domingo, 10 de outubro de 2021

Eu Te Amo e Uma Jura

 

Não desejei olhar para ele por algum tempo,

Mas mesmo toda a mágoa que eu sentia,

Para tal fato não prestava de argumento,

Deixei escapar um suspiro de alívio em minha alma,


Assim que escutei o doce da sua voz me chamando,

Ele dizia o meu nome de forma serena e melodiosa,

Com entusiasmo disse me amar, mas não fez promessas,

Existem coisas mais fortes que prendem um homem,


E isto independe das palavras, é algo do sentir amor,

Pensei um pouco, o meu dar de ombros perdia o efeito,

Declinava sempre que tentava colocar obstáculos entre nós,

Afora a mágoa, não tinha nada em que me agarrar para me manter,


Nem sei ao certo porque discutimos,

Triste momento passageiro e sem efeito,

Posso alegar com certeza não estar em meu juízo perfeito,

Em pensamento eu remexia um cubo de gelo em minha boca,


Tentava esfriar a língua, gelar as palavras macias,

Queria encontrar ao menos uma frase feia para ser pronunciada,

Uma boa o suficiente para magoar quem mais amava,

Sabe por quê? Pelo motivo de ter me sentido ferida,


O instante em que lágrimas tomaram o meu olhar

Me fez desejar não ver mais nada a minha frente,

Cega a quem amava, lhe virei as costas sem pensar em nada,

Mas o gelo derretia e me embriagava de algo quente,


Sempre que ele falava eu cedia sem pestanejar,

Seu efeito sobre mim nunca era diferente,

Meu fechar de olhos momentâneo continha as lágrimas,

Isso bastava para esfriar os fatos, mas não para esquecer,


Não enquanto ele não passasse um braço sobre o meu ombro,

Me puxasse para o seu abraço e me colocasse de encontro a ele,

Olhando em seus olhos, recostada em seu peito,

A espera de que o seu beijo pudesse sugar o que viesse,


Fosse o gelo da dor escorregadio por minha língua,

Ou melhor: o amor que a tudo colocava panos quentes,

A jura que me mantinha abrigada a este amor

Não havia sido pronunciada em palavras,


Embora tenha sido escrita por seus lábios

De outra forma, ou seja, através de beijos e mais nada,

Pois os afagos que me percorreram através da voz aveludada

Não faziam promessas, eram frases seguras como o seu abraço,


- Fica comigo ele pedia antes de eu desejar partir,

Ensaiei um olhar frio, agora presa em seu peito másculo,

Queria tomar um drinque qualquer coisa que me desviasse,

Mas, isso apenas até eu abrir meus olhos e fita-lo,


Lembrei do incidente da briga pondo gelo entre meus lábios,

Virei o rosto para me afastar para o lado,

Tentativa inútil de não senti-lo, nem mesmo queria me esquivar,

Permaneci recostada a ele, sem saber o que ele fazia,


Mas condizente por que conforme ele agia eu o sentia,

E quanto isso significa? O suficiente para eu ficar,

Meus pensamentos desaceleravam conforme o seu pulsar,

Ele tinha um ritmo e eu o acompanhava,


Até o lacrimejar do olhar tomava outro gosto na boca,

Pensei por alguns segundos e decidi lhe dar uma amostra,

Me empurrei para trás, levantei os pés e o beijei,

Em silêncio, provando o que havia de mais profundo,


Desejei o contorno dos seus lábios entre os meus,

Senti o gosto macio da sua voz dentro da minha boca,

Eu te amo suspirei de encontro a ele e o empurrei,

Em desiquilíbrio tremular do seu corpo, um piscar de olhar


E o eu te amo lhe molhou os lábios em juras apaixonadas,

Puxei-o junto a mim, juntei em sua camisa na altura do seu peito,

Com a mão fechada e em punho, atitude de defesa ou ataque, não sabia,

Amassei-a entre os meus dedos e colei meu rosto no dele,


Com sofreguidão e intensidade pressionei meus lábios nele,

Em seu rosto, sua pele, sua boca, suguei-o com forçada serenidade,

- Eu te amo, fica comigo para sempre?!

Ouvi sua voz me responder e (agora) pedir em um tom grave,

Quase uma ordem.

sábado, 9 de outubro de 2021

Eu Te Amo Mais

 


A impressão que tive dele,

Era a de que o brilho no olhar e o sorriso na face

Diziam mais do que ele queria que expressassem,

Havia uma indagação que o denunciava,


Algo que exigia pouco mais de um par de horas,

Eu me tornava infiel a ideia,

Tudo que havia em mim lutava contra isso,

Não saberia expressar de que se tratava,


Mas guardava a certeza em mim de ser contra,

A desfaçatez compreende uma pequena armadilha,

Ele caiu em cheio, tropeçou no que acreditava,

Eu me encontrava na cama, cabeça no travesseiro,


Descoberta de ideias de reação, enrolada em um edredom,

Olhos fechados, sorriso no rosto, pensava nele,

Minha mão estava fechada, desacompanhada do que sentia,

Me esforçava mas não o compreendia,


A chave do quarto girou sem esforço, uma porta foi aberta,

Um rosto se colocou primeiro para dentro,

Seguido de um corpo desnudo e bem definido,

Me pergunto: o que seria de um homem se não tivesse coração?


Não precisei abrir meus olhos para constatar tudo isso;

Sentia seu cheiro embriagando o ar,

Aquela sua fragrância masculina impregnava e eu gostava dela,

Era desconcertante porque eu queria relaxar,


Pensar em outras coisas e ganhar distância,

Distância de constatar que eu estava seminua,

Que minha calcinha estava prestes/ implorando para ser removida,

Que o sutiã apertava contra o peito que arfava,


Um suspiro escapava dos meus pulsões num salto do meu coração,

E o dele permanecia impassível, em pé, ele me fitava;

Parado a alguns metros de distância segura de mim mesma,

Pudesse abrir a janela, puxar as cortinas e permitir a lua entrar,


Talvez um sussurro do vento levasse as ideias,

E eu pudesse ganhar distância do que sentia,

Como se pudesse levar o cheiro dele, o charme,

Mas que ainda deixasse ele, e me ofertasse a imunidade,


O mais se encaixaria, eu saberia reagir e decidir por mim mesma,

Ainda de olhos fechados, desejei ir ao banheiro,

O calor reagia contra o uso de roupas, tudo ficava desnecessário,

Nenhuma palavra foi pronunciada, parecia não haver o que falar,


Eu sabia que ele ainda me olhava, eu podia sentir seu olhar,

Era a primeira vez que eu juntava forças contra,

Meu primeiro desejo de agir de forma adversa,

Me soava feito um sonho estranho, quase feito um soluço,


Um homem perfeito, eu usaria outra palavra se tivesse encaixe,

Nenhuma outra tinha; perfeito de um jeito ligeiramente irritante,

O homem por quem me apaixonei era diferente de tudo que desejei,

Era de verdade, másculo e irritantemente atraente,


Era daqueles que faz você desejar passar uma noite ao seu lado,

E acordar todas as manhãs bem arrumada para poder beijá-lo,

Aquele que te faz preocupar-se com quem você é,

E com o que você sonha, que calcinha você prefere,


Em qual parte do seu corpo o beijo dele cai mais bem...

Ele suspira, eu sinto sua voz feito um afago em mim,

Mesmo ele não tendo dito coisa alguma, eu o ouço dizer,

Soa feito um beijo a repousar em meus lábios e percorrer minha alma,


Desejo que não saia, então, gradeço pela janela fechada

Deste sábado de outubro em noite estrelada,

Abro os olhos sem calma; ele que está lá, se aproxima,

Ele é quem eu amo, eu tinha um começo de ideia sobre isso,


Mas, por mais que o tempo passe eu ainda não pude ser tão profunda,

Me esforço em decifrar o quanto sinto, mas mais eu sinto e mais amo,

Volto-me para assuntos banais, pareço estar fugindo disso,

Se a vida é assim tão fugaz, ainda assim não poderia sentir menos.


A Lhe Esperar

 

Seu olhar impertinente se coloca sobre mim,

Faz com que minhas palavras fujam da boca,

Engolidas em seco com minha falta de jeito,

Termino por não fazer nada, o deixo aguardar,


No silêncio do suspiro apaixonado que seguro, penso:

Será que ele conhece a força do seu magnetismo?

Sabe a influência que exerce sobre os meus atos?

Conquista tudo que deseja e eu gosto disso,


Faço um sinal para que ele permaneça em silêncio,

Já basta a força do seu olhar para me fazer estremecer,

Somado as suas palavras, o timbre da sua voz,

O carinho que ele coloca em cada frase - não sei reagir -,


Me sinto uma tola cambaleante em seu fascínio,

Vejo abrir-se um vão entre cada sílaba, não consigo juntá-las,

Caio nesta estrada sem conseguir definir meus atos,

Queria poder pronunciar mil vezes mil Eu te Amos,


Quem dera pudesse fazer um resumo de tudo que sinto,

E mais, dizê-lo! Minha voz fica rouca, estremece,

Desce em queda livre por minha garganta e não volta.

É certo que odeio esta minha falta de atitude,


Mas ele permanece imune ao seu próprio efeito,

Se protesta é quando me afogo no meu mar de palavras,

Caso me falta o ar ou se algo me fere, ele sempre está lá,

Minhas palavras gostam de vir em ondas uma atrás da outra,


Disparo todas elas de uma vez e desejo que me entenda,

No espaço destas ondas é onde meus passos se perdem,

Necessito da sua mão entrelaçada na minha para me amparar,

Isso se deve ao fato de que, às vezes, elas vêm com muita força,


Produzem efeito reverso, revestem-se de sentimentos e reagem,

Mas ao invés de me fazer ir em frente, me puxam para trás,

Assim mesmo, quando não tenho mais que a sua voz, é suficiente;

Pois, quando abro a boca mil vezes, apenas para fechar sem dizer nada,


Ele não rejeita, se corto o cabelo deste ou daquele modo: apoia;

Minha emoção ir-refreada encontra abrigo em sua força,

Ele me contém em seu abraço, conhece tudo de mim,

Obs:. Contém: ato de guardar com cuidado e zelo; ato de possuir para si;


Seu olhar penetra o invólucro em que eu me escondo,

Ao lado dele, eu começo a ter ideia do meu próprio valor,

Minha maior intenção é penetrar nele afundo,

Conhecer sua alma e me abrigar nela, conforme faz me sentir agora,


Mas, ante a falta de palavras o receio se instaura,

Naquele vazio que a solidão construiu em meu peito,

É lá que ele está reconstruindo, ele é muito maior que a dor que já senti,

Tenho medo de perde-lo, estou certa por pensar assim?


Quando alguém se torna muito importante dentro da gente,

Penso que sim, que seja normal me sentir deste jeito,

Imagino que ele me entenda, ele deve conhecer seus efeitos,

É devastador o jeito como me olha, nunca me vejo a mesma,


Toda a cortina em que me abrigo cai por terra, me sinto nua,

Gosto se ele gostar, porque me sinto e desejo ser apenas sua,

Não é um me anular, é um querer ser melhor para agradar,

É um não medir esforços, o problema é que nem sempre sei agir,


Por vezes, quando as palavras fogem e voltam em ondas,

Eu caio; já disse, minha sorte é que ele corre ao meu amparo,

Os olhos dele me encontram e denunciam: aprofundam-se,

Não se guardam calados, sempre tem algo a dizer,


Ele é transparente, o que tiver para dizer é falado mesmo entredentes,

Sim, acontece de discutirmos, apenas por pequenos instantes,

Busco manter meu sorriso, tento não levantar a voz,

Mas, tenho aquele problema das palavras que fogem,


Entrego a ele meu olhar furtivo, acrescento um sorriso,

A expressão dele se abre vejo o carinho transparecer na face,

-Eu te amo, meu neném - me ouço dizer com voz acalorada,

Depois da minha busca pelas palavras mais apropriadas,


Decido por decidir que mil vezes mil Eu te amos é pouco ainda,

Os olhos dele sem mantem pausados sobre mim,

Não precisam mais me buscar, mas ainda assim buscam,

- Eu sou sua -, me vejo sentir e finalmente pronunciar,


Penso em me atirar em seus braços para não sair mais,

Me vejo suspirar e sorrir com o olhar tremulo de quem ama e espera.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Um Sorriso Desenhado Em Traços Perfeitos

 

Ele tinha o lábio inferior petulante,

Docemente aberto no rosto bem definido,

Olhos assombreados em sorriso marcante,

Fitei-o desconfiada não mereci mais que o sorriso gelado,


De pernas tremulas permaneci petrificada,

Podia escolher amar mil homens não valeriam o que ele era,

Um rapaz de postura e traços arrebatadores,

Do tipo que não pede um sorriso, ele ganha por nada,


Movi a cabeça o suficiente para os cabelos caírem na face,

Desejei tentar esconder o efeito devastador dele,

A causa que faz com que suas fortalezas caíam por terra,

Que despe sua armadura sem que você queira,


Nem um movimento em minha direção ele fez,

E cá estava eu, devastada, louca, apaixonada,

A mocinha que sempre esperou o cara perfeito,

O encontrava melhor do que se tivesse feito promessa,


Um desejo oculto que se materializa melhor que o pedido,

O sonho que não ousou ser sonhado na melhor das ideias,

O rompimento da linha tênue que divisa o imaginário da realidade,

Naquele instante a linha tênue era expressa por  meus cabelos,


Sonhavam esconder meu encanto, mas nada conseguiam,

Murmurei algo incompreensível para mim mesma,

Quebrei o silêncio que amordaçava tudo o que eu sentia,

Arrisquei uma jogada de cabelo para o lado e um olhar,


Ele ainda sorria, algo em mim lhe chamava a atenção,

Talvez fosse minha alma sobressaltando o coração,

Fiz um movimento em semicírculo e fiquei estagnada,

Existem horas na vida em que parar vale mais que seguir,


Se havia uma chance única de tê-lo eu me arriscaria por ela,

Por todo o tempo que fosse possível, lutaria até o fim,

Aumentei o tom de voz somente para acrescentar:

- Te amo -, movia o celular em círculos por entre os meus dedos,


O cabelo ficou preso no meio do meu sorriso, deslizava-o,

Parecia uma carícia que me protegia e me propunha,

De um jeito sedutor que emudeceu sua voz e seu semblante,

Mas, aqueles lindos lábios petulantes muito diziam,

Mesmo quando ficavam entreabertos em indefinido silêncio;


O arfar dos meus seios naquele vestido florido me deixava contrafeita,

Eles expunham meus braços como se gritassem para ele: venha,

Servi-me de toda coragem que tinha para mordiscar o sorriso,


Convidei-o, estendendo uma mão adiante do meu corpo,

Não tencionava uma apresentação,

Tinha a impressão de que nos conhecíamos a tempos,

E tempo era o que eu não tinha, não movida por tanta emoção,


Meu corpo gritava para que ele pudesse ouvir,

Sou sua, é insuficiente o tempo para te fazer decidir?

Ousei um suspiro, queria ordenar meus pensamentos,

Quando o tempo é escasso não tolera-se os erros,


No que refere-se ao coração errar dói em efeito desumano,

Endireitei a coluna em postura ereta, ambos frente-a-frente,

Joguei levemente os ombros em forçada indiferença,

Me vi nua, ele parecia penetrar minha alma,


Mas, não me sentia exposta, ao contrário estava segura,

Um sorriso impassível me arrematava,

Atônita com seu efeito eu emendei a frase deixada para trás,

- Parabéns! – Naquela hora eu comemorava esta data,

Não por pouco motivo – conhecia o homem que amaria por toda a vida.


quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Eu te amo - Entrededos

Peguei a carta entre os meus dedos abertos,

O vão por onde o deixei partir agora fazia sentido,

Deslizei a mão uma vez por suas linhas,

Sem arriscar olhar o que diziam, já a havia lido,


Sabia identificar cada palavra que parecia gritar,

Mantinha meus olhos fechados,

Quisera eu, pudesse me acordar deste sonho,

Onde o busco sem cessar, mas não encontro,


Contudo, as doces palavras nada diziam além de lembranças,

Falavam de um sonho bonito e acrescentavam um fim ao que vivemos,

Quisesse dizer algo, não poderia minha voz estava embargada,

A dor de sua partida me feria a alma,


Uma chuva de lembranças vinha à tona por meus olhos,

Balbuciei algo sem contê-las que em lágrimas escorriam,

Mesmo os olhos cerrados não eram capazes de freá-las,

Desciam por meu rosto, apagavam o sorriso,


Molhavam o papel e com ele avivavam as palavras trêmulas,

Elas dobravam seu tamanho, amargas a afogar-se no mar de dor,

Tivesse eu, visto-as, talvez pudesse salvá-las,

Mas lhe digo, meus olhos não foram capazes de abrirem-se,


A dor era tamanha que me consumia por inteira,

Trouxe a carta ao peito, recostei-a em meu coração,

Ele palpitou descompassado, disse algo que eu não entendi,

Mantive minha mão onde estava desde o início,


Meus dedos pareciam pregados nela, não se moviam por nada,

As palavras escorriam e pulavam da carta,

Ganhavam vida esmurrando-me com lembranças,

Tivesse eu esquecido, o que poderia restar de mim?


É possível esquecer alguém que se ama com toda a alma?

As últimas frases pareciam estar ficando prejudicadas,

A caligrafia borrada impedia de ver seu conteúdo,

Mas ele estava vívido em mim, falava de quando partira,


Do instante em que decidira dar um fim a tudo que vivemos,

Embora eu não a pudesse ler eu reconhecia sua letra,

Mantinha os olhos fechados, até que soluços me romperam,

Dilacerada dor em mil fragmentos se mortificava – as lágrimas -,


Morria ela enquanto apagava a letra de uma lembrança,

Poderia morrer naquela hora e não sentiria dor maior que outrora,

Pior que vê-lo desentrelaçar nossos dedos para abrir a porta,

Apenas para depois fechá-la contra os meus sentimentos,


Não iria acontecer, perder quem se ama por meio de uma carta,

Nada mais que pouca coisa dita, muita escrita e única atitude:

- Pam, pam -  um bater de porta, um adeus pronunciado em silêncio,

Um olhar que não cruzaria com o meu, dois corações partidos,


Com apenas uma frase eu costumava mudar tudo ao redor,

- Eu te amo, meu amor não vá -, mas desta vez não bastou,

Toda a minha força agarrada aos seus dedos, não ajudou,

Ele abriu a mão, ergueu seus dedos, depois removeu dos meus,


Virou o rosto para a frente em gesto decidido,

Deixou o braço para trás e depois o puxou, sem falar nada,

Não ousou um último olhar, apenas se afastou seguro,

Acho que eu quis morrer, acho que ele sabia disso,


Penso que esta carta signifique algo além de tudo isso,

Com um arfar no peito, um suspiro que vinha de dentro

Me fez soltar a carta, afastá-la por um único segundo,

Levei a mão ao rosto, sequei as lágrimas doloridas,


Quando pude abrir os olhos avistei minha mão manchada,

Os dedos onde eu mantive a carta a todo custo comigo

Continham palavras como se fossem tatuadas,

Sílabas se formavam conforme eu os juntava,


A tinta que escorreu da carta havia penetrado em mim,

- Eu te amo, e alguma coisa rabiscada eu pude ler entrededos,

Decidi procura-lo e para a dor que me consumia buscar um fim.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Beijos e Estalos de Eu te Amo

 

Eu estou deitada de bruços sobre o sofá,

Seguro um livro em mãos, mantenho os pés no alto,

Ambos entrelaçados em cumplicidade com a leitura,

Um sorriso volta e meia contorna os meus lábios,


Outro brinca com meu olhar compenetrado,

Ele se agacha ao meu lado, sussurra algo ao meu ouvido,

Passa um braço por minha cintura e me prende inteira,

Com um beijo na minha bochecha faz eu esquecer todo o resto,


Suspiro de alívio e felicidade por ter ele ao meu lado,

Penso que sem ele eu não seria completa,

Que por mais que tivesse todo o resto existiria um vazio,

Um vazio profundo e solitário aonde eu estaria,


Sem que tivesse qualquer alternativa de refúgio ou escape,

Mas, o sinto vagar por entre os móveis,

Poderia ser arriscado dizer: mas algo o incomoda,

Sinto medo, acabamos de retomar nosso namoro,


Esta incerteza que paira no ar tem cheiro de dor,

Temo provar o seu gosto amargo e desfalecer nele,

Ele acaricia meus cabelos e os beija sereno,

Tal como eu me apaixonei ele sempre retorna,


Acredito que conhece meus pensamentos,

Sabe cada desejo, cada sonho, por eu pertence-lo,

Não desejaria ser de outro alguém,

Ninguém que o tivesse desejaria,


A possibilidade de ser sua já é suficiente,

Rezo a Deus todas as noites por toda sorte que tenho,

No espaço do seu abraço há um vazio que me cabe,

Agora é nele que me perco e em nenhum outro,


Ele passa uma mecha do meu cabelo por trás da orelha,

Eu sorrio, ele não mede esforços por minha atenção,

E eu não meço o sentimento: a cada instante mais o amo,

Fecho o livro mantendo o polegar por entre as páginas,


Marco a página onde eu leio com um positivo,

Não teria outro modo, em seus braços tudo se encaixa,

Viro o rosto, o corpo e passo uma perna em sua cintura,

O prendo junto a mim com uma jura de amor:


Te amo por toda a vida, sou sua e nunca quis ser de outro,

Ele sorri em concordância, gestos e palavras se juntam ao beijo,

Eu te amos veem-se sussurrados por entre lábios sedentos,

Estalos que nos fazem acordar do preencher dos sonhos,


Sorrisos e mordicadas para nos trazer a realidade,

Mantenho meus olhos entreabertos para contemplar,

Sabe o instante em que tudo que você quer está nas suas mãos?

Então, uma mão minha acariciava seu rosto, a outra eu coloco em seu ombro,


Ele é meu e de nenhuma outra, o que mais eu poderia desejar?

Saber qual era a sua dúvida que do meu lado se dissipava?

Agitei seu ombro e sorri alto, quase uma gargalhada,

- Meu amor, me diga algo, por que se encontra tão calado?


Falei entre um sorriso e um jogar de cabeça para trás,

Tentava fingir um não me importo, sabendo que importava,

Se havia algo em que eu pudesse ajudar não queria outra coisa,

O não me importo ficou por dizer, não mentiria para quem amo,


Deus sabe o quanto ele me conhece bem,

Me feriria de morte instaurar dúvida entre nós dois,

Não tento escolher bem as palavras, nem piso em falso,

Puxo seu pescoço usando minhas duas mãos: beijo-o,


Sugo todo o néctar da sua boca, sabendo que não viveria sem ela,

Cada beijo apaga o medo,

O vejo penetrar em mim com sua língua quente,

Não nos vejo como duas pessoas, somos uma apenas,


Sinto meu coração desacelerar, desejava decorar cada instante,

Com um sobressalto ele retorna e me faz exigir mais,

Colo meu corpo ao dele, beijo-o entre estalidos sonoros:

Eu te amo eles dizem e eu não sei como,


Mas, também, não tento disfarçar o que sinto,

Não há nada que eu possa dizer que ele não saiba,

Cada detalhe em mim revela o quanto eu o amo,

Ele hesita por um momento, tenta levantar-se,


Fecho meus olhos, dessa vez, acolho-o de forma terna,

Com um movimento repentino me coloco em seu colo,

Absorvo mais da sua boca, me alimento dos seus beijos,

Como se tudo o mais tivesse voado para o alto,


Feito o vento que açoita a janela trazendo a chuva lá fora,

Ele me acaricia naquela sua maneira esperta e desonesta

De fazer com que eu fique nua,

Tem minha alma entre seus dedos e cada movimento meu,


Nunca tentei recusar, não sei como seria se o fizesse,

Não teria motivos fazê-lo ou não conto com meios de resistência,

Trocamos confidencias tácitas naquele beijo,

Creio que o sonho que eu entreguei naquele meio sorriso,


Valeu cada beijo que se seguiu porque ele me beijou muito,

Me segurou nele; A todo instante ele afastava o olhar,

Me cuidava, parecia gostar do que eu fazia,

Ver sua satisfação me deixava plena,


Alguns amores duram por tempo suficiente,

Outros, como o nosso, são para todo o sempre,

Os lábios dele descontraíam-se em sorrisos satisfeitos,

Não olhei para o lado, não desviei um único segundo,


Naquela hora e a partir dela, ele seria meu destino,

Se há um lugar no coração que nunca será preenchido,

Acredito que o meu estava pleno, pleno dele e eu lhe provava isso,

E no dele, estava eu, nos encontrávamos entre abraços nunca desfeitos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Minha Flor Em Seus Pés

A impressão em que eu me agarrava

De poder resistir a saudade que me fere,

Desvaneceu assim que cruzei com seu olhar,

Meus dedos trêmulos libertaram-na no mesmo instante,


Caiu por terra, assim como a flor que eu segurava,

Aos seus pés para melhor me expressar,

Ele me ofertou um sorriso: dia ganho,

Nada mais poderia me fazer sentir melhor,


Seu cheiro me soou feito um cálice de vinho branco,

Suave e macio me penetrando e preenchendo,

Naquele segundo jurei ser forte e abracei a saudade,

Disse a ela: já que me acompanhaste por todo o tempo,


Peço-a, fica! Bem lembro o dia em que ele partira,

Uma lágrima sempre brinca em meu olhar,

E quando o recordo vejo mil delas transbordar,

Se for para eu ser fraca, sofrer tudo que sofri outrora,


Prefiro mesmo me agarrar as lembranças,

Junto com a flor que caíra a vi caçoar de mim,

Sim, a saudade gozava de eu tentar me enganar,

De onde a flor estava, eu a vi rir como se estivesse a falar:


Você? Esquecê-lo? Não se recorda mais nem de ti,

Vive a cada momento chamando o seu nome,

Acredita que não a ouço? E quando um barulho a acolhe,

Pensa que não a vejo procura-lo sempre a espera de que volte?


Ele ficara estagnado a contemplar-me, a flor no seu sapato,

Eu confesso ter excitado entre me abaixar e recolhe-la,

Ou fugir dali com toda a força como se pudesse afastar o sentimento,

Bem pudera esquecer, ou quem sabe,


Em mais triste destino pensei: deixa-lo para trás,

Como se nada de nós tivesse existido, como se tudo fosse se apagar,

Um sorriso iluminou meus lábios e a lágrima em meus olhos,

Ideia afastada pois não haveria como apagar suas marcas,


Sua fala ao meu ouvido, as juras ditas aos sonhos silenciados,

Aqueles que vi em cada gesto seu e que ainda vejo,

A desmistificação de todos os medos estava em seus olhos,

Por Deus neles eu via cada um dos nossos momentos,


Não seria justo com o amor eu tentar me esquivar por receio,

Havia naqueles olhos uma escuridão fria desconhecida,

Antes de partir ele nunca fora desta forma,

Ousaria cogitar que minha presença lhe fez falta,


Talvez, se meu sorriso pudesse iluminar seu olhar,

Apenas um pouco mais do tanto que preciso,

Eu pudesse refletir algo bom e cuidar dele,

Fossem aqueles olhos negros um lago em noite escura,


Eu mergulharia e iria até o fundo para busca-lo,

Ninguém o reconheceria mais que eu: sofrimento me gritavam,

Naquela hora eu gostei da lágrima sorrateira em mim,

Talvez, se mil delas caíssem eu pudesse lavar sua alma,


Com tanta dor haveria de extraí-lo do lugar onde estava,

Porém, a saudade me tomava de mim mesma,

Eu sorria sem dizer nada, as palavras voavam para outro lugar,

- No passado - quando sussurrei mil eu te amo em versos;


Talvez, eu ainda pudesse iluminá-lo, no entanto,

Algumas lágrimas percorreram meu rosto quietas,

Desenhavam cada parte, contornavam-me onde um dia

Seus dedos estiveram a me afagar, hoje elas o rememoravam,


O sorriso era embebido em saudade mas resistia,

Algumas gotas de algo que eu não soube definir

Penetravam-me a boca, feito um beijo de sal e lembranças,

Havia mais em mim do que eu poderia lhe garantir,


Tanto mais amor do que imaginei um dia poder sentir,

O mel dos seus beijos eram embriagados por saudade,

Na boca onde os deixei guardados, brincavam com minha língua,

Tocavam a garganta tentando desatar o nó que me ganhava,


Acredito que queriam afrouxar as palavras, me fazer falar,

Algo no olhar dele brilhara, uma fagulha de nós dois,

Ele se abaixara em silêncio, juntara a flor com três dedos,

Levara-a até seus lábios e o beijo que um dia fora meu,


Agora repousava em suas pétalas, ali e em nenhum outro lugar,

Mesmo tanto tempo tendo corrido, ele os guardara,

Com todo o valor que lhe era devido – que nos era merecido-,

Naquele beijo haviam mais que vestígio de um amor que não se foi,


Minha saudade que se agarrava a nós dois o trouxe de volta,

Ao menos ele sorria agora, tudo já estava perfeito,

Uma estranha aparência de algo que se quer contar,

Como eu poderia dizer que o gesto que ele fizera também me pertencia?


Ele me encarou com seu rosto familiar e disse:

Amor, eu também te esperava,

Eu sorri entre lágrimas, saudade e a mais terna felicidade.

Cobrança de Aluguel

Quinze dias na casa nova. Cidade nova. Saudades do pai. Não haveriam novas notícias. Ele estava distante, Estava onde não h...