segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Amor de Uma Vida

Podiam se apaixonar à primeira vista,

Com direito a tão sonhada prisão domiciliar,

De condenar-se a ficar no abraço de quem se ama,

Sem tempo para acabar, prisão perpetua, para a vida toda,

Mas, este amor mesmo sendo tão especial para ela,

Talvez não durasse até o sol chegar, afinal,

 

Estavam acabando de se conhecer, ainda,

Sobre ele, ela não sabia nada, nem ao menos se a queria,

Consciente de que querer era pouco para tudo o que sentia,

Ela entregara-se ao beijo, as carícias do momento, silenciosa,

Nada escapara dos seus lábios, exceto os gemidos incontidos,

Os quais, ela fez questão que marcassem sua alma,

 

Para que quando se afastassem algo ainda a pudesse lembrar,

Por isso, se entregou da melhor forma que podia,

Morrer em vida era triste, então, por que não amar sem medida?

Procurava algo em que acreditar e se agarrava nisso,

Não acreditava estar errada por permitir ao amor guiar seu caminho,

Ela desejava deixar para trás os problemas de outrora,

 

Entregar-se tão profundamente ao beijo até esquecer de tudo,

Por que só vive intensamente quem ama por completo,

Disso ela entendia bem, então desejou ganhar dele ao menos a lembrança,

Marcar suas carícias em sua alma, com direito a nunca ser esquecida,

O que mais pode querer uma mulher quando se entrega a outra pessoa?

Para ela, os dois tinham a mesma ideia em mente, então se arriscaria...

 

Ela murmurava carícias em seus ouvidos e ele retribuía em seu corpo,

Ela roçava os dedos por cada detalhe dele, registrando-o em sua alma,

Uma entrega sedenta de quem ama e urge por ser correspondido,

Eles entreolhavam-se em meio aos carinhos e se compreendiam,

Era como se uma música fosse escrita por seus afagos,

E assinada dentro dos seus corações, em um lugar onde não pudesse ser tirada,

 

Situação esta, que nunca poderia ser negado o direito de ser lembrada,

Cuja qual chega sem avisar e se demora pelo tempo que queira ficar,

Sem que se possa afugentar, nos pega pela mão e conduz até outrora,

Mesmo que se queria guardá-la lá no fundo da memória,

Mesmo que se deseje fugir dela, esquecê-la, ela sempre retorna,

Chega se disfarçando de uma coisa ou outra, mas ela sabe o que deseja,

 

Sem regalias, sem meios que se possa evitar, quando o amor chama,

Ele vem buscar e não há quem resista, era apenas isso que ela queria,

Ser mais que uma noite nos braços de quem decidira amar,

Apesar daquele encontro ter sido inesperado, do tipo casual,

Ela apostava todas as suas fichas naquele rapaz,

Carícias propostas de modo a tocá-lo da forma mais profunda,

 

Beijos que confirmariam o encontro no dia seguinte,

Cada vez que ele olhasse para o próprio corpo, sentiria seu calor,

Ela apostava nisso, não se entregaria dessa forma para apenas uma noite,

Ele merecia sua entrega, ela podia sentir isso em seus olhos,

Seus sentidos guiavam as carícias quebrando o silêncio de suas almas,

Não houve relutância entre os dois, havia apenas a entrega...

 

Sem precisarem se acudir em bebidas para camuflar os afagos,

É certo que, também, não houvera tantos gestos românticos,

Mas o que estava havendo dentro deles dois bastaria para mantê-los,

Amavam-se de uma forma tão profunda que a sensação se prolongaria,

Por dias, semanas o que fosse, mas ao final, ela sabia: ele o procuraria,

Talvez se afastar por um tempo fosse importante para ele, ela entenderia,

 

Amar para uma vida inteira era uma decisão impetuosa,

A qual ela pagava o preço, não se esquivaria, mas quanto a ele, não sabia,

Seus corações batiam acelerados um nos braços do outro,

Em um ritmo sem precisão sobre o que estar fazendo,

Onde você apenas sente e liberta-se conforme o desejo ordene,

Não que se possa resistir ao amor, nada disso, mas o sente-se,

 

E mesmo que se recuse a se viver um relacionamento sério,

O tempo se encarrega de ditar o que fica e o que nunca deveria ter chegado,

O amor não desaparecia simplesmente porque era indesejado,

Ao contrário, não importa o quanto se queira fugir, ainda restam as lembranças,

Quem poderia apaga-las de dentro da própria alma?

Seria uma decisão imprecisa, melhor então, nunca ter se arriscado,

 

Com o coração carente de razão não há em que amparar a fuga,

Mesmo que sua atitude se apresentasse falha ao seu olhar,

Ela não iria desistir, assim fazem os que amam de verdade,

Ela aprendera isso, desde o primeiro instante em que o viu,

Apesar do seu coração ter se colocado em guarda,

Já não havia o que perder, só havia o que ganhar e tudo o que queria,

 

Agora, estava abraçando-a entregue as suas carícias,

Desnudo de erros, segredos, passado ou o que fosse,

Ali, entre aquelas quatro paredes, haviam apenas os dois amantes,

E nada mais que isso, seria o suficiente para mantê-los unidos,

Então, quando ele estivesse distante e a saudade o procurasse,

Ele lembraria dela, com certeza, não iria esquecê-la...

 

"Mas não fique bravo se eu não telefonar", ela parecia ouvir isso de sua boca,

Estremecera, tremula, sôfrega, ele parecera compreende-la,

Abraçando-a mais ainda, ela sentira medo de falar, não pela pergunta,

Pois era de todo sensata, mas temia pela resposta que ouviria,

Sentia-se fraca para enfrentar de quem estava amando a voz da indiferença,

Mesmo que apenas em palavras, isso iria feri-la sobremaneira,

 

Ela não resistiria, sabia disso em cada carícia na qual se entregava...

Como ninguém consegue ficar acordado por uma noite inteira,

Certa hora da madrugada, ela dormira, como seria o esperado,

A certa hora da manhã fora acordada com um beijo molhado,

Ele havia tocado a sua testa de leve, com carinho para não assustar,

Antes que ela o abraçasse e pudesse dizer algo romântico,

 

Ou qualquer outra coisa que lhe viesse à cabeça,

Ele se posicionou, ficando ereto, em suas mãos estava um buque de rosas,

Elas eram vermelhas, como o efeito deixado pelos beijos em sua boca,

Eram recém colhidas, como se desejassem marcar àquela hora,

Continham pingos de sereno, por terem contemplado a madrugada,

Eram, ao todo, seis lindas rosas, como o exato tempo em que haviam se conhecido...

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