domingo, 21 de fevereiro de 2021

Repensando Sobre o Assunto

 

A revelação que pretendo fazer agora,

Embora não seja, de todo, necessária,

Pode conter alguma valia, confiarei nisso,

Preferia manter a boca fechada, privar-me de pensar,

Mas como sabem, é de conhecimento público,

Se tem coisa que não aprendi foi me calar,

 

Contarei a história de ninguém que era alguém,

Talvez, revele segredos quem sabe os esconda;

Havia, certa mulher que se apaixonara perdidamente,

Neste amor sôfrego entregou tudo que sentia,

Sua alma, sua vida, sua inocência, ela acreditava no amor,

De outro lado do pacífico, bastante distante de todos,

 

Havia um certo homem, ele era forte e austero,

Falava sobre o amor e reconhecia-o em cada rosto,

Como esta realidade está distante de cada um de nós,

Cabe a cada um decidir seguir adiante na história ou não,

Eu como redatora terei que transcrevê-la, o contrário seria insensato,

Não descarte a possibilidade de reconhece-la por mero reflexo,

 

Encolho os ombros e retorno a mulher antes identificada,

Era linda, morena, média, mas poderia ser diferente,

Cada detalhe humano pode ser modificado conforme queira,

É de conhecimento público os milagres que a maquilagem e o salto tem feito,

Essa história chegou até mim por terceiros, creio em sua veracidade,

Conto-a conforme é do meu conhecimento, sem poupar detalhes,

 

A contagem durou um dia e uma noite, eu participei passiva,

Ela acreditava fielmente sobre amar com toda a alma,

Mas entregou-se a pessoa errada e saiu ferida, magoada,

Vertiam lágrimas do seu olhar assim como o sangue da sua alma,

No lugar que outrora residia o amor, nascera um vazio profundo,

Nesse vazio, ela se perdeu até não conseguir reconhecer-se mais nela,

 

As lágrimas que molharam o piso frio em que foi magoada,

Fez com que escorregasse, encerou esvaída de tudo que sentia,

Ele jurava amor com a mesma boca com que sugava sua alma,

De beijo a beijo tirou-lhe a vida e sonho a sonho que possuía,

Colocou-a lançada ao chão apenas para sobrepor-se a ela,

Usou da força que possuía para abraça-la e mantê-la ali jogada,

 

Enquanto ela chorava e gemia, repelindo aquele amor falseado,

Ele afagava sua alma com palavras vazias e introduzia em seu corpo

Sonhos que nunca chegariam a ter vida, ela esquivava-se e ele a buscava,

Ela esforçava-se para acreditar, acreditava no amor, em que mais se apegaria?

Em razão disso, embebia em amor cada palavra, se entregava em cada afago,

Se fez dele, não por não ter alternativa, mas por acreditar que poderia salva-lo,

 

Ao ver a veracidade nela, ele passara a rejeitar a si mesmo, não se compreendia,

Mas seu pensamento viajava alto demais para controlar, ela soava feito veneno,

Ele acreditava que podia consumi-la em pequenas doses sem se machucar,

Ledo engano, a máscara caía no vão de cada afago, manchando seus dedos,

Quando se percebera inquieto e insatisfeito sem a calma que encontrava nela,

Ele foi buscando-a cada vez mais, porém do amor que provava não devolvia,

 

Ela foi ficando vazia, a dureza dele pesava sobre ela, mantinha-a reduzida,

Ela tentava repelir, não conseguia, via-se sem saída, passou a afastar-se,

Tentou fazer em si uma abertura em que pudesse se refugiar, mesmo que trôpega,

Ele sentira isso nela, então a repelia, agora mais que antes, evitava seu olhar,

Os olhos vítreos que a fitavam outrora agora não conseguiam se focar nela,

Era intenso demais quando ela procurava por ele e não encontrava nada,

 

A verdade sangrava a pele dele e ele investia contra ela incontido,

Acreditar nos sonhos aos quais ela se apegava nunca o fez sentido,

Tentou convencer a si mesmo que a deixaria para trás,

Entregue a um passado distante, depois de acreditar que ela já estava absorta,

Perdida de si mesma, caída em um vazio do qual não sairia,

Contudo, incapaz de sustentar seu olhar ou de cumprir com o que dizia,

A jogou de cara no chão, rompendo qualquer barreira dela,

Afagou seu coração, com a mesma mão que a prendia e ainda a feria,

 

A sufocava, prometia amor em sua frente e violava-a por trás,

Com suas investidas fortes e intensas, rasgava sua alma ao meio,

Esvaída ao chão sem vida, nem mesmo mulher seria, o que ela era?

Seu corpo se transformava, agora ela era um objeto aberto e incerto,

Algo inconsistente ganhava suas ideias, ela não reconhecia a si mesma,

Cada sonho seu estava esmagado ao colocar-se contra aquele corpo frio,

 

Aqueles olhos vítreos que cruzou com o seu destino, esmagava-a,

Iniciava com flores e promessas, molhava cada palavra que falava,

Depois usava suas lágrimas para ferir tudo em que acreditava,

Sangue, suor e lágrimas misturavam-se contra os músculos dele, ele não percebia?

O amor que você fala, você não é capaz de reproduzir, ele sussurrava,

Ela escondia a cara, jogada em lençóis macios, ele não desistia, desistiria?

 

Lá do outro lado do pacífico, ele usava a fala dela, dessa vez contra um homem,

Esse amor que você acredita, ela acredita também, você não sente?

Ela sofre, você permanece inerte? Faz promessas, fala de amor, e como você age?

Este homem que sentia e acreditava no amor, realmente não sabia o que fazer,

Não se sentia preparado para um diálogo tão bem colocado,

Se prostrou de joelhos, estou pronto, respondeu-lhe, aflito e inseguro,

 

O outro, que de alguma forma conseguira atravessar suas barreiras,

Aproveitou o momento, com um movimento bruto e ruidoso,

O colocara de costas, de cara no chão, assim não veria suas lágrimas,

Investiu contra ele com toda a força e física, o ódio embebia seus olhos,

Absorvia o cheiro do sangue em pequenas doses calculadas,

Ereto, ajeitara os músculos e o feriu com movimentos acelerados,

 

Poderia tê-lo matado com um tiro certeiro, mas fez melhor que isso,

Ejaculou em seus pensamentos, engoliu seus sonhos, esvaziou-o de si mesmo,

O amor em que ambos acreditavam os fizeram sangrar sob dedos frios,

Os gemidos que os acudiriam não foram ouvidos, seriam, então reproduzidos?

Agora a mulher ferida pelo amor encontrava o mesmo amor ferido,

É certo que cabe muita compreensão sobre o assunto, eu ainda estou repensando.

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