sábado, 17 de maio de 2025

Quando Você Foi Meu

Quando você foi meu
O mundo mudou a cor
O meu redor ganhou valor,
Tudo se intensificou,
Mesmo a vida ganhou sabor.
Quando você foi meu,
Meu olhar não soube desviar,
Meu sorriso de procurou,
Meu coração te desejou
Meu abraço só quis o seu.
Quando você foi meu,
Eu quis ser só de nós dois,
Quis mudar o ritmo,
Formar uma família,
Sonhei nossos filhos.
Quando você foi meu,
Eu vi tudo com novo olhar,
Eu criei coragem que não tinha,
Fiz tudo que pude pra te amparar,.
Fui sincera como nunca,
Se pudesse te protegeria
Ainda melhor.
Quando você foi meu,
Eu vi a cuidar do lar,
Sorri feito criança,
Tive um sonho em que me alicerçar.

De Filho pra Pai

“Vai com Deus, filho”.
Abençoa o pai
Na saída para a escola.
O filho segue feliz,
Mochila nas costas,
Notas boas para alcançar,
Conhecimento a adquirir-se.
Tudo que o filho aprende
E evolui mentalmente
Vale o tempo em que o pai
Trabalha sozinho,
Se esforça o máximo possível
Para lhe dar um tênis
Mais legal
E uma roupa mais confortável
Para ele não fazer feio
Com os colegas.
Porém, os amigos
Cobram atenção,
Atenção exige atitudes,
E vem s primeira falta
No colégio,
Depois disso,
A diversão.
O filho se torna mais querido
Entre os colegas
Que contam com ele
Para as faltas,
E festas.
O filho mente para o pai,
Continua indo
Sempre nos mesmos horários
Finge fazer o tema,
Finge recuperar matéria,
E foge dos assuntos
Dos quais já teria conhecimento.
Chega o final do ano,
O boletim está em branco,
E o pai com cheque sustado no banco,
Esterno de fatura,
Saldo devedor na conta.
Chega a idade
O filho aprendeu a mentir,
Usar o tempo de trabalho
Para se divertir,
Todavia, o trabalho exige
Um mínimo de estudos,
Um pouco de conhecimento,
E muito de habilidade.
O filho leva currículo,
Não tem seu potencial reconhecido,
Ao final de sua busca,
Retira do pé ferido
O sapato descolado
Por buscar trabalho
E finalmente, decide ter
Uma conversa com o pai
Que nunca teve,
E que está atrasada
Por tantos e poucos anos.
“ pai, eu faltei às aulas,
Não foi única vez,
Na verdade,
Tenho a contar
Eu nunca me formei,
Desisti a muito tempo atrás,
O resto do tempo
Eu te enganei”.
O pai sentado a mesa
Espera o almoço,
Já cansado do trabalho árduo,
Retira o boné da cabeça,
Chacoalha o suor
Que escorre sobre as pernas,
Faz vento no rosto,
Olha o filho
Com lágrimas no olhar.
“ Filho, o pai pode te ensinar
Tudo que o pai sabe fazer
E você aprende a dar continuidade
A tudo que fui até hoje,
Une o meu saber
Ao seu aprendizado
E fazemos o que for preciso
Juntos”.

De Árvore pra Banda

De menina
Eu subi na bergamoteira,
Sentada a me embalar
No seu galho,
Eu formei minha própria banda.
Eu fazia o vocal,
O som provinha das frutas,
A baterem uma na outra,
Caírem no chão
Sobre os galhos secos,
Mais suas folhas
A voarem pelo vento...
Até pousar bem distantes,
De tudo isso
Retirei minha melodia,
Compus minha própria letra,
Tentei não me arranhar
Nos galhos,
Não fazer um rock da pesada
Pra não quebrar os galhos,
Não curtir metal
De forma muito intensa
Pra não matar a árvore toda.
Na hora de descer
Eu soube pular do tronco
Para a terra,
Soube chamar meu pai
Para me buscar,
Soube pedir o colo
Da minha mãe...
No caminho do sucesso
Da banda,
Eu convidei os amigos
Para o show,
Chamei ao palco,
Chamei meu irmão
Para fazer voz dupla,
Chamei os vizinhos
Para a plateia,
Fiz até plaquinhas
Para o fanatismo...
Tudo isto me preparou
Para o futuro de sucesso
Que estava por vir,
Chegar na banda que me inspirou,
Que me fez pular os versos,
Construir outros,
Juntar todos
E chamar de música...
Me fez eu valorar as velhas fitas,
Poxa, eles já não estão
Tão jovens,
Nem brincam em árvores,
Seus cabelos estão brancos,
A barba desfeita,
As roupas que usam
Pertencem a épocas passadas,
Mas nunca estiveram
Tão intensos
E tão da hora.
Pelos bons,
Pelos velhos tempos,
Eu os vejo em pranto,
Vibro em seus sons,
Me declarou fã
E grito te amo
Galera foda!

Suas Chamadas

“Alô pai,
Com orgulho
Te comunico
Minha formatura.”
Conforme desligou
O telefone,
Ele jogou o chapéu
De formado para o céu.
Ligou o carro,
Aqueceu o motor
E acelerou,
Chegou no bar,
Parou.
“Hoje a rodada
É por minha conta,
Não me preocupo
Com estudos,
Não tenho mais provas.”
Ali iniciou a bebedeira,
Parou na balada,
Passam para muito
De meia-noite.
O pai acorda
Depois de seu primeiro sono,
Levanta,
Acende uma vela
Pede a Deus que interceda,
Que vigie e ampare
Seu filho.
A vela se apaga,
Será mau aviso?
Ele se ajoelha
E junta as mãos
Para o céu em prece.
O filho continua a beber,
Em meio a tantas latinhas,
Enche a boca
Com tudo que tem,
E cospe para a frente
Sem ver,
Cospe o líquido,
Cospe saliva
E algumas palavras
Na cara do amigo.
O rapaz já está embriagado,
Seu instinto
Para aturar garotos saturados,
Estourou na última cola da prova,
Acabaram as aulas,
Também acabou a moleza,
Agora vem a dureza.
Ele empurra o garoto
Que ainda tem bebida
Dentro dos lábios,
O rapaz cai de mal jeito,
Afoga-se no chão da balada,
A música não para,
As luzes ainda piscam
Em mil cores,
Ninguém o acode.
O amigo está dando seu
Segundo passo
Para se distanciar do outro
Que está engasgado,
A convulsionar no chão,
Então, retorna,
Olha para trás
E vê o outro a mercê do nada.
Seu pai,
Em casa eleva as mãos
Para o céu,
Acende outra vela
E cola a primeira
Para fazer chama
Mais intensa,
Ver se a prece se aligeira,
Se a oração consegue
Se intensificar...
Parece que Josué,
Lá na balada o ouve
E se apieda de seu filho
Paulo,
Ele retorna até o amigo,
Se abaixa e o ajuda.
Então, lhe oferece o ombro,
O carrega para fora,
Lhe oferece ar puro,
O garoto chora,
Por um minuto
Que não alcança seu fim,
No chão onde mais sonhou
Seu futuro promissor
Enquanto estava na classe
Da faculdade.
Ambas as chamas
Se apagam,
O pai não se cansa,
Reacende...
O filho não chama,
O pai não atende,
Mas o pai espera,
Não se adianta
Em buscar pelo filho
Que não quer ser encontrado.
Ele coloca o celular
Ao lado da vela,
Acrescenta uma terceira
Ao lado das outras,
Espera as horas,
Conta as chamadas.
Há o tempo dos normais,
E há o tempo dos pais,
As horas passam para ambos,
Mas os pais contam seus ponteiros
Em tempos vividos
Com os filhos.

Impedimento

 “meu filho,
Meu filho”.
Gritou minha mãe, Amparo
Se segurando nas grades
Da cela de presídio
Em que eu estava preso.
Suas pernas,
Cansadas do trabalho,
Vacilaram,
Ela não teve forças,
Teria caído,
Contudo,
Eu me virei para ela
Encarei o que fiz,
Vi nos seus olhos
A dor
Que nunca senti.
Ela chorava,
Se debruçava contra
As grades.
“Senhora,
Vou te pôr pra fora
Por perturbação
Ao sossego,
O que você acha que é?”
Gritou o agente prisional,
Lá de fora,
Vendo-a.
“Eu não sou nada, senhor,
Eu não sou nada
Sem meu filho,
Eu preciso abraça-lo, senhor “.
Ela gritava
 Com o pouco de voz
Que tinha,
Era pouco mais que um sussurro
Rouco afogando-se
Em lágrimas.
“Cala a boca,
Ou vai presa,
Vai responder crime,
Quem você acha que é?”
O agente retornou
Com voz alta e estridente,
Então, abriu a porta da sala
Onde ela estava,
Que tinha dentro outra grade,
Onde fechados,
Ambos estávamos.
Ele levantou a mão
Contra ela,
Olhou para seu rosto choroso,
Aprumou a mão
Levando a parte de trás
Fazendo vento contra
Seus cabelos
De mulher honesta
E trabalhadora.
“senhor,
Não bate em minha mãe,
Não,
Ela é honesta
E trabalhadora,
Senhor?”
Eu gritei alto,
Vendo ódio em seus olhos,
Eu não resisti ao embaraço
E dor extrema,
Me levantei da cadeira,
Algemado como estava,
Toquei as grades
Que me separavam dela
E as chacoalhei
Mostrando a força de um filho,
Que fechado por grades,
Contido por toda
Uma estrutura de tijolas,
Armas, gritos e socos,
Ainda é um filho.
“Senhor, não bate nela,
Ela sente saudades,
Me ama,
Senhor não bate nela”.
Três guardas
Entraram por dentro
Da minha sala,
Pelo lado direito a ela,
Que por sua vez,
Tinha outra porta
Para de tê-la,
Me seguraram,
Me puxaram
Com socos contra
Meu cabelo raspado
E mal cortado,
Conforme exigiram de mim.
Me puxaram com tanto ímpeto,
Que eu teria derrubado
Aquelas grades sobre nós,
Não soubesse que a colocariam
No mesmo lugar que eu,
Pelo crime que ela não fez,
Atitude que jamais teria
Ou me ensinou a ter.
“ Solta estás grades, vagabundo,
Solta estás grades
Filho da puta”.
Ele gritou
Cuspindo contra meu rosto.
“Minha mãe
Não é puta, senhor,
Ela é mulher direita”.
Eu gritei,
Erguido pelo cintura,
Tendi meus ossos comprimidos,
Esmagados por força bruta.
“ Tirei minhas algemas,
Sou inocente,
Preciso proteger minha mãe,
O que eu fiz,
O que eu fiz?”
Tive tempo de gritar
Já dentro da outra sala,
Vendo aquela porta se fechar
E me tirar minha mãe,
Depois só vi alguns socos
E o solo sujo contra meu rosto.

Mãos de Trabalhador

“Você está preso,
Não reaja ou morre”.
Gritou o soldado
Ao me ver,
Eu estava em minha própria casa,
Não ameaçava,
Me defendia.
O soldado não me ouviu,
Nem veio sozinho,
Veio aos montes
Pra me chamar de bandido,
Em número alto
Parecia me gritar culpado,
Culpado de quê?
O que houve?
Em cada lado que olhei
Tinha um soldado armado
Contra eu,
Minha família estava em risco,
Agiram contra eu
Como se eu fosse um perigoso...
“Perigoso?”
Eu disse,
E coloquei minhas suas mãos
Para frente e juntas,
“Veja meus calos,
São de trabalhador,
Olhe em minha volta meu serviço,
Não me prenda por desconhecimento,
Eu sou agricultor,
De lei eu não entendo,
Mas entendo de trabalho,
Não tomem o que eu tenho,
Fiz as custas de meu esforço,
Sou um pobre analfabeto...”
O soco que eu levei
Contra meu rosto,
Eu não mereci,
Aquela mão solta contra
Meus ossos de velho
Eu não mereci.
Puxaram minhas mãos
Para a frente,
Mesmo estando juntas
E unidas,
Fecharam minhas mãos
Com ódio,
Me colocaram algemas,
Puxaram meus braços
Como se quisessem arranca-los,
Meus músculos se contraíram,
Eu senti dor em casa osso,
Então, me puxaram algemado
Para a frente
Em busca da viatura,
Outro me soltou um chute
Por trás,
Contra minha coluna,
De velho decrépito,
Eu disse,
“Senhor não me mate”!
E veio o baque
De suas mãos fechadas
Contra meus ombros,
Um soldado
Pulou para cima
Em busca de mais força
E não sentiu medo ou piedade,
Eu teria caído de joelhos,
Mas fui forte,
Gemi minha dor,
Mas, talvez,
O soco que levei de frente
O mesmo instante me ajudou.
A porta traseira da viatura
Foi aberta
Eu fui jogado para dentro
Feito estopa velha,
Uma arma contra minha cabeça
Ou mais,
Eu já não soube,
Agora dentro da delegacia
Eu olho minhas mãos calejadas,
Nem aqui penso
Que não valem nada.

Aprisionado

Eu temia por minha família,
Temia por minha própria vida,
Adquiriu uma arma,
Sem saber dar um tiro,
Ou querer usá-la,
Eu disse:
“A tenho por proteção”.
A polícia soube disso,
Veio sem aviso,
Estes corruptos,
Me levaram preso,
Apreenderam a arma,
Eu perdi meu dinheiro,
Me coloquei em maior perigo.
Na mira da polícia,
Na mira do bandido,
Ganhei uma noite de cela,
Pra sair tive que pagar multa,
Ou seja,
Desembolsar meu dinheiro,
Me chamaram de vagabundo,
Me trataram como um qualquer.
Cuspiram contra meu rosto,
Não ouviram meus medos,
Não tiveram receio
De ferir meu corpo
Com empurrões e apertões,
Colocaram algemas
Em meus braços trabalhadores.
Me seguraram no aço,
Feito um escravo,
Obrigado a pagar pelo
Que não fiz,
“Se eu fiz a denúncia, doutor,
Dos meus medos,
Por quê eu fui preso?”.
Eu indaguei só advogado,
Me deram direito
A conversar com um,
“ Porquê a polícia não resolve medos,
Apenas crimes feitos”.
O soldado do meu lado ria,
Um sorriso de quem é protegido,
De quem está acima de tudo,
De quem volta pra casa
Com dinheiro,
Com meu dinheiro,
Se sustenta as minhas custas,
As custas de um homem amedrontado,
Que faz o que pode para defender a família.
Maldito soldado,
Eu quis cuspir no chão,
Eu salivei de ódio,
Preso e amordaçado,
Por quê não usar a palavra amordaçado?
Se tudo o que eu disse
Não foi escutado,
Se meus medos
Não podem ser comprovados
Porquê meu próprio inimigo
Mora ao lado,
Tem acessos privilegiados
Porquê ele tem coragem
De fazer o que eu não faço,
Invadir, criar provas, furtar,
Se omitir,
“Sim, doutor, se omitir
De tudo que armou contra mim”.

Casada por Acaso

O término do namoro Levou Ana ao dezenove Pote de dez litros de sorvete, Já conhecia todos os sabores, Brincava com as cores...