quarta-feira, 3 de março de 2021

Eu Prometo...

 

Não quero falar de modo afluente sobre o que me faz te amar,

Mas é importante saber que minhas teorias anteriores a você,

Apesar de serem bonitas, eram equivocadas, não nos bastavam,

Ao estar em seu abraço, de uma a uma elas foram superadas,

Reza o argumento que seu beijo foi o bastante para me manter,

No entanto, não duvido que seus atos foram importantes,

 

Não me apegaria de forma tão contundente a um momento,

Muito menos o desejaria que perdurasse através do tempo,

Se você não merecesse isso de mim, de todas as formas,

As palavras digladiam com minha língua, ela quer beijá-lo,

Eu digo: não ainda, preciso falar, provar o quanto o amo,

A cada vez que penso em ir para longe, paro a uma distância segura,

 

Insegura quanto a partir e viver uma vida sem você,

Segura quanto ao fato de você ter deixado de produzir influência,

Percebo que é mais que um querer que me mantem no seu encalço,

A seguidora dos seus passos, aquela que te ama e admira por quem você é,

A questão não é comparar quem ama mais que o outro,

Todavia, gostaria de salientar que sempre foi minha prioridade absoluta,

 

Mesmo quando eu decidia esquecer de tudo que vivemos,

Mesmo quando cogitei desviar de ti, em um lapso de loucura,

É certo que nunca ambicionei esquecê-lo, nunca fui dada ao contrassenso,

Você esteve em cada segundo dos meus pensamentos,

Os carinhos que guardo comigo, embora te recordem o suficiente,

São muito menos amplos do que ter você comigo,

 

No entanto, não comprometo tudo que sinto por você,

Mesmo quando nem sequer tive notícias suas, você sabe:

O amei, o amo e amaria, mesmo com o pouco que tenho,

O que me guia a você não é apenas uma necessidade passageira,

Um sentimento vago, que pode ser suprido em uma noite inteira,

Sopeso dentro de mim cada hora que estivemos juntos,

 

Mesmo uma vida seria pouco para o quanto o amo,

Você deve convir que embora aproveitamos cada instante juntos,

Nunca foi suficiente para satisfazer a todos os nossos desejos,

Repenso as nossas atitudes, talvez, fosse melhor retornamos um pouco,

Ao momento em que estivemos um nos baraços do outro,

Eu acredito que você ainda recorde, gostaria de convidá-lo a revivê-lo,

 

Não estou me baseando em questões de vida ou morte,

Querido, você sabe, sempre existem escolhas ao nosso dispor,

Mas eu escolhi ser sua e você, qual é a sua decisão sobre nós dois?

O que sentiu entre nós é inferior à sua liberdade pessoal?

Se seu argumento for contrário a continuarmos juntos,

Não vejo problema nisso, mas espero que seu argumento seja bom,

 

Eu lutarei por nós dois com todas as forças que tenho em mim,

A questão crucial não circunda a precedência do meu amor por você,

Mas, o fato de você querer ou não me manter contigo por tempo suficiente,

Sabendo, que não quero menos que uma vida inteira,

Não te apresento vantagens maiores do que os momentos que tivemos,

Dentro das possibilidades, fiz o melhor que esteve ao meu alcance,

 

Não sei se foi importante para você como o foi para mim,

Mas, ainda me vejo em seus olhos, na forma como você sorri,

A vantagem maior em te amar é o fato de ter você ao meu lado,

Não preciso que essa proeminência seja assimétrica, te aceito como for,

O ato de te amar é o bastante para me fazer recordar de nós com felicidade,

Nós não focamos nos resultados, apenas nos amamos de forma intensa,

 

Nunca me importou se estava sendo perniciosa ou não,

Importava muito mais o ato de sentir meu coração aos saltos,

Não me coloquei a procura de justificações plausíveis ou abstratas,

Só desejei viver de forma intensa, e que isso ocorresse ao seu lado,

Momentos intensos estavam ao nosso alcance em casa passo do destino,

Porém, os que vivemos juntos nunca foram violados, você recorda?

 

É desvalido se apegar a desculpas para se recusar a nós dois,

Por mais que você fuja das lembranças, não conseguira ir rápido

O bastante para deixar o coração para trás, não importa o que faça,

Gostaria de reconfirmar o fato de que nunca consegui esquecer de nós,

O que vivemos foi maior que algo como: aproveite o quanto puder,

Aparentemente, você gostava de mim tanto quanto eu de você,

 

Não espere um único minuto, quando o seu abraço se sentir vazio,

Procure por mim, eu estarei ao seu alcance, no mesmo endereço,

No seu coração e se você desejar em sua vida, para sempre amor,

Há um murmúrio em meu coração que não se cala, feito um raio,

Me desperta com uma energia que não consigo controlar,

Segundos depois, me vejo envolta por lembranças: as nossas,

 

Embora temesse que soubessem o quanto eu o amava,

Acredito que nunca consegui esconder isso de ninguém,

Pelo menos, não por muito tempo, apenas o bastante,

Para que você procurasse por nós, viesse ao meu encontro,

Meti o pé na porta e joguei a chave fora, agora não existem desculpas,

Quer entrar em minha vida, está convidado, mas não se esconda de nós,

 

Eu caí, assim que me vi longe de você, submergi em minhas lágrimas,

Deixei que tudo o mais falasse alto o bastante para calar meu coração,

Mas, veja, cá estou eu, te pedindo para que volte atrás, estou submissa,

Tentei me afastar mas fracassei no que reporta a deixar de te amar,

Preferi a tangente do que bater de frente com tanta contrariedade,

Não de você, não de nós, mas de outras coisas tão indistintas que não sei precisar,

 

Querido, saiba, quando as luzes se apagam em minha casa, eu não sei o que fazer,

Você faz falta, embora nunca tenhamos vividos juntos, eu preciso de você,

Meus suspiros embora soem altos, não conseguiram te encontrar quando eu precisei?

Mas então, por que está aqui agora? Quer resistir, se apegar a quê?

Poderia se segurar em minha mão e andarmos juntos pelo que vier a frente,

Você se culpa por não escutar meu pranto, mas querido, você estava longe,

 

Haviam vozes ao meu redor, estas vozes soavam alto demais para você me ouvir,

Se nem mesmo eu te ouvia, como você teria notícias sobre nós ou sobre mim,

Chegou a minha casa tempo depois de muita coisa ter acontecido,

Tudo bem, não acha que chegou em tempo suficiente? Ainda ouve os gritos?

Então, veja querido, como poderia ter me ouvido? Esse cheiro característico,

Não era de amor não, as palavras que chegavam a você tinham outro gosto,

 

Mas, assim que o vi cruzar a minha porta, eu me vi sedenta como outrora,

Apenas estava mais arredia, havia sofrido, não foi culpa sua,

Mas confesso que temia as consequências, você se fere por me ver ferida?

Nosso beijo, foi a última coisa da qual tenho consciência,

Tentei calar o coração para não entregar o que senti por nós dois,

Não queria parecer vítima, muito menos complica-lo com meus problemas,

 

Hoje, admito, assim como meu coração nunca pode se calar,

Também acredito que tenham nos ouvido e usado isso em falso contra nós,

Meus olhos foram cegados, todos os fatos foram burlados,

A dor em fingir rejeitar cada momento foi excruciante,

Mas mantive o gosto do beijo na garganta, e esse gosto me manteve,

Eu não desisti de nós e você? Eu prometo aplacar cada falta minha.


terça-feira, 2 de março de 2021

Uma Carta

 

Atrativos de características construtivas,

Que desconsideram a finalidade dos sonhos,

Podem até fazer os olhos brilhar a luz do dia,

Mas é incapaz de manter a chama acesa no escuro,

Sabe aquela espécie de amor que queima feito chama,

Mas que enquanto afaga, arde como fero em brasa?

 

Então, este amor em falso nunca me satisfez por inteira,

Não nego que uma chama a percorrer sobre a pele faz bem,

Lhe juro que quando seus dedos me percorrem,

Não sei nem ao menos o que fazer, como retribuir a contento,

Porém, quando o sol do dia vem, a menor nuvem cobre os céus,

E tremo de frio, seu amor é um amor que foge do alcance,

 

Um amor que não dura, que não sustenta a si mesmo,

É como se o sabor do seu beijo se apagasse ante o aroma do café,

O calor do seu abraço não resiste a menor brisa de outono,

Apesar de ser um amor que favorece, não perdura na face,

Não sustenta o sorriso, se empalidece a menor distância,

Quanto a amar - o amo, mas veja os resultados consequentes,

 

Veja o outro lado do afago, a parte fria da mão que acaricia,

Ela se mantém segura a cada vez que cumprimenta outra?

Este uso irrefreado da palavra amor me leva a descrença quando a nós,

É cansativa esta sensação de você não se restringir a nós dois,

Parece que o amor se torna taxativo, possui rol específico,

Um afago, um beijo, um olhar de soslaio, uma noite juntos,

 

Conforme você sabe, eu preciso mais que isso para estar ao seu lado,

Seus carinhos são bons, não nego, não preciso usar artifícios,

Mas, veja que tudo se escapa rápido demais no nosso caso,

Para os casais que permanecem juntos existe aquele sentimento,

Mas, entre nós, não há controle algum sobre os fatos,

Me sinto incapaz de me sentir segura quando você não está por perto,

 

Você me prendeu e agora deseja controlar meus passos?

E seus atos, você os controla, respeita a nós dois como quando está perto?

Sua carícia sai da minha pele tão fácil quanto quando chega,

Aquela brasa que acendia em mim, foi incapaz de se manter viva,

Talvez, o que eu digo seja incapaz de precisar tudo que vivemos,

Nem será capaz de apagar o que sentimos, mas não durou muito,

 

Sabe aquele algo bom que valeu a pena, foi intenso e aconchegante,

Sinto muito, se desenvolveu demais e não foi capaz de ficar,

Tomou ares de altura, de distância, não resistiu, você pode ver?

O sorriso que te entrego sempre que você parte se desfaz na mesma hora,

Nenhuma das minhas abordagens foram o bastante para nos manter,

Não se julgue incapaz, não seja tolo, não fomos feitos para a vida toda,

 

A circunstância provável é nos separarmos, tomarmos rumos distintos,

A consequência disso, encontrar o amor em um outro alguém,

Por mais que seja difícil começar do zero, iniciar tudo de novo,

Não podemos desistir dos nossos sonhos e isso inclui nossa felicidade,

Existiram muitos pontos favoráveis a nós dois, eu não nego isso,

Apenas endosso o fato de que nosso amor não basta para nos manter,

 

Nos veja com um olhar crítico, tire seus óculos escuros,

Enxergue em minha alma o que eu consigo perceber sobre nós,

Nossos desejos e habilidades de se satisfazer se ajustam,

Mas qual a consequência disso? Suportarmos um ao outro?

O cálculo desta análise pode ferir um pouco, mas priorize os resultados,

Acredita ser mesmo injusto destituirmos nós dois deste amor em falso?

 

Sinto que oprimo meus sentimentos para persistir nesse caminho,

Me vejo intolerante e termino por ferir a nós dois,

Vivendo nesse mundo de insegurança e incertezas,

Me indago sobre se o que nos uniu será capaz de nos manter,

Para acreditar em nosso amor tenho que ficar submissa a você,

Desistir do que penso e do que acredito, não consigo fazer isso,

 

Se eu buscasse a necessidade de manter-nos juntos a qualquer custo,

Teria que me conformar com muita coisa que eu rejeito em nós dois,

Seria apenas um corpo vagando pelos cômodos da casa,

Me ajustar a imposições não é mais que morte prematura de mim mesma,

Se você me ama como alega, poderia, por favor, fazer mais que me ouvir,

Mas também sentir o que tento falar? Está mesmo satisfeito desse jeito?

 

Guiar-se meramente por felicidade passageira é maleável demais,

A cada brisa que sopra pode ser carregada para longe e não sobrar nada,

Ante a uma mudança constante, o que fica depois que as luzes se apagam?

Privar a nós dois de sermos felizes em destinos separados, seria mesmo um erro?

Arriscar-nos a acreditar em nossos sonhos nos deixaria em desvantagem?

Em quê? Ao que os outros pensam, a forma como interferem em nós?

 

Me desculpa, cansei de abafar minhas ideias e silenciar minha fala,

Este sentimento favorece para que eu reflita sobre nossa forma de vida,

Entenda que o que digo tem importância quanto a nós dois,

Estou sendo repetitiva? Valorizo demais a nós dois para aceitar

Ver-nos, feito corpos errantes agarrados ao erro de ficar juntos,

Não há mais nada que nos una, acabou o sentimento, entende isso?

 

Você mesmo percebe que não nos olhamos da mesma maneira,

Não confiamos tanto um no outro, a insegurança está entre nós,

Ela se esconde nas sombras e se aproxima quando você não está,

Acho que falei o bastante, deixei comida suficiente para o cachorro...


segunda-feira, 1 de março de 2021

Me Recostei em Seu Peito: Envolvi-o...

A utilidade de um alguém é dar felicidade a outrem,

Eu tive essa certeza assim que senti sua pele roçar na minha,

Ninguém pareceu ter notado nada de diferente,

Em meus atos ou respostas, porém, uma atenção mais segura,

Faria com que percebessem o sorrisinho no canto do rosto,

Seguido por um brilho diferente que realçou meus olhos,

 

Quando ele levantou uma sobrancelha em minha direção,

Eu dei de ombros, mas deixei um olhar sedutor meio de lado,

Escondendo um sorriso de lua crescente do seu campo de visão,

Senti tamanha emoção me envolver, que me via afogueada,

Um termo nada simpático considerando que minha resistência ruía,

Toda escolha tem consequências, e o resultado daquele olhar direcionado,

 

Seria irresistível para um coração apaixonado, é certo que o meu não estava,

Apesar do seu pulsar acelerado, e daquela felicidade estranha em mim,

Eu tinha forças suficientes para resistir, sem dúvida nenhuma: resistiria,

Você passa uma vida toda sem amar ninguém, e de repente, tudo acontece,

Teria que ser forte para medir as consequências, ouvi falar que o amor fere,

E se um encontro com um olhar enigmático como aquele quebrava minhas defesas,

 

O que restaria de mim, depois de uma noite única em seu abraço?

Lembranças de um sonho bom? Seu cheiro no meu travesseiro

Para me fazer recordar depois? Seu toque sobre o meu corpo?

O calor da sua pele roçando a minha, implorando o seu retorno?

Se meu coração amordaçou sua voz para o amor,

Por que teria que despertar justo agora? Sempre fora absorto,

 

Um pequeno exército de pulsações me agitou em resposta,

Ele estava acordando e desejava amar mais que nunca, o que eu faria?

Seu pulsar estava alto demais, se sobressaia a minha roupa, ignorava a sua volta,

Fechei as mãos em punho, mesmo de longe, tive a certeza de que me ouvia,

Mesmo de costas, ele me reconhecia, será que estava tão evidente?

Minha boca ficou úmida, cheia de palavras que desejavam sair para fora,

 

Eu teria que dizer algo, ou poderia me afogar em tudo que sentia?

Um fio de saliva brincava com minha língua, desafiando-a,

Palavras se formavam e mergulhavam dentro de mim mesma,

Retornariam para dentro, pude ter certeza, se ele ficasse longe,

Talvez, eu tivesse tempo o suficiente para resistir ao seu magnetismo,

Não que meus lábios não estivessem secos por seu beijo,

 

Apenas não queria que ele me identificasse tão depressa,

Talvez, se me tocasse agora poderia sentir minhas fraquezas,

Olhei para o alto, embora não quisesse passar despercebida,

Em última análise, desejei amenizar as consequências,

Não podia encará-lo, mas também, não iria sair na surdina,

Arrisquei um olhar baixo, meu juízo voou para a lua na mesma hora,

 

Meu coração então, nem se fala, estivesse a gritar, não diria tanto,

Meu estado de mulher independente continha de tudo um pouco,

Menos a resistência de antes, menos a frieza reconhecida em mim,

Eu poderia escolher ir embora, sair evasiva pela porta a minha frente,

Eu poderia me aproximar dele, romper a distância entre nós dois,

A julgar pela forma como me olhava, seria útil tê-lo ao meu lado,

 

Pelo menos naquela noite, depois disso, poderíamos refletir melhor,

No entanto, ele não me parecia um homem de uma noite apenas,

Pela soma das nossas vontades, algo me dizia que horas não bastariam,

O mérito de ser sua pelo tempo que eu conseguisse, talvez fosse o bastante,

Para enfrentar a injustiça de ter meu coração dilacerado por sua pele,

De carícia em carícia, ruir de uma a uma as minhas defesas, tão bem mantidas,

 

Obter seus afagos, parecia valer noites seguidas sem dormir nada,

Parecia valer cada sonho acordado, mesmo que apenas para acreditar,

Por mais que nunca fosse realizado, um momento em seus braços,

Valeria cada esforço, cada possível lágrima abraçada ao travesseiro,

A ideia de concentrar-me em felicidade foi embebida por prazer,

O desejo de senti-lo em mim se tornou muito mais relevante,

 

Meu coração entendia bem sobre isso, parecia chamar seu nome,

Todavia, eu abria meus lábios, mas nada vinha a minha boca,

Além do desejo ardente que me queimava sobre a saliva insegura,

Como o prazer não é fácil de encontrar, eu não desejei perde-lo,

Embora meu coração pulsasse o contrário, eu não usei o termo amor,

Nem em pensamento, muito menos utilizaria em palavras,

 

Nada que ele fizesse me faria mudar de ideia, não iria importar,

Meu coração berrava ordens e eu seguiria a olhos cegos para realizar?

A parte de passar uma noite ao lado dele, quem resistiria?!

Mas, amar? Desejei que meu pulsar desaparecesse ao nada,

Desejei que ele não fosse tão belo e atraente, até ele fazer aquele gesto,

Estender a mão em minha direção em cumprimento,

 

Neste momento, tudo foi a ruínas, não poderia mais dar as costas,

Estava incapaz de fingir ou ignorar minhas expectativas,

Apertei sua mão com segurança, nosso olhar sorriu em cumplicidade,

Uma energia percorreu nossos corpos de forma inconsciente,

Algo muito forte desejava nos unir, eu apenas desejei que fosse para sempre,

Tentei imaginar o que ele estaria pensando, parecia sentir sede,

Eu queimava por inteiro, ele também, a distância entre nós ruía,

 

Meu coração estava disciplinado, focado e seguro do que sentia,

Lamentei ter passado tanto tempo tentando resistir a nós dois,

Agora, tudo estava lúcido aos nossos olhos, queria ficar perto,

Provar seu abraço sem tempo para acabar, eu nunca o havia visto,

Mas sentia que o conhecia a muito tempo, eu tive certeza sobre quere-lo ao meu lado,

Então, me recostei em seu peito, o envolvi em um abraço, segurei-o...


domingo, 28 de fevereiro de 2021

Sem Importância


Os casais que juram amor eterno deveriam permanecerem juntos,

Era o que ela dizia para ele entre soluços e pranto sentido,

Mas, ante a qualquer palavra dele que pudesse contraria-la,

De malas prontas, o carro na garagem a levaria embora,

Mais uma vez a história se repetia e nada mais importava,

Nada permanecia intacto ao seu redor, muito menos as promessas,

 

Chego a pensar que esta palavra deveria ser repartida ao meio,

Beirando a algo como em-bora, porque tudo nela se resolvia desse jeito,

Contrariada: porta a fora, nada a segurava, nada a mantinha,

Mesmo o amor que jurava com tanta maestria, era tão facilmente esquecido,

Suas lágrimas, se tivessem sabor soariam a liberdade plena,

Ou qualquer coisa que pudesse ser usada para satisfazer seu ego,

 

Ainda que jurasse de joelhos amor sem medidas,

Ainda que se debulhasse em lágrimas jogada sobre a cama macia,

Mesmo que jurasse nunca esquecê-lo, fazer para sempre parte da sua vida,

Há um afago de outros dedos, tudo o mais era deixado para trás,

Menos as dívidas que ela fazia questão de que fossem quitadas,

Ela fazia um jogo em que deixava todos em falta com relação a ela,

 

Era como se todos a devessem algo, como se ela fosse vazia de si mesma,

A preencher-se dos outros, não importava qual seria o custo,

Seu bem-estar estava sempre acima de todo o resto,

Era como uma miragem de si mesma, a convencer e convencê-la,

Quando as pessoas se afeiçoavam a ela, não costumava durar muito,

Gostavam da imagem que ela criara, mas estavam distantes do que ela era,

 

Imagens não duram para sempre, ela gostava de alianças para ostentar,

Feito uma atriz coadjuvante da vida alheia, a primeira discrepância se esquivava,

De que forma convenceria aos outros sobre o que não era, nem mesmo acreditava?

Se apegava ao dinheiro como se fosse o fator principal em sua vida,

Embora jurasse de pés juntos que para ela era o de menor importância,

Tanto era pouco importante que suas dívidas, quando quitadas,

Eram saldadas por terceiros, joguetes em seu caminho de mentiras,

 

Gostava de maquiar-se, de vestir-se bem, manter um ideal de imagem,

Ela pôs o baralho no bolso, mandou guardar a louça de cima da mesa,

Sentou-se na cadeira e abriu o jogo, sabia como ninguém cartear,

Eu, fiquei em pé, contemplando-a, ela era boa no que fazia,

Chegava a me convencer com suas lágrimas frias e vazias,

Se prendia a tudo o que via, mas não absorvia nada do que repetia,

 

Aqui uso o repetir, por que ela não era dona dos seus atos,

Tão pouco do que falava, creio que nem ao menos do que acreditava,

Porém, não a subjuguem, ela sabe manipular como nenhuma outra,

Se criara na rua, apesar de ter sido bem acolhida em sua família,

Dera as costas a todos, menos ao seu ego, este sempre soube guia-la,

Eu a via dar as cartas de forma atenta, me sentia repulsiva ao seu lado,

 

Ela não aceita competições, quer sempre exceder-se em tudo,

Não sabe sentir a tal perita do amor, a rainha das baixarias,

Sempre acreditara poder manusear a todos que a adornam,

Com aqueles seus dedos bem gesticulados, via nos outros meros objetos,

Preocupava-se com a aparência, mas não media as consequências,

A cópia que de tanto fingir ser outra, se perdera em algum lugar,

 

Difícil encontra-la, ela nunca soube quem era, a usurpadora de ideias,

Nunca soubera agir compatível a elas, como agiria se não eram suas?

Sabe o reflexo do espelho que reflete todo o contrário do que vê?

Até ele é mais fidedigno que ela com aquela sua imagem a contento,

Eu fiquei ao lado dele, não queria ser vista por reflexo, quem iria querer?

Embora seus olhos fossem escuros, a alma era branca, fugia de si mesma,

Era como se, se escondessem entre suas próprias sombras,

 

Perdida dentro do vazio que a havia consumido a muito tempo,

Tragada para dentro dela, como poderia sair de lá inteira se nem sabia o que era?

Aqueles seus olhos escuros estavam distantes do que ela queria ser,

Rejeitava a si mesma, vocabulário precário, ideias inconsequentes,

Embora fosse inteligente, não conseguia ir longe, se desprender do ego,

Uma imagem falseada, que só contentava sujeitos masculinos,

 

Não até muito longe, ela encontrava fácil o ponto final da rua em que vivia,

Não haviam recompensas da parte dela, tudo era medido e cobrado ao final,

Sua cabeça era numérica, não se preocupava com o que havia dentro dela,

Mesmo os dentes que faltavam em sua boca, escondendo o sorriso falso,

Não serviam mais que joguetes a serviço daquilo em que ela interpretava,

Se visse-se refletida no espelho, perceberia que os vazios estavam a mostra,

 

Quando o vazio já saiu do coração e encontra-se tão evidente,

Não acredito que haja retorno, ela era mesmo diferente,

Ela desejava tudo que via, em razão de algo diferente de necessidade,

Uma espécie de suborno, quando vê-se descoberta, usa do seu teatro,

Desnuda de alma, de sentimentos, teatral em cada momento,

Quem lhe daria ouvidos? Muitos, muitos caem em seus joguinhos,

 

Agora seu vazio tinha uma voz e saia por seus espaços,

O rosnado em que ela se refugiava estava enfraquecendo,

Eu confesso surpresa ao que via naquele momento,

Cheguei a me ver indefesa, ela parecia um soldado,

Com um único objetivo, uma única meta: satisfazer seu ego,

Não servia uma nação, marchava em benefício próprio...

 

De vez em quando, ela me olhava de canto de olho,

Eu respondia de soslaio, quase que para ter certeza do que via,

Ela me analisava, copiava e representava,

Não dei importância a aquilo,

Não naquele momento.

Entre a Culpa e a Desculpa, havia um lugar vago

 

Juntei suas roupas, fiz a mala bem-feita,

Conforme ele gostava que eu a fizesse,

Abri a porta com toda a delicadeza,

Coloquei ela em seu carro e entreguei as chaves,

Olhei, do lado de fora, por favor vá embora,

Eu disse, não faltou calma muito menos coragem,

 

Não tem conversa? Ele indagou com sua cara pasma,

Não, por favor, estou farta, eu lhe respondi irredutível,

Ele pegou as chaves da minha mão, roçou em meus dedos,

Tentativa de carícia rejeitada, sustentei meu olhar determinado,

Está bem, ficarei fora por quatro dias, depois dou retorno,

Apontei o dedo para o carro, precisa que eu abra a porta?

 

Meu semblante fechado não demonstrava que meu coração chorava,

Estava determinada a pôr um fim em todas aquelas discussões infundadas,

As brigas nunca resolvidas, que eram sempre deixadas para depois,

Eu nunca entendi o motivo de ele acreditar que eu não o deixaria,

Me era indigesto a forma como ele desdenhava dos meus objetivos,

O jeito como eu tinha que me curvar e servi-lo, como uma espécie de objeto,

 

Nunca medi esforços para agradá-lo, não me arrependo por ter sido assim,

Fiz tudo que estava ao meu alcance para ser o melhor possível,

Mas, as discussões iniciavam e aconteciam sem relevância contundente,

Chegava a noite, dormíamos cada um para um lado, as vezes cobertores diferentes,

Sonhos iam e viam, pesadelos se formavam, mas nada tomava alcance,

Transcorridas algumas horas ele acreditava que podia me abraçar,

 

Me dar um beijo na bochecha e já estava tudo certo em sua cabeça,

Diversas vezes, escondi a cabeça no travesseiro para chorar abstrusa,

Camuflava o sofrimento e não dizia nada, parecia não fazer diferença,

Mesmo ele tendo jogado o braço sobre o meu corpo, ele não me via,

Mesmo naquele gesto falso de abraço ele não sentia meus soluços,

Será que acreditava que alguém estaria a nos vigiar para intrigar-nos?

Será que ele era tão insensível a ponto de não sentir meus medos?

 

Cansada de calar a dor que pulsava forte em meu coração,

Prestes a desfalecer devido ao nó na garganta, rompiam os soluços,

Desta vez, mais altos, quase convulsivos, meu corpo queimava: o coração respondia,

Minha alma gemia, a boca se abria instintiva, como calaria o que me desfalecia?

Entre o pesadelo e o estar acordada, rompida em lágrimas,

Me vi tentando arrancar a própria língua com a ponta das unhas,

 

Parecia que aquelas palavras não tinham razão para existir, afinal ninguém as ouvia,

Senti o sangue tomar minha boca e escorrer garganta adentro,

Será que me preencheria? Quando dei por mim, virei de frente para ele,

O encontrei absorto, abracei seu corpo com toda a força, tremula,

Ele devolveu o abraço, com força suficiente para me fazer acreditar,

Que eu nunca desejaria pertencer a outra pessoa, estava segura,

 

Abrigada a ele, roí as unhas na mesma hora, ele não gostava disso,

Não dei ouvidos, elas queriam me machucar, não podia suportá-las,

É certo que ele precisaria trabalhar no outro dia bem cedinho,

Compreendo o fato de o barulho incomodar, da mesma forma,

Entendo bem minha dificuldade de encontrar trabalho,

E conseguir vencer todas as privações e discriminações para me manter,

 

Bem, na outra vez, ele me presenteou com uma gargantilha,

Adormecida sonhei que uma cobra me envolvia com uma linha tênue,

Ingênua, me envolvia de forma quente sobre a minha pele,

Ela desejava me afogar? Algo parecia querer entrar por minha boca,

Era como se eu não me pertencesse, não fosse mais que um corpo vago,

Em um gesto instintivo a quebrei ao meio, acordei com ela entre os meus dedos,

 

Sobre estas duas noites, embora muito pudesse se falar não foi dito nada,

O silêncio se imperou entre os móveis, escondido nos cômodos da casa,

Eventualmente, nossos olhos se procuravam pareciam querer falar,

Mas nenhuma frase específica era expressa, havia um código secreto entre nós,

Nem mesmo nós, sabíamos ao certo o que era falado um para o outro,

Tudo isso se desenvolveu naquelas duas malas jogadas lá fora,

O ronco do motor irritadiço, e a aceleração que o levava embora,

 

Da forma rude e grotesca que saiu, usando toda a rapidez que podia,

Acreditei que nunca mais voltaria, confesso me sentir desarmada,

Entrei para dentro ereta e segura, fechei a porta e sentei no sofá,

Olhei para frente, e o silêncio agora era contundente ao meu redor,

Falava mais que eu, entendia muito mais do que podia expressar,

Parecia ter voz ativa sobre os meus atos, determinava minha dor,

 

Enquanto o coração gritava sinta, ele parecia devolver o eco aos meus ouvidos,

Porém, enquanto o coração pulsava alto em meu peito mostrando o que havia dentro,

O silêncio embebia meus ouvidos com palavras que embora eu não determinasse,

Pareciam mandar em mim, guiar-me de um jeito que eu não podia resistir,

Juntei meus joelhos, abracei-os, a noite parecia chamar o sol do dia,

O vento sussurrava o que ela dizia contra minha janela aberta, eu a ouvia,

Mas me mantive inerte onde estava, o que eu poderia fazer por ela?

 

Talvez, ela sentisse saudade, estivesse apaixonada, desejasse ser tocada,

Será que ela não sabia que era o sol quem a iluminava ou isso não bastava?

Amar com toda alma, a distância, não sei em que adiantaria, ela estava certa,

Baixei os olhos para o assoalho, aqui dentro de casa a vida também seguiria,

Dentro de mim: da mesma forma; mas, mesmo as horas tendo passado lá fora,

O sono não vinha, os problemas que tentei jogar na rua, estavam ali ainda,

 

Eu podia senti-los, e ele onde estaria? Pensei que pudesse ter sido imprudente,

É claro que a negligencia dele com relação aos nossos assuntos era importante,

Mas, não teria como eu deixar de sopesar nossa imperícia quanto a essas determinantes,

Será que lá, onde estivesse, ele também estaria pondo tudo na balança?

Com um suspiro de cansaço, ergui os olhos para o luar e vi as estrelas brilharem,

Elas pareciam saber o que faziam, mas eram sempre tão distantes de tudo,

 

É claro que quando se coloca em uma distância segura fica mais fácil,

Contemplar tudo lá de cima, sem se envolver aos fatos era simples demais,

Queria ver se elas estivessem aqui no meu lugar, apaixonadas e tendo que dizer não,

Queria ver se os céus lhe deixassem de dar ouvidos, se as nuvens nunca mais se abrissem,

Se a lua lhes virasse as costas, arfei um pouco, estava insegura quanto ao meu agir,

Existe a culpa, que pesava no ar, e jogava tudo contra a minha cara,

 

Parecia gritar: arrependa-se, você sabe que estava errada, exagerou: admita,

Mas quando eu me reduzia, pegava o telefone para ligar, tentar me aproximar,

Vinha a desculpa, que pedia para que eu revesse tudo que havia acontecido,

Como eu me sentia para os fatos e como poderia resolver evitando mais conflitos,


Mesmo que eu não pudesse enxerga-la, eu tinha certeza sobre a roupa que vestia:

Orgulho, em cada palavra, em cada sussurro, sorria dentro de mim: será que ela estava errada?

Entre a culpa e a desculpa, eu não sabia o que pensar, nem qual atitude seria a correta,

Havia um lugar vago, entre a culpa e a desculpa, teria que preenchê-lo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Provar Seu Beijo

 

Não se renda a essa inclinação tão forte a dar

Aquele xingão merecido por qualquer evasiva,

Ela pensava enquanto abria e fechava a mão,

Se contendo a sede de espalmar a emoção,

Sem dúvida controlar a cólera na hora da raiva,

Era a atitude mais adequada a se tomar nessa hora,

 

Suportar a privação de ânimo não era fácil,

As palavras vinham até a garganta, sufocando-a,

Desarmada, sem saber como agir ou o que falar,

Sentia a boca cheia, embebida do que não dizia,

Mãos tremulas, insegura quanto ao que sentia,

Via sua raiva extravasar em lágrimas incontidas,

 

No entanto, ao invés de se sentir aliviada,

Sentia ainda mais raiva de si mesma,

Por que as lágrimas tinham que assalta-la?

Sentia que suas forças se esvaiam, como resistiria?

Nessa hora, ela falava demais, dizia até o que não queria,

Autocontrole perdido, orgulho vestido,               quem poderia calá-la?

 

Precisamente porque as privações de ânimos e palavras

Encontram-se correlatas as ações não desenvolvidas,

Ela fechava a mão em punho, esmurrava algo em pensamento,

Então, se dirigia a ele, sentava ao seu lado, e fazia um carinho,

Por vezes, ficava ensurdecida ao que ele dizia, mas o ouvia,

Quando o sentimento está muito intenso, calar ajuda, ela pensava,

 

É importante a relação que uma coisa tem com a outra,

Se alguma se sobressair em demasia a discordância se impera,

E o resultado final termina por fracassar a todas elas,

Quando se ama alguém de verdade, não se deseja o sofrimento,

Vê-lo sofrer a feria e vice-versa, como agir em separado?

Se o maior objetivo que os fez ficarem juntos era o mesmo: o amor;

 

A frequência dos atos de ambos com relação ao outro era retribuída,

Como desejar receber carinho se não enviar amor em seus atos?

Ademais, sempre que se via longe dos seus olhos, alguma coisa a desviava,

Não queria criar ilusões falseadas, se apegar a discrepâncias,

Ela tinha certeza sobre não estar sendo traída, conhecia seu olhar,

Então, não alimentaria essa perspectiva, para quê se apegaria?

 

É certo que quando as coisas não estavam bem dentro de mim mesma,

Eu ficava irreconhecível, mas procurar brigas onde não existia?

Isso já era demais até para alimentar ideias vazias,

Aquelas que embora eu não queira admitir me assaltam em sua ausência,

As conexões as vezes são intensas demais para que se resista,

Principalmente quando alguma ideia paira no ar, inconclusiva,

 

Ela pensava consigo mesma, enquanto algo explodia dentro dela,

No entanto, ao seu lado, com seu braço solto sobre o seu ombro,

Ela se inclinava sobre ele, sentindo sua presença, podia ver sua alma,

Ela, sentia então, que deveria ampliar seu quadro de visão,

 

Parecia sempre que o êxito dos seus sonhos estava garantido,

Ante a força e habilidade dos atos ditados por seu coração,

Esse segundo critério: o império descrito por sua emoção,

É o que mais a impressionava, mesmo se ele pecasse quanto aos carinhos,

 

O que se nega a fazer sentido, ainda assim, ela permaneceria ao seu lado,

Suas boas ações, suas atitudes compassivas, se sobressaiam a tudo,

O orgulho poderia definir o que ela sentia por ele, se o amor não fosse mais intenso,

Estivesse longe do seu alcance o amor, ainda assim, o desejaria com o mesmo desejo,

Ver a forma como ele se comove ante as coisas, sua emoção irrefreada,

O respeito com que a tomava, tudo a conquistava, a cada dia mais que antes,

 

Se havia alguma disparidade entre eles dois, era apenas para os completar,

Nada mais que isso, o que se desenvolvia entre eles era imenso demais,

Intenso de maneira que ela tinha dificuldade para precisar, afluente em demasia,

A raiva escorria feito o suor da sua pele pelo vão da carícia dos seus dedos,

E ele a secava com seus afagos até que não houvesse mais nada a feri-los,

Havia algo intenso demais a envolve-los, e ela gostava demais disso,

 

Quando ele se inclinava sobre ela e repousava um beijo em seus cabelos,

Ela tinha certeza sobre os dois, e acreditava que ele também tinha,

Quando seus afagos brincavam com seu corpo a percorre-la, ela se reconhecia,

Já não era mais aquela pessoa incomodada com dúvidas e incertezas,

A capacidade de amar se sobrepunha a todo o restante das coisas,

Cuidar dele deixava de ser escolha, era o que a deliciava como pessoa,

 

Ser sua, era o que a satisfazia como mulher, sabe aquela ideia da metade da laranja?

Descobriu ao seu lado que não se vive de metades, até porque, como junta-la de volta?

Algumas coisas depois de quebradas não voltam a ser da mesma forma,

Em todo o tempo que estão juntos, ele nunca quebrou nada,

Nem mesmo conteve sua fala atribulada ou duvidou dos seus atos,

Bem, no que concerne aos erros, como julgá-los quando provem da alma?

 

E ele era assim mesmo, sempre disposto a ajudar a todos que via,

Um soldado armado, com munição contada, precisão medida por sonhos,

Olhos escuros, as vezes ela acreditava que ele não enxergasse a si próprio,

Embora ela preferisse que ele soubesse o quanto tinha valor,

Ela adorava quando seus olhos a atraiam para ele como uma sombra,

Ou algo, que estava a postos para lhe dar colo, fazer um carinho,

 

Se algum dia ela decidisse se cansar de tudo e até mesmo da vida,

Ela saberia onde se aconchegar para restabelecer as forças...

Se aconchegou ao seu peito másculo, aproveitou a potência do seu abraço,

Com um suspiro profundo elevou a cabeça para o alto, olhou em seus olhos,

Entregou a ele seu melhor sorriso com a certeza de estar no lugar certo,

Ele envolveu sua nunca com carinho, ela fechou os olhos para sentir seu beijo.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Uma Cerveja a Mais


Se eu tivesse dado aquele beijo de despedida,

Será que isso realmente faria a diferença?

É certo que meu nível de atenção sofreu uma queda acentuada,

Sempre que ouço seu timbre de voz, o imagino aqui comigo,

Mas, isso não é o bastante para fazer com que eu me arrependa,

Não depois de vê-lo transitar com outra, beijar outros lábios,

 

Reúna todas as suas forças eu disse para mim mesma,

Você conseguirá se sair bem, sussurrei ao meu ouvido

Com um mover lento dos meus próprios lábios - como ele fazia -,

Mas antes que uma lágrima afogasse os meus olhos,

Em algo desastroso feito o ciúme me fazendo soar indesejada,

Movi um sorriso de canto de olho para os meus lábios,

 

É certo que aquela situação não se perduraria no tempo,

Não como nossos momentos, coisa semelhante acontecera outrora,

Diferente de como partira ele retornou para os meus braços,

Com um muxoxo de desgosto e mil eu te amo na ponta da língua,

Dialogo preparado para conquistas baratas de bares de esquina,

Na época eu gostara um pouco, posso admitir isso, porém, agora...

 

A minha expressão ao vê-lo me representou ser negativa,

O homem que eu havia deixado lá atrás, havia mudado,

Me parecera que seus lábios já não continham o mesmo sabor,

Mesmo seus braços estavam emagrecidos, semblante tristonho,

Olhar vago, acho que eu nem caberia mais em seu colo,

 

O fato de eu ter engordado um pouco a silhueta,

Não produzia influencia alguma nisso,

Mas ainda assim, algo falava alto em mim,

Claro que o fato de ele ser alto em estatura produzia influencia,

Apenas isso, seus cabelos fartos e negros, lábios bonitos...

 

Mas suas mãos me soavam imprecisas, tremulas ante alguma falta,

Não possuíam a destreza que eu reconheceria em qualquer lugar,

Sentia que elas tateavam no escuro sem conseguir encontrar nada,

Como se ele estivesse fraco, distante do que fora quando me apaixonei,

Aquela precisão medida que ele possuía estava longe dele agora,

Tivesse uma arma engatilhada em mãos atiraria contra si mesmo,

 

Aqueles olhos vagos, já não sabiam reconhecer um alvo mesmo a curta distância,

Isso mexia comigo, isso me deixava sôfrega, será que ele percebia?

Será que decidira frequentar o mesmo lugar que eu para me atormentar?

Ainda abraçava outra, brincava com tudo que já havia existido entre nós,

Percorri a distância que me separava do bar, comprei uma cerveja barata,

Arranquei a tampa com os dentes, só para sentir o cravejar na ponta da língua,

 

Virei a tampa dentro da minha boca, desejei amassa-la com uma mordida,

Cuspi ela fora cuidando aonde cairia, deixei ela ali no chão, sem dizer nada,

Que ficasse onde estava, o que importaria? Sorvi o líquido em goles medidos,

Me demorei o suficiente para senti-la quente entre os meus dedos,

Não desejava tanto saborear seu gosto, mas aprovava o efeito em meus lábios,

A forma como tremulava meus pensamentos, o jeito como mexia comigo,

 

Ele estava abraçado a ela na minha frente, sorri disso, a sensação era boa,

Beijaram-se algumas vezes, eu continuei onde estava liquidada,

Fazia frio lá fora, uma brisa passava através da porta e me tocava,

Meus lábios ficaram gélidos, encerrei a garrafa, pedi outra cerveja,

 Já na metade da segunda, percebi que a noite prometia muita coisa,

Esperava que o resultado fosse bom quando eu acordasse no outro dia,

 

Enquanto as horas não passassem: beberia, de garrafa em garrafa,

Embora meu estado aparente de sobridez contradissesse a minha fala,

Eu não me sustentava em pé como antes ante o exame de olhos atentos,

Muitas relações poderiam acontecer ao meu redor que serviriam

Para ilustrar em bom estado a dor de cabeça em que eu acordaria,

Mas tudo ficava a esmo, sem emoção, dizem que um casal deve ficar junto,

 

Mas esquecem de dizer quando o ponto final passará a surtir efeito,

Quando a boca em que beijamos já perdeu nosso gosto ao tocar outra,

Quando as mãos que tocaram nosso corpo já estão seguras para tocar outro,

Quando braços que já nos refugiaram em abraços, podem considerar-se livres,

Mordi os lábios, já não os sentia muito, embora não tenhamos trocado alianças,

Talvez, eu o tivesse amado, como saberia se partiu tão depressa para outra?

 

Eu tentava buscar uma desculpa que me tirasse daquele lugar,

Qualquer coisa para me agarrar e que me levasse longe de tudo,

Com um cair de braços, toquei sem jeito o bolso do meu calção,

Encontrei as chaves do carro, eu poderia ir embora a qualquer hora,

Olhei para o líquido da cerveja, ainda não havia acabado,

E o gosto estava muito bom para jogar fora, movi uma das pernas,

 

Me vi tremula, parece que a cerveja reagiu rápido em meu organismo,

Nada pior que isso, teria que encarar os beijinhos sem poder fazer nada,

A distância era segura: que aproveitassem, eu me sentia bem assim mesmo,

É claro que minha roupa não ajudava muito, não valorizava meus pontos fortes,

A maquiagem já estava borrada, eu havia dançado e ela deslizou por meu rosto,

Ao menos poderia contar com ela para me dar cobertura para aquele, ciúmes?

 

Havia em meu rosto a recompensa por pensar tanto em nós,

Maquiagem escorrida, lágrimas escondidas em algum lugar,

Precisava embriagar um pouco a alma, ela sentia-se descompassada,

Deixava incerto meus passos, como poderia me questionar dessa forma?

Se eu agi, agi; se perdi, perdi; agora ela decidia me contradizer,

Decidi beber mais uma, precisaria de forças para encarar o dia que amanhecia,

 

Haviam tantos lugares para ter acesso de ciúmes, precisava ser na frente dele?

Decidi afastar de mim esses pensamentos, o beijo já havia iniciado,

E cá entre nós, minha alma e eu: não parava nunca, troquei a cerveja por refrigerante,

Olhei para outro rapaz, fui dançar um pouco, contradizer minha alma desiludida.

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...