sábado, 17 de maio de 2025

Mãos de Trabalhador

“Você está preso,
Não reaja ou morre”.
Gritou o soldado
Ao me ver,
Eu estava em minha própria casa,
Não ameaçava,
Me defendia.
O soldado não me ouviu,
Nem veio sozinho,
Veio aos montes
Pra me chamar de bandido,
Em número alto
Parecia me gritar culpado,
Culpado de quê?
O que houve?
Em cada lado que olhei
Tinha um soldado armado
Contra eu,
Minha família estava em risco,
Agiram contra eu
Como se eu fosse um perigoso...
“Perigoso?”
Eu disse,
E coloquei minhas suas mãos
Para frente e juntas,
“Veja meus calos,
São de trabalhador,
Olhe em minha volta meu serviço,
Não me prenda por desconhecimento,
Eu sou agricultor,
De lei eu não entendo,
Mas entendo de trabalho,
Não tomem o que eu tenho,
Fiz as custas de meu esforço,
Sou um pobre analfabeto...”
O soco que eu levei
Contra meu rosto,
Eu não mereci,
Aquela mão solta contra
Meus ossos de velho
Eu não mereci.
Puxaram minhas mãos
Para a frente,
Mesmo estando juntas
E unidas,
Fecharam minhas mãos
Com ódio,
Me colocaram algemas,
Puxaram meus braços
Como se quisessem arranca-los,
Meus músculos se contraíram,
Eu senti dor em casa osso,
Então, me puxaram algemado
Para a frente
Em busca da viatura,
Outro me soltou um chute
Por trás,
Contra minha coluna,
De velho decrépito,
Eu disse,
“Senhor não me mate”!
E veio o baque
De suas mãos fechadas
Contra meus ombros,
Um soldado
Pulou para cima
Em busca de mais força
E não sentiu medo ou piedade,
Eu teria caído de joelhos,
Mas fui forte,
Gemi minha dor,
Mas, talvez,
O soco que levei de frente
O mesmo instante me ajudou.
A porta traseira da viatura
Foi aberta
Eu fui jogado para dentro
Feito estopa velha,
Uma arma contra minha cabeça
Ou mais,
Eu já não soube,
Agora dentro da delegacia
Eu olho minhas mãos calejadas,
Nem aqui penso
Que não valem nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caso: Assassinato da Balconista

Aos vinte e cinco anos Não se espera a chuva fria De julho Quando se sai para o trabalho, Na calada da noite, Até altas mad...