quinta-feira, 8 de abril de 2021

Um Momento



Por um momento, tudo desapareceu do meu redor,

Exceto seu rosto, que eu via mesmo de olhos fechados,

No teor dos seus carinhos conforme me percorriam,

No frescor dos seus dedos que sentiam minha alma,

De repente, sem razão alguma, me sentia feliz por nada,

O fato de estar em seus braços me bastava como nunca,

 

Talvez tenha sido a saudade ou poderia ter outra causa,

A forma como me beijava parecia ser diferente agora,

Quanto a ser intensa, é certo que recordava do fato,

Mas parecia mais profunda, exigente quase como uma jura,

Ou algo que sem palavra alguma remete ao infinito,

Sentindo seus lábios me veio em mente nossas vídeo-chamadas,

 

A forma como nossa conversa desenvolvia e me envolvia,

O jeito como ele sabia dominar a situação, me amordaçar,

Via as minhas palavras fugirem da boca, sedenta por seus beijos,

Sentia as minhas mãos vazias, ambas desejosas por suas carícias,

Inquieta me via desviar o olhar, incapaz de conter o desejo,

Era como se eu pudesse absorvê-lo de lá, trazendo-o para perto,

 

Recordei os seus lábios beijando a tela do celular, molhados,

Um arrepio percorreu minha espinha, me agarrei nele com força,

Apertei-o de encontro ao meu peito, com um único pedido,

De que nunca saísse de perto de mim, ficasse para sempre ali,

O calor que emanava de nós, era algo maravilhoso,

Eu recordava isso, sempre que rememorava o nosso beijo,

 

Porém, senti-lo em mim, era intenso demais para explicar,

Um afago dos seus lábios soprou um eu te amo em minha boca,

Absorvi o beijo e com ele cada palavra, sabendo que nunca esqueceria,

Estremeci com medo que a saudade o levasse embora,

Lágrimas molharam meus olhos fechados, com um soluço,


Busquei seu cheiro, e repousei minha cabeça em seu pescoço,

Abri os olhos tristonhos na direção oposta por onde ele veio,

Pude avistar um rastro de dor, que evidenciava as lembranças,

E com elas, o quanto ele sentira por causa da distância entre nós,

 

Não saberia dizer se foi com um soluço, um suspiro, ou murmúrio:

Eu te amo, repousei com um beijo em seu ouvido, com voz entrecortada,

Ele sibilou algo que não entendi, me fazendo voltar para trás

Com um movimento seguro em afago, - não desista de mim -,

Não acreditei no que ouvi da sua boca, - jamais desistiria de nós dois,

Seria o mesmo que me condenar a uma vida de saudade e sentir,

 

Por quê, mesmo distante, nunca pude esquecer ou apagar você em mim,

Eu respondi com lábios trêmulos e certos sobre o quanto o amo,

Com um beijo, um afago, um vestígio do passado e um movimento,

Ele me fizera abandonar a posição esquiva em que estava refugiada,

Para me assegurar na emoção de sentir-me única por ser sua,

E retomar aquela mulher que um dia parecera ter ficado para trás,

 

Mas que, por nenhum segundo fora esquecida ou esquecera,

Eu era aquela mulher que buscara se afastar para se aproximar,

Aquela que dissera eu te amo em cada instante de sua vida,

Que acreditara ser amada e lutara por este amor com as armas que tinha,

Não imaginara que em seus braços me viria desarmada e humana,

Humana demais para negar o quanto sentia e sentiria por toda a vida,

 

Longe do seu abraço, não me sentia completa, faltava algo,

Com ele em mim, me via busca-lo de todas as formas que podia,

Como se houvesse uma medida em que apenas ele cabia,

Uma peça chave para desanuviar meus medos, romper segredos,

Como se o amor derramasse entre os afagos, e me conduzisse a ele,

O cheiro do sentimento no qual todo o meu corpo estava concentrado,

 

O aroma doce e úmido do sangue mais delicioso que havia rastreado,

Saia das nossas almas para repousar em meus lábios encharcados,

Deliciada, nem mesmo podia acreditar que o amor escorria de nós,

Minha procura havia chegado ao fim, o amor estava consumado,

Eu percebia isso em cada carinho, em cada sonho que trocávamos,

Eu sentia a boca e a garganta calorosas por muitos beijos,

 

Seu gosto me percorria e inundava a minha alma por algo desconhecido,

Era amor, com certeza, pois não havia nada maior,

Nos relatos que ouvira de outras pessoas e nas experiências de outrora,

Nunca havia tido conhecimento sobre algo tão intenso,

Tentei, de olhos fechados em busca de menosprezo, fugir daquilo,

Não sabia reconhecer, não confiava no que sentia,

 

Perder o controle diante de alguém nem sempre é tolerado,

Eu gostava de ser dona de mim mesma, de controlar cada passo,

Agora, não conhecia nem mesmo minhas buscas ou respostas,

Pensar que para ele, talvez não houvesse um próximo encontro,

Eu tinha conhecimento do fato de ele ter outra melhor que eu,

Mas, naquele momento isso perdia a importância, sem domínio de mim,

 

Me perdi por inteira em seu corpo, isso era arriscado e estranho,

A sensação era de que eu me via rasgar ao meio sem sentir dor,

Na busca por continuar onde estava me sentia uma desconhecida,

A humana – que usava o meu nome – se via no espelho, não se reconhecia,

Enxergava o próprio corpo, não se concordava, amava como nunca,

De uma forma que não achara ser capaz, não distinguia o próprio olhar,

 

Abri-lo e encará-lo enquanto afagava a sua nuca, tornava tudo pior,

Eu conseguia ver o sangue correndo sob sua pele fina,

Tentei me projetar em outro aspecto, buscar o controle perdido,

Mas meus olhos eram atraídos para ele, sem que pudesse me conter,

Meus cabelos caiam na face, falei com ele em voz baixa e feminina,

Minha garganta estava a poucos centímetros, eu tinha necessidade,


Não era qualquer uma, era de pertencer-lhe, por sorte ele sabia se conter,

Por mais estranho que fosse, desejei não tê-lo encontrado,

Rejeitei o que vivi, fora rejeição o que sofri?

Aquele aspecto de mim eu não reconheci, quanto ao que se desenvolveria,

Seria fácil precisar o fim, o mesmo do beijo anterior,

Meses de ausência, distância precisa para me colocar em meu lugar.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Mulher Falando



Por provar o gosto dos seus lábios pagar um preço tão alto,

O uso da saudade que me acolhe a alma não doa em nada

A tranquilidade dos instantes em que estive em seus braços,

Parte do que me faria esquecer não vale o sabor da sua boca,

Que posso fazer se quanto mais me afasto mais me aproximo,

Se a cada passo que tento seguir adiante me veem os seus afagos?

 

Grande parte dessa saudade se deve aos carinhos que senti contigo,

Outra parte eu acometo a minhas defesas que ruíram na hora,

Nada me parecera mais intenso que me entregar aos carinhos,

Mesmo que tente me apegar a desculpas, você sabe: não tive escolha,

Minha sorte fora lançada aos seus caprichos, me submeti ao seu abraço,

Desperdicei minha chance de resistir, destruí a possibilidade de guarda,

 

Os sinais em minha alma podem ser enganosos, tento me convencer disso,

Você deve saber o quanto eu o critico sempre que surge uma saída,

Um meio de me distanciar das lembranças e tentar suprimi-las até com o pranto,

Sempre encerro com uma preleção sobre suas virtudes como pessoa,

Por que tento ser tão negativa, eu imagino que talvez você se indague a respeito,

Bem, devo dizer que no mínimo você fora imprudente ao me deixar,

 

Não entendi o porquê de tanto empenho se não houve sentimento,

Você nunca olhara para trás, nunca se pegara a rememorar aquelas horas?

Seus beijos longe dos meus lábios não são mais que desperdício de tempo,

Nossas lembranças rodam em minha cabeça, como um filme que não quer parar,

Posso detalhar cada momento enquanto você não recorda nem por um segundo?

Já passei por você na rua e o vi desviar o olhar, esquecera a boca que beijara?

 

Não sei como isso poderia ocorrer se de você não esqueço ou me esquivo,

Vejo na distância que separa nossas bocas um desperdício de lembranças,

Poderíamos estar construindo novas situações ao invés de viver se escondendo,

A abscissa que te separa de mim de aproxima de outra, vale a pena?

Em seus olhos não contemplo mais que tristeza, esquecera o sorriso?

Seria demais lhe pedir para viver o presente e quanto ao mais se desapegar?

 

A paixão em que você se perde parece estar atuando como um inimigo público,

Quanto mais o contemplo, mais me distancio da imagem do homem que fora,

A marcas em seu semblante estão profundas você não as percebe, é isso?

Os efeitos de beijar como se fizesse promessas apaixonadas não pode se ofuscar,

Você se entregara, eu recordo, depois foge como se fosse um engano?

É tão frágil o suporte em que você se apega que pende a menor sacudida?

 

Se quiser se abrir sobre o fato eu adianto que suporto o teor do diálogo,

Não me destino apenas a sentir de novo os seus beijos, embora os queira,

Minha intensão é ser produtiva quanto a nossa relação daquele tempo,

Valorizar o que houve de bom entre nós, discorrer sobre as lembranças,

Me é particular querer saber sua opinião sobre aqueles momentos,

Você se esquiva de uma forma sorrateira, me faz repensar em demasia,

 

Eu admito ter cometido meus enganos, mas não consigo esquecê-lo,

Queria entender suas preocupações, ver sua percepção sobre a minha boca,

Mesmo que fosse apenas quanto ao teor do que eu estou lhe dizendo,

Não vamos pôr em jogo a questão perder ou ganhar, me basta o recordar,

Minha motivação, me desculpa, se restringe ao querer seu beijo, de novo,

É o caso oposto daquela promessa de viver juntos por uma vida inteira,

 

Não é da minha clemência te pedir que volte a me dar um outro abraço,

Trata-se apenas do fato, de que nossas lembranças podem se apagar a qualquer hora,

Não prometo que não te esqueço, mas te peço, que aceite recordar um pouco,

Quanto a esta tristeza que vejo em seus olhos, já disse não me sinto bem em nada,

Me desculpa por não conseguir ficar inerte, você sabe, sempre estive no seu encalço,

Participei de tanta coisa em sua vida que gostaria de fazer parte de mais uma,

 

Aquela que revive uma lembrança, que lhe trás para junto do meu abraço,

Olha; seus beijos, me interessam em muito, já não bastam as memórias,

Poderíamos dedicar a atenção aos nossos desejos, apenas por um pouco,

Ceder aos impulsos que nos guiam um para o outro, como em outrora,

Sem se apegar ao teor de promessas, apenas ao amor-próprio,

Você precisa de mim da mesma forma que eu, poderia ao menos aceitar,

 

Se uso o exemplo do nosso beijo para me aproximar é por que o noto,

Vejo a forma como seus lábios reagem a minha proximidade na rua,

Não sou nenhuma tola, sei identificar sentimentos nos olhos de quem amo,

Se você se magoara com outra ou comigo, vamos nos sentar para conversar,

Não há nenhum assunto que você esteja impedido de falar comigo,

Estou aberta para nos reaproximar ao menos como os parceiros de outras horas,

 

Em certas ocasiões querer apenas um beijo não circunda motivo de egoísmo,

Não tento, nem pretendo forçar nada, apenas afastar essa tristeza que te toca,

Há uma marca de lágrimas a contornar sua boca, poderia ser marca de beijo,

Sua pele esta apagada, você sofre e eu sinto, meu interesse não é apenas ser sua,

Depois que vi que não conseguiria esquecê-lo, não tentei pertencer a outro,

As razões que me levam a me aproximar estão claras, o amo mais que nunca,

 

Em parte, pelo fato de não conseguir resistir ao sabor do seu beijo em meus lábios,

Em verdade, porque não desejo ser de outra pessoa: o amo desde aquele dia,

Poderia dizer que o amo desde sempre, mas se tornaria um tanto nulo,

O que importa o instante em que se começa a amar quando a intensão é nunca terminar?

Bem, desde que o acompanho e com relação a tudo que sei: o amo e pronto,

Esse tipo de pensamento envolve rejeitar os momentos de distância,

 

A solução é reascender o passado, viver o agora com o mesmo teor do beijo,

Aquele nunca esquecido, nunca perdido, aquele que ainda queima a boca,

Bem, enquanto você estivera aí neste banco sentado em silêncio,

Comigo aqui a falar sem parar, eu creio que tenha tido tempo para pensar,

Vai permanecer em inercia, agir como se eu estivesse mentindo?

Estou prestes a sair por esta rua, e lhe digo: se eu for não pretendo voltar!

terça-feira, 6 de abril de 2021

Amor Só É Amor Quando Fica



Muitas pessoas que amam, reclamam com razão,

Sobre as angústias que assombram o coração,

Ante a falta que este amor faz sempre que vai embora,

Teimo em acreditar que amor é aquele que fica,

Todavia, nunca encontrei este tal amor verdadeiro,

Este pelo qual vale a pena ser prisioneira das consequências,

 

Olhei em volta depressa, com medo do destino,

Procurando aquele tal amor que a vida insinuava,

Aquele pelo qual vale a pena morrer, viver e outras coisas,

Boa parte da minha visão estava obscurecida por experiências,

Mesmo que demorasse a admitir, havia conhecido alguns fracassos,

No pouco tempo em que senti, chorei e não fora pouco,

 

Perto, não avistava coisa alguma, longe a vista não alcançava,

Que defesas eu havia erguido ao meu redor para me apegar,

Nem mesmo eu saberia definir, mas não conseguia amar,

Meu jeito estava implícito em meu afastar da concorrência,

Na verdade, continuo da mesma forma que outrora,

Distraindo as lembranças, fugindo da fumaça do amar,

 

Aquela que finge ser carícia só para no virar das costas, machucar,

Se o amor é caro demais para ser entregue para quê promessas?

Não entendo o uso de falácias só para provar um beijo e depois apagar,

Remover o gosto dos lábios, imaginando retirá-lo da alma,

Aquele sorriso doentio sempre a mostra, ele sorria para enganar,

Ele me olhava convicto, eu ficava de soslaio, dizia-lhe: quase,

 

Ele empenhava esforços para burlar minha resistência,

É provável que ao final, tenha êxito, depois ele segue seu caminho,

Eu permaneço, com lembranças, algum gosto, uma jura,

Insuficiente para manter o suficiente do recordar por um tempo,

Fenômeno muito real neste mundo dos que amam por uma vida,

Não como se fosse haver um novo reencontro, um novo beijo,

 

Mas como se valesse a pena mesmo que o tempo tenha sido pouco,

A contraposição a estas influências é vagar pelas ruas sozinha,

Mas, talvez, desmascará-los valha o teor do sofrimento nos lábios,

Ou acredito nisso, ou me faço de vítima apenas para sentir sua boca,

Guardo o dedo acusador para mim, poderia apontar o do meio,

Não consigo imaginar o que seria capaz de coibir aquele rapaz,

 

Em diversos aspectos, até mesmo naqueles que me recuso,

Os olhos dele ao me avistar guardavam algo, acho que reconhecia,

Seria sentimento o que eu me recusei a acreditar ter avistado?

Toda desculpa da saudade deve ser identificada e ouvida com cautela,

Quando a lembrança nos toca é difícil permanecer intacta,

Jamais se deve adorá-la acreditando ter sido como um sonho,

 

Ante ao gosto bom nos lábios, costuma-se esquecer os erros,

Toda vez que me despi da desconfiança, me vi nua da própria alma,

Por um instante, quis acreditar que haveria um final feliz,

Terminei aos prantos, trancada em meu quarto desejando nunca sair,

Por mais que a visão de senti-lo em meus braços tenha sido prazerosa,

Recordo que na sequência, ele soube como me fazer ignorá-lo,

 

Até mesmo, desejar nunca tê-lo conhecido, sem palavra alguma,

Apenas destrancara a porta do carro e olhou-me com um saia,

Sem tempo, sem espaço, não fora a primeira vez, seria a última,

Por mais que eu acredite que me apeguei ao sofrimento de ser sua,

Não creio que tenha merecido a forma dele reagir comigo,

Desculpas não faltam para apoia-lo, contando ou não com apoio: o rejeito,

 

Ele aceitou o riso de deboche de sua mãe com relação a mim,

Aceitou suas opiniões, deu atenção as suas provocações,

Tive a impressão de que tudo o mais tinha maior valor que eu,

A impressão se confirmou em pouco tempo, achara que me compraria,

A minha honra que jogou na rua ouvindo a voz dela,

Só porque ela era inferior a mim, muito bem, é assim que penso e daí?

 

A comprara com dinheiro, achara que desta forma me ganharia,

Bem, quanto ao andar na rua e procurar por um olhar,

Eu continuo o meu caminho, não acredito que voltarei a acreditar,

Sabe o tipo de pessoa que não conhece o seu lugar?

Pois bem, eu conheço o meu, distante demais para ser encontrada,

A intocável, aquela que não seria conquistada, a distanciada,

 

Chamem como quiser chamar, eu fui ferida, não aprendi a esquecer,

Ele teve sua chance, não poderá negar o fato, me magoara com ela,

Usara as suas artimanhas para me afastar, então, a conhecia desde antes?

Não sabia quem era a sua mãe ao confrontar nós duas?

Teve a necessidade de medir forças para ver que era a melhor,

Como iniciei, eu não gosto de concorrências, fui ofendida não esqueceria,

 

Restrições podiam ter sido especificadas com sensatez,

Neste instante, há um corpo estendido no chão frio da minha casa,

Embora, ele se apegara a esta palavra, e eu também,

Eu pouco ou nada posso ver dele, apenas sentir a visão se embaçar,

Nada tinha a ver com isso, alguém iria se convencer,

Quando tomasse conhecimento de que meus comprimidos sumiram.

 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Lágrimas No Chuveiro


Eu podia ver seu rosto muito claro em minha mente,

O amargo lamento embebe o gosto do beijo,

Mas de forma alguma consegue apagar o para sempre,

O som do seu riso ecoava em minhas lembranças,

Hora como se fossem carícias, hora feito gritos,

Açoite aos meus dias tranquilos, suspiros para noites de sonhos,

 

Me fazendo ter forças para levantar a cada amanhecer,

Tomar um banho demorado para me sentir um pouco,

Como se eu já não estivesse mais aqui, mas sim, com ele,

Precisava constatar que ainda existia, que acabara tudo,

Ouvi ele falar mais alto assim que fechei os olhos no chuveiro,

Ele parecia querer voltar para o tempo em que estivemos juntos,

 

Tentei abolir sem êxito o desejo de que estivesse perto,

Mais um dia se estenderia sem que eu pudesse esquecê-lo,

Lá se iria mais um ano, comigo aqui a espera-lo mais um pouco,

Sempre um dia a mais, agarrada a momentos como se estivesse vivendo,

Onde ele estaria? Eu não tive notícias quanto ao fato,

Mas nada me impedia de pensar que não teria nos esquecido,

 

Quando se vive o eterno em um segundo não há como apagar,

Mesmo que nunca mais se repita, mesmo que fique guardado lá atrás,

Com algumas lágrimas misturadas a água fria eu implorava por algo,

Algo que reavivasse nossos momentos, sua voz, estava se apagando,

O vídeo em que estávamos juntos, eu o perdi por infortúnio,

As fotos, já não diziam muito, meu tom de voz sôfrego

 

Dava a entender que eu perderia a disputa, ninguém viria,

Ele estava longe demais para me ouvir, eu sentia meu pulsar,

Com certeza meu coração ainda batia, então teria forças,

Resistiria, mesmo com a respiração pesada, não cederia,

O fato de poder recordar ainda me dava perspectiva,

Nunca fora fraca, não seria essa a hora em que me quedaria,

 

Enredada por ilusões? Há ninguém é permitida a entrega da vida,

Se fora bom, eu não iria negar o fato, mas se acabara, acabara,

Existem coisas que não voltam atrás, não importa o quanto se queira,

Existem as que são imutáveis e as que podemos atuar sobre elas,

Enquanto eu tivesse forças, meu pulso iria pulsar com intensidade

O bastante para mudar o teor em que eu avistava a minha face,

 

Passaria a me valorizar como pessoa e a todos que estavam ao meu redor,

Escutei um grunhido dentro do meu peito, desta vez, inofensivo,

Agora eu não me permitiria ser má comigo mesma,

Afastaria os pensamentos que me mantivessem presa a lembranças,

Não iria apaga-las, apenas fazer com que não interferissem contra,

Até o ponto de me fazer bem, as manteria, nem um segundo além,

 

Se havia algo que o mantinha longe de mim, que o impedia de voltar,

Por que eu me apegaria dessa forma, por que revive-lo a cada hora?

Já não reconhecia o meu semblante, do meu sorriso restara marcas,

Onde brilhara felicidade agora haviam sinais incontestáveis de lágrimas,

Eu havia perdido o grande amor da minha vida, e agora me perdia,

O preço por se amar para sempre é perder a si mesma?

 

A dor suspirava baixa por minhas narinas, se afastava aos poucos,

Por um minuto tudo ficara quieto, havia somente a água caindo,

Ouvia algumas lágrimas sôfregas caindo por entre a água fria,

Não eram as minhas, mas eu as via, alguém sofria e eu sentia,

Me esforçara para vê-las, tentara reconhecê-las, não as reconhecia,

Gostaria de poder fazer alguma coisa, reagir de alguma forma,

 

Minha angústia de ficar presa na preocupação de ter perdido,

Me impedia de tentar construir um futuro com que sonhar,

Mesmo sem poder avistar ou reconhecer aquele que chorava,

Algo forte o bastante me impelia para fora, eu captava algo,

O amor que eu vivera a tempos atrás estava bem protegido,

Não o perderia, o manteria seguro em meu peito,

 

Mesmo que deixasse de pensar nele por algum tempo,

Mesmo que me posicionasse de forma diferente a anterior,

Perder-se por amor é bonito nos livros, terrível para quem vive,

Pior ainda para os que contemplam o nosso sofrer,

Sem poder fazer nada para nos tirar daquela linha tênue,

Medo de perder o passado, receio de reviver no futuro,

 

A pré-ocupação, não nos permite viver o agora,

Está sempre presa a alguma ânsia de mudar alguma coisa,

Chama a isso ansiedade, outras vezes, utiliza outros nomes,

Havia uma voz mais alta e mais clara que as outras,

A qual eu podia escutar com relativa facilidade,

Esta voz me implorava para viver e vinha da minha alma,

 

Mais cinco minutos, disse para o meu reflexo no espelho,

Tive certeza de que eu era uma garota muito bonita,

Assim que vi um vestígio de sorriso surgir em meu rosto,

Seria interessante que eu pudesse abrir os olhos em vinte e sete minutos,

No entanto, duvido que desta vez eu poderia fugir deste sonho,

Me esforcei para entende-lo, havia outro alguém como eu, de olhos fechados?

 

Ou eu já havia decidido dividir meu sofrimento em duas metades,

Fosse isso, que eu conseguisse força o bastante para superar,

Fosse de outra forma, que eu pudesse reconhecer este alguém,

Eu não costumava me abrir sobre o que sentia,

Fiz um esforço para tentar entender as informações da noite,

Recordei de um jantar, murmúrios ao redor, minha voz ficava deslocada...

domingo, 4 de abril de 2021

Um Encontro Nada Casual

 



O interesse de uma pessoa não precisa prejudicar o de outra,

Naquela noite, eu percebera que algo havia mudado em mim,

E este algo me fazia ver as coisas sob outro prisma,

É difícil defender um posicionamento quando se está sozinha,

Eu estava em pé em frente ao público, mas prometi: não desistiria,

Tinha um texto em mãos, resultado de muitas horas de estudo,

 

Não deixaria todo o meu trabalho resultar em nada por medo,

As pessoas teriam direito a opinar e eu a responder em conformidade,

O que estava fora dos planos, fora aquele homem sentado à frente,

Ele me olhava em expectativa, parecia gostar e apoiar o que ouvia,

Nenhuma suposição precisa ser feita sobre o que nos motiva

A direcionar-nos a alguém em especial, principalmente nestes casos,

 

Em que o público no geral é o alvo, já que a questão embasa a totalidade,

O olhar dele não passaria despercebido nem mesmo nas sombras,

Nem mesmo se ele virasse de costas ou buscasse ofuscar-se,

Era muito bonito, no entanto, contemplava-me em posição rígida,

Com aquele teor de inteligência de onde se sabe que vem as encruzilhadas,

Em que seguir um caminho a outro pode terminar em horas de conversas,

 

Discussões sem hora para terminar, e isso, tinha um teor de apropriado,

De tudo o que eu dissera, não discordava de uma única palavra,

Seria fácil discorrer uma conversa por um longo período de tempo,

Estando em dúvida entre dois posicionamentos ambos poderiam ser exatos,

Olhava ao redor enquanto discorria as minhas teses e posicionava-me entre elas,

Não que fosse o tipo de pessoa que gosta de dar a palavra final,

 

Mas, queria encontrar propriedade em que alicerçar o que eu dizia,

Perder na primeira oportunidade seria no mínimo ingenuidade

E desleixo com relação as longas horas de analises e estudos de caso,

Por mais que tentasse disfarçar ele sempre se tornava o alvo,

Algo nele pedia para que eu me aproximasse e algo em mim queria isso,

Eu sentia um teor de importância nele mais do que em qualquer outro,

 

Queria ouvi-lo falar, entender o que ele teria a dizer sobre meu trabalho,

Juntei os papeis em ambas as mãos e coloquei-os de lado,

Olhei-o de forma direta, os estudos ficaram para segundo plano,

Desejara me aproximar, não em razão do trabalho, tinha outro propósito,

Continuara a minha fala, mas sem me ater ao que estava escrito,

Não conseguia ignorá-lo, nem por um segundo, o gosto era bom,

 

O gosto de saber que entre tantas pessoas alcançara a sua atenção,

Aquele momento era apenas meu, e eu entregava-o a ele,

Sem receio algum, apenas seguia a direção da minha emoção,

Sem saber quem ele era, com uma mínima ideia sobre o que fazia,

Com certeza, algo relacionado aos meus estudos, algo em minha área,

Ficara pensando em quanto tempo seria necessário para alcançar

 

Um beijo dos lábios que haviam se tornado alvo do meu desejo,

Isso não ocorria com frequência e eu não estava pronta para reagir,

Mas, enquanto eu falava e ele sorria em expectativa, eu pegava gosto,

Me sentia respeitada, imaginava que talvez precisasse de algum tempo,

O convidaria para tomar um café, discutir um livro, mudar o teor,

Queria converter o tom do trabalho em algo mais casual e satisfatório,

 

Na verdade, não queria conversar por muitas horas, queria resultados,

Beijá-lo, aproveitar cada minuto em seu corpo, cada abraço apertado,

Nós parecíamos compatíveis em grandes medidas, sem conflitos ou projeções,

Tudo dependeria de como formularia as suas questões,

Que abordagem utilizaria, porque eu lhe concederia tempo para opinar,

Então, o preparei, no tempo em que analisava as suas reações,

 

Em meu carro havia um banco vazio, em minhas horas tempo o bastante,

Tentei me afastar, me direcionar para outro âmbito, tudo estava evidente,

Ele percebera e soube chamar minha atenção, olhando as horas, ocupado,

Me parecera que se não houvesse minha interação ele sairia daquele local,

Ele parecia ser um homem decidido, daqueles que não gosta de perder tempo,

Lembrei que havia reservado um jantar, talvez, fosse bom ter companhia,

 

Minha voz ficava embargada, ela parecia agoniada, eu me esforçava,

Mas não sei se as coisas soavam tão boas quanto olhá-lo,

Eu ouvi um pigarro, ele olhava em tom altivo, me impulsionava,

Minhas pálpebras tremeram, e eu me apaixonava aos poucos,

O texto mudara o teor, vinham palavras diferentes a boca,

Embebidas em sentimentos, acho que o pedia em namoro,

 

Recordo de ter sorrido e ele também da mesma maneira,

Fosse um pedido que estivesse sendo feito, acho que aceitara,

No mesmo instante em que o fiz, recordo do consentimento,

Não recordo o que fora que pedi, mas sabia que era amor,

Desde que me coloquei naquele palco, desde que olhei-o,

Mesmo antes, de costas, senti um olhar sobre mim, fechei os olhos,

 

Os abri mas deixei-os baixo, ao levantá-los, não consegui desviar,

Acho que o destino programara o nosso encontro,

Não sei se o teria avistado em outro lugar, tudo fora tão casual,

Quanto o apaixonar instantâneo que surgira entre nós,

O trabalho em que me esforçara tanto para finalizar,

Agora produzia resultados muito mais peculiares,

 

Direcionavam minha vida a um abraço, a segurança de ter alguém,

Mesmo o Eu Te Amo nunca tendo saído dos meus lábios,

Sussurrei olhando-o nos olhos, Eu Te Amo e gostaria que fosse para sempre,

Então, baixei os olhos aos papeis, ajeitei-os com duas batidas na bancada,

Encarei-o, quando o vi em pé, me estendendo a mão em respectiva,

Fora dessa forma, sem aguardar nem ao menos ouvir sua fala.

sábado, 3 de abril de 2021

Amor De Uma Noite



Tinha muito medo de demonstrar o que eu sentia e chocar,

Eu o amava em demasia, mesmo ante a sua ausência,

Mesmo sabendo que, talvez, nunca mais iria vê-lo,

Nunca mais tocá-lo, ou quem sabe ouvir o som da sua voz,

Mas certamente, não o esqueceria nem com mil vidas,

Nem mesmo se já houvesse outra em meu lugar,

 

O lugar que fiquei por pouco tempo, mas que fora o bastante,

Para mantê-lo seguro em meu peito, para todo o sempre,

Talvez, o segredo que eu venha a confidenciar cause mudanças significativas,

Ao contrário da minha opinião, pois meu coração ressoa:

Ele já sabia, e ainda assim se fora embora sem voltar-se,

Sem tirar satisfação de como eu estaria, de como me sustentaria,

 

O êxito de amar alguém é não ter medida para o que se sente,

Mas, eu tive uma, a qual manterei comigo por toda a vida,

Recordo de o solo estar quente em razão do sol que se ausentava,

A tardinha se despedia e nós riamos sem parar, deslumbrados,

Imaginávamos se as nuvens permitiriam as estrelas brilharem,

Se a lua renasceria serena, com aquele seu teor enamorado,

 

Sem perceber, deitados naquele solo arenoso, demos as mãos,

Entrelaçamos os dedos de forma apertada, como uma jura de algo,

Algo que não desejamos confidenciar, mas que nos manteria juntos,

Por uma noite ao menos, eu imaginava em meu coração,

Mas em minha alma eu ouvia o para sempre através dos seus olhos,

Embora, eles não estivessem fechados, entoava o som de um pedido,

 

Eu não me recusaria, nem ele, a noite caía a nossa frente,

Mas o céu se recusava a isso, se mantinha inerte,

Era como se nada estivesse acontecendo, corriqueiro, nada além,

A maneira como ele se manteve impassível a tudo, confesso,

Nunca compreendi, eu estava imóvel, ele movia os dedos,

Um afago singelo sobre minha mão, eu sorria de modo significativo,

 

Estar com alguém ao seu lado, poderia ser libertador o suficiente,

Eu havia lido sobre isso em muitos textos diferentes,

A liberdade de poder amar me parecera crucial, desejei-o,

Indiferente do amanhã, sem ter vistas para os resultados,

Os interesses congênitos as vezes falam alto demais para ser calados,

Mesmo quando as vozes se calam a contemplar o infinito,

 

É difícil defender o posicionamento oblíquo, aquele sem perspectivas,

Que busca viver o momento, como se bastassem as promessas,

Aquele eu te amo ressoado entre um acariciar e outro,

No olhar desinteressado que parece nos desejar tanto,

Que não se possa resistir, que não se queira mais que estar perto,

Eu sabia que poderia me apaixonar de verdade e amá-lo,

 

O bastante para pensar nele por muito tempo, todavia,

Naquela época, não imaginava que amaria dessa forma,

Que nunca esqueceria, que lembraria dele em cada vírgula,

Que mesmo tendo colocado um ponto final, não o via,

A proximidade dele me deixara intensa a ponto de querer ser sua,

Sem justificativas, viver aquilo que sentia, provar sua boca,

 

O amanhã não me deixava inquieta, nem a ausência de palavras,

À tardinha caiu inofensiva, não disse adeus nem nada, apenas partira,

Com ela o sol, pareciam estar de mãos dadas, as estrelas sorriam,

Surgiam de uma a uma, como se estivessem a beijar nossas juras,

Aquelas que não dizíamos, embora estivéssemos a contemplá-las,

Antes que víssemos se a lua brilharia ou não, senti sua carícia,

 

Agora mais invasiva, soltara a minha mão e subia por meu braço,

Afagava meu rosto, colocava-se ao lado dos meus lábios,

Com o polegar pareciam abri-lo, eu respondia com um arfar,

E um suspiro incontido, ele levantara do solo quente e febril,

Beijara minha boca, com cautela e desejo, a noite caíra por completo,

Apesar de, não ter exato sentido sobre o fato, de olhos abertos,

 

Só conseguia fixar nele, no sentimento que me consumia por inteira,

Fechei os olhos sem perceber, tudo já havia sumido do meu redor,

Podia sentir os olhos dele em mim, meu corpo se movia eu o procurava,

Sentia ondas de desejo me tomarem, não tinha controle sobre meus afagos,

Puxei-o com força sobre mim, intensificamos as carícias,

Algo nos roubava o controle e as horas se perdiam distantes,

 

Futuro duvidoso, que ao sabor do seu beijo valia cada hora perdida,

Nos encontramos um no outro, isso me bastaria para sempre,

Era como se o amor que acabava de acontecer ecoasse na alma,

Não quedamos a razão, somente respondíamos em intensidade,

O medo, as dúvidas, tudo soava estúpido demais para ser ouvido,

Em nossas almas, nada além das nossas juras silenciadas ao peito,

 

Feliz, completa até o fundo da minha essência,

De olhos fechados, podia não apenas ver seu rosto mas todo o resto,

Era como se o seu corpo estivesse sendo desenhado de dentro para fora,

Eu o sentia responder aos meus afagos e isso me fazia única,

Aquela expressão distante que ameaçava leva-lo embora,

Não seria o bastante para apagar cada segundo do amor que vivemos,

 

Talvez, eu imaginasse que nos separaríamos, mas não reagi de acordo,

Minha mão não se comportava, diante dos seus afagos me via ruir em seus dedos,

Folheava as páginas de um jornal, alguns meses depois de tudo,

Já pensando em ligar para ele, contar-lhe minhas notícias,

Virei a página, percebi então que havia lido a descrição da morte de Paulo,

Havia uma foto, ele estava dentro de um carro esmagado, tudo acabara.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Amor de Toda a Vida



 

Feche os olhos, lhe pedi, tem coisas melhores a se fazer com a boca,

Por exemplo? Ele indagou confiante, com aquele seu teor de sempre,

Apenas faça o que eu digo, somente em seguida saberá a resposta,

Ele obedecera, relutante, tentava esconder o sorriso do semblante,

Levantei meus pés, e beijei-o em cheio na boca que tanto queria,

Sem conversinhas bobas, sem tempo para ironias ou fingimento,

 

Apenas beijei seus lábios com toda a vontade da minha alma,

Sem tocar nele, nem ele em mim, seus braços ficaram soltos,

Me afastei um pouco, o bastante para absorver seu cheiro,

Percorri seu rosto com beijos molhados, cheguei ao ouvido,

Coloquei minhas mãos sobre os seus ombros, puxei-o, até senti-lo,

Tão próximo a ponto de respirá-lo, de senti-lo em meu peito,

 

Corações pulsando juntos, em um mesmo sonho de amor,

Eu te amo, sussurrei ao seu ouvido, ele se movera um pouco,

Parecia surpreso com a confidência, eu não entendi o motivo,

Acreditava ter deixado claro meus sentimentos desde o início,

Ele sorriu sem jeito, desanuviando o rosto, um brilho intenso tomou-o,

Senti um sobressalto em meu peito, ele conseguia ficar ainda mais bonito!

 

Eu perto dele, me sentia perfeita, longe não era nem a sombra,

Era apenas um corpo sem vida no rosto, sem sonhos, posso dizer,

Mas ali, sentindo o seu calor, era como se fosse nosso último minuto,

Aquele que marca o todo sempre, aquele que se guarda na alma,

Lá onde parecia que tudo estava perfeito, onde nada mais caberia,

Houve um espaço para ele, um espaço que parecia não existir antes,

 

E que, sem ele, tenho certeza: não existiria; Abracei sua nuca,

Acariciei seus cabelos com a ponta dos dedos, sentia medo,

Medo de tocá-lo e ele desaparecer como se fosse mágica,

Medo de perde-lo, aquele espaço que ele havia aberto,

Nunca mais seria fechado, seu para sempre, parecera dizer,

Não no teor de promessas que podem ser quebradas,

 

Por qualquer motivo que seja, mas por algo físico, algo diferente,

Ele era único, e essa unicidade dele, não permitia troca,

Era como se, embora eu fosse inteira, só me completasse com ele,

Eu senti isso em seu pulsar descontrolado, ele também viu isso em mim,

Um grande amor, por mais que se queira, não pode ser guardado,

Mesmos os corações mais perfeitos, precisam de outro,

 

Descobri isso em seus olhos, em seu jeito controlado e seguro,

Tive certeza disso em seus beijos, em seus abraços me encontrei,

Em seu corpo me senti muito mais que em mim mesma, te amo,

Quero que fique para sempre em minha vida, meu amor, completei,

Ele me abraçou de um jeito forte, quase como se me ferisse,

Passando a impressão de que tudo entre nós duraria para sempre,

 

Eu acreditei nisso, sem precisar ouvir da sua boca, naquele instante,

Beijar era o mais importante, absorver cada parte dele, ser sua e nada mais,

Seu cheiro entrava através da minha pele e invadia a minha alma,

Sabe o tipo de homem que fica? Aquele que permanece mesmo distante?

Aquele homem forte que sabe o que faz? Todas as minhas respostas ele tinha,

Abracei ele e quis que não me soltasse mais, mesmo me sentindo fraca nele,

 

Naquele minuto, rompi todas as minhas defesas e me permiti ser de alguém,

Sem dúvidas, sua boca afagava a minha pele, suas mãos percorriam em mim,

Eu apenas obedecia às nossas carícias, duas vezes mais segura que antes,

Dois braços fortes me envolviam, me percorriam, me protegeriam de tudo,

Um alívio tomava conta da minha alma, não estaria mais sozinha,

Mas as carícias não cediam, procuravam-se mais intensas, exigiam de nós,

 

A impressão que se tinha é que as horas que se seguiriam nunca seriam suficientes,

Mas nossas forças não conseguiram alcançar as expectativas,

Cedemos um ao outro, exaustos e sedentos, caímos abraçados um no outro,

Assim, permaneceríamos até que o sol acordasse o dia que viria,

Mas ele dormia pouco, em poucas horas acordara, eu senti seus movimentos,

Acordei, procurando por seus lábios ainda com os olhos fechados,

 

Eu precisava tê-lo de volta, acreditar que tudo não fora um sonho,

Minha boca ansiava por a dele, a dele não resistia e cedia a minha,

Nossos corpos ainda estavam colados, nossos desejos negavam-se ao contraponto,

Eu sentia que nunca poderíamos acabar, que nunca bastaria,

Não tentei guardar segredo por nenhum minuto, te amo, repeti mais alto,

O que ele ouvira do que eu disse, talvez não passasse de um suspiro,

 

Cortei o beijo ao meio, não teria fim mesmo, afaguei seu rosto,

Ao lado do olho, ele aceitou o estimulo e abriu-os,

Seus olhos cor da noite, absortos em nossos carinhos,

Aproveitei o momento, encarei-o, com o coração aos saltos,

Eu te amo, falei ainda mais alto, te amo como em um sonho,

Te amo como nunca imaginei sentir - te amo e pronto,

 

No ápice de tudo que estávamos vivendo, ouvi a frase querida:

Te amo da mesma forma, minha querida; caí adormecida,

Inerte em seu braço, não precisei ouvir mais nada,

Embora ainda sentisse vontade de amá-lo, todavia, sem forças,

Talvez, àquela hora já fosse de manhã, não soube precisar,

Estava tremula, abri os olhos, me deparei com a parede assustada,

 

Havia sonhado, porém, dessa vez fora tão intenso,

Que soara verdadeiro, apertei o peito, em pranto,

Percebia afagos me percorrer, podia sentir o teor do seu calor,

Porém, estava sozinha, descoberta e desnuda,

Eu tinha a sensação de ter amado por uma noite inteira,

Mas tudo se esvaíra, foi nessa hora, que senti uma mão masculina...

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...