domingo, 17 de outubro de 2021

O Estranho na Rua

 


Tentou depois amar, mas o coração falhou,

Não tentou duas vezes,

O colar em seu pescoço a impedia de olhar para os lados,

Os brincos na orelha, pesavam contra sua face,


Não se pode dizer que ouvia muito,

Maquiagem pesada sobre seus olhos,

Do que havia em sua frente pouco ou nada via,

Seguia a olhos altivos, mas baixo para o seu redor,


Havia um cadeado que refreava as suas emoções,

Uma barreira de orgulho a cercava por frente e atrás,

Seus olhos diziam que não gostava de desperdiçar,

Havia um véu sobre os seus olhos: o da ignorância,


O fato de não poder ver com o olhar dele,

Pode-se dizer que a deixava em desvantagem,

Se por um lado ela se dava um valor imensurável,

Por outro, não definia que valor lhe seria o bastante,


E seu coração se ajustava ao seu pensar como uma luva,

O colar que adornava o seu pescoço,

Também a impedia de agachar-se, - sem proximidade-,

Se alguém a atacava ela escondia as lágrimas,


Era vista, mas não via ninguém,

Que destino haveria de tocar esta mulher?

Ela podia ver por seus braceletes o que deixava para trás,

Sorria ligeiramente, e sim, seu sorriso era perfeito,


Mas aquela distância em seu coração era maior que ela,

E mais influente, não conseguia despir-se de suas vestes,

E sua alma continuava como sempre fora: distante,

Mas, um dia um homem a cumprimentou,


Tocou em sua mão com uma espécie de afago,

Neste dia, ninguém a protegeu dele,

Quando suas joias tilintaram e enroscaram-se nele,

Não ouve uma única alma a socorrê-la naquela hora,


As palavras dele a atingiram feito água fervente,

Viu-se diluída até restar-se de alma pura: desmaquiada,

Agora estava exposta, mas não sabia o que fazer,

O cadeado do seu coração foi rompido e sem chaves,


Estourado pela mão de quem ela não conhecia bem,

E se conhecesse será que saberia o que fazer?

Existe algum manual que encaminha alguém a outra pessoa?

O hálito dele lhe soava feito fogo – tocavam seus lábios,


E derretiam toda e qualquer palavra que lhe ocorria,

Descartadas sem ao menos serem pronunciadas,

O colar não a impediu de virar-se apenas um pouco,

Altiva como estava nem precisou descer do salto,


Ele lhe sorria e seu sorriso brilhava no rosto dela,

Um reflexo do desconhecido, presságio do que nunca sentiu,

Ele lhe disse, como você é linda em tom de gracejo,

Ela havia tentado se esquivar, não queria ouvir,


O efeito de suas graças poderia lhe ser devastador,

Mas, fez mais que ouvir, gostou e lhe sorriu,

A brisa dos lábios dele removeu o peso dos seus ouvidos,

Suas palavras penetravam-na e chegavam a alma,


A cortina dos seus olhos era removida - se apaixonava-,

Tudo o mais em si se tornava descartável,

Agia por extinto, tudo que havia aprendido desvaecia,

Ante o seu silêncio pode ver uma lágrima nos olhos dele,


Precisava de uma dica para saber o que fazer,

Perguntava-se que poder era aquele que a consumia?

As palavras que disparava eram fatais – revolver carregado,

Apontado em sua direção-, o que ela tinha não surtia efeito,


Agora havia uma dúvida no olhar dele e vestígio de medo,

Ela não tinha mais que suas joias a testemunhar em seu favor,

Eis que ao seu toque, ela se viu desalentada, desorientada,

Perdia a si mesma, no vão dos dedos daquele estranho,


Que poder lhe deu aquela que nunca dirigiu seu olhar a outro?

Naquele dia, não teve refúgio ou defesa,

Muito menos controle sobre o que sentia,

Levava tudo que fora ou pensara às ruinas,


- Ora querida, o que você usa e é, alegra o olhar! -,

Ele tentou outra vez, mas ela permanecera quieta,

Emudecida, ouvia muito bem o que dizia,

Mas algo dentro dela a impedia de reagir as suas palavras,


Tudo que conheceu estava nela,

Agora algo de fora tentava penetrá-la,

E ela queria isso, desejava como nunca havia desejado,

Porém, não sabia reagir ao que sentia,


O que ela sentia estava exposto, não estava?

Se ela dissesse Eu te amo, será que ele zombaria?

Entre as suas joias não havia um eu te amo disponível,

Como, então, poderia confidenciar algo assim, agora?


O tilintar que conhecia enfeitava o que era,

Mas não confidenciava o bastante agora que precisava?

Quando amanheceu a noite que se seguiu ela estava sozinha,

Uma nuvem prenunciava chuva por todo o redor,


Um vento que não seguia ordens soprava lá fora,

As cortinas do seu leito estavam fechadas,

Faltava um de seus anéis em seu dedo,

Quando se esquivou daquele homem sem olhar para trás,


O deixou cair no chão frio, desejava que o tivesse pego,

E que, no decorrer dos próximos dias, o viesse devolver,

O ponteiro do relógio se arrastava nos segundos, 

Ela não via quem desejava ver.

sábado, 16 de outubro de 2021

Ouvidos Pesados Para Ouvir

 


Levei a mão na orelha e removi o brinco,

Foi somente nesse momento que senti aquele que amo,

Ele estava postado a alguns metros atrás de mim,

Embora eu não tenha virado o rosto para vê-lo, podia sentir,


Ele escutava cada movimento meu, parecia me estudar,

Ousadia a minha, mas ele parecia preocupado comigo,

Minhas roupas finas estavam agora molhadas e eu tremia,

Lágrimas rompiam dos meus olhos e escorriam pelo rosto,


Traçavam um caminho por minha face e vagavam a esmo,

Tinha a impressão de que se perderiam no vazio do meu peito,

Talvez, lá pudessem afogar toda a dor e mágoa que eu sentia,

Ou quem sabe nem chegassem lá, estagnadas sobre minhas roupas,


O ouro pesava em meus dedos demais para tentar tocá-lo,

Foi assim que aconteceu quando eu saí batendo a porta,

Nem ao menos estendi a mão para um afago ou um adeus,

Saí pela porta deixando para trás as promessas e os sonhos,


Tive medo de que meus anéis pudessem se enroscar em seus dedos,

Tive medo de que houvesse algo a prender-nos,

Não quis ouvir nada, meus ouvidos estavam pesados e baixos,

A voz dele antes um afago, agora me soava feito veneno,


Entrasse pelos ouvidos poderiam embriagar minha mágoa,

Deixar nublado por nuvens densas da indecisão o meu coração,

Este, não queria mais amar, preferia sair por aquela porta e não voltar,

Assim é a paixão quando sofre em demasia, se irrita, entristece e sai,


Eu abri as janelas, troquei as cortinas, mas a paixão permanecia,

Em um ímpeto de ira abri a porta da saída e saí eu mesma,

Sua voz e suas juras pareciam conter um castigo doloroso,

De que me adiantava me prender em tudo que houve?


Em meus dedos anéis e unha bem-feita, nada mais a me prender,

Mas, quando respirei o ar puro da rua, não senti nada,

Ao contrário, me bateu uma ilusão repentina,

Algo como um calafrio percorrendo a espinha,


Mas não me permiti incomodar com o desconforto, eu estava certa,

Bastava escolher em suas frases as palavras corretas e repeti-las,

Feito um fio de faca em meu peito, ferindo cada uma das juras,

Eu poderia sofrer, tinha consciência disso, mas não queria voltar,


Em seus braços onde prometi permanecer para todo o sempre,

Havia um vazio frio e indesejado, nos meus os braceletes,

Havia em mim uma muralha visível para seus olhos negros,

Algo resistente o bastante para nos distanciar,


Ao menos foi o que eu acreditei até perder meu primeiro brinco

E me obrigar a me abaixar para juntá-lo do chão sujo,

Meus brincos nunca seriam postos num lugar como o que estava

Não tivesse saído a esmo da nossa casa, por estar incomodada,


Não teria perdido, como perdi, uma parte dele, estava caído e partido ao meio,

Como meu coração e aquela voz que agora chegava a mim entrecortada,

Minha maquiagem bem-feita agora estava borrada em lágrimas,

Pessoas passavam e me viam na rua agachada,


Tateando pelo chão a olhos cegos e desconcertada,

Não ousei levantar os olhos para quem passava,

Não desejei nem ao menos cumprimentar para evitar me ver,

Meu brinco estava em pedaços, meus olhos vermelhos e inchados,


A maquiagem escorregava pelo rosto por entre as lágrimas,

Da pessoa que eu era com quem amava/amo, não restava muito,

E mesmo assim, ele não havia desistido,

Quão pouco o agradeci por tudo que fez e faz por mim,


Quando toda a mágoa em que me apeguei me diluiu,

Outros esqueceram quem eu era, mas ele não,

Mesmo eu tendo descrido de nós dois, batido a porta na saída,

Nada disso o fez ficar distante demais de nós,


Não levei por assombro quando sua mão tocou em meus dedos,

Minha unha estava quebrada, a um ponto de ser roída,

Ele apertou-a com carinho, como se quisesse escondê-la,

Sabia o quanto significava, o brinco ficou do lado do pé dele,


Ele poderia ter pisado mas não o fez, apenas o ajuntou,

Com a mesma mão que juntou a minha e puxou-a para si,

Me fez levantar e ficar na mesma altura que ele,

Apertou-a, que agora segurava o brinco como última alternativa,


Contra o seu peito que estava em sobressalto,

Meus olhos não viam muito, mas o avistavam,

O viam o suficiente para deseja-lo para sempre por perto,

Meu ouvido, antes ensurdecido agora ouvia a mim mesma,


Eu te amo eu sussurrava enquanto o olhava em seus olhos,

Eu te amo, pude ouvir de quem amo, vamos voltar para a nossa casa?

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Entre a Saudade e o Amor: Uma Garota Deixada Para Trás e Que Espera


Há uma batalha dentro de mim em busca de palavras,

Não é questão de faltar mas de melhor escolha,

O amor discute com a saudade para ver quem escolhe,

A saudade deseja embeber em lágrimas e promessas,


O amor diz que as lágrimas apenas embaçam a conversa

Enquanto as promessas embora não estejam esquecidas,

Soam um tom de cobrança desaconselhável para a hora,

Eu estou buscando um meio de vencer este dilema,


Quando se ama demais nunca se sabe o que faz,

Não há um cronograma a seguir, mas julgo saber como agir,

Junto com minhas frases é certo que escapa todo o sentimento,

Quando se ama demais não há como refrear,


Gotas de amor seriam espalhadas pelo vento e o alcançariam,

Prefiro que sejam embebidas no doce de um beijo,

Um sussurro ao ouvido vale mais para ser correspondido,

Enquanto o vento se espalha aos quatro cantos,


A boca que grita ao mundo é a mesma que se cala

E ela sabe fazer isso no instante em que mais se precisa dela,

Sabe calar a garganta com um nó que ninguém desata,

Só mesmo os seus beijos para afrouxarem a sua gravata,


E entenderem e talvez até, sentir tudo que se quer dizer,

Só que a extremidade dos meus dedos não é feita de ouro,

Queira Deus eles ainda saibam fazer os carinhos como em outrora,

Na boca que se cala não há qualquer barulho, nem os estalos do beijo,


Aquele que se aproxima o suficiente de lábios feridos,

Apenas para pedirem perdão por um erro cometido através de um selinho,

Que é mais que um ato de carinho, é um selar de uma jura silenciosa,

As mesmas juras que não se sabe quando se deve mexer nelas,


São capazes de provocar lembranças com efeitos devastadores,

Quiçá suas recordações fossem boas como são as minhas,

Os olhos que o olham com amor não são os mesmos que me veem,

Por um momento, nada acontece, fico parada diante dele,


Estagnada como uma flor que recém desabrocha e não sabe o que fazer,

Exalo aquele perfume que só ele conhece e que o pertence,

Aquele que está reservado e não será de outro alguém,

Neste instante todos os músculos do meu corpo se contraem,


E meu coração balbucia muito através de pulsações escorregadias,

Não compreendo o que ele diz, não consigo dizer muito do que pensa,

Não é infantilidade, embora de perto soe desta forma,

Seu olhar está ferido, quando me fita parece que chora,


Suas mãos estão estreitas, parecem frias e distantes demais,

O homem a quem jurei amor quase me soa um desconhecido,

Sua barba está desfeita, o cabelo está esvoaçado pelo vento,

O mesmo vento que levou meu amor até ele surtiu efeito reverso,


Fez com que eu cruzasse com um homem destruído por dentro,

Ouso pensar, só para mim mesma, que ele tenha sofrido,

A distância que roubou meu sorriso fez muito pior em seu rosto,

Roupas desgrenhadas, repetia aquela em que nos conhecemos,


A saudade gritou dentro de mim com suas palavras

Que ele estava tentando reatar com nossas promessas,

O amor preferiu pensar que ele apenas ainda as recordava,

A saudade soluçou de amor, dizendo que era por ele que chorava,


Jurava por tudo que acreditava que ela não estava lá com ele,

Mas que servia de testemunha de que ele também buscava por ela,

O amor que se sentia menosprezado por jurar que agora era metade,

Percebia, então, que a saudade não desistiria tão fácil,


Ela trazia com ela aquela garota que havia sido deixada para trás,

Aquela que viveu de amor, lembranças e espera,

Bem sei que sofres amor, mas reconheço a promessa que habita nela,

Soluçou a saudade em um pranto falando do meu coração agora,


Eu embasbacada só olhava para ele, lábios trêmulos e sorriso gelado,

Buscava me aproximar mas as pernas estavam bambas e presas,

Me sentia fincava na terra, presa naquela explosão de sentimentos,

“Que salve-se o que sinto, mesmo que de mim não reste nada”,


Murmurei com o amor e a saudade sem dar tanta importância,

Os olhos negros dele brilharam e buscaram por mim,

Me penetravam de forma profunda, acho que me entenderam,

O amor me pegou, estremeci e joguei-me aos seus braços: prostrada,


Não sei se pareceu um tropeção ou um desleixo qualquer,

Também não sei o que ele pensou sobre isso,

Apenas o vi estender a mão e me segurar entre elas,

Me puxando para os seus braços até me sentir colada ao seu peito,


Cada um deles: amor e saudade, calaram suas vozes dentro de mim,

Se um tentava dizer ou pensar algo o outro pedia para não reagir,

Me senti tomada pelo medo, e uma lágrima penetrou meus lábios,

Entendi, então que chorava, e que eles moviam-se em silêncio,


Diziam a ele que o amavam através de movimentos trêmulos e desajeitados,

Engoli todo o medo ou o coloquei para fora, não sei dizer,

Tentei afogar meu medo no pranto até faze-lo desfalecer,

Mas não fui eu quem o reprimiu: foi ele e seus lábios quentes,


Assim que ele baixou o rosto e roçou em mim sua face,

A saudade gotejava em pranto como se fossem palavras,

Não sei ao certo o que fala mas, também, não refreei o que sinto,

O que sei é que me vejo abraçada a quem amo,

Sob um cenário de céu azul profundo e rostos assustados e úmidos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Te Amo Por Mil Vezes


- Eu te amo, em meu coração você foi o escolhido,

Curvo-me para que possas passar com altivez,

Não porque você esteja no erro da soberba,

Mas porque não contemplo outra senão sua face,


Gosto de oferecer-te o meu amor derramado,

Seja em lágrimas de saudade por sentir sua falta,

Ou em gestos e falas nas quais meu coração te reserva,

Curvo o olhar ao passar por outras pessoas,


A todas as outras não entrego mais que um olhar vítreo,

Não ousaria olhar em outros olhos e contemplar outra alma,

Depois de ama-lo tanto não poderia ser de outro,

Meu coração estremece ao te ver, escolheu você para amar,


Não ouve seus ruídos ensurdecidos a chama-lo?

Se não pronuncio por meus lábios, querido nota em meus gestos,

- Eu te amo, e não sei como amar menos,

Embebo meus lábios de amor puro e lhe dou de beber,


Veja no doce dos meus beijos como pronuncio o seu nome,

Seja em sussurros ou gemidos trêmulos de puro sentimento,

O amo agora como foi no início e será até final momento,

Encontrastes em meus carinhos o seu nome desenhado?


Olha em minha fala como não tenho outro em pensamento,

Meu amor não sou de inventar argumentos: o amo,

Tendo somente Deus por testemunha, e as estrelas onde o desenho,

Querido, já olhastes no céu da meia noite?


Existe um coração lá, a oeste de onde nos abraçamos na primeira vez,

A esquerda de onde reconheci o seu olhar seguro,

Com dois passos a direita daquela minha flor trepadeira branca,

Acima de onde me abaixei para juntar a flor e o vi lá no alto,


Fui incapaz de conter o eu te amo em meus lábios ante a luz do seu olhar,

Lá neste ponto do céu há um coração com seu nome quase apagado,

Embora o ame com toda a alma não quis chamar a atenção,

Bem sei do seu jeito discreto,


É para as estrelas que os meus desejos são transportados,

Lá, existe o seu rosto desenhado, mas, apenas se você prestar atenção,

A meia lua ele fica mais visível, na cheia eu estou junto contigo,

Não posso te dar outro testemunho além do que tenho,


Tens o Eu te amo em meus lábios e gestos derramados,

Por quatro vezes e mais mil o pronuncio em nossos beijos,

Na quinta vez em que o faço, ouça-me como puder fazer,

Mas não se recuse ao que sinto, não sem antes ouvir o que eu tenho a dizer:


Eu te amo e rogo a Deus que sua maldição repouse sobre mim,

Se meu amor por ti for em falso ou se o que eu digo não se cumpra,

Te amo hoje como foi no início e como será até o fim,

Que ele me castigue se nas quatro vezes que lhe fiz minha promessa,


Eu te amei pouco ou pronunciei alguma mentira através dos meus lábios,

Repara como Deus fez as estrelas lá no alto,

É para que não possam tocá-las, mas eu provei mais que isso em sua boca,

Veja como as vezes elas caem, tão dispersas umas das outras,


Eu não meu amor, quero que fiquemos juntos um ao outro,

Ora, meu amor, mas eu não jurei por quatro vezes, jurei meu amor por cinco,

E acrescentei uma sexta sem argumento, por ser esta a verdade do que sinto,

Lá onde apenas a brisa deve tocá-las - há um ar frio e vazio-,

Não devem ter outra alternativa senão cair e perder-se de si mesmas,


Mas, aqui meu amor, mil pessoas estão despertas,

Mas apenas você ganhou meu olhar e a solidez do quanto eu o amo,

As estrelas que caem dos céus atingem a terra em cheio com seus vazios,

Comigo é diferente meu amor, porque o amo muito mais que isso,


Sozinhas em um céu gélido despencam desesperadas em brasa viva,

Não queira ser como elas meu amor, não negue o que eu digo,

Me amar ou não é sua alternativa, mas negar o que sinto não,

O fulgor dos raios do céu põe nossos olhos em perigo,


Então, querido, por favor, eu te peço: não olhe muito,

Nem tudo o que está exposto na vitrine merece de você ser digno,

Deus que tudo criou e tudo sabe, entende bem o que eu te digo,

Te amo, pela sexta, sétima ou milésima vez, como eu lhe disse antes,

O amo como o amei do início e como será até o último instante.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Um Primeiro Beijo

 

Existe um lugar que se estende ao norte,

A partir da estrada margeada por árvores e algumas poucas flores,

Cinco quilômetros a oeste de onde ficam as primeiras montanhas,

À quatro quilômetros de um campo recheado por gramas floridas,


Há quem alegue que elas nunca cessam o seu desabrochar,

Que os pássaros que cantam por lá são únicos e fazem chorar,

À direita deste lugar existe uma fonte de fogo de onde o sol nasce,

À esquerda ele se deita para descansar além do horizonte,


Mas, por algum motivo os campos de lá são os mais bonitos,

E a água que percorre o rio é amena – doce, serena e as vezes, morna-,

Depende do lugar em que se põe o pé, algumas partes diferem,

Porém, o sol ardente nunca toca este lugar,


Lá é um lugar seguro e promissor,

O acesso se dá por um desvio bastante desconhecido,

Sua estrada, embora exista, não se encontra no mapa,

A cortina de árvores que a adorna, mantém-se fechada,


Apenas os que a conhecem conseguem alcança-la -  a estrada-,

O sol que brilha um pouco acima do teto desta mata

Mantém-se vívido, o que proporciona uma claridade languida,

Suas flores guardam um cheiro de tempos passados,


Sempre que passo por lá recordo tantas histórias...

Foi lá que conheci o homem que eu amo,

A história é comprida, mas eu disponho de algumas linhas,

Era um dia de chuva, trovejava por lá,


Parei diante dele com a respiração ofegante,

Tentava me refugiar em algum lugar que estivesse seco,

Não trouxe guarda-chuva e se aproximava a tempestade,

Ou a forma de uma, dizem que neste lugar nunca cai ventos fortes,


Foi então que o vi, ele enxugou o rosto com um lenço amarelo,

E depois fitou-me, dizendo algo que eu não ouvi,

Seus lábios movimentavam-se rápidos e eloquentes – o entendi -,

Se aquele rio que corria logo adiante fosse feito de tinta,


E todo ele entornasse entre os meus lábios em forma de palavras,

Eu não seria melhor que fui, precisaria de um mar dele ou mais,

E não seria o bastante para expressar todo o sentimento,

O amei de forma avassaladora que nem mesmo o vento me tocava,


O trovão mais forte não continha o timbre da sua voz,

O relâmpago mais próximo e ardente não continha a luz do seu olhar,

O raio mais cortante não me penetraria como ele,

Se cada gota tornasse palavra, mesmo somado a chuva não bastaria,


Não pude ouvir nada, estava estagnada em tudo que sentia,

A neve do último inverno descia nas montanhas ao longe,

O frio que me escondia de amar alguém era espantado – ficava distante-,

Quanto mais ele se aproximava mais eu correspondia,


Estremecia e não era por medo, ardia em brasa viva e não era fogo,

Sentia o sangue correr mais intenso, algo dentro de mim reagia,

Confesso que sobre isso não sabia que atitude tomar,

Embebi no doce dos meus lábios as palavras que pude,


Quis dizer o máximo do que sentia e não saiu nada,

Pensei em gesticular, foi quando a chuva caiu lá no horizonte,

Feito uma cortina de sentimentos ela veio em nossa direção,

Leva-se alguns minutos até que nos tome em suas mãos,


Leva-se muitos dias até que toda a neve derreta,

Não no nosso caso, o frio do meu coração derreteu na hora,

O gelo em meu olhar evaporou em sentimentos fidedignos,

E a chuva quando nos tocou serena parecia que cantava,


O primeiro pingo caiu no meu rosto, logo abaixo do meu olho,

Parecia uma lágrima de uma alegria desconhecida,

Os outros molharam meu cabelo, esvoaçando-o na brisa fresca,

Depois molharam a minha roupa rosa,


Em sobressalto contemplei o cair do seu lenço ao chão,

Nem me esforcei para juntar o vento o carregou consigo,

Não era apenas minha a emoção de estar com ele,

O tempo o tinha entre seus dedos e gostava disso...


Ele fungava enquanto falava alguma coisa e me olhava,

Eu tossi uma vez, engoli em seco e terminei próxima demais a ele,

Ele parou para recuperar o fôlego, seus olhos brilhavam intensos,

Passei a língua em meus lábios e elevei um dedo ao alto,


Desejei conquistar sua atenção, toquei em seu ombro,

Afrouxei os outros dedos e apertei-o, queria ver se era real,

Trouxe-o: eu te amo me vi sussurrar, talvez feito uma tola,

Sem esperar por sua resposta o beijei naquele mesmo local,


Enquanto um bando de andorinha voava buscando abrigo,

E algumas tesourinhas pareciam brigar nos céus por entre os relâmpagos.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Lhe Juro Amor

O acesso por seu coração era por um desvio que não chamava a atenção,

Usei uma voz calma e compassiva, que falasse de amor,

Mas evitasse discursos como se estivesse me promovendo: a emoção,

Utilizava-a em cada gesto através do qual media cada palavra,


Sim, nenhum afago ou gesto de carinho era expresso em vão,

Muito menos minhas frases eram utilizadas para ser jogadas fora,

Repara como todas as coisas criadas por Deus projetam sombras,

Ora elas pendem para direita, outrora para a esquerda,


Porém, nunca conseguem esquivar ou esconderem-se de seu olhar,

Assim me prostrei para quem amo, de coração aberto e alma pura,

De peça a peça eu me despi do orgulho, aos seus olhos fiquei nua,

Amado foi ele desde o primeiro olhar, porem nem sempre soube,


Fiz do meu amor um sonho bom, castigo a quem sofre de solidão,

Poderia ele ser comparado a alguém que teve tudo e não soube merecer?

Se caísse ferida diante dele por ter lhe dado amor nem assim seria em vão,

O amor que é feito fagulha a um pestanejar some sem deixar rastros,


O meu não é assim, o amo em cada passo e em cada pulsar do coração,

O amor tem poder sobre tudo, que seus braços possam me agradecer,

Pois a nenhum outro seria capaz de entregar tudo o que sinto,

Feito o voar das borboletas, dos pássaros ou da folha que deixa-se,


Há nisso um sinal divino, por vezes, é melhor permitir-se guiar por outro,

Que seria da pessoa que perambula pelo caminho sozinha?

Um coração precisa de outro para pulsar, eu já sei disso,

Aprendi com ele, aquele que amo com toda a alma e mais um pouco,


E se algum dia ele afastar-se de nós dois? Ficará nele esta mensagem:

A de que ele foi amado como nenhum outro e não será esquecido,

Existem os que conhecem o amor, mas desviam-se: estes são ingratos,

Não ele ou eu, porque o que sinto será para todo o sempre: - prometemo-nos!


Respeito nosso compromisso que teve Deus por testemunha,

Não ei de trair um juramento confirmado, Deus tudo sabe, iria entristecer-se,

Depois de ter conquistado seu afago e suas juras de amor,

Que irei querer mais? Sou a pessoa mais feliz do mundo!


Meu amor é maior e tem mais poder que outras possam oferecer,

Eu irei provar isso em cada instante das nossas vidas, porque eu quero,

Adoro ver em seus olhos o quanto ele se sente e sabe que é amado,

Nisso Deus provará e caso duvide lhe mostrará que está em erro,


Eu sei que posso pisar em falso e errar de vez em quando,

Sou falha não posso negar, mas o amo e como amo!

Em cada mágoa que sentes, bem sabes que meu castigo é grande,

Sua dor é minha, sua angústia me fere sem precedentes,


O que possuis esgota-se; porém, no amor é tudo diferente,

Em cada vez que entrego, muito mais me vejo sentir por ele,

Quando digo que o amo, o juro e rogo a ele proteção para nós dois,

Há sempre um desamor que conspire contra o que sentimos,


Ele sabe disso; Deposito no que sinto toda a minha confiança,

Eu sei o quanto o amo: azar dos desamores serem ignorantes!

Rezo para que nada nos distraia, me feriria de morte perdermo-nos,

Mas cada qual recebe o que merece, ninguém é prejudicado;


Dos meus lábios eu lhe envio o mais puro amor, e dele o recebo,

Suas palavras são carícias que me arrepiam a pele,

Sua voz é como música as meus ouvidos, mexe comigo,

Me penetra até a alma e me embala, feito uma dança,


Quando vejo não sou mais que um reflexo do que sinto,

O amor não machuca ele constrói-se por si mesmo,

Em tudo que penso ou faço o vejo como prioridade,

Ele tem valor diante de mim, me derramo em sentimentos,


E ele sabe disso! Agradeço a Deus por ter ele comigo,

Nenhum outro ser saberia o quanto eu o precisava,

Nem mesmo o quanto eu seria capaz de sentir por alguém,

E lhe concedo meu coração agora e sem que tarde, uma família,


O amor sentido é o mesmo que é oferecido,

A jura é feita no decorrer da carícia que percorre o corpo,

A promessa feita por lábios que beijam a boca apaixonada

É a mesma que será cumprida pela ternura de quem a entrega,

Lhe juro amor nem tenho para nós outros planos,

Ei de amar pela vida inteira, 

Como era do início: no mesmo fervor será.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Fica

 


Os olhos claros que me olharam por cima da hortênsia,

Me prometiam muito mais que a proximidade do azul do céu,

A um afagar dos seus dedos uma flor azul foi removida,

Tão logo uma mão se estendeu em minha direção,


Um eu te amo eu vi ser pronunciado por seus lábios,

No doce mover da sua boca sem ruído ou outro gesto,

A importância que ele me cedia me fazia única,

Ainda dói quando me lembro o seu afastar de nós,


Recordo ter me inclinado e oferecido a minha mão em concha,

Toquei usando toda a minha força o seu braço,

Disse num sussurrar e um pulsar acelerado: meu amor fica,

Na mão em concha que eu lhe estendia continha muito,


Posso afirmar que lá estava eu inteira sem mentira alguma,

Pois antes de estendê-la levei-a ao peito e retirei-me,

Ali cabia o meu coração, pois na caixinha que sou eu,

Na qual eu o guardava já não havia mais espaço, perdia-me,


Eu estava tão repleta dele que precisava me entregar,

O erro que cometi tentei concertar com minhas lágrimas,

A dor que eu sentia eu tentei guardar sem dizer nada,

Mas o amor, este eu guardei todo naquele gesto e o ofereci,


Derramado em minhas veias, até nas lágrimas que caiam sobre mim,

Juntei toda a minha força para oferecer um último gesto,

E com ele, uma única palavra que não podia ser calada: fica, eu repetia;

No mesmo instante em que eu me inclinei eu sabia seu tamanho,


Tive ideia do quanto ele era importante e da futilidade do meu caminhar,

Aquele salto agulha que eu usava, não adiantava em nada e até feria,

No inclinar vi transbordar tudo o que eu sentia sem exageros ou clemência,

Eu o amava como nunca a nenhum outro, e ainda tentava me enganar,


Apegada a erros que eu mesma criava para pôr empecilhos,

Na busca do aproximar eu criava distância que eu definia: segura,

Ele compreendeu a mensagem e agora decidia se afastar,

Não negava as juras feitas, nem recolhia as carícias postas,


Apenas partia, dizia que achava que se aproximava a hora,

Provavelmente aquela que eu criei a nossa volta,

A hora de sofrer, os minutos em que eu me recolhia em lágrimas,

Acho que me apaixonei pela dor e não sabia mais viver sem ela,


Mas, agora inclinada, a dor fervilhava em angústia e eu cedia,

Meu coração se derramava diante dele, e dentro só havia amor,

Corriam a nossa volta as lembranças de nós dois juntos e felizes,

E elas gritavam tão alto: não vá, eu lhe peço; que eu não podia recuar,


- Fica, me vi falar, prometo tentar ser, ao menos, diferente de antes...

O primeiro fica saiu num rompante sussurro com vida própria,

O segundo estava mais ciente de sua necessidade e existência,

Mas, no terceiro, eu fechava todos os meus dedos em seu braço,


Ousava olhar em seus olhos sem conter as lágrimas e falar: fica;

Nunca uma palavra foi tão digna de sentimento e tão real quanto esta,

Creio que nunca outra marcará de tal forma: fica, me vi repetir,

Ele se soltou numa sacudidela singela e segura,


Tomou distância segura e de longe, acho que me fitava,

Confesso que quando meus dedos se soltaram eu baixei a cabeça,

Não desejei ver o homem a quem amava partindo da minha vida,

Penso que nem todos são tão fortes e seguros desta forma,


Alguns minutos se passaram levantei o rosto para ver o horizonte,

Queria gritar a ele: destruída, então o vi em pé na minha frente,

Logo atrás do pé de hortênsia, alto e exuberante,

O homem másculo por quem me apaixonei perdidamente,


Dali de onde eu estava podia ver que ele tocava os céus sem sair do lugar,

Seus olhos claros refletiam o firmamento em seu sorriso curvado e singular,

Ele moveu a mão, eu tive um sobressalto rezei aos céus: meu amor, fica,

Queria dizer a ele, meu anjo eu tenho medo, por isso ajo como ajo,


Mas, meus lábios se moveram por vida própria estagnados naquela palavra: fica,

-Eu te amo -, os dele me responderam., seguido por - sim, vou ficar -,

- Tá, foi minha resposta, seguido por um sorriso de canto da boca,

Como aquela que concorda e nem sabe se acredita de tão feliz que está.

Cobrança de Aluguel

Quinze dias na casa nova. Cidade nova. Saudades do pai. Não haveriam novas notícias. Ele estava distante, Estava onde não h...