domingo, 28 de setembro de 2025

Família unida

Aprendi que
Quando uma coisa negativa
Me influencia
Ela age sobre toda a minha família
E fere aqueles que eu amo.
Isto me faz mais forte
Para reagir as adversidades
E conversar com eles
Sobre tudo que acontece,
As vezes eu sou pequena
E frágil para o que ocorre,
No entanto,
Se eu divido com meus pais
E minha família toda
A minha dor
Eles tem a solução,
E nós nos unimos mais
E aquilo que me fazia frágil
E eu nem notava que
Agia de maneira negativa
Sobre eu
Agora é identificado
E afastado.
Saber identificar
O mal antes que interfira
É muito melhor
Do que agir sobre aquele
Que já atua sobre nós,
Então, eu falo pra eles
E eles falam comigo
E nós estamos sempre unidos.
Sempre agradeço a eles
Por estarmos juntos,
Minha família
É meu maior amor.

sábado, 27 de setembro de 2025

Saudades Sua

Hoje nós organizamos
Um canteiro de flores,
No início foi difícil,
Encontramos cobras
E ela chegou a ficar
Muito próxima de nós,
Senti medo,
Meu corpo suou frio,
Mas tudo ficou perfeito.
Nas primeiras enxadadas
Por entre as folhas secas
Amarelas, negras e marrons,
Uma cobra preta rolou até eu,
Tão próxima e de certa forma
Assustadora.
Ele se contorcia
Como se estivesse
Tomando banho de sol,
Eu não vi sua boca,
Mas, poderia jurar
Que sorriu ao ficar muito próxima
Tão perto que nossos rostos
Quase se encostaram.
Ela parecia mergulhar
Por entre as folhas
E outros matos verdes,
Sua barriga era branca
E por trás ela era escura,
Então, a estivemos,
Eu quase encostei minha
Mão nela
Quando me agachei
Para arrancar um cipó
Difícil de tirar com a enxada.
O mato dali continha espinhos
E uma diversidade de urtigas,
Eles arranham a pele
E coçam onde tocam,
Pois provocam certa alergia,
Junto a alguns mosquitinhos
Doloridos e pequenos
Tudo causa cansaço.
Ao nos livrarmos da cobra,
Andei meio passo
Para a frente
E lá por entre os cipos de urtigas
Estava escondido um pintinho
Pretinho e pequenino,
Ela se prendeu lá,
Estava indefeso e a mercê
Da cobra,
Era sua presa,
Seu alimento,
Nós ficamos satisfeitos
Por impedir a perda do pintinho,
A galinha mãe dele
Cocoricou de felicidade
Por tê-lo junto a ela
Outra vez,
Nós também.
Terminada a limpeza
Plantamos grama,
Flores e sementes de flores,
Dentre tudo isso,
Senti sua falta,
E quis vê-lo outra vez,
Você me faz bem.
Seu rosto pequeno
E bem definido é encantador,
Seus lábios quentes,
Sua pele macia,
Seus olhos escuros
Me fazem sonhar acordada,
Eu gosto muito
De nós dois juntos,
Agora espero que as flores
E o gramado peguem
E então, quero me sentar
Lá naquela árvore
Ao seu lado,
E fazer amor com você
Bem abraçados
E muito felizes.
Você gostaria
De estar em liberdade
Junto a natureza,
Fazer o que quiser,
Sempre que tiver vontade,
Ouvir os pássaros,
Ver as borboletas,
Jogar a linha na água
Para pescar algo,
Deitar na grama
E ter um longo tempo
Para nós dois?
Rashed você é deslumbrante,
Eu coloquei sua foto
No meu descanso de tela,
Gosto de te olhar,
E quero muito estar perto,
Amado rei,
Magnífico primo,
Soberano senhor,
Excelentíssimo garoto,
De traços fortes
E caráter contagiante,
Beijos a este nobre homem
De quem sinto saudades.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Emboscada

Carol teve seu celular clonado,
Tudo que fez,
Cada fotografia que tirou,
Mensagens recebidas
E enviadas,
Cada detalhe seu
Foi exposto a publico.
Ocorreu,
Que um Tenente Coronel
Da Polícia Militar
Atuante na área ambiental
Passou por Carol
E gostou dela.
Ela, no entanto,
Não lhe deu atenção,
Permaneceu firme
Em seu relacionamento,
Era casada com Valdez,
Sentia atração por Edivar
Mas isto nunca a incentivou.
No entanto, Felipe insistiu,
Invadiu o celular
Enviou mensagens
Se passando por ela
E as apagou para dificultar
Sua defesa,
Ela, desconhecendo o teor,
Nada disse ou fez,
Nisto, Valdez chegou
Com os documentos prontos,
A encontrou lendo sobre o sofá,
Jogou sobre o livro de imediato:
- nossa separação,
Assinei!
Carol,
Pegou os documentos leu
E releu cada linha,
Ali estava exposto tudo que tinham,
Uma miséria de dinheiro,
Uns móveis corroídos,
Um carro para pagar,
Um terreno despencando
No penhasco,
Nada de amor
Em nenhuma linha
Escrevia-se algo sobre o amor.
- acabou?
Ela indagou
Levantando o rosto
Até encontrar seus olhos
Seguros e frios:
- assinei.
Assinei logo.
Ele respondeu
Indo até o quarto
E fazendo as malas.
- tá bem.
Está assinado.
Ela disse,
Assim que ele passou
Pelo sofá segurando
Suas malas.
Entregou o documento
Batendo com ele
Contra o peito de Valdez.
- é o fim?
Indagou outra vez.
- sim.
Ele respondeu.
Ergueu a perna
Sobre o sofá,
Colocou o documento sobre ela
E assinou o fim
De oito anos juntos.
- em casa dia
Destes oito anos
Você disse eu te amo.
Ela respondeu rápida,
Vendo ele chegar até
A porta de saída.
- não haverá outro dia.
Ele respondeu e saiu.
Pôs tudo no carro
E se foi.
Ela ficou sozinha,
Recostada no sofá,
Sem chorar ou lutar.
A empresa onde trabalhava
Foi convidada para apresentar
Sua função num evento da polícia militar,
Designada com uma amiga
Para fazer isto,
Ela foi.
Ao chegar lá,
Felipe veio vestido de farda,
Colete a prova de balas
E fuzil nos braços,
A cumprimentou
E cumprimentou a outra
Amiga de Carol,
Yanka que estava com ela.
Lá, houve uma situação estranha,
Carol e Yanka não estavam
Preparadas para isto,
De repente,
A banda Rammstein
Chegou no pátio
Em frente ao palco,
Carol e Yanka estavam atrás
Do pátio sob a sombra
Do Batalhão de Polícia militar
De Chapecó,
Em frente ao pátio havia um palco,
Lá estava a polícia.
Nisto a banda começou
A fazer um show,
“Renuncio minha felicidade,
Nela há sempre
Um rosto irado
Que me põe em reserva,
Me vejo correr até
Minha parede,
Pegar alguma de minhas armas,
E desmuniciar meu arsenal,
Eu encho o pente de balas,
Colocou na arma,
E atiro.
Minha felicidade
Vem disto:
Pegar na bala fria,
Jogar no pente,
Rolar a arma
Por entre meus dedos
E sorrir do barulho
De soltar o gatilho
E esperar o estouro.
Eu amei aquela garota,
Aquela que você viu
Percorrer as calçadas,
Me viu correr atrás dela,
Mirar da janela
Do carro em que a esperava,
Você viu isso,
E ainda assim,
Ousou estupra-la,
Garoto do diabo,
Você pôs fogo no rabo dela,
E agora eu vou queimar
Está sua garganta
Até chegar na sua maldita bunda
A balas,
Estúpido foi o seu erro,
A estuprou e jogou nela
Seus desacertos,
Eu vou acertar sua testa
Com este tiro
E com outro te ver correr,
A jorrar sangue
E implorar para morrer.”
Carol não conhecia
A música,
Subiu na mesa onde estava,
Retirou a roupa,
Gritou e cantou para a banda,
Felipe aproveitou
O recado
Mandou prende -la por desacato,
Dois homens a seguraram
De costas para ela,
Com o rosto imprensado
Contra a mesa.
Felipe retirou o pênis
De dentro de sua farda,
Baixou a calça dela
E meteu em sua bunda.
- grita, vadia, grita!
Nisto chegou no pátio
O Edivar,
Aquele de sua paixão jovial.
Ele levou um susto
Ao ver Carol jogada
Contra uma mesa
Fazendo sexo em público,
Subiu até o palco
E desligou o sistema
Que fazia uma imagem
Da banda
E fazia o som nas caixas:
- acalmem-se,
Isto é apenas um sistema tecnológico,
O show é falso,
Acalmem seus sentidos.
Carol
Conseguiu se livrar de Felipe,
E os outros dois policiais
A liberaram.
Ela simplesmente fechou
O zíper da calça,
Fechou a camisa de botões
Toda aberta,
E foi embora.
Escolheu nunca voltar
Para lá,
Ou se entregar
A qualquer policial.
Declarou ódio,
Tanto quanto se apegou
A solidão,
O show era falso,
O sentimento irrisório,
As provas frágeis,
Então, ela pegou a faca
De cozinha,
Afiou sobre a pia,
Colocou contra o peito,
Escorou-se na própria pia
E empurrou.
Depois caiu no chão,
Com os olhos abertos
E chorando até que cessou,
Mas, não fechou,
O sangue escorreu
Por sua camisa branca,
Por sua calça,
Foi até o chão.
De porta aberta,
Vida escancarada,
Ela se entregou ao seu fim,
Eu li sobre isto e odiei,
Aumentei o tamanho da parede
E a quantidade de armas,
Se eu ver algo
Como isto
Eu atiro,
Eu juro.
Não tolero covardia,
Emboscada ou estupros.
Carol nunca foi
A nenhum show do Rammstein 
Mas os conheceu no supermercado 
E tirou fotos com eles,
Também ganhou autógrafo,
Contudo, morreu muito cedo.

Sempre Sua

Se aproximam as dez horas noturnas,
E você põe foto nova,
Eu olho e espero,
Gostaria de sua chamada.
Porém, o telefone envia
Mil mensagens
E nenhuma é sua,
Eu me canso e aguardo,
Deixo de mexer tanto,
Mas, não resisto,
Envio um olá e aguardo...
Que linda a camiseta
Que você escolheu,
Que lindo o seu rosto,
O seu sorriso
E cada detalhe seu.
Penso se você sente saudades,
Eu aqui deitada no sofá,
Rememoro passado distante,
Nem estou onde estou,
Ficou tão longe...
Gostaria que você
Me fizesse companhia,
Me abraçasse forte,
Me segurasse por muito tempo
Sentindo seu cheiro,
Seu suor e ouvindo sua voz.
Queria juntar meu corpo
No seu corpo,
E esquecer o tempo,
Fechar o passado,
Vislumbrar um futuro,
Pensando bem,
Está mais do que na hora
De eu abandonar antigos desejos
Para sonhar novos planos.
Por um cadeado
Em pensamentos
Que me deixam tão aérea
E me privam até de ansiar
Por sua volta
E estar mais presente
Para te buscar outra vez.
Eu sinto saudades,
Espero seu abraço,
Desejo nosso tempo juntos,
Eu sempre vejo você
É como se você nunca saísse,
Assim, eu fico segura,
Mas, gostaria muito
De que você me abraçasse
Mais forte
E por todo o tempo.
Beijo garoto lindo,
Te amo,
Da sempre sua.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Valdez, Como Você Está?

Quando você entrou
Em minha casa,
Nem só aí
Eu não o compreendi.
Você não surgiu sozinho,
Nem diria que foi o tipo
“Esqueci”,
Essas palavras você conhece,
Eu não o busquei,
“Estou bem”
Tentei fingir.
Não sei de que maneira
Minhas notícias chegaram
Até você,
De você para mim
Praticamente tudo foi descartável,
Grande programa sistemático,
Te levou para longe
E por pouco não me põe
Junto,
Para muito,
Muito distante.
Eu confio
Que você não era como estes
Valdez,
Nunca o tinha visto antes,
Ou te ouvido,
Talvez.
Bem, contudo,
Sobrenome famoso Venâncio,
Vi em você
Um alguém para respeito,
E você me pareceu
Tão imponente
Que não minha ruína
Senti medo de te contar,
Confidenciar “o quê”?
Tudo que não entendi
E que não lhe dizia respeito,
Tudo que sua função
Parecia ter competência,
E não vi você ignorando isso,
Vi você doente,
Gentil e com medo
E quando me ofereceram
A arma para usar contra você
Eu não fui capaz,
Tampouco,
Quis levar o tiro
Que lhe cabia...
Assim, subentendi,
Me afugentei
E busquei me proteger,
Com você ou sem,
Eu não saberia dizer
Caríssimo Valdez Venâncio,
Jamais estas palavras
Lhe chegariam aos ouvidos,
Ou por outros meios,
Você era um grande homem
Cobiçado,
Eu uma frágil garota
Desconhecida,
Eu consegui me sobrepor
Ao tiro que me designaram,
Mas, o deixei sozinho,
Contudo, você como foi?
Valdez Venâncio,
Se você me beijou
Eu o beijo,
Você nunca me ignorou,
Nem eu o busquei
Para conforto,
Não queria que fosse
Um adeus,
Muito menos
Assim tão tarde,
Aqui você virou pó,
No entanto,
Não foi esquecido,
Eu queria tê-lo buscado
E falado sobre isso:
As pessoas designadas
Para serviço público
De segurança
Invadindo minha casa
Por meio de audição,
Perseguição, invasão
E outras coisas.
Nisto, eu opto
Por não te ver como participante,
Mandante,
Comandante,
Ou um dos próprios.
Adeus?

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Seus Passos

Existem seres
Que são partes nossas,
Que, embora,
De fora do nosso ventre,
É como se fosse
De nossa carne.
A gente, simplesmente,
Olha dentro daqueles olhos
E vê o maior amor do mundo
Tomar proporções enormes,
Sair de nós
E chegar nele
E o chamar para perto,
De alguma maneira,
Ele sabe,
A gente entende,
É carne da nossa carne.
A gente quer ter perto,
Quer abraçar com toda força,
Proteger de todo infortúnio,
Amar de toda a alma,
Então, este amor cresce
E cresce mais ainda,
E faz milagres,
Faz coisas inumanas,
Porque o amor é isto,
É uma força que nos ganha,
Nos ultrapassa
E toca o outro e contagia.
Antes de ver Rashed,
Eu sentia que o via,
Antes de abraçar você
Fui tomada por um amor
Que de tão grande
Lhe falou sobre o que eu sentia,
Fez-se escudo para te amparar,
Fez-se soberano
Para guiar seus passos,
Mover suas pernas,
Tocar sua alma,
Guiar suas palavras,
Movimentar seu olhar
E lhe dar toda a força
De que você necessitou
Para chegar até eu.
Ver seus passos foi incrível,
Ser seu destino
É o que foi de mais indescritível,
As lágrimas que chorei
Nunca serão tão mais felizes,
O amor que lhe dei
É digno, precioso e puro,
Eu vi este amor em você,
Senti ele entre nós,
E você me permitiu que ele fluísse,
Eu amo cada um de seus passos
E vejo em você a face de um anjo,
A consumação do soberano,
Eu amei muito sentir
O calor invadir sua pele,
Subir para seus membros
E lhe dar todos os movimentos
De que você precisa
Para construir seu destino,
Que nos une
E é magnífico,
Perfeito,
Grandioso.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Pose de Revista

“Inadmissível”.
Pensou Mikael atordoado,
Girando sua cadeira
De escritório para trás,
Para ficar de frente para a janela
Envidraçada.
Ao pegar a primeira revista
Que estava sobre sua mesa,
Deparou-se imediatamente
Com uma fotografia de sua secretária
Na primeira página seminua.
“Onde ela pensa que trabalha,
Em um bordel?”
Ela pensou.
Baixou a revista sobre as pernas,
Olhou por último bom tempo
Para o céu de azul profundo
Que se estendia
Para fora do prédio alto
Em que trabalhava.
“Será que ela pensa
Que se tornou secretaria de motel?
Ou que trabalha em um prostíbulo?”
Ele levantou a revista
Outra vez,
Lá estava ela vestida de biquíni
Deitada sobre uma cadeira
De balanço
Com os cabelos soltos
Esvoaçantes sobre os ombros,
Aliás, lindamente,
Fazendo propaganda
De um SPA para mulheres solteiras.
Mikael, mordeu os lábios
Para conter a raiva,
Ela era uma excelente funcionária,
O que teria passado por sua cabeça
Que a moveu a tomar
Uma atitude tão depravada
Quanto está?
Ele era administrador de uma
Empresa antiga de tintas,
Com nome garantido no mercado,
Sua secretária precisava
Ter tido mais ponderações
No que ela fazia para
Ganhar seu dinheiro extra.
Jogou a revista sobre a mesa,
E pegou o telefone:
-Gernuca preciso de você aqui.
Então, desligou
Sem ouvir resposta.
Assim que ela abriu a porta
Do escritório ele jogou a revista
Contra seu peito:
- que significa isto?
Você é contratada por está empresa,
Precisa zelar por sua reputação,
Você tirou fotos seminuas?
Gernuca não esperava
Ser metralhada por tantas perguntas,
-eu tenho fotos idênticas
A estás na rede social,
E ninguém nunca reclamou.
Ela respondeu.
- você vai deixar a empresa?
Ele revidou.
- você está me demitindo
Por isto?
Ora, minha casa foi hipotecada
Ou eu pago por ela
Ou irei para a rua,
E meu salário não foi suficiente
Para suprir as despesas.
Ela continuou,
Se aproximando de sua mesa,
Movendo seus lindos
E cheios lábios marrons
Na direção dele.
Mikael se sentiu constrangido,
De fato,
Sua secretária era muito sensual
E ele nunca notou isto,
E agora tudo estava evidente
E estampado em uma folha
De revista feminina.
-Não sabia sobre a hipoteca,
Por quê você não avisou?
Ele indagou levantando-se.
-Não faria diferença,
Eu precisava de muito dinheiro.
-esta certo.
Ele encerrou,
Levando a mão até os cabelos
Escuros dela,
E os pondo atrás da orelha.
-Não volte a fazer isto,
É o que peço,
Eu irei rever seu salário,
Posso lhe permitir um aumento.
Respondeu,
Sem conseguir conter a irritação
Se virando de costas
Para ela.
Não pode segurar o olhar,
Ver o rosto da garota
Que tanto admirava
E escolheu para funcionária
Ser exposto por uma miséria
Seminua numa revista
Lhe soou repulsivo.
-ok. Obrigada.
Vou esperar na minha sala
Até retornarmos a nos falar.
Ela respondeu,
Sem conseguir esconder a admiração
E atração que sentia por Mikael
Todos sabiam porque
Ela insistiu tanto em trabalhar
Com ele,
E se esforçou tanto no trabalho,
Lutaria por seu emprego,
Desejava ardentemente estar ao seu lado,
Aliás, bem mais que isso,
Ambicionava ser sua esposa.
-Você não nasceu
Para ser mulher de servente de pedreiro.
Ele disse,
Ao ouvi-la por mão no trinco
Da porta.
-voce merece pelo menos
O dono só serviço,
O mestre de obras...
Ela abriu a porta,
Saiu para fora
E se virou de frente
Para olha-lo outra vez.
-eu, talvez, acredite
Que mereça, realmente,
Você.
Ela revidou trêmula.
Ele virou o rosto para ela.
Ela manteve a segurança
E ele fez sinal
Para que fechasse a porta.
Então, ela fechou.
Suspirou,
Aos tropeços se enveredou
Para sua sala.
Com o rosto de Mikael
Preso a sua mente,
Retido entre suas ideias.
Sua dívida a mantinha
Presa ao emprego,
Sem pagá-la
Não poderia ficar desempregada.
Ela estava conectada
A está empresa e a este homem,
Porém, o que a mantinha ali,
Era muito mais que isso,
Era desejo.

O Show Continua

Houve certa banda musical
Que fez sucesso absoluto
Desde a primeira música
Até a última
Todas foram reconhecidas
Pelo público
Devido a qualidade
E o som muito bom,
Ela disse:
No meu navio pirata
Não entra gente de bem
Eu até dou carona
Mas não aceito sem um vintém,
Tem que querer encontrar
O tesouro em ouro ou jóias,
Se for melhor,
Tem que trazer consigo
O mapa.
É assim,
Aqui todos pegam o leme,
Todos sabem a direção,
Icem as velas,
Preparem os canhões
Já sabemos pra onde ir,
Precisamos chegar lá.
Este é o navio que não naufraga,
É aquele que não sabe esperar,
Não há capitão,
Seguimos o mapa
Com o tesouro maior,
Este é o destino,
A voz que dita as regras,
Vamos todos juntos garotos.
Garotas não são aceitas,
Exceto as que lutem
Muito bem na espada,
Não tem frescura,
Unhas feitas,
Cabelos jogados
Sobre os olhos,
Pra entrar aqui no navio
Precisa saber remar,
Jogar brasa no fogo,
Manter a direção,
Chegar.
Juntem os papagaios,
Arrumem o tapa olho,
Prefiro roupas escuras,
Nada de frescura,
Sirva-se de todo o whisky,
Vodca ou tequila,
Meta pinga na guela,
Icem as velas,
Direção ao tesouro,
Não paramos por nada.
O caminho da banda foi sucesso,
Ela nunca parou de tocar,
Todos os ouvidos
Pedem por ela,
Das bandas esta entre as melhores.
Ocorre,
Que ela conseguiu adeptos,
Seguidores e perseguidores,
Neste caminho,
Optou por fazer um show,
Este show ela não poderia
Ter feito,
Ao percorrer o caminho
Até os palcos,
Num deslize o baterista caiu,
Bateu a cabeça,
Sangrou.
Ao pedir socorro,
Outro rapaz invadiu os palcos,
Tomou a bateria,
Fez o show todo,
Ninguém reclamou,
A semelhança
Foi tão perfeita
Que, talvez, ninguém notou.
No entanto,
Está história tem final triste,
Ou não,
Depende pouco de opinião:
O baterista foi parar no socorro,
O show acabou,
O avião alçou vôo:
Um baterista estranho acompanhou.
A agenda da banda
Não parou,
Bandas não cessam,
Shows não escasseiam,
Com o calendário riscado
No dia agendado
O piloto voou,
Levou quem levou,
Ficou quem ficou,
O show continua,
A música não para.
Enquanto isso,
O navio flutua,
Onda sobre onda,
Tem caminho certo,
O ouro espera,
Espadas em mãos,
Garotas e meninos,
Todos de mãos na cintura
E olhar para o horizonte,
Lá, bem próximo
A não sei aonde,
Lá está nosso tesouro,
"Vamos navio ande",
Gritam juntos
Levando um pé para diante.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Recém casados

Lá, amor,
Bom dia,
Amo você,
Amo seu cheiro,
Amo cada manhã
Que mal abro meus olhos
E já o encontro.
Não há dia
Que eu achei ruim,
Não há nada que me fira,
Tenho você
E você é parte de mim,
Meu escudo,
Meu amparo,
Meu refúgio,
Meu amado.
Amo seu olhar,
Seu cheiro,
Sua cor que me conquista,
Seus carinhos
E tudo de nós
De todos os dias.
As vezes,
Fujo de onde estou
E me ponho a pensar
Em mulheres de anos atrás,
Mas, prefiro minha realidade
Em tudo que houve
Ou haverá,
Nossa realidade me trouxe você,
Você é meu tudo,
Minha vida,
O motivo do meu existir,
Sem você não sou nada,
Não consigo me imaginar
Sem você,
Eu, simplesmente,
Não existiria.

domingo, 21 de setembro de 2025

Foi Amor ou Deveria Ser

Como Genar imaginaria
Que Erick usaria a faixa
De pedestres justamente
No instante em que ela dirigia?
Em meio ao tráfego intenso,
Parado junto a tantas outras
Pessoas,
Por quê, justamente,
Naquele instante ele
E apenas ele decidiu passar?
Retirou-se debaixo
Da casinha de ponto de ônibus,
Colocou uma perna
Em direção a faixa,
Depois a outra,
E seguiu como se fosse o dono,
E de fato,
Da empresa ele era,
Mas, da via pública?
Aí não.
Da via pública ele não era.
Bem, Genar não imaginou
Que ele entraria na pista,
Ele não deve ter pensado
Que ela pararia tão bruscamente
Sobre ele,
Até que o carro colidiu
Contra sua perna,
Ela gritou de medo,
Ele abriu a boca assustado,
Não disse nada
E ela depois de desfazer todas
As marchas,
Acertou o pedal do freio.
- Cara, eu te acertei?
Ela gritou da janela aberta.
Três carros pararam bruscamente
Atrás dela,
Ao seu lado um carro enorme
E vermelho dirigido
Por um idoso de cabelos brancos
Sofreu uma colisão traseira,
Rodopiou e bateu
Contra sua porta.
- Cuidado!
Ele gritou
E levou a mão sobre o capô
Do carro dela,
E depois para o alto.
Ela nem pode ver a batida,
Realmente, o rosto resplandecente
De Erick era absurdamente
Perfeito.
Foi amor,
Ou deveria ser.

Schaul

Certa vez,
Anie decidiu ir até
Sua vizinha fazer a unha.
Deixou seus filhos,
Paul e schaul dormindo.
Sem esquecer de se voltar,
Ir até o quarto,
Beijar o rosto de um,
Virar-se para a outra cama,
E beijar o rosto do outro.
Se afastou do quarto,
Segura de que ambos
Ficariam bem,
Um tinha dois anos
O outro um.
Ela fechou a porta,
Depois fechou, também,
A porta de saída.
-Ola. Mirtiz, caso você
Ouça algum barulho
Me avise,
Eu deixei as crianças dormindo.
Ela falou.
Abriu o portão sozinha
E entrou.
- claro, sua casa fica
Aqui do lado
Não é possível
Que elas acordem
Sem que as ouvimos.
Anie sorriu em retorno.
- pois é, Argun está trabalhando,
As crianças me tomam o tempo,
Eu gosto de bem sentir bem,
Escolher um tempo para mim,
Sabe?
Ela disse.
-Sim. Certo.
Os filhos exigem do nosso
Tempo... Você prefere o vermelho?
Mirtiz indagou.
Tendo pressa em escolher
As cores e iniciar o enfeite
Das unhas de Enie.
Paul abriu os olhos,
Buscou pela mãe
Pelo quarto e não a viu,
Com pouco esforço
Ele levantou da cama,
Foi até a porta,
Abriu a porta e continuou
Sem ver a mãe.
Porém, não fez barulho,
Ao retornar para o quarto
Encontrou Schaul ainda
Dormindo,
Ele parecia um anjo,
O seu anjo.
Paul foi até a cama,
Chegou bem perto
E com algum esforço
Pegou o bebê no colo.
De passo a passo,
Chegou até a porta
Do quarto que deixou aberta,
Seguiu pelo corredor,
Então, se enroscou no tapete
E caiu sobre Schaul
De maneira que seu ombro
Bateu contra o pescoço
Da criança,
Schaul bateu com a cabeça
Contra a parede,
Sangrou.
Schaul não chegou a chorar,
Paul, sentou no chão,
Não entendeu como caiu
Ou nem porquê o menino
Não acordava.
Então, cansado,
Ele deitou ao lado
Do irmão,
O abraçou com carinho
E ficou ali olhando o teto.
“Eu tinha dois anos
Quando meu irmão sumiu,
Eu o amava muito,
Por quê ele nunca voltou?”
Paul indagou seus pais
Enquanto tomavam café
As oito da manhã
De quinze anos depois disso.
-Schaul?
Indagou sua mãe.
Enquanto tomavam um gole
De café
E o olhava assustada.
-por quê indaga filho?
Indagou Argun.
-“ele está demorando muito,
Eu já sinto saudades.
Paul falou.
Argun levou sua mão
Até a da esposa
E chorou.

A Adoção de Lara

Lá no quintal do André
Infestou de pulgas.
As pulgas estavam
Por todo lado,
Por todo o gramado,
Dentro de casa,
Dentro do carro.
Andre decidiu dar a Lara
Para adoção.
Isto mesmo.
Ele resolveu que ter menos
Cachorros ajudaria
A controlar a infestação,
Com isso optou por
Manter apenas a mãe de Lara
Com ele.
Lara era um bebê,
Tinha pelos compridos
Marrons e brancos
E tinha pelos curtos,
Ela era mestiça.
No mercado de venda de cães
Ela não conseguiria
Um bom preço
E André queria escolher alguém
Que sentisse afeto
Pela cachorrinha
Não se importava com valor.
Nisto escolheu Larissa.
Uma menina alegre
Do colégio onde ele estudava.
Ao conversar com ela.
Larissa aceitou no mesmo instante
Adotar Lara.
Porém, Larissa retornava
Para casa de ônibus,
Ela morava muito longe
Do colégio.
Quando André levou Lara
De presente para ela,
A danada fez xixi
E cocô na bolsa onde veio.
O cheiro intenso chamou
A atenção
E o motorista proibiu
A entrada de Larissa
Com o animal no ônibus.
Larissa não desistiu,
Abraçou forte a sacola
Onde estava Lara,
Foi até o colégio
Pediu permissão para a diretora.
A permissão foi concedida,
Depois, ela foi até o motorista
Que estava sentado
Sobre o banco do ônibus
Atrás do volante
E lhe pediu outra vez
Que a deixasse levar a cachorrinha.
Lara tinha um berne
Sobre a cabeça,
Escondido por entre os pêlos:
- por favor, motorista,
Me deixe levar Lara,
Veja o quanto ela sofre!
Larissa disse.
Seus olhos lacrimejaram
De tristeza pela Lara.
- não gosto de cães.
Ela vai sujar o ônibus.
Ele respondeu.
- veja, ele tem bernes,
Tem pulgas também.
Se você não me deixar
Ajudar ela,
Ela irá morrer.
Larissa continuou.
Foi até a janela do ônibus,
Do lado de fora do ônibus,
Abriu a sacola
E mostrou a Lara.
Era uma pequena cachorrinha,
De olhos e nariz marrons.
Compadecido com o estado
Deprimente da cachorrinha
O motorista permitiu
Sua entrada.
Larissa sorriu feliz.
-agora, só precisa
dar um banho nela
E passar o remedinho
Para proteger ela.
Larissa falou feliz
Ao entrar pela porta do ônibus
Pera irem todos para casa.
As outras crianças do ônibus
Aplaudiram a atitude
Do motorista,
Porque a Lara era realmente
Muito bonita
E merecia ser bem cuidada.

As Aventuras de Lara

Larissa dobrava a roupa
Que havia recolhido do varal,
Sentada sobre o colchão
Do quarto de seu irmão.
Neste instante, Lara
Estava deitada no sofá
Assistindo televisão,
De repente, Lara
Ouviu um ruído vindo
Lá de fora.
Ela levantou as orelhas
Com atenção,
Depois, sentou no sofá
E chacoalhou o rabo.
Não lhe pareceu
Que era algum conhecido,
Ela se assustou,
No primeiro instante,
Escondeu o rosto
Embaixo das duas patas dianteiras.
Depois, retirou uma pata,
Então, a outra,
Tomou coragem
E abriu os olhos.
O barulho vindo do quintal
Realmente a assustava.
Neste instante,
Ela olhou pelo vidro
Da porta que estava fechada,
E num reflexo
De movimento do estranho
Ela notou que ele tinha
Uma arma guardada
Por dentro do casaco,
Num bolso.
Ela se assustou,
Se afastou um pouco,
Depois correu para o quarto
A procura de Larissa,
Ao encontrá-la no quarto
De seu dono,
Ela se jogou sobre as pernas
De Larissa,
Deixando-as avermelhadas
Devido a intensidade do salto.
Depois, ela pulou até o rosto
De Larissa
Se segurou em seu ombro
E o lambeu,
Preocupada com sua dona.
Larissa, soltou
A camiseta branca
Que tinha entre as mãos
E a abraçou com carinho.
- Lara, sua danada!
Ela disse sorrindo.
Lara cheirou seu pescoço,
E pediu mais carinho
Da maneira como fazia
Quando queria dormir
Com Larissa,
Larissa entendeu que ela
Queria dormir.
Então, deitou para trás
Sobre a cama
Com a cachorrinha
Entre os braços
E deixou-se descansar
Por um tempo.
Neste momento,
O estranho bateu na porta,
E ninguém ouviu.
Ele bateu outra vez,
Depois se afastou
E bateu palmas,
Ninguém ouviu.
No entanto, Lara
Estava com suas orelhas eretas,
Ela ouviu,
Porém, ficou calada
Com o coração aos saltos
Devido ao medo
De ver a dona ferida.
O estranho tentou
Outra vez,
Não obteve êxito,
Depois de esperar
Por algum tempo
Em pé,
Com as mãos na cintura
Ele foi embora
E o perigo passou.
Lara salvou Larissa
Deste estranho.
Ela não soube o motivo
Mas sentiu terrível medo
Deste homem sorrateiro
E armado.
Larissa ainda não soube
Do perigo que sofreu
E que Lara a protegeu.

Cores, Sabores e Rancores

-Senhora, você precisa
Vir aqui agora.
Uma voz estranha
Falou usando o telefone
De sua neta,
Nelma assoou o nariz,
Como se chorasse por dentro
E secou o suor da testa,
Estava nervosa.
Ok.
Estava muito incomodada.
- me diga,
Aonde eu o encontro.
O estranho passou o endereço.
Nelma pegou o carro
E partiu até lá,
Ao se aproximar
Viu que se tratava
De um acidente.
O carro de sua neta
Estava com a frente destruída,
Parecia ter colidido
Contra o muro do asfalto,
Não sabe-se,
Talvez, o carro vermelho
Detrás do carro dela
A estivesse perseguindo.
Bem.
Neste instante,
O carro longo e vermelho
Estava estacionado
No meio do asfalto
De frente para o carro
Da neta,
Porém, não estava nem
Ao menos riscado,
Não poderia dizer-se
Que colidiram de frente.
O da neta rodopiou
Na pista e parou na contra mão.
Era o que tudo sugeria.
A porta do carro
Estava aberta,
A neta estava caída
Em uma poça de sangue
Com a cabeça encostada
No asfalto.
Calada.
O telefone dela
Estava nas mãos
Daquele estranho de terno.
Haviam dois estranhos.
O mais magro de pele escura,
O mais cheinho de pele alva,
No mais eram parecidos demais.
Nelma estacionou ao lado
Da mureta que ladeava
A pista,
Deixou o pisca do alerta ligado
E saiu com a carteira em mãos.
Logo mais,
Tinha agendado um horário
No presídio local
Onde poderia encontrar
Sua filha.
Ela era drogada,
Viciada em adrenalina
E drogas ilícitas.
Aos doze entrou
Para o cigarro,
Logo depois conheceu o álcool,
Nunca parou
Nem desistiu de provar
Sabores, cores e rancores.
Foi presa porque
Furtou a loja
Onde trabalhava como
Vendedora,
Lá roubou todos os calçados
Que pôde.
Isto proporciou a sua mãe,
Nelma a abertura de uma loja
Exclusiva para calçados
De onde retirava seu sustento
E o da neta.
Até onde Nelma sabia,
A filha dela trabalhou por três anos
Nesta loja exclusiva de calçados,
O dono era um homem robusto
E exigente,
Atrasava o pagamento
E gostava de exigir garantias
De suas empregadas,
Uma destas era sexo gratuito.
Bem, Lara foi bem educada,
Não aprendeu a se prostituir,
Nisto ela foi exigente.
No primeiro atraso,
Lara tratou de garantir
O pagamento:
Iniciou com três caixas de sapatos
Femininos a esmo.
Nunca parou,
Nem o pagamento foi correto,
Nem o sexo deixou
De fazer parte do contrato.
Escondido.
Exigido.
Ilícito.
Agora, foi pega.
As câmaras lhe roubaram
A imagem quando ela roubou
Sua primeira linha inteira,
Masculina, feminina e infantil,
No entanto, a loja
Possui estoque suficiente
Para muito tempo,
E Nelma mesmo discordante
Do decurso de tudo
Retira Notas Fiscais
E adquire novas linhas
Por meios legais.
Ela viaja ao Paraguai
Apenas para garantir preço bom,
Qualidade e manutenção
Da loja.
Ter de marcar horário
Para ver a filha é horrível,
Ela sente saudade,
No entanto,
O fato de o policial
Tê-la encontrado com drogas
Entre suas roupas ajudou
A manter a pena.
Agora, sua neta
Com treze anos decidiu
Entrar neste mundo
De drogas,
Algumas amiguinhas ligaram
No telefone de casa
E também da loja pedindo drogas...
No último mês,
Nelma a encontrou inconsciente
Dormindo dentro do carro
Do lado de fora da casa,
Estacionada em frente
Ao portão.
Havia whisky dentro do carro,
Uma garrafa vazia
A seus pés,
Outra pela metade
No alcance de suas mãos,
Próxima ao câmbio de marchas,
Um maço de cigarros aberto
Sobre o banco do caroneiro,
E pó branco sobre
O volante.
Ela estava seminua,
Sozinha e inconsciente,
Hoje, porém,
Tudo está diferente,
Há sangue próximo a ela.
-Que houve?
Indagou Nelma,
Se aproximando
Dos dois estranhos
A passadas largas e seguras.
- sua neta nos deve
Dez mil reais em drogas.
Nelma estagnou,
Levou a mão aos lábios
Trêmula.
“Então, se foi...”
Ela pensou.
Lembrou o rosto de Lara
Atordoada atrás daquelas grades,
As poucas roupas que tinha,
O frio que corroía a alma.
Ela não podia ter tantas roupas,
Era permitido apenas
O uniforme,
Mais nada.
Os cobertores eram apenas
Aqueles que estavam ao dispor,
As doações precisavam
Ser feitas ao diretor
E ele encaminhava para
Os mais necessitados.
Nelma doou tanto,
Buscou entre conhecidos
E amigos doações
Que, com certeza,
Já não havia os mais necessitados,
Porém, Lara padecia de frio,
Ela era frágil,
Sempre foi friolenta,
Ali não fazia diferença
Sua especial necessidade...
Seus cabelos estavam brancos,
Desregrados, duros e caíam.
O sabonete lhe rompia a pele,
Lhe causava secura,
Tudo lá dentro era do mais simples.
A comida era escassa,
Permitida apenas nos horários
Reservados.
A água era escassa e suja,
Tinha gosto ruim.
O frio chegava até as grades,
Ganhava as paredes
E congelava todas lá dentro,
Algumas não resistiam.
Haviam as carcerárias
Que cobravam sexo
E dinheiro por vantagens,
Lara contou aos prantos
Que estava aprendendo a usar
Pênis artificial.
Era obrigada a dar prazer.
De toda a forma,
Satisfazer as carcerárias
E por vezes, as detentas.
Com o tempo,
Seus muitos namorados
Deixaram de visitá-la,
Mas, Nelma sempre buscava
Algum garoto disponível
Para Lara não se sentir abandonada,
Mas, de fato,
Ela mesma sabia,
Os homens não queriam
Relacionamentos sérios,
Ao primeiro obstáculo
Eles desistiam.
Foi assim com todos
Os que ela teve,
E nunca soube o nome
Do pai de Lara.
Mas, Lara garantia por
Sua filha, Genna.
“A menina tinha pai,
No entanto, ele era ausente.”
- dez mil?
Nelma pegou um talão
De cheques e preencheu
O valor.
Assinou e entregou a eles.
- agora vocês podem
Nos deixar em paz?
Ela indagou.
Se ajoelhando até a neta.
Levantando sua cabeça inconsciente.
A dívida tinha um pequeno valor,
Dez mil,
E sua neta se calou
E agora morreu.
Nelma a pôs
Em suas pernas
E chorou mais ainda.
Os dois homens
Entraram no carro,
Deram meia volta
E saíram.
Talvez, se Lara consiga
Abandonar o vício,
Só então,
Estes dois nunca mais
Serão vistos.
Do contrário,
A morte é o fim previsto.
-Alo, é do presídio?
Indagaram quando Nelma ligou...
-Sim. Informaremos Lara.
Respondeu uma voz masculina,
Vinda de um rosto rechonchudo
E branco que olhou para o lado.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Sem Dizer Adeus

- tem sangue na sua camisa,
Pai.
Ticiane falou
Do banco de trás do Palio
Verde caído
No meio do asfalto.
Era tarde da noite,
Eles retornavam de um restaurante,
Foram comer pizza em família,
Ticiane, Pozze seu irmão
Mais velho e os pais
Magnan e Vaner.
Um corsa preto
Vinha em sentido contrário,
Nele estavam cinco jovens,
Todos bebiam suas bebidas
Alcoólicas e fumavam.
A fumaça, talvez,
Embaçou o vidro do carro
E dificultou a visão
Ou então, o efeito do álcool
Fez com que o motorista
Desviasse seu sentido,
Invadisse a pista contrária
E encontrasse o carro deles.
Ambos os carros colidiram
De frente,
O carro da família tombou,
Rodou na pista
E virou suas vezes,
Magnan nunca mais acordou.
Havia dentro do carro
Dois casais e um rapaz,
Que dirigia o carro,
Ao rodopiar na pista,
E tombar eles desceram
Do carro,
Se aproximaram embriagados
Do Palio
E deram coices e socos
Na lateral.
Com esforço,
Ticiane abriu a porta traseira
E saiu para fora,
Ela sangrava,
No teor de seus 15 anos
Não imaginou
Que tão jovem perderia
O pai,
Ou mesmo o irmão,
Ambos não abriram os olhos,
No entanto, sua mãe Vaner
Conseguiu abrir a porta
E sair.
Do seu rosto
Pingava sangue
Sobre a bolsa,
Ela se virou
Se encostou no carro
Tombado e chorou:
- por favor,
Não nos mantém.
Somos uma família.
Ela falou em pranto,
Implorando por suas vidas.
Paulino sorveu
A bebida de dentro da garrafa
E cuspiu em Pozze
Que não se movia,
Depois se virou e disse:
-Vamos embora.
Vamos desvirar o carro.
E assim procederam,
Em cinco pegaram na lateral
Do carro e o desviaram,
Fabian sentou no banco
Do motorista
Virou a chave
E o motor roncou,
Engatou a primeira marcha,
Acelerou e o carro andou.
Excetuadas as avarias
Na pintura, algo no painel
E a frente do carro
Que desgrudou,
Tudo estava normal.
Andado alguns metros,
Fabian desceu do carro,
Foi até o da família
Cuja mãe e filha
Se abraçaram em choro,
E chamou os amigos:
- venham.
Vamos desvirar este também.
Este nem perdeu a frente,
Parece que sofreu menos
Com o acidente.
Ele fez sinal com a mão
Em convite,
As garotas de salto alto,
Saia curta e abraçadas
Em seus namorados
Que lhes emprestaram
Suas jaquetas masculinas
Para se afugentar do frio
Foram até o carro
Com suas garrafas em mãos,
Os garotos jogaram fora
As deles.
Abriram a porta do carro,
Retiraram Magnan e o filho
Pozze, lhe deram tapas
No rosto e pediram
Que acordassem
Mas nenhum abriu os olhos,
Então, eles os soltaram
Fora da pista,
Ticiane e sua mãe
Correram até eles para vigia-los:
- eles irão melhorar.
A garota mais alta falou.
Ticiane e sua mãe
Assustadas preferiram
Ficar caladas,
Os jovens pegaram na lateral
Direita do Palio e
O endireitaram,
Ligaram o motor e
Também funcionava.
Depois disso,
Bateram nas mãos
Um do outro comemorando
Pois estava tudo certo.
Disseram adeus
E foram embora.
Ticiane gravou seus rostos,
Suas vozes,
A forma como falavam
E se vestiam.
Ela os cuidou se afastarem.
Junto de sua mãe,
Ela pegou o pai no colo
E depois o irmão
E os levou para dentro
Do automóvel,
Depois a mãe ligou o carro
E foram para o hospital.
Um mês se passou
E nenhum fez movimento,
Ou falou.
No entanto,
Ela estava segurando
A mão do pai,
Sentada no sofá de um hospital
Ao lado da mãe
Que sorvia seu café
Quando o coração do pai
Parou de bater para sempre.
Ela não abriu mais olhos,
Não a abraçou,
Não lhe deu um último conselho,
Não lhe deu o dinheiro
Para o lanche do refeitório escolar.
Aliás, ela deixou os estudos,
Por um mês
Sem preocupar-se,
Ficou ao seu lado,
Ora abraçando a mãe,
Ora olhando o irmão
Deitado imóvel na cama
Ao lado...
Agora, o pai partia
E não havia retorno.
Acabou,
Seu último pulsar ocorreu,
Enfraqueceu e desistiu.
Nem os médicos
Ou enfermeiros souberam
Como reanima-lo,
Nem o pranto de Ticiane
Abraçada a mãe
A olha-lo,
Nem ao menos quando
As duas abraçaram o irmão
E chamaram seu nome:
- pai, pai, pai
Volte.
-meu marido,
Meu esposo
Eu te amo.
“Precisamos de você “.
Disseram em uníssono.
Já era tarde,
Seu pulmão não respirou,
Seus olhos descansaram
A luta pela própria vida acabou.
Ticiane, recorreu até o chão,
Ajoelhada ao lado da cama
Do irmão,
Ela pegou sua mão,
Beijou e chorou.
A mãe implorou pelo esposo.
Ela levantou o rosto
E correu sem destino.
Não sabia dirigir,
No entanto,
Ela segurava a bolsa da mãe
E dentro dela havia as chaves
Do carro dela,
Um gol vermelho,
Ticiane pegou a chave
E sem saber como dirigiu.
Foi até a estrada
Onde colidiram contra
Os jovens e os esperou.
Sentiu como se seu coração
Fosse mais forte que tudo,
Olhou para o céu
E gritou
Depois disso
Soube que eles viriam
Todos juntos,
Bêbados, viciados e felizes.
E ela estaria ali,
Estacionada no meio
Da pista a espera-los.
Foi como se seu olhar
Tivesse um brilho hipnótico,
Ela olhou para o céu,
E eles souberam que precisavam
Sair, dirigir sem destino,
Porém, tinham um lugar
Para ir,
Uma estrada para passar.
E vieram,
Cabeças fora da janela,
Música alta,
Garrafas e cigarros
Entre os dedos,
Beijos e abraços
Entre todos com todos.
De longe, Ticiane os viu,
Agora estava preparada,
Ligou o carro,
Desligou as luzes e acelerou,
Testou o motor,
Foi para a frente e voltou
Diversas vezes,
Até que o carro ficou
Mais próximo,
Era o mesmo de anteriormente,
Deus lhe dava uma chance
Se defender seu pai,
De fazer algo por ele,
Um último algo
Agora que ele levaria
Para sempre...
Engatou a marcha
E acelerou,
Pegou de frente e em cheio
Contra o outro carro.
No choque os para-choque
Se juntaram um no outro,
Ela desceu do seu carro,
Olhou fixo em cada um deles
E eles se sentiram
Como se fossem de pedra.
Ficaram estagnados
Com as garrafas em mãos,
Olhos parados,
Cigarros entre os lábios,
Fumaça batendo contra a janela...
Então, Ticiane juntou
Uma madeira potente
De dentro do carro,
A bateu contra suas janelas,
Estourou seus vidros,
E só pensou no leito
De hospital que guardava
Seu irmão e seu pai.
O ódio foi tão intenso
Que nenhum deles moveu-se,
Com isto ela ateou fogo
Contra o carro,
Os viu queimar aos poucos,
Depois virar labareda,
Depois afastou-se.
Ao ficar longe
O magnetismo de seu olhar
Parou de fazer efeito
E ela pode contemplar
Uma garota fugir
Pela janela,
Correndo gritando
Pelo asfalto em chamas
Até cair morta
Sobre o asfalto.
Os rapazes também
Tentaram fugir,
Todos gritavam suas dores,
Mas o fogo os consumiu
Aos poucos.
O motorista correu na direção
De Ticiane
Que ficou de frente
Para eles,
Ele foi rápido,
Correu pelo escuro
E logo se aproximou
Então, ela manteve
O olhar seguro e instintivamente
Ele cessou.
Ela aproximou-se dele,
E lhe desferiu uma paulada
Contra o rosto,
Seu corpo que queimava
Caiu ensanguentado,
O fogo terminou de consumi-lo
No chão.
Depois disso,
Ambos os carros queimaram
E Ticiane voltou encontrar
Seus pais,
Só restava levá-lo
Para o cemitério,
Lá tudo acabou,
Dentro dela,
No entanto,
Se iniciou.

domingo, 14 de setembro de 2025

Noite na Avenida Porto Alegre

-Nossa e é sua primeira vez?
Indagou Andeane
Com os olhos cheios de expectativa.
-Claro que sim.
E vi duendes levando
Os vasos de flores
E voltando com dinheiro puro...
Respondeu Alex,
Tomando um gole de cerveja.
Estan olhou abismado,
Tudo que ele foi capaz de lembrar
A respeito da noite passada,
Foi de ver Alex transando
Com Andeane no capô
Do carro,
Ela totalmente nua,
Olhos fechados,
Simplesmente, “apagada”,
Ou dormia, ou sei lá...
Desmaiou.
-Uau, Alex.
Então, você usou drogas
Pela primeira vez ontem?
Ele indagou incapaz
De calar a curiosidade.
-Sim.
Claro. Vi estrelas no céu
Caírem se ascender em
Logo ali em frente
E nada queimar,
Porém, ficou dia ensolarado.
Ele disse.
Com um copo
Em mãos apontando
Para adiante.
-Uau.
Agora são 11 horas e o sol
Não apareceu.
Estan continuou.
- Certo.
Deve ter brilhado muito
Durante a noite
Enquanto eu me deliciava
Naquela droga pura
Da melhor qualidade.
Ele continuou.
Bebeu todo o líquido do copo
E tornou a encher
Com a garrafa que deixava
Sobre a lataria do carro.
Andeane não reclamou
Mas sentia dor em suas
Partes íntimas.
Contudo, passou as mãos
Pelo próprio corpo
E notou a ausência
De suas lingeries.
- Uau, por baixo
Da minha calça
Eu estou sem calcinha,
E por baixo da blusinha
Não está meu sutiã.
Como eu tirei?
Ela indagou trêmula.
-Você não lembra?
Nossa, você disse que
Virou atriz de televisão,
Subiu no carro e retirou
A própria roupa,
Então, fez xixi lá de cima,
Alegando que virou
Um homem.
Alex disse rápido
E rindo gargalhadas.
- Eu fiz isso?
Que vergonha?!
Ela gritou escondendo
O rosto entre as próprias mãos.
- E mais: você
Pôs os dedos na vagina
E imitou um pênis
Enquanto fazia xixi
E o xixi voou muito longe.
Alex respondeu.
- realmente, eu vi Alex
Lhe tirando de cima
Do carro quando você resvalou.
Estan continuou.
Estan gargalhou
Com vontade lembrando
Da música alta,
E das danças engraçadas
Colados um no corpo
Do outro rebolando os três
Juntos até cair no chão.
Os três encheram seus
Copos com a cerveja
E beberam três goles juntos
Olhando adiante,
Incapazes de voltar
Para suas casas
Devido a bebedeira.
-Ah, que bom
Que foi só isto,
Porque eu não lembro
De nada,
Se eu tivesse transado
Eu nem saberia.
Andeane encerrou a conversa.
-E quem iria querer lembrar
Do que faz em suas noites
De festa?
O melhor é o esquecimento
Que vem com a manhã.
Alex disse depois
De um pequeno silêncio.
Estan notou a falta
De sua carteira,
Lá estavam seus documentos
E o dinheiro.
Havia também um dinheiro
Do seus pais
Que ele guardou para entregar
A eles mais tarde,
Seria para pagar o aluguel
Da casa onde moravam.
- bah, eu notei
A falta da minha carteira,
Eu preciso dela,
Lá está o dinheiro para o aluguel,
Se meus pais não pagarem
Nós seremos despejados,
Está também meus documentos.
Ele disse preocupado,
E choroso.
Largou o copo sobre o carro,
E passou a olhar no seu redor
Para buscar a carteira.
-Caramba, cara.
Nunca mais acha.
Alex disse.
Depois olhou no seu redor,
Embaixo do carro,
Abriu o carro e olhou dentro,
Encontrou um preservativo
Feminino usado e jogou
Para fora
E tornou a buscar.
Andeane pulou de susto
Ao ver aquilo,
Levou por instinto as mãos
Entre meio as pernas,
E não disse nada.
Se afastou do carro
E buscou pela carteira de Estan,
Não encontraram.
-Aqui não há nada!
Ela disse,
Olhando para fora da avenida,
Para o lado dos loteamentos.
-que maldito erro,
Nós termos escolhido
Está noite para beber na avenida,
Seremos despejados de casa.
Estan disse entristecido.
Andeane voltou a vista
Até encontrar o olhar de Alex
Triste e curiosa.
Alex representava não se importar
Muito com o que acontecia,
Se encostou na porta do carro
E bebeu mais um pouco.
- bebe um pouco Estan,
Assim você esquece
Está bobagem.
É domingo ainda.

O galinheiro do Bruce

Na chácara Ahmed
Dona galinha Listradinha
Vivia feliz com seu esposinho
O galo Muhameh.
Eles habitavam um galinheiro
Que permanecia fechado
Nos períodos noturnos
E em dias chuvosos,
Porém, de dia eles percorriam
De asas unidas a chácara
Em busca de sementes,
Frutas e comidinhas.
Bruce era o dono da chácara
Todas as manhãs
Ele levantava bem cedinho,
Corria com suas quatro patinhas
Até o galinheiro,
Puxava o trinco da porta
E abria o galinheiro.
Bruce é um lindo shit-su,
Ele vive na chácara desde bebê.
O galo Muhameh e a galinha
Listradinha logo tiveram ovos,
Dos ovos nasceram pintinhos.
Bruce foi até o mercado
Dirigindo seu carrinho
Fusca azul
E trouxe de lá pequenas
Caixas de papel com mantimentos,
Estas caixas ele pôs no galinheiro
Para fazer ninho
Onde as galinhas passaram
A por todos os seus ovinhos.
Passou pouco tempo,
E as dez caixas ficaram
Cheias de ovos de galinha,
Dez galinhas chocaram ali
Dia após dia.
O Bruce abria a porta,
Entrava no galinheiro
E sorria ao ver os novos
Pintinhos quase nascendo.
Porém, veio o desespero,
Logo que os pintinhos nasceram,
Dez de cada galinha
Piolhos de galinha invadiram
O local.
Eram tantos piolhos
Que começaram a enfraquecer
As galinhas,
E não tardou invadiram
O quarto do Bruce
Em plena noite.
Ele fugiu da cama irritado
E com medo,
Minúsculos piolhinhos
Estavam em todos os locais,
Dentro das frutas do pomar,
Tornando elas impróprias
Pro consumo,
Dentro das flores do canteiro,
Matando-as.
Logo, os pintinhos
Ficaram tão fraquinhos,
Mas tão frageizinhos
Que caíram e não tinham força
Para levantar.
O milho que o Bruce dava
As galinhas não alimentava
Mais,
Elas estavam caindo,
Fuçando fracas,
Magras e perdiam suas penas
Se coçando sem parar.
Elas ficaram endoidecidas,
Corriam pelo terreiro,
Brigavam umas com as outras,
E os pintinhos piavam sofridos.
-Iremos morrer.
Disse o galo Muhameh.
-Não posso abandonar
Meus pintinhos.
Respondeu a galinha pintadinha.
O Bruce chamou o veterinário.
O veterinário disse
Que não existia remédio,
Teriam que abandonar
O local,
Fechar as portas
E queimar tudo,
Nada resistiria.
Depois, o veterinário
Foi embora,
Bruce sentiu no chão,
Lágrimas rolaram
De seus pequenos olhinhos
Mas ele não desistiu.
Foi até o limoeiro,
Colheu o máximo de limões
Que pode e trouxe
Até o terreiro,
Lá ele pingou na água
Das galinhas e fez todas beberem,
Depois pegou os limões
E espremeu no chão
Do galinheiro
E por toda a parte.
Então, ligou a mangueira
Do jardim e molhou
Toda a propriedade,
As flores, as frutas,
O galinheiro.
Deu banho nas galinhas,
No galo e nos pintinhos,
Depois tomou seu próprio banho,
Então, chamou todos para o terreiro,
E pôs fogo no galinheiro.
Todos se abraçaram
Olhando as chamas
Consumir sua morada,
Mas, Bruce logo construiu
Outra muito maior,
Feita de madeira, tela e brasilite.
Os pintinhos puderam,
Enfim,
Crescer felizes
Todos os 30.
Agora, todas as manhãs
O Bruce pega sua cestinha
Vai até o galinheiro,
Colhe os ovinhos
E vende no mercado Atacadão,
Alguns ele guarda
Para chocar
E tirar pintinhos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

O Assassino Está Solto

Ninguém prestou especial atenção
Ao jovem que saia do ônibus,
No início de sexta-feira,
Dia 08 de setembro,
Misturando-se a outros tantos
Iguais a ele.
Sujeito de porte médio,
Usava boné,
Jaqueta grossa que cobria
O corpo de cor escura,
Pasta na mão esquerda,
Se assemelharia a um pastor,
Mas nada apregoava,
Pareceria um operário
Retornando do trabalho,
Mas, não cheirava suor,
Não era mais que um estudante
A caminho da universidade.
Sentia-se a vontade
Ao cruzar de um ônibus
Para o outro,
De um lado da rua,
Para o lado oposto,
Escorou-se em um pilar
Do terminal de ônibus
E ficou quase como um
Manequim de algumas
Daquelas pequenas lojinhas
Que circundavam o local.
Não usou droga,
Ou fumou nada,
Apenas ficou estagnado
Olhando para o alto
Como se não tivesse o que fazer.
Estudante de boas notas,
Esforçava-se para ganhar
As respostas das questões
De antemão,
Amigo de muitos,
Parceiro de poucos.
Longe de sua história antiga,
Reinventou nova vida,
Com currículo inventado,
Não tinha a sua frente menos
Que sucesso.
Desta maneira,
Estava confiante de que
Sua liberdade duraria
Para sempre,
E que sua beleza
Se destacava o suficiente
Para ganhar
A quem desejasse.
Apaixonado por beijos fáceis,
E mulheres moles,
Sim,
Seu prazer provinha
Do resultado morte,
O sacolejar de seus corpos
Tendentes a fugir,
Se agarrar aos segundos
De vida que lhe proporcionava
Até o momento da morte eminente.
As vezes,
Ele as permitia a fuga,
Feria o suficiente
Para vê-las sangrar
Pelo caminho a correr
Crentes que iriam salvar-se,
Mas, ele sabia:
Isto não iria acontecer,
Porque Dand mata
E está nisto o seu prazer!
Não lhe importam as promessas,
O orgasmo de seus prazeres,
O seu instante é outro,
A despedida sem despedir-se,
O desespero por suas vidas,
O delírio do querer fugir
E jamais poder.

Não Aceitamos Carona

Eu e meu irmão
Brincavamos de rebatida
No quintal da nossa casa,
Ambos sem camisa,
Pés descalços,
Vestidos apenas de calção
De futebol vermelho.
De repente,
Uma mulher bonita
Parou o carro
Bem na nossa frente,
Nos convidou para entrar,
Disse que queria dar
Uma volta com nós,
Nos levar para tomar
Um sorvete,
Para passar o calor.
Eu me aproximei,
Ele ficou mais atrás,
Eu me recusei a ir,
O segurei pelos ombros,
E o afastei de perto do carro.
Ela riu alto,
Como se tivesse domínio
Da situação,
Parecia dona de si mesma,
Segura do que fazia.
Nisto nosso pai
Saiu na porta de casa
E nos chamou para dentro,
Depois, foi até ela
E lhe disse coisas feias
Que se recusou a nos repetir,
Dentro de casa,
Ele nos passou um sermão
Sobre não se aproximar
De estranhos,
E sermos mais inteligentes.
Logo, ligamos a televisão
No noticiário do meio dia,
E lá estava uma fotografia
Da moça,
A notícia a definia
Como assassina e estupradora.
Eu e meu irmão
Nos abraçamos apertado,
E até hoje eu agradeço
A Deus por ter nos livrado dela.
A morte nos beneficiou
Com mais algum tempo
De vida
E nós somos gratos sobremaneira,
Penso que ninguém deseja
Ser estuprado,
Sofrer violência contra
Seu corpo, realmente,
É o que há de terrível,
Mas, depois disso,
Ser morto,
Não calculo se exista coisa pior.

A Serviço do Próprio Bem

“E pensar que,
Se meu cachorro não tivesse
Latido tão alto
Com tanta intensidade
Eu teria sido mais uma
Das vítimas da capitã Andreia,
Me soa até agora inacreditável.”
Respondeu André,
Sentado em frente ao juiz
No tribunal penal
Para testemunhar acerca de um
Dos assassinatos da capitã Andreia.
Trata-se de mulher,
Que no uso de suas atribuições
Militares com o fim
De garantir a segurança pública
De seu Estado,
Nunca teve este intuito,
Ou empenhou-se para este fim.
Do contrário,
Usava, principalmente,
O horário de trabalho,
Das 13:30 até às 19 horas,
O uniforme militar cáqui,
A viatura e a arma
Para buscar suas vítimas
E mata-las.
Andre foi uma delas,
Certa vez,
Num sinal de trânsito,
Ela gostou dele,
Dirigindo sua camionete militar,
Olhou pra ele e gritou:
“Mãos ao alto”.
Ele não parou,
Se recusou a obedecer
A agente da lei,
Pela maneira como
Ela estava maquiada,
Unhas extremamente compridas
Bem feitas,
Uniforme aberto e exposto,
Ele jamais imaginaria
Se tratar realmente
De uma policial.
Mas mesmo ali,
Ela não o perdoou,
Anotou a placa de seu carro,
Entrou em seu sistema policial
E desprendeu longo tempo,
Parada no semáforo
Com a sirene ligada
A demandar multas contra seu nome.
Ele nunca mais dirigiria,
Teria sua carteira de habilitação
Cassada,
Enfim, seria presa fácil dela,
Como todos os outros,
O erro dele?
Ela deseja-lo.
Só isso.
Suas desordenadas multas
Endereçadas a André
Demandaram tempo
E isto gerou uma longa fila
De carros com motoristas
Irritados a buzinar atrás dela.
Ali mesmo,
Sem delongas,
Ela desceu de sua viatura,
Acompanhada de um sargento,
E fez blitz,
Isto mesmo,
Multou a todos,
Decretou prisão por embriaguez
Para um gordinho feio
E prisão por tráfico de drogas
Para um feio.
Neste ínterim,
Uma morena,
Pele de chocolate,
Olhos de avelã,
De aproximados 20 anos
Foi liberada pelo sargento,
A capitã não pensou duas vezes
Vendo na garota uma rival,
Provável concorrente
Para alcançar André,
Ou pior,
Chegar a um encontro marcado
Com o próprio,
Apontou sua arma contra
A motocicleta da moça
E atirou,
Atirou três vezes
Em várias partes do corpo dela,
Alegou fuga
Em seu relatório
De trabalho.
E marcou,
Marcou o rosto da moça,
No hospital,
Fez os médicos perderem
Sua identificação
E seu corpo foi enviado
Para a faculdade de medicina
Mais próxima para estudos
E testes da indigente.
Ninguém mais a viu,
Quanto a André,
Ela puxou no sistema seu nome,
Logo, encontrou seu endereço
E telefone,
E não perdeu tempo,
Foi até ele.
Ele lhe pertenceria,
Era seu querer,
Ninguém fugia a sua vontade,
Ela tinha a polícia nas mãos,
Era dona da ordem,
Senhora de seus desejos,
Contudo, o cão saiu antes,
Assim que ela estacionou
No portão de André,
O cão uivou e pulou nas grades
Latindo até babar
Contra ela,
Ela atirou,
Ele não parou,
Ela desistiu,
Só naquele instante
Prometeu a si própria.
O cão parecia farejar
O perigo
E não temer a dor,
Tal como seu dono,
Revidou contra ela,
Ferido e a sangrar,
Ele insistiu na defesa
Da casa e de seus donos,
Pela segunda vez,
Andre recebeu regalia,
Mais um instante de seu
Direito de viver,
Quanto ao cão,
Que fosse forte,
Não seria a medicina
Que iria ajudá-lo
E ela se incumbiria disso.
As imagens de câmeras locais
Mostraram o que ela fez,
André se desesperou
Ao ver o querido companheiro
A sangrar até morrer,
Denunciou.
As multas que ela assinou,
A busca por ele na própria casa
Eram início de provas,
Se juntou a isso
Outros relatos.
O que sobrou do que
Não foi queimado,
Ela era experta,
Tinha cúmplices,
Mas, agora com o sofrimento
Do cão,
Tudo pode vir a público:
Ela estava entre a justiça,
O medo e a corrupção.

O Assassino de Muletas

Mesmo tendo transcorrido
17 anos do início do cumprimento da pena
De 30 anos de Bundp
Pela sentença de cometimento
De 28 assassinatos,
Elaija se recusa a acreditar
Que a vítima daquele
Desesperado 07 de setembro
Fosse realmente Jandira.
Não,
Este pensamento é inaceitável
Para ela,
Os remédios que usa
Para curar o medo
Não são bons o bastante
Para permitir que ela
Falei sobre isso com clareza.
Ambas eram parecidas demais,
Faziam caminhada
No mesmo horário todos os dias,
Não andavam juntas
Ou eram amigas,
Contudo, se encontravam sempre,
Se cumprimentavam
E seguiram seus destinos.
Elaija tem medo
De que ao chegar ao fim
Da sentença,
Bundp volte a matar
E que recorde seu rosto
E da maneira como a perseguiu
17 anos atrás retorne
Atrás dela.
Hoje ela já não é uma moça,
Pelo contrário é mãe,
Mulher casada, trabalhadora
E honesta,
No entanto,
Que garantias existem
Para inibir este assassino?
Ela não sabe,
Porém, confia na justiça.
O que se sabe até então
É que Bundp não conhecia
As vítimas,
Ao contrário,
Eles as escolhia a esmo,
As perseguia por um tempo,
Obtinha prazer e dinheiro
Através de seu medo
E as matava sem remorsos.
Foi assim com Jandira,
Elaija estava presente,
Perto o suficiente para ver,
Ele usava muletas,
Fingia que tinha deficiência
Para se locomover,
Deixava o carro próximo
Ao local que escolhia,
Fingia que estava com alguma
Necessidade de auxílio
E pedia a sua escolhida
Ajuda para chegar até o carro,
Atravessar a rua,
Alcançar as chaves no bolso,
Pegar a carteira...
Certa vez,
Contou uma testemunha,
Que uma jovem
Acreditando nele
Tomou sua carteira
E correu para usar seu dinheiro,
Bundp a atacou com sua muleta,
Arremeteu um golpe
Contra a sua cabeça por trás,
E a deixou estirada no asfalto,
Sangrando.
Ela foi incapaz de acreditar
No quanto ele correu
E no quão foi rápido
Para alcança-la,
O sorriso de satisfação
Do seu rosto foi esfacelado
A golpes por pegar o dinheiro dele.
Deste antes,
Ela foi escolhida,
Hoje sabemos,
Porém, está ele teve o prazer
De tornar o rosto irreconhecível,
Sua muleta parecia
Uma barra de ferro,
Batendo e batendo
Mil vezes contra a boca dela,
Dizem que ela morreu de dor
E não medo ou assombro,
Mas, talvez, tenha se afogado
No próprio sangue,
Ou com algum dente.
No entanto, no que se refere
A Jandira,
Ele aproximou-se dela
Que caminhava de calça cáqui
E camiseta bergamota,
Derrubou o litro de água,
E fingiu ferir os dedos
Na muleta quando tentou
Se agachar para pegar
E notou, indefeso, que não
Podia alcançar.
Ela foi gentil,
Juntou o litro,
Limpou a sujeira,
Cumprimentou e sorriu
Para ele.
Ele a conduziu até o carro
Mancando e alegando
Não ter movimentos
Em uma das pernas,
Lá ela foi morta.
Assim que a porta se abriu,
Ela foi pega com força
E jogada para dentro
Do carro,
Então, foi atingida
Com golpes resistentes
Em seu peito,
Depois, ele passou um fio
De canivete em seu pescoço.
Elaija o viu dirigir,
Golpear e esfaquear Jandira,
Foi inacreditável,
O dia começava naquele instante,
Entre seis horas e sete da manhã,
Nem bem o sol se via,
E Jandira nunca mais o veria,
Nem a ninguém.
Através de testemunhos
Concluiu-se seus 28 assassinatos,
Ao menos,
Algumas poucas mulheres
Fugiram de seus dedos fortes
E puseram falar em seu benefício,
“Sim,
Ele correu atrás de mim
Por mais de um quilômetro,
Então, acho que o cansei.”
Disse Bianca.
“Ao menos eu fiz
Ele abandonar aquelas
Malditas muletas.”
Disse Jackeline em prantos
Ao juiz que só ouvia.

Segurança Pública

Conforme a chuva cai Toca o chão e escorre Pela terra molhada Eu repenso meu passado. Penso em coisas Que poderia ter feito...