alguém com quem

Dividir o que sentia, e os céus a ouviram.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Uma Flor

Seu cabelo loiro, cacheado,

Solto, brincava ao vento,

Raios do sol iluminavam seu rosto,

Dando um brilho mágico ao seu sorriso,


Iluminando seus olhos azuis meigos,

Feito o céu em que o sol brilhava,

Sem nuvens, sem pássaros,

Apenas uma flor flutuava no ar,


Sendo levada aos poucos pelo vento,

Tão leve que parecia tocar o infinito,

Porém, longe demais para alcança-lo,

Para tocar aquele rapaz tão bonito,


Duas belezas raras em um mundo paralelo,

Dali onde eu estava podia senti-la,

Seu cheiro era fresco e úmido,

Um presente enviado pela primavera,


Fiquei a imaginar se aquela flor

Apaixonou-se tanto pelo infinito,

Que desejou com todas as forças poder tocá-lo,

Mal sabia ela, que o infinito encontrava-se


Tão próximo, nos traços daquele rapaz,

Será que agora, lá de onde ela estava,

Voando tão alto, a ponto de tocar as estrelas,

Ela, lá de cima, desejaria tocá-lo?


Ou talvez, desejasse senti-lo?

E daí, como faria? Será que teria forças

Para voltar de um sonho tão distante?

E ele, o que acharia dela?


Apenas observei-a flutuando,

Enquanto eu admirava o contraste entre

Aquele homem e o infinito mais bonito

De todos os céus, estivesse ao meu alcance tocá-lo,


Mesmo que por uma única vez,

Jamais desejaria ir tão longe, nem precisaria: para quê?

Ele era alto, másculo, bem definido,

Tivesse a chance de provar um beijo seu,


Me entregaria a isso por toda a vida,

Nunca imaginei que o céu poderia estar tão próximo,

Como se adivinhasse meus pensamentos,

Ele falou algo, incompreensível como um sussurro,


Suas doces palavras vieram para mim como uma carícia,

Como um beijo, suave em meus lábios,

Uma carícia ao pé do ouvido,

Não soube o que dizer, de fato ver a flor


Flutuar também me encantava muito,

Estaria ela apaixonada por aquele céu imenso?

Mas algo dentro do meu peito

Me confidenciava que ele era muito maior que isso tudo,


Feito um sonho daqueles que se mantem em segredo,

Por algum tipo de medo bobo de confidenciar,

Aquele tipo que você só confidencia a si mesmo,

Por algum motivo, vi a flor se desprender das asas do vento,


E vir, feito uma pluma na direção da superfície,

Poderia ela ter alcançado o chão,

Mas em um ímpeto inexplicável, coisa do coração,

Eu estendi minha mão e a alcancei,


Me admirei, como agora ela parecia frágil,

Mas algo dentro de mim sabia o que havia acontecido,

Com um sorriso de triunfo e um brilho mágico em meus olhos,

Me virei na direção dele,


Ele, agora, estava a uma carícia de distância,

Próximo a ponto de poder tocá-lo,

Parecia esperar por algo,

- Olha que flor linda, ela se desprendeu do céu,


Acho que desejava poder tocá-lo...

A compreendo bem, pois diante de ti,

Eu também não desejaria outra coisa.

Ele sorriu, ainda mais intenso,


Por Deus, ele abusava do direito de ser bonito,

Encantador, havia algo nele, que inexplicavelmente

Me atraia muito, aliás, parecia atrair

Qualquer coisa que desejasse,


Algo magnético, como um campo de força,

Um imã, sei lá, não soube como explicar,

- Obrigado, ele respondeu cortês,

Com uma leve mordidinha no lábio inferior,


Eu segui adiante por meu caminho,

Mas algo falou alto em mim,

Feito um eco que refletia em tudo que eu via,

Que nada, a partir de então, seria da mesma forma.

Bilhetes de Amor

Era tarde da noite,

Ele ainda não havia chegado,

O jantar já estava servido,

Mas ele andava ocupado com o trabalho,


Ela sabia que a primeira coisa que faria,

Seria procurá-la, dar-lhe um beijo de chegada,

E após ir para o banho gelado que tanto gostava,

Desta forma, ela tomou uma ducha rápida,


Sorveu com vontade uma taça de vinho,

Aquele que ele tanto gostava,

Apenas para deixar um gosto ávido em sua boca,

Ou seja, apenas para quebrar o toque casual,


Ao sair do banho, trocou a roupa,

Pôs a que ele mais gostava,

Um vestido solto, que deixava seu colo a mostra

E valorizava sua cintura e suas belas pernas,


Decidiu passar um batom vermelho,

Apenas para que seu beijo de chegada

Fosse um pouco mais demorado,

Pois adorava beijar-lhe até que sua boca


Ficasse manchada em tons distintos,

Então o beijava cada vez mais,

Para ver o batom ceder dos seus lábios,

Até senti-lo com as pernas bambas, deliciado,


Sorriu ao admirar sua imagem no espelho,

Sentia-se linda, sedutora, genuína, delicada,

Abriu mais um pouco o batom e riscou no espelho:

Te amo: você sabe disso!


O cheiro do jantar era convidativo, a cama estava linda,

Tinha arrumado da melhor forma,

Adorava agradá-lo, apenas para ver aquele brilho

Gostoso em seu olhar, seguido por aquele sorriso


Que a deixava tremula, sem ar,

Avistou a agenda de anotações sobre a cômoda,

Pegou uma caneta de escrita colorida,

E escreveu te amo de todas as formas que pode,


Rasgando o papel até moldá-lo,

Na forma de bilhetinhos mal feitos,

Pegou uma fita crepe e os pendurou por todo

O caminho até que chegasse à cozinha,


Sorriu, podia enxergar o rostinho feliz dele,

Pensou mais um pouco, achou pouca a demonstração,

Então, foi ao jardim e colheu algumas flores,

Voltou ao quarto e as espalhou sobre a cama,


Mil eu te amos foram espalhados pela casa toda,

Depois disso, ela deitou-se no sofá,

A esperá-lo, o amava não cansava de demonstrar,

Algum tempo depois, foi acordada com um beijo


E um carinho tracejado por dois dedos

No decorrer da sua perna exposta,

Acordou feliz, presenteando-o com seu melhor sorriso,

Ele a abraçou: “eu te amo, minha amada”


Lhe disse, mesmo sem ter visto nada de tudo que ela havia feito,

Ela sorriu satisfeita, ele a amava por ser ela mesma,

Não precisava nada além disso,

“Amor, vou esperá-lo na cozinha, o jantar está posto”,


Ele sorriu e seguiu na direção do quarto,

Encantado com cada detalhe que ela deixou,

Porém, antes de descer, ele pegou uma das suas flores,

Escolheu a branca, por recordar a emoção da noite de luar,


Que ele sentia em cada beijo deles,

E a levou para ela, que o esperava encantada,

Beijou-a, sôfrego, lento e profundamente,

Desejando nunca sair da sua vida,


Amou-a ali mesmo, apaixonado e sem medida,

Queria-a por toda a sua vida,

Para que disfarçaria? O amor foi feito para ser demonstrado,

Foi isso que percebeu, assim que beijou os seus lábios,


Desde a primeira vez e assim seria para todo o sempre,

Decidiu naquele instante, não demorar-se mais no trabalho,

Cuidaria dela, como sempre o fez,

Porém, se faria mais presente,


Ligou para um amigo, dono de uma floricultura, ali de perto

E mandou que entregasse o mais belo buque de flores,

Apenas para demonstrar o quanto a admirava,

O quanto se sentia amado,


O quanto a amava com toda a alma,

Pediu a ela que deixasse os bilhetinhos espalhados,

E a cada dia, ele a escrevia um diferente,

Apenas para que ela notasse os detalhes,


E a cada instante, percebesse o quanto era amada,

Ela o retribuía, escondendo bilhetes diferentes entre um local e outro,

O conteúdo dos bilhetes eram praticamente os mesmos;

Eu te amos, não vivo sem você e assim por diante,


Mas cada bilhete lido era apreciado com um sorriso diferente,

A certeza de ser amado(a) não se iguala,

Aquela sensação de serem amados durava por todo o dia,

E nunca deixava de ser alimentada,


Havia um amor sobre medida entre ambos,

Juntos de mês a mês, eles recolhiam os bilhetes

E os guardavam em um local secreto,

Nunca confessado para ninguém, além deles,


O amor que sentiam era único, genuíno,

Ninguém precisava saber disso,

Às vezes, quando saiam a algum lugar público,

Ela gostava de manchar sua camisa com um beijo de batom,


Hábito costumeiro, ele já nem percebia,

Porém, quando notava, em certo momento,

A puxava para um canto, meio escondido,

E a beijava deliciosamente,


Desabotoando um botão do seu vestido,

Ou puxando uma alcinha, apenas para criar suspense,

Eles se provocavam, e eram absolutamente felizes.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Abraço

Os primeiros raios de sol

Penetraram pela janela,

Ela acordou de um sonho bom,

Olhou para o céu e ele parecia brilhar,


Sol nascendo no horizonte

Em um céu imenso, azul e profundo,

Sorriu para o mundo, sentia-se bem,

Estava engajada em uma campanha


Sonhava em traçar um caminho de paz,

Desde menina, sempre sonhou com aquilo,

Embora, nunca tenha encontrado alguém

Que estivesse disposto a caminhar com ela;


Era o que parecia, pelo menos,

Seu celular vibrou com uma notificação,

Nada que a tirasse daquela sensação,

Porém, ao desbloqueá-lo, um rosto


Chamou sua atenção, ela sorriu,

Sentiu sua falta, ele parecia ter algo diferente,

Ela o chamou e lhe confidenciou seu segredo mais secreto,

Aquele que apenas ousava pronunciar a si mesma,


Ele sorriu diante daquilo,

Parecia acreditar nela, e talvez, sonhar o mesmo sonho,

Os olhos dos homens sempre a acompanharam,

Ela sempre se considerou uma garota bonita,


Contudo, de tudo que já havia ouvido deles,

Nunca nada havia mexido com ela,

Fazendo-a desejar pertencer a alguém,

Sonhar com uma família, com filhos, cachorrinhos e tal,


Mas ele, tinha algo de especial,

Quando falava seus olhos brilhavam,

Claro, ele não parecia ser como havia imaginado,

No entanto, atingia aquele ponto alto,


Onde ela jamais conseguiria alcançar sozinha,

Ele era especial não havia como negar,

Era gentil, carinhoso, fiel, forte e belo,

Com ele, seus sonhos pareciam presentes,


Ela vivia em seus altos e baixos,

Já havia se acostumado a isso,

Portanto, já nem se rendia mais ao choro,

Mas quando o viu, sorrindo, e com aqueles olhos,


Como explica-los? Fascinantes, mágicos, escuros e profundos,

Ela sentiu-se tremer, pensou consigo mesma:

Sempre sentiu-se intimidar pela noite,

Ela sempre lhe pareceu misteriosa,


Mas ele parecia palpável, próximo, seguro,

Ela desejou mergulhar em seus olhos profundos

E se entregar a aquilo que sentia,

Ele tinha um jeito diferente de falar,


Era forte, suas mãos escondiam as suas,

Seus abraços eram feito muralhas,

A protegiam, a mantinham firme,

Ele a fez rir, como há muito não ria,


Ela sentiu-se menina, como se o tempo voltasse

A algo nunca antes vivido, algo diferente,

Poderia ser denominado como um sonho,

Ou pressagio de um futuro... não,


Era um passado vivido e talvez, distante,

Até o momento em que ele apareceu,

Diante dela com seu sorriso acolhedor,

Ela emudeceu e o pediu silêncio,


Pondo um dedo em seus lábios,

Em um gesto sem palavras de que ficasse quieto,

Coisa de adolescente, ele riu dengoso,

No fundo, só o que ela queria era tocá-lo,


Sentir de perto o calor que ele emanava,

Se entregar a aquela paz profunda, 

Provar o gosto daquele sonho reinventado,

Talvez, possa-se dizer: ao sonho nunca antes sonhado,


Ele pareceu entender seu desejo

E passou seu braço ao redor dela,

Ela sentiu-se segura, seu cheiro era bom,

Ele era meigo e brincalhão,


Sacana, pode-se dizer,

Mas algo pareceu falar alto em seu coração,

Sentiu-se tremer,

Pois teve certeza de que essa voz que sussurrava


Jamais se calaria, mas não havia problema,

Ela gostava disso, ele a protegia,

Aquele contato que tinham a mudou

Ele lhe confidenciou aos seus ouvidos,


Que só desejava que ela fosse... mulher,

Mulher? Ela sabia que com isso ele pedia seu amor,

Pedia que fosse sua, que o pertencesse,

Que baixasse a guarda e o permitisse


Penetrar onde nunca outro chegou,

Ela pensou um pouco, mordeu o lábio inferior,

E quando o fitou dentro dos olhos,

Percebeu que era tudo o que queria mesmo,


Será que ele sabia ler seus pensamentos?

Ela desejou que sim, pois dele nunca esconderia nada,

Ela o amava, sabia disso,

Então, como um pedido do fundo do peito,


Pediu seu abraço e ficou ali por um bom tempo,

Desejou nunca mais sair de onde

Parecia ter sido seu lugar desde sempre

E para todo o sempre.

domingo, 22 de novembro de 2020

Nuvem Percorrendo os Céus

 

Deixou-se entregar a água do rio

Que a tocava de um modo quente,

Era primavera, os pássaros cantavam ali no mato,

Em uma mistura de prazer e suspense,


Nunca se sabia ao certo que sinfonia fariam,

Ela mergulhava, aproveitava para ver os peixes,

Como a vida se manifestava em todo o seu redor,

Deixou-se entregar até fazer parte daquilo,


Dormia ia ao fundo e acordava em um susto,

Sorte que tudo era muito rápido,

Pois quase lhe faltava o ar para respirar,

Lá no alto do infinito, um pássaro sobrevoava,


Admirou-o, viu que seus olhos brilhavam muito,

Eles pareciam enxergar muito longe,

As flores desabrochavam exalando seus cheiros,

Deixando um toque adocicado por onde passavam,


Era quase como se pertencesse a outra vida,

Em um lugar onde nada morria,

Tudo se transformava em algo maior,

Assim se sentia ela, rejuvenescendo a cada momento,


A vida a tomava e a conduzia a outra dimensão,

E no pulsar do seu coração,

A trazia de volta, renovada,

Naquele instante único, se permitia sonhar,


Uma nuvem distante tomava forma,

Parecia um coelho, um urso, um cachorro,

E mudava de forma a forma,

Uma leve brisa soprava e vinha para ela,


O mato ao seu redor dançava ao som da brisa fresca,

Em algo imaginado, extraído de um conto inventado,

Fechou os olhos e apenas permitiu-se sentir,

Aproveitou cada segundo, a água, a brisa,


O calor, as flores, sem querer se pegou a sorrir,

De repente, algo como um vapor,

Ou algo que poderia ser definido como um leve chuvisco,

Feito uma carícia tocou o seu rosto


Acordando-a daquela espécie de encanto,

E ali, em meio a todo aquele azul profundo e límpido,

A nuvem tomava a doce forma de um rosto,

Flutuando docemente sobre ela,


Como se a admirasse ou algo mais profundo,

Ele parecia estar... apaixonado?

Ela percebeu que precisava sentir aquilo,

Provar um pouco de tudo que sentia sem saber explicar,


Sentiu-se flutuar e naquele instante, soube,

Tocou os céus mesmo sem ter saído do lugar,

Levantou a mão para o alto,

Parecia senti-lo na ponta dos dedos,


Quis mudar aquele semblante que se formava,

Algo muito forte nela, desejava guarda-lo, protege-lo,

Não sabia ao certo, apenas sentia que precisava toca-lo,

Seu coração falhou apenas por um segundo,


Aquele rosto pareceu sorrir para ela,

Seus olhos ficaram molhados, famintos,

Abriu os lábios, desejava sentir aquele... orvalho?

Naquele momento não lhe bastava mais a solidão,


Queria alguém ao seu lado,

Alguém com quem pudesse confidenciar seu coração,

Ela acreditou que em algum lugar também haveria

Um homem tristonho que talvez, estivesse a procura-la,


Talvez tenha sido este o segredo que a nuvem lhe confidenciou,

Em sussurros que pareciam humanos aos seus ouvidos,

Ficou mais um pouco ali mesmo onde estava,

E um beijo pareceu repousar nos seus lábios,


Felicidade plena, mas momentânea, desejava abraça-lo,

Eis que uma chuva quente desceu do infinito,

Molhando uma região pequena,

Estaria ela lhe traçando um caminho a ser seguido?


Conforme aquela chuva tocava tudo se transformava,

Com uma única certeza em seu peito,

Decidiu que aceitaria ser conduzida,

Fez uma prece silenciosa; encontra-lo...

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...