Ele era alto, lindo, inteligente e inexplicavelmente gentil,
Não eram as qualidades que ela esperava,
Era muito melhor do que desejava e acreditou ser capaz de
encontrar,
Não fosse sua voz suave e aveludada, com aquele toque de
prepotência,
Como se estivesse sempre descontente com o seu redor,
Ela não o teria encontrado naquela hora,
Poderia ter sido antes ou depois, mas fora na hora exata em
que precisava,
Sabe aquela sonhada questão proveniente do destino?
Então, foi muito melhor do que isso, algo que apenas os olhos
dele poderiam descrever,
Algo sobre o qual ela preferia deixar que as atitudes
mostrassem,
Ela confiara nele de uma forma que poderia ser definida como
cega,
Porém, ela abriu os olhos da alma, assim que o viu - é
certo,
E olhou para dentro de si mesma, de repente, algo a fez
mudar o foco,
Foram suas pulsações aceleradas pela proximidade dele,
Mais forte que o olhar desperto em sua alma fora seguir o
que o coração dizia,
Bem, que estranho a imagem de um filme passara pela cabeça
dela,
Mas naquela hora, ela já não conseguia mais pensar,
Algo a despertava para fora, algo ao qual ela não
resistiria, não seria capaz,
Naquele instante, parou tudo que fazia, ficou estagnada na
rua,
Admirar aquele homem com seu olhar, voz, gestos e tudo o
mais,
Fez com que ela não precisasse de mais nada, admirá-lo
parecia bastar,
Até que ele decidira cruzar por ela, sem desviar, olhando-a,
Porém, resistindo a aproximação, naquela hora algo chamara suas atenções,
Para ele, poderiam ser as batidas intensas do coração dela,
Algo audível, que gritava de dentro dela o que a voz não
falava,
Mas para ela, fora o medo de perde-lo, o medo de ver-se
distante,
Como se já não houvesse uma posição em que se colocar na
vida,
Como se tudo o mais pelo que havia passado tivesse perdido a
coerência,
Ela sentira necessidade de estar ao seu lado,
De seguir o que o destino parecera ter reservado a ela, ao
colocá-lo em seu caminho,
Cruzando seus passos, unindo seus destinos,
Talvez tivera sido isso o que sempre desejara,
Pensando bem, se é que lhe fosse possível pensar naquela
hora,
Ela parecera reconhecer a voz dele, de algum lugar, como se
ressoasse nela,
Não na esfera de um sino, em que precisa esvaziar-se para
ressoar,
Sem aquele efeito do badalo a ecoar em seus vazios para ser
ouvido,
Não que ela se recusasse totalmente a ideia de estar vazia,
Sentira-se preenchida, assim que o vira passar na rua, e
caminhara ao encontro do destino,
Mas diante dele, seus braços se abriram de forma estranha,
Sua mão sentira-se pequena, sua voz soava trêmula, algo a
desconcertava,
Sentira que suas crenças, valores e tudo o mais vira-se
incompleto,
E a resposta parecia estar passando por seus olhos,
Ela não poderia permitir que se afastasse não depois de tudo
que parecera dizer,
Será que ele ouviria suas necessidades gritantes através dela?
De tudo que ele era, ela não se definiria como um mero reflexo,
Sabia seu valor, acreditava no que pensara ter interpretado
nele,
Mas sentira que havia um lugar maior do que havia imaginado
para ela,
E este lugar era em seu abraço, em seu encalço se fosse
preciso,
Desejou cuidá-lo, abrigar-se a ele: abriga-lo, então,
colocou-se à sua frente,
Ele, apesar de seguro, deixou seus olhos nublarem-se um
pouco,
Os olhos dela brilharam mais ainda, pareciam querer
iluminá-los,
Queria que todos vissem tudo que ela enxergava por meio
dele,
Era início de janeiro, um novo ano havia recém dado início,
Para ser mais exata, era dia cinco, talvez fosse outono, sei
lá,
Ela não desejava pensar muito, só desejara ser rápida para ser
vista,
Sabe aquele instante em que tudo que você acredita fica a
esmo?
Então, foi exatamente dessa forma com ela, temera o pior: perde-lo...
Seu coração estava aberto, sua alma pulsava entre os seus
dedos,
Um carinho implorou para ser entregue, um abraço surgiu em
seu instinto,
Um único desejo tomou-a por inteira de si mesma: pertence-lo,
Apesar de o sol já ter nascido há algumas horas, ela
sentia-se tremula,
Bem, mas isso é uma história antiga que não precisa ser repetida
nessas linhas,
As quais são deveras escassas para dar vazão a tudo que sentira,
Algo maior parecera brilhar naquela hora, e agora, a olhava,
A brisa fresca soprara uma folha seca contra seu rosto,
Mas isso não a ferira, ao contrário, fez com que ele se
aproximasse dela,
A visse de uma forma que ela ousaria definir como, mais
humana?!
Não tinha certeza, pois a palavra humana era frágil para
descrevê-lo,
Mas parecia ser a palavra ideal, ao menos para aquele
momento,
A folha seca caiu ao chão e fora levada pelo vento,
Agora pertenceria a uma outra história, definiria algum
outro momento,
Que diferença faria quando tudo que queria estava a sua frente sorrindo?
Seu peito arfara sôfrego, ela desejara que ele falasse algo,
Ele parecia saber que atitude tomar naquele instante, tão...
precipitado?
Peculiar demais para ser descrito com exatidão, suas buscas dela pareciam ter começado,
Aquelas buscas pelas quais ela acreditava nunca antes ter
sonhado,
O destino, com sua sabedoria misteriosa, parecia estar
conduzindo-os,
Guiando a ela e seus sonhos, as horas voavam para outra
direção,
Desatentas demais para tudo que aconteciam naquele lugar,
Fossem definidas por aqueles dois pares de olhos famintos,
expressariam segundos,
Para onde vai?-, ele a perguntou com voz rouca e desconsolada,
Os lábios dela estremeceram antes de falar, ele estaria
inseguro?
Bom sinal, admitira a si mesma, então ela havia mexido com
seus sentimentos?
Desta feita, ela poderia admitir ser tomada por uma sensação de segurança,
Um homem como ele, cruzando seu caminho: despertando-a,
sendo desperto?!
A ideia era demasiada tentadora para que pudesse resistir ao
fato,
Com um ar de graça, ela respondeu entre um sorriso tímido e
um olhar atento,
Bem, estava pensando em ir comer alguma coisa, fazer um
lanchinho:
Na loja logo ali na frente ou talvez no mercado, não sei ao
certo,
O que você acha?, bem, aproveitando a deixa, gostaria de ir comigo?
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