Durante um primeiro momento,
Parecera fácil demais escolher a solidão como caminho
preferível,
Todavia, passara pouco tempo deste seu entendimento bem
definido,
Então, houvera desenvolvimento notável de atitudes a
priva-la das suas escolhas,
Tencionando obriga-la a escolher uma vida como a do restante
das pessoas,
Era difícil conseguir se esquivar, a cada foto postada
sempre um olhar à espreita,
Uma investida insatisfeita em busca de conquista-la,
Obriga-la de qualquer jeito a não ficar sozinha,
A cada olhar indagador uma acusação se escondia,
Por que motivo ela escolhe ficar sozinha?
Por que decide não se casar ainda?
A rejeitada a definiam, aquela que nunca se satisfaz,
Ela sentia-se reclusa, ninguém aceitava as suas maneiras,
Então, fingia relacionamento para mantê-los a distância,
A visão das pessoas é imperfeita no que refere-se a uma
mulher sozinha,
Sentem que há algum problema com ela, que lhe falta algo,
Querem obrigar-lhe a seguir o roteiro estabelecido nos primórdios,
Embora ela se recuse a isso, não significa que não se fira,
É difícil seguir na contramão do destino imposto por todos,
É complicado seguir a passos seguros um caminho falseado,
Em que todos escolhem apontar o dedo como se tivessem a
direção,
Quando se casam, exigem os filhos, quando não se casam, repudiam,
Exigem um padrão em que ninguém acredita, mas querem que
sigam,
Dominar os estilos, as roupas, o conteúdo que leem, o que
creem...
E quanto mais ela avança por este caminho de ladrilhos sobrepostos
no caminho,
Em que a cada passo em falso um escorregão antecede ao tombo,
Ela não tem nada além dos próprios braços para lhe erguer,
Exigem que tenha, olhos assustados a encontram e afastam-se,
Ao colocar-se na contramão do que acreditam, ninguém ousa
arriscar-se,
Talvez, temam contagiar-se com seus pensamentos,
Assustam-se com a ideia de verem seus erros questionados
E rejeitados por seus atos, a recusam por seus objetivos
diversificados,
Mas, talvez, dentro deles algo lhes fale sobre seus desacertos,
Uma pontada de incerteza os critique pelas escolhas
impensadas,
É difícil precisar a dimensão de erro de cada pessoa,
Mas existem situações e oportunidades que não voltam atrás,
Oportunidades se perdem em cada olhar equivocado,
Em cada palavra dita em hora incerta ou forma impensada,
Em cada gesto feito com o propósito ou não de machucar,
Embora quase sempre haja uma segunda chance,
Existem coisas que permanecem para sempre,
Ela tocou uma flor no jardim que desejava mudar de lugar,
Meneou a cabeça concordando consigo mesma, mudou-a,
Não havia outras preocupações com as quais se conectar,
Quanto mais o tempo passava, mais absorvia as coisas que
gostava,
Suas manias foram se intensificando, isso era difícil de
ignorar,
Agora, ignorava a idade, os cabelos brancos e vestia o que
queria,
Guardava a chave do carro onde desejava e saia para onde
quisesse,
Mantinha-se por conta própria, quitava suas contas, vivia
por si mesma,
Mas, sempre espreitava com alguém que se recusava a ela,
Tentavam modifica-la sob todos os aspectos, negavam suas
qualidades,
Duvidavam sobre sua força, rejeitavam suas capacidades,
Ela cansou de chegar nos lugares e as vozes se calarem,
Era assunto para tantas fofocas que já não se queixava mais,
Vira seu currículo ignorado e as oportunidades de emprego
retidas,
Exigiam que fosse como as outras, um salário por suas
vontades,
Não estava em questão um trabalho, mas sim uma submissão,
Queriam posiciona-la em sociedade, mantê-la sob rédeas curtas,
Não importava o conteúdo do que acreditava seu coração,
Teria que seguir as regras impostas ou estava fora,
Não tivesse capacidade para se manter sozinha, seria
ultrajada,
Não importavam suas lamúrias, suas lágrimas, as dores
sofridas,
Os calos em seus pés por procurar trabalho de lugar em
lugar,
As mãos acostumadas a pegar no batente sem forças para
lutar,
As roupas velhas usadas, doadas, emprestadas: se serviam ou
não nela,
Nada importava aos olhos cheios de cobiça por
sobrepujarem-na,
Sua silhueta esbelta perdera alguns quilos enquanto andava
sobre a calçada,
A fome se ausentava a cada final de mês, quando pensava nas
contas,
No entanto, nada conseguiu reter sua força de vontade de se
realizar como pessoa,
Estudara, se esforçara o máximo que pudera e alcançara seus
sonhos,
Porém, mesmo agora, ainda era alvo dos mesmos boatos incrédulos
de outrora,
Como conseguira se exceder sem se posicionar sobre a mesa do
patrão?
Como alcançara formação sem ceder as vontades do professor
bonitão?
Como se sobressaíra nos estudos se não pertencera aos grupos
do fundão?
Como se formara com êxito se nunca submetera-se a fazer uso
de cola?
Como conseguira pegar a lotação todos os dias e estudar como
estudava?
As vozes incrédulas, os falsos boatos ou o barulho da
condução, nada a incomodava?
Como conciliara os estudos com o trabalho, de que forma
sustentara a si mesma?
A saliva que embebia as palavras das pessoas ao seu redor
tinha nome,
Um nome que feria até mesmo ao se pronunciar em pensamento:
inveja,
Descrença quanto a sua qualidade e valia como mulher,
O sucesso de uma mulher obriga-a a usar um salto alto,
E vestir-se, comportar-se conforme o padrão escolhido,
Ela fora diferente e alcançara êxito, já conseguem acreditar
nisso?
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