Um sopro brincou com meus cabelos, me trazendo um sorriso,
Não precisei de muito esforço para recordar seu rosto,
Com aqueles conhecidos olhos irradiando luz em minha vida,
Deixando o semblante alegre e um sorriso belo em sua boca,
Tentei tocar o vento, segurá-lo por entre os dedos,
Meu sorriso saiu ainda mais seguro, embora não pudesse
tocá-lo,
Não havia nada além de algo suave a me afagar os cabelos,
O bastante para trazer sua lembrança e me deixar feliz,
Tentei brincar comigo mesma como se você estivesse ali,
Fechei a janela, puxei as cortinas, me escondi atrás dela,
Com um gritinho como se dissesse: amor onde estou agora?
Tivesse deixado a janela aberta teria a certeza de tê-lo
visto,
Mas estavam fechadas, as cortinas que me teriam escondido,
Agora, acariciavam minhas costas em um leve balanço,
Percebi satisfeita, ao sentir aquele cheiro de rosas nos
lábios,
Que meu amor não tinha saído daquele apartamento,
Ao contrário, enquanto ele tentava me fazer estar do outro
lado,
Estava ali dentro, por entre os cômodos, as fotos e em cada
canto,
O que senti com a janela aberta foi apenas um lampejo do que
vivemos,
Uma lembrança boa do quanto é bom amar por inteiro,
Pedisse pormenores ao amor teria me respondido que ele é
sempre igual,
Todavia, não posso falar sobre os outros, mas o meu é único,
O melhor dos amantes, o homem mais bonito, o sorriso que
causa encanto,
O sonho de uma menina apaixonada que o reconheceu no sereno
da noite,
Aproximada pelo destino, com um beijo selou aquele primeiro
instante,
E assim se fez, todos os outros dias, com o mesmo prazer,
E a mesma sensação de o estar reconhecendo em cada vez,
Como se todo o beijo fosse mais saboroso e mais inebriante,
Em seus braços amparada, por seu amor guiada em cada passo,
Deus revelou com seus sinais o que ela precisava descobrir,
O homem que buscava desde sempre, que os dias buscaram
encobrir,
Não tardou até que as mãos do destino se encarregaram de
agir,
Tocou o seu rosto com um olhar encantador, e o amor se fez
do nada,
Assim, um beijo faz emergir o verdadeiro amor, e dura a vida
inteira,
“Possais compreender”, ela parecia ouvir, como se ele
estivesse a sussurrar,
Com isso seu coração se revelou ainda mais cortês e amável
que antes,
Tal aquela brisa suave ou mais leve ainda, feito a carícia
de uma pluma,
Pois enquanto ela o sentia se acalmar dentro dela,
Sua mão se contorcia em carícias, o queria ali para afagar,
Enquanto a lembrança já o tinha abraçado nela,
Seu coração, porém, estava atento ao que ela sentia,
Sem se permitir ser enganado, pegou o telefone e discou um
número,
“Esperais que acredite que uma brisa ressoa o sabor de um
beijo,
Quando há entre vossos seios este coração que pulsa e pode
trazer ele para perto,
Após compreender que o ama, quer enganar-se a esperar
inerte?
Ora moça bonita, não seja tola, nem me faça de bobo, pegue o
telefone,
Ande depressa disque um número, aquele que está em seus
dedos,
Que você não precisa ressoar alto para discar de modo
automático”,
Quando se reuniram todos aqueles números e uma voz chamou do
outro lado,
Ela nem acreditou no que fez, em verdade, não sabia se ligou
ou atendeu,
Tão forte foi o salto em seu peito e a alegria que irradiou
em seu rosto,
Se ela acreditava estar feliz antes disso, percebeu que
poderia ser mais que isso,
Uma voz magnética, forte, suave e doce atendeu: - alô
querida,
Estou com saudade, você viu que deixei o café pronto, ao
lado das flores? -
- Oi amor, também estou com saudade, querido reúne todo o
amor do mundo,
Nem assim alcaçaria tudo o que sinto - ; “acredito”, ela
ouviu do outro lado,
- Mas quando estou a sós, tranquila com seu abraço, me sinto
completa;
“Também sinto isso meu amor, quando estamos juntos não falta
mais nada;”
- Poderei dizer a você algo que o surpreenda e alcance a
definição do que sinto?;
“Claro que não querida, eu tenho bom-senso, nosso amor é o
maior do mundo,”
Ambos dialogavam sorrindo, como se não houvesse mais nada a
ser feito,
Como se os segundos estivessem parados ao seu dispor no
tempo,
Eles sabiam que quanto mais falavam mais sentiam o amor,
E menos conseguiam demonstrar o quanto era intenso o
sentimento,
Ignoravam que havia um Deus que sabia o que ocultavam e o que
revelavam,
Pois, os que amam gostam de parafrasear o que sentem e não
podem explicar,
Abençoados pelo que suas mãos seguravam, um celular que
encurtava distâncias,
Santificados pelo sentimento que nutriam, mal sabiam os quão
sortudos eram,
O fogo que queima a carne, não os atingia senão para
avivá-los,
O amor que era de instantes, chegou e preferiu ficar por
mais alguns dias,
Pergunta-lhes: há quanto tempo se conhecem, vocês se amam
tanto,
Ou apenas convivem um com o outro para o transcorrer das
horas?
Eles viram as costas e se afastam, nem todas as perguntas
merecem respostas,
Mas quando afagam-se, um ao outro, sem tentar esconder o que
sentem,
Veem os anos percorrer por seus rostos sem que os percebam
mais que dias,
Não fazem um ao outro poucas promessas, não refreiam seus
prazeres,
Fazem suas juras e as cumprem seja em noite de lua ou em
noite escura,
O que recordam ao olhar um nos olhos do outro é que o amor
que se fez neles
Nunca disse tudo que sentia e nunca sentiu menos que o dia
seguinte,
Prometeram-se e foram suas próprias testemunhas,
Acreditaram, acaso que o amor se constrói sem base alguma?
Construíram-se em cada dia, e por amarem tanto foram
reconhecidos na rua,
Existiram os que caíram incrédulos no suplício e os que
conspiraram contra,
E o mesmo amor que a tudo esteve atento, não quedou de forma
alguma,
Agora com seus telefones de mensageiros, avançavam um outro
dia de promessas,
Vinham os sinais de todos os lados, o dia encurtava a
distância,
Como se concordasse com a inclinação de vossas almas,
Que se buscavam incessantes por entre as lembranças e
prédios da rua,
Tornavam o amor um álibi para construírem juntos cada sonho,
O destino os abençoou por acreditarem-se, o quão sentem um pelo outro!