Talvez eu conseguisse convencê-lo, iria tentar a sorte,
Dizem que ela costuma ficar ao lado de quem a busca,
Embora eu não acreditasse tanto nisso, iria arriscar-me,
Dizem, também, que quando não se tem nada a perder,
Pode-se arriscar tudo que quiser, aí é que reside o engano,
O que se está sendo oferecido nem sempre é favorável,
E quando o é, pode deixar de ser obtido facilmente,
Há uma linha tênue que separa o querer do obter,
Nesse sentido, opera-se sob a presunção da confiança,
Objetivo em mente, sorte grande para principiante,
Talvez, eu não conseguisse convencê-lo, também...
O amor era muito próximo dele, embora eu gostasse disso,
Isso também me deixava longe, me fazia sentir errônea, um
pouco,
A liberdade se colocava diante dele sob a garantia do
segredo,
Não consigo me convencer sobre viver uma vida às escondidas,
Contudo temia a exposição, mas as vezes ela parecia
solidária,
Entendo que quando a confiança é violada há uma espécie de
repulsa,
Eu o encarei, dispersa demais para compreender seus
desígnios,
Ele é lindo, com uma inteligência irredutível, confesso que
o admiro,
Havia tanta coisa envolvida entre nós dois que eu não
compreendia,
Mas, com aquele jeito másculo ele sabia contornar bem as
coisas,
Sempre me convencia de estar certo, embora discutíssemos, às
vezes,
Esclarecíamos sobre um ponto ou outro, mas permanecíamos juntos,
Eu me colocava distante dele, mas voltava aos seus braços
depressa demais,
Ansiosa, como sempre, olhei-o e o quis de qualquer forma que
fosse,
Se isso não faz sentido para você que está a me ouvir, faz o
suficiente para mim,
Sabe aquela confiança que não se abala por nada? Aquele
desejo intenso,
Que inflama a distância até colocarmo-nos juntos um do outro,
É uma espécie de chama que queima a distância, reduzindo-a
as cinzas,
Chama parece a palavra mais apropriada para definir seu
olhar,
Sendo a distância queimada, suas palavras soam feito afagos,
Em uma brisa fresca que manda as cinzas embora para outro
lugar,
Mantendo-a longe de nós, como se nada pudesse ferir nosso
amor,
Fossem as cinzas remessadas contra nosso rosto, poderia
ferir-nos,
Colocando-se sob os nossos pés, serviriam de fomento aos
nossos sonhos,
Assim somos nós dois, unidos em objetivos conjuntos e
exitosos,
Me esforço para isso e ele se esforça por nós, nada de
bagagens,
Reduzimos o excesso, de roupagem apenas os sonhos que
sonhamos,
Talvez essas palavras possam soar com ares de bobagem,
Faço aquele meu sorriso bobo, olho um pouco para o outro
lado,
Desentendida é a definição para quem pede abraço apertado,
Ele sabe disso, nunca se recusa a me brindar com seus
sorrisos,
Sorriso é a manifestação do sentimento que encurta
distâncias,
É o estimulo para que dois braços se abram na direção do
infinito,
Por estar abraçando quem não está tão próximo do contato,
É a senha padrão que diz, sinto sua falta, não te esqueço
nunca,
Quando o sorriso soa torto, os braços se fecham em torno de
si mesmo,
Longe do olhar, guardada no peito, abraçada do mesmo jeito,
Sozinhos ou em frente a terceiros, essa é a nossa forma de
amar,
Se com isso afetamos aos outros, importa-nos amarmos ao
máximo,
Embora não passe por nossas almas poder ser a última
carícia,
Como sempre nos amamos mais a cada segundo, demonstramos,
Creio que a culpa seja recíproca por nos amarmos em demasia,
Com essas palavras espero ter deixado o meu recado gravado,
Para que ele sempre ouça e saiba, de novo, sobre o quanto o
amo,
Gosto de lembra-lo sobre nós, gosto de demonstrar o que
sinto,
Retribuir o que recebo, acho que esse garoto gosta de mim
mesmo,
Com um sorriso de cumplicidade, olhei-o mais um pouco,
Se o perigo espreita em alguma esquina, nenhum de nós
passaria por lá,
Bem, considero que esta questão poderá ser examinada
outrora,
Desviei o olhar confusa, amávamos um ao outro na mesma
medida,
Não creio ser errôneo constatar nossas diferenças e saudá-las,
Há uma disparidade linda entre nossas alturas, ele é o meu
grandão,
E eu a sua pequena, nossos sonhos pulsam em sintonia em
nosso coração,
Assim que essas duas circunstâncias são acentuadas, tudo
muda,
E o amor que não passava de uma estatística se consuma em
nós,
Sua voz não consegue me enganar e eu não tento me esquivar,
Conhecemo-nos o suficiente para achar sensato calar sobre o
resto,
Embora ao redor tudo se transforme, em nós tudo é como
outrora,
É fato que não descarto a ideia de objetar sobre alguns de
seus atos,
Mas ao final, tudo nos soa feito um conselho romântico,
Sabemos contornar as coisas, ideias esquisitas transitam por
minha cabeça,
Há um caminho tortuoso nela, e ele se atreve a percorre-lo,
Lembro de tê-lo alertado sobre saber dirigir, ele se saiu
perfeito,
Ainda recordo o meu sorriso satisfeito e o olhar desafiador
que lhe dei,
Assenti uma única vez e ele concluiu sem chances de equívocos,
Encolhi os ombros naquele instante, precisava fazer algum
charme,
Embora não creio que teria desistido de nós de qualquer
forma,
Fiz com que tudo parecesse casual, não queria lhe passar as
respostas,
Contudo, mesmo acreditando que eu não espionava ele decifrar
as coisas;
Bem, ele se esforçou ao máximo e eu não facilitei nenhum
pouco,
Esse sorriso bobo que agora brinca em meus lábios, não quer dizer nada.
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